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terça-feira, 14 de novembro de 2023

O Faroeste em seus primórdios - Parte 1

O termo faroeste só existe no Brasil. É uma abreviação da palavra Farm of West (Fazenda do Oeste) que se popularizou na língua portuguesa. Para os americanos esse gênero cinematográfico é conhecido simplesmente como Western, que quer dizer simplesmente Oeste, ocidental. Como se sabe há duas costas bem definidas no mapa dos Estados Unidos, a costa leste (Nova Iorque e demais estados banhados pelo Oceano Atlântico) e a costa oeste (Califórnia e estados vizinhos).

A conquista do Oeste fez parte da história dos Estados Unidos. Os pioneiros que foram para lá encontraram terras desérticas, selvagens nativos hostis e muita brutalidade, mas havia novas terras dadas pelo governo a quem chegasse primeiro. Também havia ouro e esse metal foi o grande propulsor dos pioneiros, principalmente na Califórnia, onde grandes cidades como San Francisco nasceram basicamente de vilas de mineradores de ouro.  Esse também foi tema de inúmeros filmes ao longo dos anos.

Curiosamente outro tema recorrente em filmes de western, envolvendo a guerra civil e os estados confederados, não teve historicamente nenhuma ligação com o velho oeste. Isso porque a guerra civil se desenrolou mesmo nas fronteiras dos estados do sul, que geograficamente eram bem longe dos estados do oeste. No máximo houve algumas batalhas no meio oeste, mas na costa oeste mesmo a guerra pouco chegou. Ignorado pelos roteiristas, isso entrou também na mitologia do velho oeste, afinal a guerra civil foi muito marcante na história dos Estados Unidos e aconteceu na mesma época em que os pioneiros tentavam a sorte no meio do deserto do oeste.

E foi no oeste também que se desenvolveu a indústria cinematográfica americana, mais especificamente na cidade de Los Angeles, na Califórnia. Ora, era simplesmente impossível ignorar a mitologia da própria região nas histórias dos filmes, por isso o cinema americano tal como o conhecemos também nasceu junto com o western. No registro dos primeiros filmes na América já se encontram diversos faroestes, todos já com primórdios da mitologia do velho oeste, com seus cowboys, índios, soldados da cavalaria, bandidos e mocinhas indefesas.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

O Faroeste em seus primórdios - Parte 2

Provavelmente o primeiro grande astro do cinema no gênero western tenha sido Tom Mix. De origem humilde (seu pai era um trabalhador comum, um lenhador), Mix não tinha a menor habilidade para atuar bem, porém já tinha experiência no mundo dos espetáculos circenses, pois havia trabalhado muitos anos no circuito wild west, onde artistas de circo se passavam por cowboys e índios do velho oeste.

A novidade vinha do fato de que agora tudo poderia ser capturado em filme. Ao invés de excursionar por todo o país em shows itinerantes, agora era possível fazer apenas uma apresentação, filmar e depois distribuir cópias por todo o país em exibições a preços promocionais. Era a invenção do cinema como negócio lucrativo, como indústria. Para Tom Mix, o primeiro grande cowboy das telas de cinema, não poderia haver nada melhor.

Os roteiros desses primeiros filmes de western, ainda na era do cinema mudo, não primavam pela originalidade. Na verdade eram meras adaptações dos shows de oeste selvagem. Havia basicamente dois ou três personagens centrais. O mocinho, o vilão e a mocinha. Os índios estavam na tela apenas para atacar os pioneiros brancos, que eram covardemente assassinados. Esse selvagens pele-vermelhas então deveriam ser exterminados. O bangue-bangue era o mote principal. Já nesses primeiros filmes mudos podemos encontrar cenas que iriam virar o marco principal dos faroestes. O mocinho em duelo contra o bandido, na rua principal, enquanto todos esperavam para ver quem sacava a arma mais rápido.

Tom Mix tinha experiência militar. Por dois anos ele serviu a artilharia do exército americano. Também havia trabalhado como assistente de xerife no Arizona. Assim era o homem certo para os primeiros filmes de western. Sabia montar bem (suas origens eram rurais), sabia manejar um revólver com eficiência e tinha uma boa imagem, uma boa presença de cena. O pacote completo. Sobre atuar, bem isso era apenas um aspecto secundário nessas primeiras produções. O que valia a pena (e o ingresso) eram mesmo as cenas de cavalgada, os duelos e, é claro, a pura diversão.

Pablo Aluísio.