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quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Refém da Paixão

Esse filme passou recentemente em uma Minimaratona do canal Telecine. Todos os filmes eram com a atriz Kate Winslet. Foram exibidos no dia do aniversário dela. Dos filmes que fizeram parte dessa programação o único que eu não havia assistido era justamente esse. É um filme realmente pouco conhecido e comentado de sua filmografia. A boa notícia é que se trata de um bom fim. Na história, temos uma mulher divorciada que sofre com problemas de depressão. A Kate interpreta essa mãe que tenta superar a perda do seu casamento. O marido fugiu com a secretária e formou uma nova família com a amante! Ela ficou sozinha ao lado de seu filho pré adolescente. Sofrendo de uma crise depressiva, para ela fica difícil até mesmo se levantar da cama pela manhã. Um dia no supermercado, ela e o filho são surpreendidos por um sujeito que parece muito tenso. Na realidade, é um fugitivo da prisão. Ele faz da mãe e do filho seus reféns. Seu plano é passar o dia na casa dela e a noite fugir pela ferrovia. Ir para a Costa Oeste, fugir dos policiais. 

Só que nesse meio tempo, algo acontece. Pinta um clima entre os dois. E a ausência de uma figura paterna faz sentir-se ali. No começo existe uma certa tensão, mas depois o fugitivo vai se tornando mais confiante e confortável na casa dela. Parece inverossímil para você? Bom, a psicologia já catalogou esse tipo de comportamento. Trata-se da síndrome de Estocolmo. O filme é bom e mantêm um bom desenvolvimento. Só penso que em certos momentos, a situação fica um pouco forçada. Aos poucos, entretanto, o espectador vai comprando a ideia. O resultado final se revela muito bom.

Refém da Paixão (Labor Day, Estados Unidos, 2013) Direção: Jason Reitman / Roteiro: Jason Reitman / Elenco: Kate Winslet, Josh Brolin, Gattlin Griffith / Sinopse: Mulher e filho feitos reféns por um criminoso acabam criando um sentimento de afeição por ele. E o ajuda a fugir da polícia. Um típico caso em que a refém acaba se apaixonando pelo criminoso. Um verdadeiro amor bandido!

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de janeiro de 2022

Ghostbusters: Mais Além

Nessa altura é de se perguntar se a franquia "Os Caça-Fantasmas" ainda tem salvação. Os dois primeiros filmes originais lançados nos anos 80 fizeram sucesso (o segundo bem menos do que o primeiro). Décadas se passaram e lançaram um novo filme, com elenco principal exclusivamente feminino. Não deu muito certo. Agora tentam revitalizar a franquia com um novo filme que faz uma ponte direta com os filmes originais. O maior problema foi superar o fato de que um dos atores principais morreu. Harold Ramis faleceu em 2014. Bom, se o ator morreu, seu personagem também estaria morto na história do filme. E por essa e outras razões que não consigo gostar de continuações tão tardias. Já faz tempo demais. Só os que assistiram aos primeiros filmes vão entender todas as referências. O público jovem atual é outro, completamente diferente.

Na história temos dois adolescentes. São netos do personagem de Ramis. Eles voltam para a velha fazenda isolada e empoeirada onde ele morreu anos atrás. O lugar guarda muitas das coisas que pertenceram aos "Caça-Fantasmas" como as roupas, as armas e a velha ambulância que eles transformaram no carro da trupe. E claro, velhos fantasmas também estão voltando. O filme é interessante até certo momento. Na parte final apela demais para a nostalgia. Praticamente refilmam o final do primeiro filme. Os atores originais retornam para uma participação final. Não escreveram bons diálogos para eles. Nem a cena do pós-crédito com Bill Murray e Sigourney Weaver tem muita graça. Lançado em novembro o filme não se tornou um sucesso. É o que eu afirmei antes. Continuações tardias demais não costumam dar muito certo, nem do ponto de vista comercial e muito menos do artístico. Só sobra uma certa nostalgia melancólica do passado.

