quinta-feira, 7 de março de 2019

Sua Majestade, Mrs. Brown

Assisti pela primeira vez em 1997. Ontem resolvi rever, isso pela simples razão de que ando interessado na história da Rainha Vitória. Acontece que estou acompanhando a série "Victoria" da TV britânica, então sempre surge aquele interesse na figura histórica. Esse filme já mostra a rainha em seus últimos anos, em pleno luto pela morte do marido. A corte toda se veste de preto e há um clima de tristeza no ar. A rainha também havia se retirado de sua vida pública, preferindo viver em um palácio afastado, nos arredores da Escócia. E é justamente nesse clima de pesar que chega um novo criado, um cavalariço chamado Mr. Brown.

Ele meio que desafia a rainha a sair de seu estado melancólico. Todos os dias se coloca em frente ao palácio com a bela montaria da rainha. Isso perturba Vitória em um primeiro momento, mas depois ela cede e começa a fazer passeios a cavalo diariamente. Segundo Mr. Brown apenas o ar livre vai tirar a rainha de seu estado de miserável infelicidade. Aos poucos, como era de se supor, a monarca e seu empregado vão criando uma aproximação, uma amizade sincera entre duas pessoas que se encontram em polos opostos da sociedade inglesa. Claro que isso também começa a despertar suspeitas e ciúmes dentro da nobreza. Não demora muito e as fofocas começam a ficar mais intensas. Estariam tendo um caso amoroso?

Até hoje historiadores não chegaram a uma conclusão sobre isso. O roteiro do filme por sua vez resolveu não tomar certas liberdades com o caso, o que andou bem. Não seria de bom tom mostrar um relacionamento amoroso que nunca foi comprovado, manchando de certa forma a maneira como a rainha Vitória seria retratada no cinema. Entre tantas dúvidas históricas porém emerge um belo filme, com destaque para o elenco. Judi Dench tem o porte certo de uma rainha. Basta sua presença na tela para afastar qualquer dúvida sobre isso. Uma atriz como poucas. Já Billy Connolly também não fica atrás. A suposta rudeza de seu Mr. Brown esconde uma postura de fidelidade e lealdade inquebráveis. Enfim, um belo filme que retratou muito bem a famosa rainha Vitória que deu nome a todo um século na história do império britânico.

Sua Majestade, Mrs. Brown (Mrs Brown, Inglaterra, Irlanda, Estados Unidos, 1997) Direção: John Madden / Roteiro: Jeremy Brock / Elenco: Judi Dench, Billy Connolly, Geoffrey Palmer / Sinopse: O filme mostra a amizade que surgiu entre a rainha Vitória e seu criado Mr. Brown. Nele ela encontrou um amigo leal a quem poderia confessar seus mais íntimos pensamentos. Filme vencedor do Globo de Ouro e do BAFTA Awards na categoria de Melhor Atriz (Judi Dench). Também indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Judi Dench), e Melhor Maquiagem.

Pablo Aluísio.

A Lente do Amor

Título no Brasil: A Lente do Amor
Título Original: Addicted to Love
Ano de Produção: 1997
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Griffin Dunne
Roteiro: Robert Gordon
Elenco: Meg Ryan, Matthew Broderick, Kelly Preston, Nesbitt Blaisdell, Maureen Stapleton, Dominick Dunne
  
Sinopse:
Dois jovens desprezados e desiludidos no amor por seus respectivos ex-namorados resolvem se unir para se vingarem deles, bolando várias situações comprometedoras para suas ex-paixões. Um deles é um astrônomo disposto a tudo para se vingar daquela que partiu seu coração. A outra é uma garota que não consegue superar o fim de seu relacionamento. O destino porém ensinará a eles que esse definitivamente não é o caminho para esquecer uma experiência ruim no campo afetivo. 

Comentários:
Nas décadas de 80 e 90 a atriz Meg Ryan foi a namoradinha da América, estrelando vários filmes como esse, comédias românticas de grande sucesso de bilheteria. Curiosamente aqui ela foi dirigida pelo ator Griffin Dunne em sua estreia na direção. De modo em geral ele conseguiu realizar até um filme redondinho e bem feito, porém suas pretensões de ser uma espécie de Woody Allen da comédia romântica não se concretizaram. Na época em que esse filme foi lançado ele foi acusado, entre outras coisas, de ter um roteiro muito bizarro por se apoiar em situações de crueldade (emocional) contra os antigos amores dos protagonistas do filme. Isso se deve exatamente pelo fato deles procuraram por vingança por terem sido abandonados. Conforme a trama vai avançando as situações vão ficando mais pesadas e em algum momento o espectador acaba se perguntando se há realmente algo a rir daquele tipo de coisa. De qualquer modo o filme - embora um pouco envelhecido prematuramente nos dias de hoje - diverte. Ele tem um viés de humor negro que nem sempre combina, porém se você for um pouco menos exigente certamente vai ao menos dar algumas risadinhas amarelas das maldades armadas pela dupla central (que convenhamos não passam de dois mal amados)!.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de março de 2019

Les Innocentes

Quero deixar mais uma dica para os leitores do blog. O filme se chama Les Innocentes. No Brasil ele recebeu o título de "Agnus Dei". O filme resgata uma história real (bem triste, por sinal) de um grupo de freiras católicas polonesas que acabam sofrendo abusos sexuais por parte dos soldados russos que invadiram aquele país durante a II Guerra Mundial. Para piorar o que já era terrível muitas delas ficam grávidas de seus estupradores, tornando tudo ainda mais sofrido. Para ajudá-las surge uma jovem médica francesa que vai até o convento onde vivem e descobre o drama pela qual passam. As religiosas não possuem qualquer tipo de assistência hospitalar e temem ficar estigmatizadas perante a comunidade caso os estupros cheguem ao conhecimento do povo local. Essa parte do roteiro explora algo que ainda hoje acontece com muitas mulheres vítimas desse crime pavoroso. Com medo de ficarem marcadas para sempre muitas delas preferem o silêncio.

O título original (em português, "Os Inocentes") se refere obviamente às crianças, filhas das pobres freiras estupradas. Embora o roteiro não entre nessa questão o fato é que o filme levanta, mesmo que indiretamente, a questão do aborto envolvendo estupro. Seria correto mesmo condenar uma vida de um ser indefeso e inocente por causa dos crimes de seus pais? Afinal a criança concebida não cometeu crime algum, mas sim seu pai. É ético lhe aplicar uma pena de morte por essa razão? É algo para pensarmos com extremo cuidado.

Por fim aqui vai uma revelação (caso ainda não tenha assistido ao filme pare de ler por aqui). A madre, líder do convento, em determinado momento resolve então levar as crianças recém nascidas para o meio da floresta gelada. Ela acredita que abandonadas elas seriam salvas pela providência divina! Claro que temos aqui uma situação complicada de se lidar. Porém condenar todos aqueles bebês para a morte certa no inverno polonês também nos faz duvidar de nossa própria humanidade. Em momento tocante a própria madre confessa que havia perdido sua alma ao agir assim. Mais do que óbvio. Enfim, não deixe de assistir a essa produção francesa. Sua história tocante certamente tocará fundo em sua alma católica. Um filme triste, mas com uma bela lição de vida.

Agnus Dei (Les innocentes, França, Polônia, 2016) Direção: Anne Fontaine / Roteiro: Sabrina B. Karine, Alice Vial / Elenco: Lou de Laâge, Agata Buzek, Agata Kulesza / Sinopse: O filme resgata uma história real (bem triste, por sinal) de um grupo de freiras católicas polonesas que acabam sofrendo abusos sexuais por parte dos soldados russos que invadiram aquele país durante a II Guerra Mundial.

Pablo Aluísio.

Eclipse de uma Paixão

Título no Brasil: Eclipse de uma Paixão
Título Original: Total Eclipse
Ano de Produção: 1995
País: Inglaterra, França, Bélgica
Estúdio: Capitol Films, Le Studio Canal+
Direção: Agnieszka Holland
Roteiro: Christopher Hampton
Elenco: Leonardo DiCaprio, David Thewlis, Romane Bohringer, Dominique Blanc, Félicie Pasotti, Christopher Chaplin
  
Sinopse:
O filme resgata a juventude do poeta Arthur Rimbaud (1854 - 1891). Impulsionado por seu mentor e mestre Paul Verlaine (David Thewlis) ele começa a dar os primeiros passos em relação a sua obra, que se tornaria no futuro uma das mais importantes da história. Ao lado do escritor também surgem aspectos de sua própria vida pessoal, como sua sexualidade fora dos padrões convencionais de sua época. Filme indicado ao San Sebastián International Film Festival.

Comentários:
Esse filme acabou ganhando notoriedade pelos motivos errados. Ao invés das pessoas discutiram aspectos biográficos do imortal Rimbaud, ficou-se meses falando das ousadas cenas de homossexualidade protagonizadas pelo galã adolescente Leonardo DiCaprio! Assim grande parte dos méritos artísticos do filme foram literalmente ignoradas em prol de um debate fútil e incoerente sobre os rumos que a carreira de DiCaprio estavam tomando. Afinal, seria interessante para um ator que estava prestes a se tornar um dos maiores astros de Hollywood se expor dessa forma, em cenas tão polêmicas? Tudo bobagem. Hoje em dia, quando ninguém mais fala sobre isso, o filme ganha contornos ainda mais interessantes para entender o artista (e o homem) por trás de uma obra tão importante. Ele morreu ainda bem jovem (com apenas 37 anos) e o que mais chama atenção é que seus melhores trabalhos foram feitos quando ele era ainda bem mais jovem, quando era praticamente um adolescente. Enfim, temos aqui uma boa amostra para a vida sofrida e breve desse poeta. Basta deixar as futilidades de lado para entender um pouco de seu pensamento ímpar.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de março de 2019

Nasce uma Estrela

Há muitos anos tinha assistido às duas versões mais famosas de "Nasce uma Estrela". A primeira, clássica, com Judy Garland e a segunda, dos anos 1970, com Barbra Streisand e Kris Kristofferson. Filmes bem melodramáticos que investiam bastante em lágrimas. Do meu ponto de vista isso bastava, mas eis que no ano passado surgiu essa nova versão, mais suave, com Lady Gaga e Bradley Cooper. Não tive muita vontade de ver, até que o filme se saiu excepcionalmente bem nas indicações ao Oscar, sendo indicado até mesmo na categoria de melhor filme! Assim, diante de toda essa repercussão, decide finalmente conferir, pela terceira vez, esse enredo.

