quinta-feira, 14 de junho de 2012

Despertar dos Mortos

Um jovem casal se vê diante da maior tragédia de suas vidas quando sua pequena filhinha é atacada e morta por um cão feroz. Desesperados acabam descobrindo que os moradores locais cultuam um estranho ritual que consegue por apenas 3 dias trazer de volta à vida aqueles que já morreram. O problema é que não conseguem seguir á risca todos as regras dessa verdadeira "ressurreição" por prazo certo, o que trará consequências graves para todos os envolvidos. "Despertar dos Mortos" é o novo filme da produtora Hammer no mercado. Quem é fã de filmes de terror há muito tempo já deve ter percebido a enorme semelhança da sinopse dessa produção com a de "Cemitério Maldito", terror baseado em obra de Stephen King que tanto sucesso fez nos anos 80. De fato o argumento é praticamente o mesmo. Uma família sofrendo a perda de um ente querido resolve apelar para as forças sobrenaturais para que tragam de volta do mundo dos mortos seus parentes falecidos. Dessa forma no quesito originalidade esse "Despertar dos Mortos" realmente não traz nenhuma surpresa. É quase um remake de Pet Sematary.

A produção também não é das melhores. A Hammer aqui preferiu deixar os efeitos digitais de lado para se concentrar apenas em jogos de luzes e sombras e uso de maquiagem mais artesanal (ao estilo Ketchup). Nada de errado com essa decisão o problema é que o filme realmente falha na criação do suspense e no clima do terror. O roteiro não consegue causar medo em momento algum e a produção simples como é, ajuda ainda mais a tornar tudo muito banal, batido, sem impacto. Além disso usar crianças como seres sobrenaturais já está mais do que saturado nos filmes do gênero. Os japoneses, por exemplo, já usaram e abusaram desse artifício e tudo soa a prato requentado mesmo. As mortes também são fracas, algumas risíveis e nada é marcante. Em resumo mais uma produção B de terror que não consegue assustar nem criancinha. Se até a Hammer, com toda a sua tradição, não consegue mais nos surpreender então a coisa realmente anda feia no mundo dos filmes de terror. No fundo quem anda precisando despertar do mundo dos mortos mesmo é o próprio gênero, atualmente em franca decadência!

Despertar dos Mortos (Wake Wood, Inglaterra, 2011) Direção: David Keating / Roteiro: David, Brendan McCarthy / Elenco: Aidan Gillen, Eva Birthistle, Timothy Spal / Sinopse: Um jovem casal se vê diante da maior tragédia de suas vidas quando sua pequena filhinha é atacada e morta por um cão feroz. Desesperados acabam descobrindo que os moradores locais cultuam um estranho ritual que consegue por apenas 3 dias trazer de volta à vida aqueles que já morreram. O problema é que não conseguem seguir á risca todos as regras dessa ressurreição o que trará consequências graves para todos os envolvidos.

Pablo Aluísio.

Santuário

Quando foi lançado "Santuário" foi vendido pelo marketing promocional como o "novo filme de James Cameron de Titanic e Avatar". Bobagem. O problema é que James Cameron leva tanto tempo para lançar um filme novo que o estúdio tenta de todas as formas faturar em torno de seu nome, o usando sempre que possível, mesmo quando a sua participação no projeto seja mínima ou de menor importância. Um exemplo claro disso é esse filme. Muita gente foi ao cinema pensando reencontrar o famoso diretor. Bom, não encontraram nada. "Santuário" é um filme fraco em todos os aspectos. Não se salva nem naquilo que se esperava ser um ponto positivo certo: sua elegância técnica. Claro que muita gente não esperava um bom roteiro e nem tampouco grandes atuações (grandes falhas em praticamente todos os filmes anteriores de Cameron) mas pelo menos era de se esperar um filme com lindas imagens subaquáticas. Mas nem isso o filme cumpre de forma satistatória. Sinceramente esperava mais do aspecto visual do filme. Pensei que iria encontrar belas e lindas imagens de mergulho em cavernas (um dos esportes mais radicais que existem) mas ao invés disso vi muito mais cenas de escalada e espeleologia, o que foi bem frustrante. Nada contra estalactites e estalagmites, mas aquilo em certo momento começou a ficar aborrecido e chato. Se o filme foi vendido como uma produção de primeira linha abaixo da água onde foram parar essas tão prometidas cenas?! 