Ghostbusters: Mais Além (Ghostbusters: Afterlife, Estados Unidos, 2021) Direção: Jason Reitman / Roteiro: Jason Reitman, Dan Aykroyd / Elenco: Carrie Coon, Mckenna Grace, Paul Rudd, Finn Wolfhard, Bill Murray, Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Sigourney Weaver / Sinopse: Décadas após os acontecimentos do primeiro filme os netos adolescentes do caça-fantasmas Egon descobrem as antigas coisas do grupo numa velha casa de fazenda onde vão morar. E na região parece haver uma iminente manifestação sobrenatural prestes a eclodir.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Tully

A outrora bela Charlize Theron se despe de todo o charme e sensualidade para representar o papel de uma mãe comum, com três filhos para criar, tendo que resolver muitos problemas do cotidiano todos os dias. Para quem foi um dos grandes símbolos sexuais do cinema nos últimos anos não poderia haver mudança mais radical. Bom para ela que demonstra assim ser uma grande atriz (algo que todos os cinéfilos já sabiam desde "Monster"). Pois bem, no papel de Marlo ela apresenta a rotina estafante de uma mãe. Com dois filhos para criar ela acaba ficando grávida de um terceiro filho não planejado. Quando nasce o novo bebê seu irmão mais velho (e mais rico) lhe aconselha a contratar uma babá que trabalhe no período noturno para que ela possa dormir e aguentar a rotina do dia seguinte.

Assim chega Tully (Mackenzie Davis), a Babysitter. Ela realmente é um alívio na vida da mãe que agora pode dormir tranquilamente durante a noite, mesmo quando o bebê chora. O filme segue uma linha mais tradicional até mais ou menos no final, quando as duas sofrem um acidente de carro. A partir daí o roteiro traz algumas surpresas para o espectador, separando finalmente o que era realidade do que era apenas delírio de uma mente sufocada por um rotina estressante e muitas vezes sem sentido. O filme tem o mérito de explorar o sofrimento que também se faz presente quando uma mulher decide se casar e ter muitos filhos, no caso da personagem do filme, três crianças, algo acima da média na sociedade americana. No geral é um bom filme, porém para os fãs da Charlize Theron como sex symbol vai ser bem decepcionante vê-la na tela como um dona de casa com problemas de obesidade, sem nenhum charme ou apelo de sensualidade.

Tully (Estados Unidos, 2018) Direção: Jason Reitman / Roteiro: Diablo Cody / Elenco: Charlize Theron, Mackenzie Davis, Ron Livingston, Asher Miles Fallica / Sinopse: Com roteiro baseado nas experiências pessoais da roteirista Diablo Cody, o filme conta a história de uma mãe de três filhos que precisa lidar com o stress do dia a dia, tendo que ajudar o filho mais velho nos problemas na escola, enquanto contrata uma babá para ficar durante o período noturno com seu bebê recém nascido. No meio de tanto stress ela acaba confundindo realidade com delírios de sua própria mente.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Obrigado por Fumar

Título no Brasil: Obrigado por Fumar
Título Original: Thank You for Smoking
Ano de Produção: 2005
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Jason Reitman
Roteiro: Jason Reitman, Christopher Buckley
Elenco: Aaron Eckhart, J.K. Simmons, William H. Macy, Robert Duvall, Katie Holmes, Sam Elliott, Rob Lowe, Adam Brody
  
Sinopse:
Nick Naylor (Aaron Eckhart) é um lobista da indústria do tabaco que não está nem um pouco preocupado com as milhões de mortes causadas pelo fumo todos os anos. Tudo o que interessa a ele é defender o lobby da extremamente bem sucedida máquina industrial do cigarro americano. Para isso ele ignora quaisquer aspectos morais ou éticos daquilo que defende. Sua vida porém vira de cabeça para baixo quando resolve se envolver com a jornalista Heather Holloway (Katie Holmes), que também não está nem aí para valores éticos ou morais, só se envolvendo com ele para descobrir os mais obscuros segredos da indústria no qual trabalha. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Ator - Comédia ou Musical (Aaron Eckhart).