O roteiro não inova muito, não tem muita originalidade, preferindo mesmo suavizar o drama que era bem forte nas versões anteriores. Ficou, digamos, bem mais soft. O romance entre um cantor decadente e uma jovem cantora promissora seguiu basicamente o mesmo caminho. Ele decai a cada dia, enquanto ela vai subindo os degraus da fama. Um relacionamento conseguiria sobreviver a esse tipo de situação, ainda mais sabendo que ambos são artistas, possuem seus egos e por profissão são vaidosos e orgulhosos? Esse tema básico foi, mais uma vez, bem suavizado. O que era explosão de personalidades nos filmes anteriores agora abre espaço para mais compaixão e compreensão entre o casal.

Dito isso, é forçoso reconhecer que Lady Gaga não é uma atriz. Ela pode enganar bem, disfarçar bastante, mas não é uma atriz de verdade. Sua indicação ao Oscar de melhor atriz foi um ato irracional por parte dos membros da academia, só justificada por sua popularidade como cantora pop. Em diversos momentos percebemos como ela está mal em cena. Em algumas cenas beira o amadorismo completo. Já Bradley Cooper adotou um estilo mais másculo, mais de acordo com o que se espera de um cantor country. Inclusive imitou o tom de voz de Sam Elliott, que interpreta seu irmão no filme. Ficou bom, gostei. No mais é isso mesmo que já escrevi. O que temos aqui é uma versão bem suave, para não assustar muito essa nova geração. O que mais me admira é que o filme acabou dando certo, mesmo tendo uma "não atriz" em um dos papéis centrais. Um feito e tanto!

Nasce uma Estrela (A Star Is Born, Estados Unidos, 2018) Direção: Bradley Cooper / Roteiro: Eric Roth, Bradley Cooper / Elenco: Lady Gaga, Bradley Cooper, Sam Elliott, Alec Baldwin / Sinopse: Um cantor country famoso se apaixona por uma cantora desconhecida e resolve ajudá-la em sua carreira. Enquanto ela começa a colecionar sucessos, ele vai decaindo a cada dia, por causa do alcoolismo e uso de drogas. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Música Original ("Shallow" de Lady Gaga, Mark Ronson, Anthony Rossomando e Andrew Wyatt).

Pablo Aluísio.

Rebobine, por Favor

Comédia muito bobinha sobre dois sujeitos que acabam desmagnetizando as fitas VHS de uma velha locadora de bairro pertencente a um homem idoso e quase aposentado (interpretado pelo veterano Danny Glover). Um deles é Jack Black, com todos aqueles exageros que já conhecemos bem. O outro é meio "pancada da cabeça", aqui sendo vivido pelo ator igualmente "pancada na cabeça" Yasiin Bey. Depois do acidente, eles precisam consertar a besteira que fizeram, mas como? Da pior maneira possível, resolvendo refilmar de forma caseira os filmes que foram apagados. A piada do filme é basicamente essa.

Assim lá vai a dupla de idiotas refilmar obras como "Os Caça-Fantasmas", "Robocop", "2001", entre outros. Tudo feito sem dinheiro, usando um ferro velho, pelas ruas do bairro. Uma coisa pavorosa de mal feita. Quando essa piada perde a graça o roteiro tenta imitar filmes como "Cinema Paradiso" para trazer um pouco de pieguice e melancolia a um roteiro que nunca se encontra. Essa é a pior parte, quase me fez desistir do filme pelo meio do caminho. É muito apelativo, no péssimo sentido da palavra. Além disso há outros problemas. Sempre que deixam Jack Black solto demais nas comédias ele estraga tudo, isso não é novidade. A única coisa que não consegui entender foi como atrizes da categoria de Sigourney Weaver e Mia Farrow aceitaram papéis tão medíocres em uma besteira desse tamanho! Tudo bem, manter a carreira ativa no cinema é uma coisa, só que passar vergonha é outra completamente diferente. Não deveriam ter feito esse papelão.

Rebobine, por Favor (Be Kind Rewind, Estados Unidos, 2008) Direção: Michel Gondry / Roteiro: Michel Gondry / Elenco: Jack Black, Yasiin Bey, Danny Glover, Sigourney Weaver, Mia Farrow / Sinopse: Dois imbecis desmagnetizam todo o acervo de uma antiga locadora de fitas VHS. A loja pertence a um velho senhor idoso e humilde. Para desfazer a besteira que fizeram eles então decidem fazer versões caseiras dos filmes que foram apagados, causando muita confusão pelo bairro.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de março de 2019

Vice

Esse foi mais um a concorrer ao Oscar de melhor filme nesse ano. Dos concorrentes é talvez o menos pretensioso, mais irônico e com um claro viés progressista. Sua intenção é bem clara desde o começo. Não se trata de um cinebiografia comum, que vai contar a história do vice presidente republicano Dick Cheney de maneira convencional. Não, não se trata disso. É uma produção com clara linha política que satirizando seu protagonista, acaba tencionando destrui-lo também no processo. É bem o contrário do filme sobre o Queen. Ali o vocalista Freddie Mercury é glorificado em sua lenda. Aqui Dick Chaney é pisoteado sem dó e nem piedade.

O curioso é que apesar de tudo isso se trata de um bom filme. Veja, não é fácil tornar interessante um filme sobre um político burocrata que no final das contas sempre teve zero de carisma pessoal. Como manter a atenção do espectador nesse tipo de filme? Ora, tirando sarro e satirizando o vice presidente de George W. Bush. E o fizeram muito bem. Cheney sempre foi aquele tipo de homem que subiu os degraus do poder apenas por relações pessoais. Basicamente ele apertou as mãos certas dos políticos poderosos que depois o ajudaram a subir. Sem mérito pessoal, sem ter passado por nenhum tipo de prova que colocasse em perspectiva sua capacidade real de ocupar os cargos que ocupou ao longo da vida.

O filme começa a contar a história dele desde os tempos da universidade quando jogou uma carreira estudantil promissora para se entregar a bebedeiras sem fim. Valentão, gostava de puxar brigas em bares. Acabou sendo ajudado da esposa, que era influente e inteligente, deixando empregos menores (como eletricista de postes) para ir aos poucos servindo como assessor político de figurões. Claro que os republicanos são retratados todos como sujeitos indigestos, nada éticos. Como eu disse o roteiro tem um viés bem forte, alinhado ao partido democrata. No meio de tanta propaganda política se sobressai mesmo o ator Christian Bale. Aliás a pergunta que surge quando o filme acaba é: Onde está Bale? Sim, debaixo de uma pesada maquiagem ele simplesmente desaparece na pele de sua personagem, algo que apenas grandes atores conseguem fazer. Merecia o Oscar, certamente.

Vice (Estados Unidos, 2018) Direçao: Adam McKay / Roteiro: Adam McKay / Elenco: Christian Bale, Amy Adams, Steve Carell, Sam Rockwell, Alison Pill  / Sinopse: O filme conta, de forma irônica, a história do vice presidente Dick Cheney. Político sem brilho ou carisma, acabou subindo na carreira por causa das relações pessoais com homens poderosos. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Maquiagem (Greg Cannom, Kate Biscoe e Patricia Dehaney). Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Ator (Christian Bale), Roteiro e Direção (Adam McKay).

Pablo Aluísio.

Um Tira Acima da Lei

O filme é uma crônica da vida de um policial de Los Angeles. No passado ele foi acusado de ter matado de forma fria um acusado de estupro. Nada havia sido provado contra ele, mas o patrulheiro David Douglas Brown (Woody Harrelson) resolveu ser juiz e executor ao mesmo tempo. Sua sorte foi que a corregedoria não conseguiu juntar provas suficientes para expulsá-lo da corporação. O tempo passou e Brown volta a se envolver em um caso polêmico. Ele dá uma surra em um homem que bateu em sua viatura. Tudo em plena luz do dia, com diversas câmeras filmando. Como se isso não fosse ruim o bastante, também passa a ser acusado de um duplo homicídio envolvendo dois ladrões que tinham roubado um grupo de pessoas que jogavam cartas numa casa clandestina da cidade.

Sigourney Weaver interpreta a chefe da divisão jurídica do departamento de polícia que quer sua demissão. Ben Foster (um baita ator) é o cadeirante que vive nas ruas da cidade, ora servindo de informante para o tira, ora pedindo pequenos favores a ele em troca de informações mais atualizadas. O mundo do policial assim vai desmoronando, ao mesmo tempo em que ele também precisa cuidar da sua família disfuncional (duas filhas e duas ex-mulheres que o detestam). Em meio ao caos o veterano policial, da banda podre da polícia, vai tentando sobreviver um dia de cada vez. Eu particularmente gostei desse filme. Muita gente reclamou por ter achado o final inconclusivo e abrupto, mas creio que foi essa mesma a intenção do diretor israelense Oren Moverman. Ele queria mesmo um desfecho tão cru e sem sentido como as próprias ruas de Los Angeles, com sua criminalidade fora de controle e a lei da selva imperando entre todos.

Um Tira Acima da Lei (Rampart, Estados Unidos, 2011) Direção: Oren Moverman / Roteiro: James Ellroy, Oren Moverman / Elenco: Woody Harrelson, Ben Foster, Sigourney Weaver, Anne Heche, Steve Buscemi, Robin Wright / Sinopse: Tira veterano das ruas de Los Angeles vê sua vida desmoronar após uma série de acusações de brutalidade policial e duplo homicídio injustificado. Agora ele precisa controlar essa crise, ao mesmo tempo em que tenta reconstruir seu relacionamento com suas filhas e suas ex-esposas.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de março de 2019

Hellion

Depois que ficou viúvo, Hollis Wilson (Aaron Paul) precisa cuidar de seus dois jovens filhos, Jacob, o mais velho de 13 e Wes, o caçula de 7 anos. A vida porém não é fácil pois ele passa o dia inteiro trabalhando e os garotos geralmente ficam o dia inteiro andando pelas ruas onde acabam conhecendo pequenos delinquentes locais. Após Jacob (Josh Wiggins) colocar fogo em um carro durante uma partida de futebol ele é enviado para uma instituição de correção de menores infratores. O pior acontece com Wes que lhe é tirado de sua custódia pelo Estado que entende que ele não tem mais condições de criar uma criança daquela idade. A salvação do cinema americano parece mesmo vir das produções independentes. Veja o caso desse muito bom "Hellion". A história gira em torno dos problemas enfrentados por uma família após a morte da mãe. Hollis (Paul) é o pai que tenta criar os dois garotos sem muito sucesso. Seu filho Jacob só se envolve em problemas e logo se torna uma pária da vizinhança. O mais jovem, obviamente influenciado pelo irmão mais velho, corre o risco de ir pelo mesmo caminho. Antes que isso aconteça porém o Estado tira a guarda de seu pai e o envia para os cuidados de sua tia, Pam (Juliette Lewis).

