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quarta-feira, 6 de março de 2019

Les Innocentes

Quero deixar mais uma dica para os leitores do blog. O filme se chama Les Innocentes. No Brasil ele recebeu o título de "Agnus Dei". O filme resgata uma história real (bem triste, por sinal) de um grupo de freiras católicas polonesas que acabam sofrendo abusos sexuais por parte dos soldados russos que invadiram aquele país durante a II Guerra Mundial. Para piorar o que já era terrível muitas delas ficam grávidas de seus estupradores, tornando tudo ainda mais sofrido. Para ajudá-las surge uma jovem médica francesa que vai até o convento onde vivem e descobre o drama pela qual passam. As religiosas não possuem qualquer tipo de assistência hospitalar e temem ficar estigmatizadas perante a comunidade caso os estupros cheguem ao conhecimento do povo local. Essa parte do roteiro explora algo que ainda hoje acontece com muitas mulheres vítimas desse crime pavoroso. Com medo de ficarem marcadas para sempre muitas delas preferem o silêncio.

O título original (em português, "Os Inocentes") se refere obviamente às crianças, filhas das pobres freiras estupradas. Embora o roteiro não entre nessa questão o fato é que o filme levanta, mesmo que indiretamente, a questão do aborto envolvendo estupro. Seria correto mesmo condenar uma vida de um ser indefeso e inocente por causa dos crimes de seus pais? Afinal a criança concebida não cometeu crime algum, mas sim seu pai. É ético lhe aplicar uma pena de morte por essa razão? É algo para pensarmos com extremo cuidado.

Por fim aqui vai uma revelação (caso ainda não tenha assistido ao filme pare de ler por aqui). A madre, líder do convento, em determinado momento resolve então levar as crianças recém nascidas para o meio da floresta gelada. Ela acredita que abandonadas elas seriam salvas pela providência divina! Claro que temos aqui uma situação complicada de se lidar. Porém condenar todos aqueles bebês para a morte certa no inverno polonês também nos faz duvidar de nossa própria humanidade. Em momento tocante a própria madre confessa que havia perdido sua alma ao agir assim. Mais do que óbvio. Enfim, não deixe de assistir a essa produção francesa. Sua história tocante certamente tocará fundo em sua alma católica. Um filme triste, mas com uma bela lição de vida.

Agnus Dei (Les innocentes, França, Polônia, 2016) Direção: Anne Fontaine / Roteiro: Sabrina B. Karine, Alice Vial / Elenco: Lou de Laâge, Agata Buzek, Agata Kulesza / Sinopse: O filme resgata uma história real (bem triste, por sinal) de um grupo de freiras católicas polonesas que acabam sofrendo abusos sexuais por parte dos soldados russos que invadiram aquele país durante a II Guerra Mundial.

Pablo Aluísio.

sábado, 1 de outubro de 2016

Agnus Dei

Alguns filmes baseados em histórias reais trazem alguns acontecimentos históricos de cortar o coração. Esse é o caso desse filme francês que realmente me deixou impressionado (diria mais, chocado e entristecido) por contar uma história que desconhecia. Tudo se passa em dezembro de 1945. O cenário é a fria e desoladora Polônia. A guerra acabou. Os alemães foram vencidos. Agora o país está sendo ocupado pelos russos sob a bandeira da União Soviética, naquele momento histórico o baluarte do comunismo internacional.

Um pequeno convento católico, com algumas freiras, é invadido por essas tropas comunistas de Moscou. Como se sabe muitos abusos e crimes foram cometidos por soldados russos durante as invasões de países da Europa ocidental. Com a Polônia não foi diferente. As freiras então acabam nas mãos desses criminosos de guerra e são coletivamente estupradas por eles. Algo realmente terrível e indescritível. Depois de alguns meses as religiosas do mosteiro começam a dar à luz aos seus filhos, frutos desses estupros. Como contornar uma situação como essa? Essa é certamente uma das histórias mais terríveis de uma guerra que por si só já foi tão farta em acontecimentos absurdos, alguns deles que nos fazem até mesmo duvidar da própria humanidade (como o Holocausto).

Sofrendo constantes ameaças de novos abusos as freiras encontram então uma aliada na médica francesa Mathilde Beaulieu (Lou de Laâge). Ela entra na vida das religiosas meio ao acaso após atender os pedidos de socorro de uma jovem freira rezando no meio da neve, desesperada (numa tocante cena que inclusive foi usada como poster do filme). A partir daí a doutora, mesmo sendo muito jovem, começa a fazer de tudo que lhe era possível para ajudar as freiras. Ela faz parte da cruz vermelha e usa de todos os seus conhecimentos médicos para trazer algum conforto para aquelas mulheres, completamente vulneráveis e desassistidas de tudo.

Embora tenha sido uma experiência até mesmo um pouco traumatizante (pelo forte teor de sua história) esse certamente foi um dos melhores filmes que assisti nesses últimos meses. Um bom filme precisa nos tocar de alguma forma, seja pela força de seu enredo, seja pela grande lição de vida que nos ensina. Nesse aspecto essa produção realmente foi extremamente marcante. No começo, quando tinha poucas informações sobre essa obra, até pensei se tratar de uma nova versão para o conhecido filme "Agnes de Deus" (com Jane Fonda), mas as diferenças são bem acentuadas. Ouso dizer que esse aqui é bem superior pela forma como conta sua edificante história. Seguramente não é uma obra cinematográfica para pessoas mais impressionáveis. Por outro lado se você estiver em busca de um filme que traga uma grande mensagem de fé em Deus, esse é certamente um dos mais indicados. Desde já uma pequena obra prima.

Agnus Dei (Les innocentes, França, Polônia, 2016) Direção: Anne Fontaine / Roteiro: Pascal Bonitzer / Elenco: Lou de Laâge, Agata Buzek, Agata Kulesza / Sinopse: Baseado em fatos reais o filme narra a história de um grupo de freiras que se tornam vítimas de estupro por parte de soldados soviéticos durante a II Guerra Mundial. Grávidas de seus algozes, elas agora precisam lidar com a maternidade e os problemas decorrentes dessa situação aflitiva. Filme participante da seleção do Sundance Festival 2016.

Pablo Aluísio.