Comentários:
Excelente comédia de humor negro que havia até agora me passado em branco. Lançado há mais de dez anos ainda não havia assistido. Uma pena. É realmente uma pequena obra prima do gênero. O protagonista (interpretado com maestria pelo ator Aaron Eckhart) é um escroque que defende como lobista a indústria do tabaco. Em torno dele giram os tipos mais incomuns e interessantes. Além da jornalista mau caráter que o leva para a cama apenas para descobrir os podres da indústria de cigarro (papel que coube à gracinha Katie Holmes) ainda há o magnata da indústria do fumo interpretado pelo veterano Robert Duvall, que ironicamente está morrendo de câncer no pulmão. Mesmo assim não larga a mão de ser um verdadeiro canalha cínico e sem sentimentos. Há ainda o executivo estressado (J.K. Simmons, em seu tipo habitual), o senador hipócrita que defende a proibição do comércio de cigarros (William H. Macy, novamente ótimo) e até mesmo o primeiro cowboy, conhecido como o "Homem de Marlboro" (Sam Elliott), que ameaça a indústria, se colocando à disposição de revelar certos segredos para a imprensa. Todos os personagens carregam uma característica em comum: são verdadeiros patifes em busca de um pouco do naco da fortuna gerada pela milionária comercialização de cigarros nos Estados Unidos. Tudo porém é levado em ritmo de humor negro, bem sofisticado, daqueles que fazem você sorrir com uma certa dose de culpa por dentro. Por fim para os cinéfilos um aspecto curioso do roteiro: o lobista Nick sugere ao magnata do tabaco que ele suborne um importante produtor de cinema (vivido por Rob Lowe) para que ele coloque os astros fumando novamente nas telas - algo que era bem comum na era de ouro do cinema americano, durante sua fase clássica. Tudo para que os jovens passem a pensar que fumar seria algo positivo, charmoso, até mesmo glamoroso. Aconteceu no passado e poderia acontecer agora. Realmente não há limites para essa gente.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Amor Sem Escalas

De todos os filmes que estão concorrendo ao Oscar esse "Amor Sem Escalas" foi na minha opinião o mais interessante. Com um roteiro aparentemente simples o filme consegue retratar questões importantes do cotidiano do homem moderno. Temas como solidão, vida profissional, desemprego e o vazio da vida atual são colocados no centro da trama de forma muito sutil e eficaz, muitas vezes sem nem ao menos o espectador se dar conta disso. O enredo mostra o dia a dia de um profissional sui generis que cruza os EUA de costa a costa com a função de demitir funcionários das empresas. Em tempos de crise financeira o tema se torna ainda mais atual e relevante. O drama de quem perde o emprego é mostrado de uma forma realista, sem maquiagem, usando inclusive depoimentos reais de pessoas que realmente foram demitidas nessa crise que assola a economia americana. George Clooney está perfeito no papel pois esbanja cinismo, charme e insensibilidade em doses exatas. Retratando um profissional cuja frieza não é apenas bem vinda mas também necessária o ator entrega ao grande público uma de suas melhores atuações. Tanto que vem sendo reconhecido em vários prêmios com indicações mais que merecidas. A própria transformação pelo qual passa seu personagem realça ainda mais o talento do ator, que em recentes entrevistas tem demonstrado o desejo de se dedicar apenas ao trabalho de diretor em seus próximos projetos. Após assistir esse filme torço para que mude de ideia.

E é justamente essa transformação interior que traz um certo desconforto no filme. Conforme o roteiro avança vamos presenciando as mudanças na forma de pensar do personagem de Clooney, que começa a refletir sobre a solidão em que vive, a sua falta de laços emocionais e o vazio de uma vida sem objetivos a alcançar. Amor Sem Escalas é um filme curioso pois apresenta em um primeiro momento a trajetória de um homem extremamente individualista, egocêntrico e vazio que se sente plenamente à vontade com sua vida. Somente após vários eventos é que aos poucos vai se dando conta do vazio existencial em que se encontra.