Uma decisão certa para a educação do garoto, mas devastadora para aquela família completamente disfuncional e problemática. Logo um conflito se instala entre os parentes. Para piorar Hollis tem problemas com bebidas e sua depressão vai ficando cada vez maior conforme os problemas vão surgindo em cascata na sua vida. O clima ruim e de falta de esperanças acaba se tornado cada vez pior até que Jacob (sempre ele) resolve tomar uma decisão totalmente impensada e inconsequente, o que mudará o destino de todos para sempre. "Hellion" é um drama social acima da média mostrando uma realidade que infelizmente é bem comum dentro da sociedade. Cresce cada vez mais o número de famílias desestruturadas, sem condições de dar as mínimas condições de vida para a criação de seus filhos. O reflexo disso acaba sendo sentido dentro da comunidade em geral, com aumento da violência e destruição dos valores tradicionais. Esse filme abre margem para uma reflexão maior sobre o tema. Está mais do que recomendado.

Hellion (Hellion, Estados Unidos, 2014) Direção: Kat Candler / Roteiro: Kat Candler / Elenco: Aaron Paul, Juliette Lewis, Josh Wiggins, Deke Garner / Sinopse: Viúvo tenta criar seus dois filhos da melhor maneira que lhe é possível. Depois que seu filho mais velho comete um pequeno delito ao queimar um carro ele precisa lutar pela custódia do garoto que lhe tirado pelo Estado. Filme indicado ao Sundance Film Festival na categoria de Melhor Filme - Drama.

Pablo Aluísio. 

Na Batida do Coração

Título no Brasil: Na Batida do Coração
Título Original: Let It Shine
Ano de Produção: 2012
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Television
Direção: Paul Hoen
Roteiro: Eric Daniel, Don D. Scott
Elenco: Tyler James Williams, Coco Jones, Trevor Jackson
  
Sinopse:
Tudo o que Cyrus DeBarge (Tyler James Williams) sempre sonhou foi fazer sucesso com sua música. Sua personalidade porém não ajuda muito pois ele é tímido e retraído. Assim como não consegue se declarar para o amor de sua vida, como também não consegue subir em um palco para se apresentar ao vivo. Assim ele deixa seu amigo cantar e fazer sucesso por ele, algo que o deixa ao mesmo tempo orgulhoso e arrasado por não ter o reconhecimento merecido. Roteiro baseado na famosa peça Cyrano de Bergerac.

Comentários:
Comédia romântica simpática estrelada pelo ator Tyler James Williams que no Brasil ficou muito conhecido justamente por causa de seu papel na série "Todo Mundo Odeia o Chris" (Everybody Hates Chris) que fez bastante sucesso, com quatro temporadas exibidas entre 2005 a 2009. Um fato curioso marcou esse ator em relação aos brasileiros. Seus fãs do Brasil fazem tanta zoeira em seus perfis nas redes sociais que ele precisou pedir que se comportassem, pois caso contrário iria expulsar todos os que continuassem a fazer bagunça. Claro que algo como isso só serviu para inflamar ainda mais a galera, transformando a vida virtual de Tyler em uma verdadeira zona. Já em relação a esse filme aqui não há nada demais a não ser a tentativa de adaptar "Cyrano de Bergerac" para o público mais jovem, teen. Produzido pelo braço televisivo da Disney o filme tenta pegar carona na fama de Tyler, apostando em um roteiro que mistura música, romance e pequenos toques dramáticos. Nada muito sério, apenas uma maneira de parecer algo com mais conteúdo. De qualquer forma não precisa se preocupar, relaxe e curta o filme pelo que ele é: uma diversão bem despretensiosa.

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de março de 2019

O Orfanato

No passado Laura (Rueda) viveu em um orfanato no litoral da costa espanhola. Após ser adotada por um casal ela acabou perdendo o contato com seus amiguinhos de infância. Agora, já adulta, casada e mãe de um garotinho, ela resolve voltar para o velho casarão onde funcionava esse mesmo orfanato em que ela passou seus primeiros anos. O lugar, apesar de eventuais reformas, seguia basicamente o mesmo. O que Laura não sabia é que após sua saída de lá fatos aterrorizantes aconteceram envolvendo os órfãos que ficaram para trás. Após manifestações sobrenaturais, ela entra em desespero ao descobrir que seu filho simplesmente desapareceu. Para entender o que está acontecendo Laura resolve investigar o passado do orfanato, algo que não será tão simples de desvendar.

O que me levou a conferir esse terror foi o nome do diretor Guillermo del Toro na produção do filme. Sua presença já garante no mínimo uma fita bem produzida, com roteiro interessante e direção de arte de encher os olhos. Nesses aspectos realmente não me decepcionei. A produção recria um velho orfanato espanhol, com seus ambientes escuros, lugares inóspitos e cheios de suspense. O uso das aparições de fantasmas jamais caem no gratuito, no sensacionalismo. Longe disso, tudo é muito bem desenvolvido. A trama aos poucos vai sendo desvendada, em um roteiro até mesmo sutil. O texto é inteligente e jamais apela para sustos fáceis e banais. Na realidade o tema central é não apenas a nostalgia que jamais deixa o passado ir embora para sempre como também a força do amor maternal que não recua diante de nada, nem mesmo dos inúmeros mistérios que envolvem o sobrenatural.

O elenco, inclusive as crianças que atuam no filme, é realmente muito bom, com destaque para a atriz Belén Rueda que interpreta Laura. Intercalando momentos de desespero e coragem, ela resolve ir a fundo sobre tudo o que está acontecendo, enfrentando a tudo e a todos para reencontrar seu filho desaparecido. O final do filme provavelmente vá chocar aos mais sensíveis, pois apesar da suposta ternura que envolve a decisão final de Laura, o fato é que o espectador é colocado frente a frente com um ato de dar fim a própria existência, algo realmente definitivo e diria até mesmo avassalador. O diretor J.A. Bayona (que também trabalha na série Penny Dreadful) optou de forma acertada por envolver tudo em um clima que nos remete até mesmo a um certo sentimento de fábula. A cena final retrata muito bem toda essa sua intenção. Enfim, "O Orfanato" é realmente um ótimo exemplar do excelente momento em que passa o cinema espanhol nessa linha de filmes de terror. Cada vez mais as produções ibéricas surpreendem. Por isso fique sempre de olho no que está sendo produzido nesse país. Para o fã do gênero terror não poderia haver nada melhor do que fugir um pouco das já saturadas produções americanas. Aproveite e não deixe passar esse excelente terror espanhol em branco.

O Orfanato (El Orfanato, Estados Unidos, Espanha, 2007) Estúdio: Warner Bros, Canal + / Direção:  J.A. Bayona / Roteiro: Sergio G. Sánchez / Elenco: Belén Rueda, Fernando Cayo, Roger Príncep / Sinopse:  Uma mulher adulta e mãe, decide voltar para rever o antigo orfanato onde viveu quando era criança. Acaba descobrindo uma terrível ligação entre o passado e o presente, agora envolvendo seu filho.

Pablo Aluísio.

Rain Man

Assisti nos anos 80, só agora resolvi rever. É um filme muito bom, com uma atuação primorosa da dupla principal de atores, Dustin Hoffman e Tom Cruise. O astro mais popular de Hollywood na época interpretou esse jovem brigado com o pai que tenta ganhar a vida importando carros italianos luxuosos. Só que o negócio vai de mal a pior. Durante uma viagem com a namorada é informado da morte do pai. Ele então parte para o enterro e tem duas surpresas. A primeira é que o velho não lhe deixou praticamente nada, a não ser uma coleção de roseiras e um antigo carro dos anos 40. A outra surpresa é descobrir que o grosso do dinheiro (3 milhões de dólares) foi para um irmão que ele nem sabia existir. Um homem autista que vive em uma instituição psiquiátrica.

Assim Charlie (Cruise) vai até lá e acaba conhecendo o irmão Raymond (Hoffman) que como todo autista é capaz de fazer coisas incríveis com seu cérebro (como fazer cálculos complicados) ao mesmo tempo em que não consegue cuidar de si mesmo, fazer as coisas mais simples, como cuidar de sua alimentação, suas roupas, e agir de forma normal. Claro que com suas limitações ele também não consegue se relacionar normalmente com outras pessoas. O choque entre o irmão yuppie estressadinho, que só pensa em dinheiro e o irmão autista, com todos esses problemas, embora tendo um bom coração, é o grande atrativo do roteiro desse filme.

Tudo é desenvolvido com muita sutileza, mas também usando de momentos pontuais de bom humor. Um tipo de roteiro bem balanceado, algo raro hoje em dia. "Rain Man" (nome do amigo imaginário da infância do personagem de Cruise) rendeu uma excelente bilheteria e foi premiado com o Oscar de melhor filme naquele ano. O ator Dustin Hoffman também foi premiado (justamente) e o diretor Barry Levinson também levou a estatueta para casa. Só Tom Cruise ficou de mãos abanando! Nessa época ele procurava por seu tão cobiçado Oscar, mas parece que depois de um tempo desistiu dessa busca. Hoje se limita a fazer filmes populares de ação, como a franquia "Missão Impossível" pelos quais, obviamente, nunca, jamais, será premiado. Ossos do ofício.

