domingo, 21 de fevereiro de 2021

Um Clarim ao Longe

Faroeste clássico, ainda hoje muito lembrado pelos admiradores de filmes de western. Qual é a história do filme? O tenente Matthew 'Matt' Hazard (Troy Donahue) sai da academia militar de West Point direto para um forte distante do exército americano na fronteira dos Estados Unidos com o México. A região é um lugar de tensão entre brancos e nações Apaches. Embora a maioria dos caciques tenham firmado tratados de paz com os militares americanos, ainda existem grupos de guerreiros armados e violentos, especialmente os liderados pelo chefe guerreiro "Águia de Guerra". Apesar do perigo de um conflito iminente tudo o que Hazard encontra no forte é um regimento indisciplinado e despreparado, o que irá lhe trazer vários problemas no decorrer de seu serviço militar na guarnição. "Um Clarim ao Longe" se propõe a trazer uma visão mais realista e politicamente correta da presença americana em regiões tradicionalmente ocupadas pelas nações indígenas daquele país. Os soldados não são retratados como heróis e bravos, muito pelo contrário, são mostrados como sujeitos sujos, mal educados e dados a bebedeiras, o que convenhamos é algo bem mais próximo da realidade histórica do que as antigas visões de filmes sobre a cavalaria.

Assim que chega no forte o tenente Hazard é logo hostilizado pela tropa, tratado como um "almofadinha de West Point". O roteiro também explora algo que é bem raro em filmes de faroeste da época, a proliferação de prostitutas em acampamentos militares. Seely Jones (Claude Akins) é um cafetão que leva suas garotas para o forte em carruagens, algo que desperta a ira do tenente que deseja impor ordem e hierarquia entre a tropa. No fim do enredo o roteiro dá uma guinada de bom mocismo e mostra oficiais da cavalaria indignados com o governo americano pela quebra dos tratados assinados pelos índios. Nesse ponto o filme realmente perde um pouco de seu realismo para cair em um ufanismo ideológico pouco consistente, pois é muito complicado acreditar que oficiais do exército colocariam em jogo suas carreiras em prol dos Apaches daquele jeito, algo que seria mesmo impensado para um militar americano do século XIX. No geral "A Distant Trumpet" é um clássico do western americano, ainda hoje elogiado pelo realismo histórico que tentou passar para a tela de cinema.

Um Clarim ao Longe (A Distant Trumpet, Estados Unidos, 1964) Estúdio: Warner Bros / Direção: Raoul Walsh / Roteiro: John Twist, Richard Fielder / Elenco: Troy Donahue, Suzanne Pleshette, Diane McBain, James Gregory, William Reynolds, Claude Akins / Sinopse: O filme mostra a história de um jovem tenente do exército americno que vai para um forte distante na fronteiro dos Estados Unidos com o México, onde enfrenta todo tipo de indisciplina das tropas estacionadas na região. Filme indicado ao BAFTA Awards.

Pablo Aluísio. 

6 comentários:

  1. Cinema Clássico
    Um Clarim ao Longe
    Pablo Aluísio.

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  2. Já nos anos 60 aumentou a consciência social dentro dos Estados Unidos sobre o massacre dos nativos, dos índios. O Marlon Brando inclusive se tornou ativista dessa causa. Esse filme teria sido ideal para ele inclusive. Entretanto não foi parar em suas mãos. Acho que se fosse ele teria feito o filme.

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  3. A verdade é que o Marlon Brando não queria mais fazer filmes de faroeste. Ele já estava cheio de Hollywood, imagine ter que fazer mais um western, mesmo que fosse de boa qualidade, com bom roteiro, boas intenções, etc. Ele simplesmente não queria mais fazer parte da indústria. Só voltou depois por precisar de dinheiro.

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  4. O Troy Donahue fizeram com a Sandra Dee, na decada de '60, uma versão adolescente da dupla Rock Rudson e Doris Day.
    O Troy Donahue sofreu com suspeitas dele ser gay e última vez que o vi foi no Poderoso Chefão II fazendo papel de amante/cefetão da Connie Corleone.

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  5. Interessante Serge. De fato eu não conheço muito a carreira dele. No céu de Hollywood, onde havia tantas estrelas e astros e ele era um nome de segundo ou até terceiro escalão, embora tenha feito esse bom filme.

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