Talvez esse seja o único ponto a se criticar no filme. Em certo momento o personagem de Clooney, que se mostrava feliz com sua condição no começo da estória, vai se tornando amargurado por não ter uma família estruturada ou alguém para compartilhar sua vida. Soa bastante forçado essa brusca mudança de personalidade, principalmente quando o vemos na primeira parte do filme defender de forma tão veemente o fato de ser um solteirão convicto que detesta a ideia do casamento e filhos. A súbita mudança de atitude só se justifica mesmo pelo moralismo familiar que o roteiro tenta impor ao espectador. A mensagem subliminar é a de que a felicidade só será alcançada com o casamento e filhos e que pessoas solteiras não poderiam ser felizes. Bobagem. Esse tipo de pensamento saiu de moda com a revolução sexual e nesse ponto o argumento soa ultrapassado. De qualquer forma isso é um aspecto menor que não desmerece o filme como um todo. No fundo é apenas reflexo do moralismo que reina na sociedade do Tio Sam. Enfim, "Amor Sem Escalas" é um filme a se conhecer, pois além de bom entretenimento faz refletir, coisa cada vez mais rara em tempos de filmes ocos e escapistas como Avatar. Não deixe de assistir e boa viagem.

Amor Sem Escalas (Up in the Air, EUA, 2009) Direção: Jason Reitman / Roteiro: Jason Reitman e Sheldon Turner, baseados em obra de Walter Kirn / Elenco: Jason Bateman, George Clooney, Anna Kendrick, Vera Farmiga, Melanie Lynskey, Danny McBride, Chris Lowell, Tamala Jones / Sinopse: Executivo tem como função primordial em seu trabalho demitir funcionários de outras empresas. Cínico, sem laços familiares ou sociais, ele é abalado em seu modo de viver após conhecer interessante mulher.

Pablo Aluísio.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Jovens Adultos

Para algumas pessoas os anos no colégio representam o ponto alto de suas vidas. Principalmente para os populares, os bonitos, os "reis do high school". Quando os anos chegam e se vêem em dificuldades emocionais e financeiras sentem enorme saudades daquele período - incluindo aí os antigos amores do passado. É justamente essa situação que vive Mavis Gary (Charlize Theron). Rainha da beleza no colégio de sua cidade, popular ao extremo, ela chega aos 37 anos sem muito o que comemorar. Divorciada, fazendo sexo casual com desconhecidos, sem conseguir se firmar na carreira de escritora, ela acaba surtando quando recebe um Email de seu antigo namorado de escola anunciando com muita alegria o nascimento de seu filho! Sem pensar muito ela decide voltar à pequena cidade de Mercury para tentar reconquistar o namoradinho dos tempos de escola. O roteiro de "Jovens Adultos" é de Diablo Cody, ex stripper que acabou ficando famosa depois do sucesso de "Juno", uma pequena obra prima que causou impacto em seu lançamento.

Depois de se envolver com algumas bobagens como "Garota Infernal" finalmente Diablo reencontra o caminho dos bons roteiros. "Jovens Adultos" não é um filme excepcional mas dentro de sua proposta é muito bem realizado e escrito. E o mérito não cabe apenas a Diablo Cody mas também a ótima atriz Charlize Theron. Sua personagem não é nenhuma heroína romântica, pela contrário, ela mente, age mal e tenta de todas as formas roubar o antigo namorado de sua atual esposa. Em nenhum momento tem alguma crise de consciência por agir assim e nem está preocupada com os fatores morais de sua decisão. Em outras palavras é uma personagem muito próxima do que efetivamente acontece na maioria da vida das pessoas. Eu particularmente gostei bastante do resultado final justamente por isso, de sua veracidade. Enfim "Jovens Adultos" é uma boa pedida, espero que daqui em diante Diablo Cody realize mais projetos como esse e "Juno" e deixa as bobagens definitivamente de lado.

Jovens Adultos (Young Adult, Estados Unidos, 2011) Direção: Jason Reitman / Roteiro: Diablo Cody / Com: Charlize Theron, Patrick Wilson e Patton Oswalt / Sinopse: Charlize Theron interpreta Mavis Gary, uma escritora de livros infantis que retorna para sua pequena cidade natal para recuperar seus dias de glória do tempo em que era a rainha da beleza em sua escola.

Pablo Aluísio.