Rain Man (Estados Unidos, 1988) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Barry Morrow, Ronald Bass / Elenco: Tom Cruise, Dustin Hoffman, Valeria Golino, Gerald R. Molen / Sinopse: Após a morte do pai, Charlie (Tom Cruise) descobre que ficou sem nada, que seu pai não lhe deixou nada de valioso. Todo o dinheiro - uma pequena fortuna de 3 milhões de dólares - acabou indo parar nas mãos de um irmão que ele desconhecia até então, um homem chamado Raymond (Hoffman), portador da síndrome do autismo.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 1 de março de 2019

Assim na Terra Como no Inferno

Scarlett (Perdita Weeks) é uma jovem estudante de história que quer prosseguir nas pesquisas de seu pai, procurando encontrar a pedra Pedra filosofal das lendas envolvendo o famoso alquimista Nicolas Flamel. Após encontrar pistas em uma escavação no Irã, ela parte em direção a Paris pois cria a firme convicção que o tal objeto místico pode ser encontrado nas catacumbas da cidade. Ao lado de outros jovens ela inicia uma expedição pelas cavernas da região, dando início a uma verdadeira aventura de desespero e medo inimagináveis.  Mais um mockumentary de terror (filmes que parecem realizados como meras filmagens amadoras, embora sejam profissionais, algo como um "falso documentário"). Particularmente ando bem cansado desse tipo de filme. Um dos maiores problemas é a falta de foco nas câmeras, as tremedeiras e os momentos em que você não consegue visualizar nada do que está acontecendo. Quando os personagens saem correndo então, é uma coisa profundamente irritante. Em prol de uma falsa realidade o espectador acaba tonto com tantas cenas confusas e caóticas.

O enredo desse filme também não ajuda muito, uma salada indigesta que mistura elementos de produções como "O Código Da Vinci", passando por momentos que copiam a franquia Indiana Jones (com direito até a um cavaleiro templário com corpo incorrupto), chegando até as raias do puro trash. A trama é uma bobagem e mistura um monte de lendas históricas diferentes sem nenhum critério. Assim que os jovens exploradores entram nas catacumbas de Paris o filme se torna simplesmente insuportável com tantos clichês e ideias batidas. Em vista disso você pode esquecer a vontade de sentir medo de verdade com o filme, pois só irá se amedrontar com o que se passa se for muito ingênuo ou impressionável. Além disso se você odeia ambientes fechados ou sofre de algum tipo de claustrofobia é melhor desistir, pois praticamente 80% da fita se passa em lugares cavernosos, com pouca ou nenhum luz. Resumindo tudo, poderia encerrar essa breve resenha dizendo que "As Above, So Below" é simplesmente chato, cansativo e enjoativo. Não vá perder seu tempo com esse terrorzinho B pois vai se arrepender.

Assim na Terra Como no Inferno (As Above, So Below, Estados Unidos, 2014)  Estúdio: Legendary Pictures / Direção: John Erick Dowdle / Roteiro: Drew Dowdle, John Erick Dowdle
Elenco: Perdita Weeks, Ben Feldman, Edwin Hodge, François Civil / Sinopse: Jovem procura por um artefato que pertenceu a um famoso alquimista do passado, mas só acaba encontrando desespero, morte e terror por onde passa.

Pablo Aluísio.

Star Wars: O Despertar da Força

Esse novo filme da franquia "Star Wars" que chegou aos cinemas em 2016 certamente fez muito sucesso comercial, rendeu ótimas bilheterias, porém me deixou com aquela sensação amarga de que eu estava assistindo a uma reprise de um filme que já havia assistido antes. Se formos pensar bem foi exatamente isso que aconteceu. A trama é extremamente parecida com a do primeiro filme, "Guerra nas Estrelas" de 1977. Com isso não estou querendo dizer que os velhos personagens que ressurgem aqui perderam o interesse, nada disso, mas sim chamando a atenção para o fato de que até os novos personagens são cópias rudimentares daqueles que vimos no filme original. A palavra originalidade inclusive é o grande problema desse sétimo filme. Os fãs podem fazer malabarismos de todos os tipos, mas não conseguem fugir de uma constatação óbvia: esse novo roteiro não tem originalidade nenhuma. Apenas pegaram o roteiro do primeiro filme, fizeram algumas adaptações, trouxeram algumas pequenas novidades, levaram ao forno esse prato requentado e jogaram para o público consumir. Como deu certo provavelmente veremos outra cópia disfarçada no próximo film

Essa falta de originalidade inclusive se estende a praticamente todos os personagens e não apenas aos protagonistas. O vilão desse novo filme nada mais é do que uma versão (um tanto sem graça, devo dizer) de Darth Vader, aquele sim um dos melhores personagens da saga. Pois é, nem o lado negro da força escapou do plágio. Como "Star Wars" agora pertence ao império Disney não espere por algo diferente. Tudo continuará no controle remoto para agradar os velhos fãs e a nova geração, já que essa é a verdadeira fonte de renda desse universo. Afinal quem vai comprar os brinquedos e bonequinhos com a marca Star Wars? Claro que a garotada. Tudo é marketing, tudo é vendas. Alguém realmente pensou que havia algo diferente disso? Claro que não. Eu provavelmente irei conferir o oitavo filme. Tanto por ser um pouco masoquista como por curiosidade. Quero ver até onde essa "estratégia" vai chegar! Se o segundo filme dessa fase do Pateta for pelo menos uma cópia de "O Império Contra-ataca" até que não vai ser tão ruim, já que esse foi o melhor filme de todos. Só não quero me deparar com outra revelação do tipo "Luke eu sou seu pai!" porque ai meu caro, seria forçar a barra demais...

Star Wars: O Despertar da Força
(Star Wars: Episode VII - The Force Awakens, Estados Unidos, 2015) Direção: J.J. Abrams / Roteiro: Lawrence Kasdan, J.J. Abrams / Elenco: Daisy Ridley, Carrie Fisher, Harrison Ford, Mark Hamill, Andy Serkis, Max von Sydow, John Boyega, Oscar Isaac / Sinopse: Uma jovem entra em contato com o poder da força. Agora, ela poderá se tornar a nova arma dos Jedi contra o império do mal. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor edição, mixagem de som, edição de som, efeitos especiais e música. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Suplício de uma Saudade

Em Hong Kong, durante os anos 1950, a médica e viúva Han Suyin (Jennifer Jones) conhece durante uma festa o jornalista americano Mark Elliott (William Holden). Ele é um correspondente de guerra na região, uma vez que a revolução comunista na China se espalhou por todas as grandes cidades daquela nação. Mesmo sendo ele casado, acaba atraindo a atenção da Dra. Suyin que, praticamente da noite para o dia, se vê perdidamente apaixonada por ele. Não será um relacionamento isento de problemas, já que o escândalo de ter um romance  com um homem casado começa a causar uma repercussão negativa em sua vida pessoal e profissional. Mesmo assim ela está decidida a ir em frente para ficar ao seu lado, custe o que custar.

"Suplício de uma Saudade" é um dos grandes clássicos românticos do cinema americano. Baseado em um romance autobiográfico escrito pela médica Han Suyin, a história narra seu breve, mas marcante romance, com um jornalista norte-americano, às portas de dois eventos históricos, a revolução comunista na China e a Guerra da Coreia. O cenário não poderia ser mais inspirador, com as colinas de Hong Kong servindo de cartão postal para os apaixonados encontros entre eles. A música vencedora do Oscar "Love Is a Many-Splendored Thing" está presente em praticamente todas as cenas mais românticas, seja em sua versão tradicional, seja em adaptações incidentais. É uma bela música, sempre muito lembrada e uma das marcas registradas mais conhecidas do filme como um todo.

A atriz Jennifer Jones interpreta a doutora Han Suyin. Ela é uma eurasiana, filha de um inglês com uma chinesa. Por ter essa origem de dupla nacionalidade ele quase sempre se vê dividida entre os valores da cultura ocidental e oriental. Do lado ocidental herdou a ética profissional e a seriedade com a qual trata todos os seus pacientes, que na maioria das vezes pertencem às camadas mais humildes da população. Do lado oriental procurou manter as tradições chinesas, inclusive familiares, mesmo sendo uma mulher independente e dona de seu próprio destino. Já William Holden dá vida ao jornalista Mark Elliott, um bom sujeito, bem intencionado, mas que precisa resolver sua vida pessoal pois já é casado e não poderia seguir em frente com seu romance sem antes acertar todos os problemas legais decorrentes de seu estado civil. Sua esposa porém não está disposta a lhe conceder o divórcio para que ele se case com seu novo amor.

Seu destino muda drasticamente quando explode a Guerra da Coreia e ele é enviado até o front do conflito para cobrir mais essa intervenção americana no exterior. Nos tempos cínicos e muitas vezes insensíveis em que vivemos atualmente, o filme, que poderia ser caracterizado como ultraromântico, perde um pouco de sua força original. Mesmo assim é um belo trabalho cinematográfico, com excelente fotografia e direção de arte. Um retrato de uma época em que o verdadeiro amor tinha que lutar contra todas as diversas convenções sociais para se concretizar plenamente.

Suplício de uma Saudade (Love Is a Many-Splendored Thing, Estados Unidos, 1955) Estúdio: Twentieth Century Fox / Direção: Henry King / Roteiro: John Patrick, baseado no livro de Han Suyin / Elenco: William Holden, Jennifer Jones, Torin Thatcher / Sinopse: O filme conta uma história de amor em tempos de guerra e destruição no Oriente. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Canção Original ("Love Is a Many-Splendored Thing" de Paul Francis Webster e Sammy Fain), Melhor Figurino e Melhor Música (Alfred Newman). Também indicado nas categorias de Melhor Filme, Atriz (Jennifer Jones), Fotografia, Direção de Arte e Som.
  
Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Rachel, Rachel

Rachel Cameron (Joanne Woodward) é uma professora de ensino fundamental que leciona numa pequena cidade do interior dos Estados Unidos. Ela mora com a mãe, que tem problemas cardíacos. Solteira, perto de completar 40 anos, Rachel começa a sofrer uma crise existencial sobre sua própria vida. Seu pai era o agente funerário da cidade o que fez com que Rachel tivesse uma infância marcada pelo bullying dos garotos de sua idade. Ela ao longo dos anos desenvolveu uma personalidade tímida e retraída que só fez piorar seu estado de solidão. As coisas mudam quando um velho conhecido volta para a fazenda de seu pai. Nick Kazlik (James Olson) pode ser o homem que ela tanto procurava ou então mais um motivo para decepção e desilusão. Algo que apenas o tempo dirá.

Drama humano e sensível que foi dirigido com uma grande sensibilidade pelo astro Paul Newman. A estrela de "Rachel, Rachel" foi sua esposa, a talentosa  Joanne Woodward. O casal realizou um belo filme. O roteiro, baseado na novela escrita por Margaret Laurence valoriza o mundo interior da protagonista. O espectador é convidado várias vezes a entrar em seus pensamentos, sua vida interior. Isso cria uma intimidade muito próxima com quem assiste ao filme. É interessante que Rachel tem medo de morrer sozinha, cuidando da mãe, que muitas vezes age de forma egoísta, não pensando na felicidade da filha, mas mesmo assim tenta trazer uma certa normalidade para a sua vida cotidiana. Joanne, pelo ótima atuação, acabou sendo indicada ao Oscar, mas infelizmente não venceu. Ela havia sido premiada dez anos antes com outro drama em que atuou magistralmente bem, "As três Faces de Eva". Não faz mal, o que importa é que o público acabou sendo presenteado com outro de seus grandes momentos. Um primor de atuação.

Rachel, Rachel (Rachel, Rachel, Estados Unidos, 1968) Direção: Paul Newman / Roteiro: Stewart Stern, baseado na novela de Margaret Laurence / Elenco: Joanne Woodward, James Olson, Kate Harrington, Estelle Parsons, Frank Corsaro / Sinopse: Rachel (Woodward) é uma professora de crianças que começa a sofrer uma crise existencial com a chegada da idade. Solteira e solitária, ela ainda tem esperanças de encontrar o homem que a fará feliz pelo resto de sua vida. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Atriz (Joanne Woodward), Melhor Atriz Coadjuvante (Estelle Parsons) e Melhor Roteiro Adaptado (Stewart Stern).

Pablo Aluísio.

A Grande Esperança Branca

Título no Brasil: A Grande Esperança Branca
Título Original: The Great White Hope
Ano de Produção: 1970
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Martin Ritt
Roteiro: Howard Sackler
Elenco: James Earl Jones, Jane Alexander, Lou Gilbert

Sinopse:
O lutador de boxe Jack Jefferson (James Earl Jones) se torna o novo campeão mundial da categoria peso pesado. Seu título começa a incomodar certos setores pois o estilo desafiador do boxeador negro soa ofensivo para certa pessoas. Após tentar cruzar a fronteira estadual ao lado de uma branca (Eleanor, sua própria noiva), ele é preso e acusado de violar a Lei Mann, que tipificava o crime de tráfico de mulheres. Sabendo de antemão que pegará uma pena longa ele decide então fugir para a Europa para recomeçar sua carreira de alguma forma.

Comentários:
Muitos pensarão que se trata de um roteiro baseado numa história real, mas na verdade tudo é baseado numa peça teatral de sucesso escrita por Howard Sackler (que também assina o roteiro). O curioso é que apesar do enredo ser mera ficção há nuances de histórias reais que permeiam todo o filme. A própria história do roqueiro Chuck Berry serviu de modelo, uma vez que ele foi um dos mais famosos negros acusados do crime de "tráfico de escravas brancas" ao tentar ir de um estado ao outro na companhia de uma mulher branca. Na verdade a Lei Mann era apenas mais uma das extensas ferramentas que eram colocadas à serviço do aparelho estatal racista de certas legislações de estados do sul dos Estados Unidos. Como não poderia deixar de ser o destaque vai mesmo para o talentoso ator James Earl Jones que se entrega completamente ao personagem. Tão humano o torna, que não é de se admirar sua indicação ao Oscar de Melhor Ator (aliás deveria ter vencido!). A atriz Jane Alexander também foi indicada como Melhor Atriz. Isso demonstra que é mesmo um filme de interpretações mais do que inspiradas. Assim deixamos a dica desse excelente drama esportiva para todos, já que infelizmente o filme anda mesmo muito esquecido pelos cinéfilos. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

A Donzela de Salem

Título no Brasil: A Donzela de Salem
Título Original: Maid of Salem
Ano de Produção: 1937
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Frank Lloyd
Roteiro: Walter Ferris, Bradley King
Elenco: Claudette Colbert, Fred MacMurray, Harvey Stephens, Gale Sondergaard

Sinopse:
Baseado na obra teatral escrita por Bradley King, "Maid of Salem" narra a estória de um romance que floresce entre dois jovens moradores da pequena cidade de Salem, no Massachusetts, durante o século XVII. Eles se amam ardentemente, porém a rígida repressão moral e religiosa daquele sociedade os impede de serem inteiramente felizes. No meio de tanto temor de serem descobertos, acabam caindo nas garras de uma tradicional família que os acusam de estarem praticando atos de bruxaria na floresta local. A acusação acaba despertando o que há de pior naquelas pessoas.

Comentários:
Interessante filme que tenta mesclar romance e terror (no sentido mais estrito da palavra) em apenas um roteiro. A simples menção do nome da cidade de Salem já traz à tona um dos mais pavorosos eventos da chamada Inquisição Protestante nos Estados Unidos, quando dezenas de pessoas inocentes foram queimadas vivas em fogueiras por pastores e líderes religiosos locais que, a despeito de combaterem a presença do diabo na região, cometeram crimes terríveis. Tudo se revelaria anos depois como simples paranoia e fanatismo religioso. Esse contexto histórico foi apenas parcialmente aproveitado. Assim o que vemos aqui não é a história real, mas sim uma adaptação, onde o foco se transfere inicialmente para o romance entre duas pessoas extremamente apaixonadas. Como o amor deles acaba despertando ciúmes e ódio em alguns moradores eles logo se tornam vítimas de acusações infundadas, que apontavam o dedo em sua direção, os acusando, sem prova alguma, de que estavam cometendo atos de magia negra e bruxaria. Um absurdo completo. O drama é estrelado pela estrela Claudette Colbert, um dos nomes mais famosos em Hollywood naquela época. Conhecida por clássicos como "Aconteceu Naquela Noite" (1934), "Desde Que Partiste" (1944) e "Mulher de Verdade" (1942) ela empresta todo o seu talento para que o filme funcione plenamente. Um bom retrato da indústria americana daqueles tempos, em que não se deixava o aspecto puramente comercial dos filmes se sobrepor à fortes mensagens de racionalidade e tolerância.

Pablo Aluísio.

Artistas do Amor

Título no Brasil: Artistas do Amor
Título Original: The Art of Love
Ano de Produção: 1965
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Norman Jewison
Roteiro: Richard Alan Simmons, William Sackheim
Elenco: James Garner, Dick Van Dyke, Elke Sommer

Sinopse:
As coisas não andam nada bem para o pintor Paul Sloane (Dick Van Dyke). Apesar de ser talentoso, ele não consegue vender nenhum de seus quadros. Sentindo-se um fracasso, acaba sendo consolado pelo dono da galeria onde expõe suas obras. Esse lhe explica que no mundo da arte apenas os pintores famosos e mortos é que vendem pinturas a preços exorbitantes. Isso dá uma ideia para Sloane. Por que não fingir sua própria morte para ver se alguma de suas pinturas finalmente é vendida? 

Comentários:
Uma comédia divertida estrelada pelo ator e comediante Dick Van Dyke, que foi muito popular durante a década de 60 nos Estados Unidos (basta lembrar de seu maior sucesso, "Mary Poppins" e de sua série de grande audiência na TV, "The Van Dyke Show"). Com certo receio poderia qualificar essa película como uma comédia de humor negro, mas poderia ser mal entendido. Isso porque não há nada de muito ofensivo em seu humor simples e direto. Pelo contrário, é uma daquelas produções super coloridas que faziam a festa da garotada nos cinemas. As brincadeiras todas são feitas em cima do fato do pintor fingir que está morto para vender seus quadros e todas as confusões que nascem dessa farsa. O roteiro brinca o tempo todo com o mito de Vincent Van Gogh, que em vida não conseguiu vender nenhuma pintura, só se tornando um sucesso de vendas após sua trágica morte. O diretor Norman Jewison tenta, de certa maneira, repetir a fórmula de seu filme anterior, "Não Me Mandem Flores", com Rock Hudson, que também tinha esse clima de humor negro, brincando com a morte. De uma maneira ou outra vale a pena dar algumas risadas nostálgicas com essa pequena e divertida comédia dos anos 60.

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Por uns Dólares a Mais

Clint Eastwood e Lee Van Cleef Interpretam dois caçadores de recompensas no velho oeste que acabam indo atrás do mesmo criminoso, El Indio (Gian Maria Volonté), cuja oferta por sua captura vivo ou morto é avaliada em dez mil dólares! Pistoleiro, psicopata, estuprador e muito violento, El Indio planeja ao lado de sua quadrilha um grande roubo de banco na cidade de El Paso. Ele conseguiu ter acesso a informações privilegiadas sobre o cofre da instituição e pretende roubar uma pequena fortuna de sua sede, mas antes disso terá que se livrar daqueles que querem sua cabeça em troca do valioso prêmio a ser dado como recompensa a quem conseguir lhe tirá-lo de circulação. 

O texto que abre o filme, "Onde a vida não tem valor, a morte, às vezes tem seu preço. É por isso que os caçadores de recompensas apareceram", resume bem a tônica dessa produção. Considerado um dos maiores clássicos do assim chamado western spaguetti, "Por uns Dólares a Mais" surge em um momento em que o cinema italiano começa a mostrar ao mundo que também podia realizar faroestes tão bons quanto os originais americanos. A fórmula de se importar atores e profissionais americanos para trabalharem na Itália havia se mostrado madura o suficiente para assustar até mesmo os grandes estúdios de Hollywood.

Para se ter uma ideia a United Artists ficou tão impressionada com a qualidade desse western que não pensou duas vezes em adquirir os direitos da obra para lançar nos cinemas americanos, no circuito comercial daquele país. Isso era um feito e tanto já que até aquele momento as distribuidoras americanas esnobavam os filmes italianos de faroeste. No elenco, Clint Eastwood e Lee Van Cleef, começavam a virar astros. Ambos amargaram anos e anos de papéis coadjuvantes sem muita importância dentro da indústria americana e tiveram que cruzar o Atlântico para serem finalmente reconhecidos em casa. 

Por fim, e o mais importante de tudo, o filme contava com a ótima direção do mestre Sergio Leone. Cineasta singular, Leone conseguia impor um estilo próprio, autoral, em fitas que em essência eram realizadas para serem acima de tudo comercialmente bem sucedidas. Dentro do circuito mais popular ele conseguia, com raro brilhantismo, trazer inovações e classe a gêneros ditos como extremamente comerciais. Maior prova de sua genialidade não há. Assim, caso você nunca tenha assistido esse western classe A não perca mais seu tempo, pois "Per Qualche Dollaro in Più" é de fato simplesmente indispensável e essencial para qualquer cinéfilo que se preze. Um faroeste europeu que marcou época.

Por uns Dólares a Mais (Per Qualche Dollaro in Più, Itália, Espanha, Alemanha, 1965) Estúdio: Constantin Film Produktion, Produzioni Europee Associati / Direção: Sergio Leone / Roteiro: Sergio Leone, Fulvio Morsella / Elenco: Clint Eastwood, Lee Van Cleef, Gian Maria Volonté/ Sinopse: Dois caçadores de recompensas vão atrás de um criminoso procurado vivo ou morto no velho oeste americano.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de fevereiro de 2019

O Céu Mandou Alguém

Título no Brasil: O Céu Mandou Alguém
Título Original: 3 Godfathers
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: John Ford
Roteiro: Laurence Stallings, Frank S. Nugent
Elenco: John Wayne, Pedro Armendáriz, Harry Carey Jr

Sinopse:
Três bandoleiros liderados por Robert Hightower (John Wayne) decidem roubar um banco na pequenina cidadezinha de Welcome no Arizona. Na fuga acabam sem água, perdidos no meio de um dos desertos mais hostis dos Estados Unidos. Lá encontram uma carruagem abandonada, com uma mulher grávida, prestes a ter um filho. Após ajudar no nascimento da criança a mãe morre. Agora os três assaltantes tentarão sobreviver naquele deserto implacável, tentando fugir do xerife e seus assistentes, ao mesmo tempo em que tentam manter o recém-nascido vivo.

Comentários:
Esse é certamente um dos mais interessantes e menos badalados filmes do mestre John Ford (1894 - 1973). O filme começa como todos os westerns da época, com um trio de bandidos de olho no banco de uma cidadela perdida no meio do deserto. Segue-se a perseguição do xerife e então o diretor dá uma guinada e tanto no enredo, fazendo daqueles três assaltantes pessoas de bom coração, que ajudam uma jovem mãe a ter seu filho no meio do deserto. Os três personagens, um americano (Wayne), um mexicano (Pedro Armendáriz) e um jovem pistoleiro conhecido como 'The Abilene Kid' (Harry Carey Jr.) mostram seu lado mais humano, mesmo após terem cometido um crime. O enredo não disfarça uma conotação levemente religiosa ao comparar aqueles três bandidos, os padrinhos do menino recém nascido (daí o título em inglês, 3 Godfathers), com a própria natividade do menino Jesus (com direito até mesmo a uma estrela brilhante no céu). Como um dos próprios personagens fala, eles seriam versões modernas dos três reis magos! Ford também utiliza a natureza do deserto como um elemento opressor sobre todos os personagens, tanto os perseguidos, como os perseguidores. Essa linguagem serve para demonstrar a pequenez do ser humano diante da natureza. O filme no final das contas, embora pouco conhecido, é mais uma das provas da genialidade de um cineasta realmente diferente, marcante, que deixou sua marca para sempre na história da sétima arte.

Pablo Aluísio.

Duelo em Diablo Canyon

"Duelo em Diablo Canyon" começa quando o cowboy Jess Remsberg (James Garner) salva uma mulher branca das garras dos apaches selvagens. É uma tribo muito conhecida por causa de sua violência. Com a intervenção de Jess a jovem é finalmente salva da morte certa. Assim ele acaba entrando como batedor numa caravana liderada por um tenente do exército americano. Sua experiência na região é o grande motivo para ser contratado. O objetivo é atravessar esse lugar dominado por apaches e guerreiros rebeldes, que querem se vingar da presença do homem branco em suas terras. A travessia não demora a se tornar um jogo de vida e morte entre nativos e soldados da cavalaria. Esse é um western americano muito subestimado. "Duel at Diablo" foi bem recebido pela crítica em seu lançamento original, mas foi perdendo prestígio ao longo dos anos até ser quase que completamente esquecido. 

O filme é de um tempo de transição para o faroeste americano, onde ainda havia uma simbiose entre o velho western - dos filmes de cavalaria de John Ford - e elementos novos, como uma trilha sonora de rock, com guitarras e instrumentos modernos. Some-se a isso personagens que eram raros nos antigos filmes, como um negro bem sucedido, com boas roupas e desafiando seus "superiores" brancos - em excelente atuação de Sidney Poitier que dá vida a um ex-sargento, agora comerciante de cavalos para o exército, que não aceita mais se rebaixar para seu antigo tenente dos tempos de cavalaria. O roteiro é muito bom e investe em uma situação limite com os soldados e demais membros da caravana emboscados no Diablo Canyon, sem lugar a concessões que suavizem a ferocidade dos nativos americanos daquele período. Por fim há a boa presença do ator James Garner (falecido há pouco tempo) que empresta muito carisma ao seu personagem em cena. Diante de tudo isso "Duelo em Diablo Canyon" é um western sessentista que merece ser redescoberto pelos fãs do gênero.

Duelo em Diablo Canyon (Duel at Diablo, Estados Unidos, 1966) Estúdio: United Artists / Direção: Ralph Nelson / Roteiro: Marvin H. Albert, Michael M. Grilikhes / Elenco: James Garner, Sidney Poitier, Bibi Andersson / Sinopse: Um veterano cowboy ajuda um regimento da cavalaria do exército dos Estados Unidos a atravessar uma região perigosa, dominada por tribos violentas durante a ocupação do velho oeste americano.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

O Álamo

Título no Brasil: O Álamo
Título Original: The Alamo
Ano de Produção: 1960
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: John Wayne
Roteiro: James Edward Grant
Elenco: John Wayne, Richard Widmark, Laurence Harvey, Frankie Avalon

Sinopse:
Durante o ano de 1836 cresce o sentimento de separação do Texas do México. A intenção dos revolucionários é transformar o isolado estado em uma República independente. Para destruir o foco rebelde o governo mexicano envia um formidável exército de repressão comandado pelo general Santa Anna. Para resistir a invasão se insurge um pequeno mas valente grupo de homens no Álamo. Formado por soldados de carreira, voluntários e americanos do Tennessee liderados pelo coronel Davy Crockett (John Wayne) eles resolvem ficar no local para enfrentar bravamente o inimigo. Filme indicado aos Oscars de Melhor Filme, Melhor Fotografia, Melhor Edição, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Música e Melhor Ator Coadjuvante (Chill Wills). Filme vencedor do Oscar de Melhor Som. Filme vencedor do Globo de Ouro na categoria Melhor Trilha Sonora Original (Dimitri Tiomkin).

Comentários:
Ao longo da carreira John Wayne dirigiu oficialmente apenas dois filmes, esse "O Álamo" e "Os Boinas Verdes" em 1968. De maneira não creditada ainda participou como co-diretor de "Rota Sangrenta" de 1955, "Os Comancheros" de 1961 (quando o diretor Michael Curtiz ficou doente demais para finalizar o filme) e por fim "Jake Grandão" de 1971. Em todas essas produções Wayne não fez feio como cineasta, muito pelo contrário, sempre pareceu tomar todas as decisões corretas. De todos os que assinou a direção nenhum foi tão pessoal quanto esse ousado faroeste de 1960. A intenção era recriar em cores épicas o famoso combate pela luta do forte Álamo (na verdade uma missão abandonada) no Texas. O evento histórico até hoje é celebrado no estado da rosa amarela justamente por ter sido um exemplo da bravura e orgulho do homem texano, que se recusou a se render mesmo diante de um poderoso exército mexicano que estava ali para garantir que o Texas continuasse a ser parte do México. No total o Álamo contava com apenas 185 homens que lutaram de forma corajosa contra mais de sete mil soldados sob comando do generalíssimo Santa Anna. 

Vale a pena ressaltar a coragem de John Wayne em algumas decisões que tomou ao rodar essa produção. A primeira delas foi o comprometimento com a história, evitando se render a meras concessões comerciais. Isso fez com que Wayne rodasse um filme longo, com duas horas e quarenta minutos de duração. Como bem sabemos filmes longos demais vendem menos ingressos pois ganham menos sessões de cinema durante o dia. Isso porém não depõe contra o resultado final, pois o filme jamais se torna pesado ou cansativo de assistir. O importante é que Wayne quis contar sua história da forma correta, sem perder nenhum detalhe histórico importante. A boa notícia é que seu objetivo foi alcançado. No desenrolar da trama também podemos notar que o cineasta John Wayne trouxe para a película muita coisa que aprendeu ao trabalhar ao lado de grandes diretores em sua carreira. A influência mais notável vem de John Ford. Wayne tenta recriar na tela pequenas nuances e detalhes que eram muito presentes na obra de Ford. Obviamente não consegue o mesmo impacto, até por falta de maior experiência atrás das câmeras, mas se sai muito bem. Assim "The Alamo" é uma prova que se quisesse, John Wayne poderia ter tido também uma bela carreira como diretor. Infelizmente o ator achava que dirigir trazia muita pressão, responsabilidades e riscos e por isso preferiu seguir trabalhando apenas como ator, atuando em seus bons e velhos faroestes. Uma pena, se tivesse seguido certamente teríamos por aí algumas pequenas joias cinematográficas como esse "O Álamo".

Pablo Aluísio.

Tempo de Massacre

Título no Brasil: Tempo de Massacre
Título Original: Le Colt Cantarono La Morte e Fu... Tempo di Massacro
Ano de Produção: 1966
País: Itália
Estúdio: I.F. Produzioni Cinematografiche, Mega Film
Direção: Lucio Fulci
Roteiro: Fernando Di Leo
Elenco: Franco Nero, George Hilton, Linda Sini, Giuseppe Addobbati

Sinopse:
O enredo se passa no ano de 1866 no Novo México. Tom Corbett (Franco Nero) após longos anos cavalgando pelo velho oeste, resolve retornar para sua cidade natal, Laramie Town. Sua principal intenção é rever seus familiares e matar as saudades. As coisas porém não andam bem por lá. A região está dominada por Jason Scott (Giuseppe Addobbati), um bandoleiro que ficou rico usando de táticas criminosas. O irmão de Tom, Jeffrey (George Hilton) um homem honesto e íntegro, está dominado pelo alcoolismo. Ele pretende recuperar a saúde de seu irmão para que juntos expulsem Scott e sua quadrilha da cidade.  

Comentários:
O ator Franco Nero foi sem dúvida uma das maiores estrelas do western Spaghetti. Após ficar consagrado como o personagem Django ele voltou a estrelar novos filmes de faroeste. Esse aqui aliás foi produzido no mesmo ano de "Django", com poucos meses de diferença entre os lançamentos, o que garantiu para a fita uma ótima bilheteria (inclusive no Brasil). O roteiro segue também os passos do famoso clássico, onde redenção e vingança estão na ordem do dia. Embora dessa vez o personagem de Nero não seja um pistoleiro tão sinistro e durão como em seu filme anterior. Logo após ele voltaria à tona, estrelando mais um spaghetti bem conhecido, "Adeus, Texas", confirmando seu nome como um dos mais populares do gênero na década de 1960. Nesse "Tempo de Massacre" Franco Nero contracena com o ator uruguaio George Hilton, que também se tornou bem conhecido na época, estrelando inúmeros filmes nesse estilo, entre eles "Eu Mato... e Recomendo a Deus" (seguindo a tradição de títulos chamativos do cinema italiano) e "Bandoleiros Violentos em Fúria". Filmes com muita ação e cenas violentas, como bem rezava a cartilha dos faroestes produzidos na velha bota. Os fãs do gênero não terão do que reclamar.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Grey's Anatomy - Nona Temporada

É uma daquelas séries intermináveis. Só para se ter uma ideia a série médica mais famosa dos Estados Unidos chegou na TV em 2005 e agora, 14 anos depois, ainda está no ar, sendo exibida nesse momento a décima sexta temporada. É algo para uma vida toda! Tem que ter muito fôlego renovado para encarar algo assim. Some tudo isso ao fato de que as temporadas são longas - com média de 24 episódios cada - e você vai entender porque no meio do caminho eu simplesmente desisti de assistir. Acabou o gás, não deu mais para encarar! Sim, larguei a maratona no meio da jornada, devo admitir! Cansei...

É muito investimento de tempo e paciência para encarar uma série que simplesmente parece não ter fim. Quando comecei a assistir a "Grey's Anatomy" ainda nem tinha escrito esse blog - haja tempo! - por isso dezenas e dezenas de episódios que acompanhei nunca sequer pensei em escrever resenhas. Só algumas sobreviveram ao tempo, as que compilo aqui nessa postagem. São todas da nona temporada pois nessa época comecei a fazer pequenas resenhas de séries para o blog! Devo confessar que como todo espectador da série também criei uma fantasia de um dia me tornar médico - quem sabe... A vida porém me levaria por outro caminho... Para finalizar não custa relembrar uma piada muito corrente entre fãs de séries onde se dizia que se você conseguisse assistir a essa série inteira certamente iria ter mais conhecimento do que muito recém-formado em medicina! Não duvido nada...

Grey's Anatomy 9.11 - The End Is the Beginning Is the End
Ok, não é segredo para ninguém que essa série é na verdade mais um daqueles novelões do horário nobre da TV americana que praticamente nunca acabam. Enquanto houver audiência a série seguirá em frente. Eu acredito que em minha vida poucas séries consegui assistir mais de sete ou oito temporadas seguidas, mas continuo assistindo "Grey's Anatomy" e não me pergunte o porquê! Você simplesmente segue vendo e se divertindo com os roteiros cada vez mais absurdos e sem noção que vão surgindo pelo meio do caminho, fruto de uma natural saturação por causa das inúmeras temporadas no ar. Pois bem, nesse episódio em particular temos três estorinhas básicas. Na primeira um casal dá entrada no hospital após ela cair por cima dele em uma performance de pole dance (com aquelas barras de metal usadas em coreografias de strippers). Como é uma senhora, dona de casa, cinquentona, as coisas saem do controle e ambos acabam parando no hospital, esmagados (é sério, não disse que os roteiros são cada vez mais estranhos?). Na segunda linha narrativa um adolescente com uma rara síndrome tem que operar seu rosto pois os ossos da face crescem a um ritmo acelerado, o que lhe deixa com uma expressão disforme. Esse enredo foi puxado obviamente daquele filme com Cher, "Marcas do Destino" de 1985. Por fim os médicos ganham uma bela indenização de 15 milhões de dólares pelo acidente que sofreram (só em Grey´s mesmo para acontecer algo assim!). O seguro não quer pagar e o hospital não tem esse dinheiro, o que significa que provavelmente irá a falência! Pois é gente, dramalhões mexicanos perdem, e esse talvez seja o charme kitsch que me faz seguindo acompanhando essa série que pelo jeito não tem fim (foi anunciado recentemente mais duas temporadas!). Há alguns dias a atriz Ellen Pompeo anunciou que irá se aposentar após o fim da série. Pelo visto nem ela mesma aguenta mais sua Meredith Grey (que nesse episódio anuncia para todos que está grávida!) por mais tempo. Enfim, são coisas de Grey's Anatomy... / Grey's Anatomy - The End Is the Beginning Is the End (EUA, 2013) Direção: Cherie Nowlan / Roteiro:  Shonda Rhimes, Joan Rater / Elenco: Ellen Pompeo, Sandra Oh, Justin Chambers, Patrick Dempsey.

Grey's Anatomy 9.12 - Walking on a Dream
Já que estamos falando de séries médicas... Embora um pouco atrasado sigo assistindo "Grey's Anatomy". Ao contrário de "The Knick" essa série é uma veterana nas telas, bem conhecida do público que acompanha seriados pela TV a cabo onde é exibida no Brasil pelo canal Sony. Recentemente "Grey's Anatomy" virou notícia por dois fatos: a saída da atriz Sandra Oh (que interpreta a Dra. Cristina Yang) do elenco e o anúncio de Ellen Pompeo (Dra. Meredith Grey, a principal personagem) que iria se aposentar após a última temporada. Nada mais de séries e nem muito menos de cinema. Para ela chega! Aqui o foco se concentra no trauma vivido pela Dra. Arizona Robbins (Jessica Capshaw). Ela teve a perna amputada após sofrer um grave acidente de avião (que inclusive matou outros personagens da série). Depois de sofrer uma forte depressão ela retornou finalmente ao trabalho, mas está apresentando sintomas da síndrome do membro fantasma (uma dor sentida em um membro que não mais existe!). Um caso médico real e extremamente curioso, por causa de suas implicações psicológicas. Na outra linha narrativa o hospital recebe uma auditora disposta a cortar custos de todas as maneiras possíveis, já que a instituição anda muito mal das pernas em termos financeiros. Bom episódio, valorizado ainda mais pela cena final quando Meredith Grey precisa vencer seus medos do passado para entrar novamente em um avião pela primeira vez após o acidente! / Grey's Anatomy 9.12 - Walking on a Dream (EUA, 2013) Direção: Rob Hardy / Roteiro: Shonda Rhimes, Tia Napolitano / Elenco: Ellen Pompeo, Sandra Oh, Justin Chambers.

Grey's Anatomy 9.13 - Bad Blood
E "Grey's Anatomy" segue em frente. Nesse episódio um jovem acidentado precisa urgentemente de uma transfusão de sangue, uma solução relativamente simples para salvar sua vida. A religião da família do rapaz porém proíbe esse tipo de procedimento médico. Algo bem conhecido dentro da doutrina das Testemunhas de Jeová. Cria-se assim um dilema: Poderia o médico fazer a transfusão mesmo sem a autorização familiar? A Dra. Cristina Yang (Sandra Oh) não tem a menor intenção de passar por cima da vontade deles, sendo processada depois. Já sua residente fica revoltada com a situação! Enquanto isso o hospital continua a passar por inovações administrativas. Várias alas são fechadas e o Pronto Socorro é devidamente desativado. Um administrador de empresas começa a dar palestras obtusas aos médicos, enquanto a verdade começa a vir à tona: sim, o Seattle Grace está sendo preparado para ser vendido! Para isso as finanças devem passar por uma nova abordagem, eliminando custos desnecessários, para ser vendido no mercado por um preço lucrativo. Claro que algo assim colocará o emprego de todos os médicos no fio da navalha. Na outra linha narrativa da estória uma adolescente, daquelas bem irritantes, enfrenta seus médicos, não aceitando suas sugestões para começar a andar pelo quarto onde está hospitalizada. Ela treinou a vida inteira para ser uma atleta olímpica e agora, frustrada e decepcionada, acredita que tudo está perdido. Somente a Dra. Arizona Robbins (Jessica Capshaw) poderá fazer a garota mudar de ideia, usando para isso sua própria experiência pessoal. / Grey's Anatomy 9.13 - Bad Blood (EUA, 2013) Direção: Steve Robin / Roteiro:  Shonda Rhimes, Jeannine Renshaw/ Elenco: Ellen Pompeo, Sandra Oh, Justin Chambers, Jessica Capshaw.

Grey's Anatomy 9.14 - The Face of Change
Como vem se desenrolando nos últimos episódios o hospital Seattle Grace está à venda. A empresa que controla esse processo está tentando repassar o complexo hospitalar para um grupo que não vê a saúde de um modo muito humano. Para eles hospitais em geral são grandes negócios que devem ser geridos essencialmente para dar lucros acima de tudo. Nesse episódio a dupla formada pelo Dr. Richard Webber (James Pickens Jr.) e a Dra. Callie Torres (Sara Ramirez) decide conhecer um hospital que já foi vendido e que já passou por todo essa situação antes. O que eles encontram é pura propaganda, um estabelecimento cheio de fotos de médicos e médicas que mais parecem modelos pelas paredes, com sorrisos largos (e falsos). Fingindo ser pacientes eles então decidem conhecer a forma como os doentes são tratados nesses lugares. A consulta, descobrem depois, só pode ter 15 minutos, no máximo. Nesse breve intervalo de tempo um médico jovem, claramente recém-saído da universidade, faz perguntas do tipo padrão em seu tablet, sem envolvimento ou interesse pela situação do doente. Uma coisa fria e sem qualquer tipo de calor humano. O roteiro desse episódio critica abertamente a excessiva mercantilização dos serviços médicos hospitalares nos Estados Unidos a acerta bem no alvo. Uma ótima pedida para entender a crise da saúde que se espalhou naquela nação. / Grey's Anatomy 9.14 - The Face of Change (EUA, 2013) Direção: Rob J. Greenlea / Roteiro: Shonda Rhimes, Stacy McKee/ Elenco: Ellen Pompeo, Sandra Oh, Justin Chambers, Sara Ramirez, James Pickens Jr.  

Grey's Anatomy 9.16 - This Is Why We Fight
A série "Grey's Anatomy" caminha a passos largos para se tornar um dos mais longos programas da TV americana da história. Não só são muitas temporadas (foi confirmada recentemente a produção da décima terceira nos Estados Unidos pela Sony) como também é enorme o número de episódios (chegando aos 250 em breve, com média de 22 episódios por temporada). Assim você tem que ser um espectador hard de séries para seguir "Grey's Anatomy". Definitivamente não é um seriado para os fracos! Tem que ter resistência e paciência dobradas. Pois bem, como não sou de me enfiar em maratonas (quando as pessoas fazem loucuras do tipo assistir dez episódios em um único dia) vou ficando um pouco para trás, assistindo os episódios aos poucos, de forma gradual e quando me sobra tempo. Nessa nona temporada a trama central gira em torno da venda do hospital Seattle Grace. Praticamente quebrado, o conselho procura por compradores para a instituição. O preço estimado é de 270 milhões de dólares. Claro que os médicos não possuem toda essa grana, então a solução é procurar por um milionário que esteja disposto a investir. Eles até arranjam um nome capaz desse feito, mas no último minuto ele pula fora do negócio. O problema é que o grupo de médicos que estão unidos para tentar comprar o hospital (formado pelos personagens protagonistas da série) não possuem experiência administrativa para tanto. Provavelmente o hospital seja mesmo vendido ou adquirido aos pedaços no mercado financeiro, mas... eis que surge uma nova oportunidade onde menos se esperava, para surpresa de todos! / Grey's Anatomy 9.16 - This Is Why We Fight (EUA, 2013) Direção: Jeannot Szwarc / Roteiro: Shonda Rhimes, Austin Guzman / Elenco:  Ellen Pompeo, Sandra Oh, Justin Chambers.

Grey's Anatomy 9.17 - Transplant Wasteland
Via de regra as temporadas da série "Grey's Anatomy" são longas, com muitos episódios. Por isso, apesar de já estar na décima segunda temporada nos Estados Unidos, eu ainda me encontro acompanhando a nona. Tudo caminhando a passos de tartaruga. Esse é o tipo de programa também que você precisa abrir uma certa margem de tempo para ir assistindo os episódios aos poucos, para não saturar muito. Sinceramente não conseguiria ver uma maratona de "Grey's Anatomy" (sim, existe gente louca o bastante que consegue assistir toda uma temporada, com mais de 20 episódios, em apenas um fim de semana!). Esse tipo de coisa não faz minha cabeça e nem é o meu caso. Assistir séries para mim é diversão, não obsessão! Dessa maneira vou vendo de forma bem gradual, em doses homeopáticas. Na nona temporada o hospital foi colocado à venda, mas ninguém realmente se interessou. Os médicos então se uniram e tentaram comprá-lo, mas sem sucesso. A salvação acabou vindo de uma fundação que incorporou o empreendimento. A questão é que uma das diretoras é justamente a mãe de um dos internos, então criou-se uma situação bem fora do normal onde um rapaz, jovem ainda, acabou se tornando o chefe de todos aqueles médicos veteranos e experientes, tudo isso praticamente acontecendo da noite para o dia. Sob nova direção as coisas não funcionam muito bem, a burocracia emperra e a organização e o caos se instala. Para uma série que tenta se renovar a cada nova safra de episódios novos até que funcionou bem, muito embora não podemos perder a noção de que na verdade "Grey's Anatomy" é uma grande novelona americana passada em um ambiente hospitalar e nada muito além disso. Tente acompanhar e sobreviva se for capaz. / Grey's Anatomy 9.17 - Transplant Wasteland (EUA, 2013) Direção: Chandra Wilson / Roteiro: Shonda Rhimes, Zoanne Clack / Elenco: Ellen Pompeo, Sandra Oh, Justin Chambers.

Grey's Anatomy 9.18 - Idle Hands
Depois de muito tempo decidi voltar a asssitir a essa série. De fato é um bom programa, vale a pena seguir em frente. Pois bem, aqui nesse episódio temos algumas novidades. Agora o hospital é controlado pelos próprios médicos. A Dra. Meredith Grey tem uma nova paciente. Uma professora. No começo as coisas parecem simples, mas depois Grey descobre que ela tem um câncer incurável. E o drama surge quando a veterana professora precisa se despedir de seus alunos que vão visitá-la. Esse é o drama do episódio, mas também há espaço para um certo humor, principalmente quando chega uma nova máquina de Raio-X, que a despeito de ser uma máquina das mais modernas nunca parece pronta para ser usada, pois os pacientes que vão chegando ao hospital não precisam dela. Imagine a ansiedade que vai criando em toda a equipe médica. / Grey's Anatomy 9.18 -  Idle Hands (Estados Unidos, 2013) Direção: David Greenspan / Roteiro: Shonda Rhimes, Gabriel Llanas / Elenco: Ellen Pompeo, Sandra Oh, Justin Chambers.

Grey's Anatomy 9.19 - Can't Fight This Feeling
Nunca ignore seus instintos. Esse é o tema central desse episódio. Uma mãe vai até o hospital e começa a rejeitar todos os diagnósticos que são feitos em relação ao seu filho. Em pouco tempo os médicos começam a pensar que ela é uma doida. Até que a Dra Meredith Grey (Ellen Pompeo) decide ouvir a mãe, dar um crédito aos instintos maternos dela. E realmente a jovem senhora estava certa. O menino sofre de uma doença rara, conhecida como doença de Kawasaki, que atinge o coração. Na outra linha, um grupo de pacientes chega ao hospital após um grave acidente envolvendo vários carros. E a situação fica bem perigosa porque todos estão molhados com... gasolina! Perigo em dobro! / Grey's Anatomy 9.19 - Can't Fight This Feeling (Estados Unidos, 2013) Direção: Mark Jackson / Roteiro: Shonda Rhimes, Meg Marinis / Elenco: Ellen Pompeo, Sandra Oh, Justin Chambers.

Grey's Anatomy 9.20 - She's Killing Me  
A Dra. Meredith Grey descobre através de um exame genético que tem o fator de risco de um dia desenvolver mal de Alzheimer, a mesma doença que vitimou sua mãe. A partir daí ela decide mudar seu testamento, escolhendo outras pessoas para se tornarem tutoras de suas filhas, caso o pior aconteça, só que quem poderia aceitar esse pedido? Enquanto isso, no hospital, os médicos americanos tentam ajudar médicos sírios a trabalharem com os poucos instrumentos que possuem no front de guerra. Por fim, a Dra. Miranda Bailey acaba contaminando uma série de pacientes, causando infecção em muitos deles. Uma paciente inclusive vem a óbito após passar por suas mãos. Imagine os problemas jurídicos que algo assim poderiam causar no hospital. Problemas à vista. / Grey's Anatomy 9.20 - She's Killing Me (Estados Unidos, 2013) Direção: Nicole Rubio / Roteiro: Shonda Rhimes, Debora Cahn / Elenco: Ellen Pompeo, Sandra Oh, Justin Chambers.

Grey's Anatomy 9.21 - Sleeping Monster  
O monstro adormecido do título original em inglês desse episódio é o agente que causa uma grande infecção dentro do hospital. Um órgão da vigilância sanitária é chamado para uma investigação e eles descobrem que o Staphylococcus que infectou vários pacientes e levou a morte dois deles veio de uma médica, a Dra. Miranda Bailey. Porém no final das investigações descobriu-se que apesar de tudo ela não seria a grande responsável pelas mortes, mas sim as luvas usadas pelos médicos na cirurgias. Luvas que deixavam passar a contaminação. Na outra linha narrativa do episódio uma família inteira vai parar no hospital após perder seus dedos numa brincadeira de cabo de guerra. Algo bem terrível. / Grey's Anatomy 9.21 - Sleeping Monster (Estados Unidos, 201 ) Direção: Bobby Roth / Roteiro: Shonda Rhimes, Bronwyn Garrity / Elenco: Ellen Pompeo, Sandra Oh, Justin Chambers. 

Grey's Anatomy 9.22 - Do You Believe in Magic
Uma assistente de mágico é literalmente serrada ao meio quando um truque dá muito errado. E mesmo assim ela não morre, fazendo com que todos os cirurgiões tentem salvar sua vida, que fica por um fio. A Dra Arizona conhece uma nova cirurgiã, especialista em restauração facial. Pinta um grande clima entre elas, mas será que ela vai largar sua esposa para tentar uma nova aventura com essa sensual doutora nova? Por fim a Dra Miranda Bailey cria um trauma depois daquela contaminação em que ela foi agente transmissora e que resultou na morte de várias pacientes. Ela está mal, sem conseguir falar com os demais médicos. Um clima pesado se impõe. / Grey's Anatomy 9.22 - Do You Believe in Magic (Estados Unidos, 2013) Direção: Kevin McKidd / Roteiro: Shonda Rhimes, Dan Bucatinsky / Elenco: Ellen Pompeo, Sandra Oh, Justin Chambers. 

Grey's Anatomy 9.23 - Readiness Is All
Uma grande tempestade cai sobre Seattle. Vários pacientes começam a chegar no hospital, inclusive um que caiu sobre lanças, daquelas que são bem conhecidas em grades de prédios e casas. Tirar essas lanças de seu corpo vai ser um problema, porque elas precisam ser serradas e dentro de uma sala de cirurgia, com muito oxigênio inflamável no ar, poderia causar uma grande explosão. Nesse episódio a Grey sofre um acidente, ao tentar subir uma escada do hospital, se desequilibra e cai. O problema é que ela está grávida e isso obviamente colocaria a vida da criança em perigo. Bom episódio, com direito a um pedido de casamento bem bobo envolvendo uma das jovens médicas. O romantismo está no ar, quem diria... / Grey's Anatomy 9.23 - Readiness Is All (Estados Unidos, 2013) Direção: Tony Phelan / Roteiro: Shonda Rhimes, William Harper / Elenco: Ellen Pompeo, Sandra Oh, Justin Chambers. 

Grey's Anatomy 9.24 - Perfect Storm  
Último episódio da nona temporada. A Dra Meredith Grey entra em trabalho de parto, mas no pior momento possível. No meio de uma "tempestade perfeita", como bem sugere o título original em inglês. Enquanto está na sala de parto ela descobre que será necessária uma cirurgia de cesariana. O problema é que é noite de tempestade forte em Seattle, falta luz no hospital, não há médicos suficientes e pior do que isso, até mesmo um grave acidente com uma ambulância acontece bem na porta do hospital. E o veículo pega fogo! Gostei desse último episódio, apesar de um certo exagero dramático. De qualquer forma não deixou de ser um bom desfecho para essa temporada número 9 da série. / Grey's Anatomy 9.24 - Perfect Storm (Estados Unidos, 2013) Direção: Rob Corn / Roteiro: Shonda Rhimes, Stacy McKee / Elenco: Ellen Pompeo, Sandra Oh, Justin Chambers.

Pablo Aluísio.