O fato do roteiro ser mal escrito prejudicou ainda mais o filme. A relação "pai e filho" dos dois personagens mais centrais nunca soa no tom certo. Os demais coadjuvantes não melhoram o quadro pois no fundo todos sabemos que eles estão ali somente para morrer em determinada cena e mais nada. Na verdade o diretor Alister Grierson é muito inexperiente em cinema. Ele já havia dirigido alguns documentários antes mas provou que não sabe dirigir atores em cena. Os personagens são totalmente vazios e desprovidos de personalidade. O cineasta parece preocupado apenas em captar grandes momentos da natureza (como em seus documentários) sem desenvolver o lado humano do filme. Como é um protegido de James Cameron, Grierson acabou sendo escalado para o filme errado, exercendo a função errada. Ele ficaria bem melhor como diretor de fotografia do que como diretor geral do filme. Em suma, "Santuário" é bem decepcionante. Não funciona como documentário de boas imagens e nem como cinema convencional. Uma decepção completa. 

Santuário (Sanctum, Estados Unidos, 2011) Direção: Alister Grierson / Roteiro: John Garvin, Andrew Wight / Elenco: Rhys Wakefield, Allison Cratchley, Christopher Baker / Sinopse: Pai e filho participam de uma exploração em uma caverna profunda. O que não contavam é que um acontecimento imprevisto irá mudar o destino de todos.  

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Muito Além do Jardim

Simplório jardineiro tem que deixar a casa onde morou durante toda a sua vida após a morte de seu patrão. Inocente e puro vai ter que enfrentar o desafio do mundo lá fora. Finalmente revi "Muito Além do Jardim" após vários anos. Interessante, o filme não envelheceu como eu pensava. Peter Sellers está muito bem no papel do jardineiro, um homem simples, que não sabe ler e nem escrever mas que por uma série de coincidências involuntárias acaba conhecendo o presidente dos EUA, se tornando a partir daí um formador de opinião apesar de que, no fundo, ele não tem opinião nenhuma. Não sei bem o termo médico para me referir ao personagem de Sellers. Sua personalidade é infantil, pueril, nada adequada à sua idade. De qualquer forma ele é uma pessoa que só conhece o mundo exterior pela TV e em essência é completamente alienado do que ocorre ao seu redor. A fábula nasce justamente disso, pois mesmo sem ter nada a dizer ou pensar acaba influenciando em assuntos dos quais não tem a menor ideia. 

É de certa forma uma alegoria sobre o fato de que no fundo a opinião de uma pessoa simples como ele tem mais peso e importância do que a de muitos políticos que vemos por aí. O tom é de fábula e curiosamente a estrutura da narrativa dá margem a muitas interpretações. Pode se olhar o ângulo do jardineiro, uma pessoa de bom coração, pura, com QI abaixo da normalidade, mas que mesmo assim tem mais a dizer ou pensar do que o alto escalão do governo. Também se pode analisar o filme sob outra perspectiva, a que coloca todos os demais personagens do filme como "idiotas", sendo o único com um certo equilibrio justamente o Chance Garden. Ou então pode se olhar o filme sob um ótica filosofal, ao qual a felicidade não depende de riqueza material ou luxo mas sim do fato de ser feliz com os pequenos detalhes da vida, por mais limitada que ela seja. Enfim, o que tirei de conclusão sobre a mensagem subliminar desse filme é que cada um deve tirar suas próprias conclusões - pois "Muito Além do Jardim" tem essa peculiaridade de se comunicar de forma diferenciada com cada espectador. É um roteiro de nuances, detalhes, que se leva a uma reflexão muito particular de cada um. Cada pessoa vai criar seu próprio toque de identificação com a mensagem que o filme tenta passar. "Muito Além do Jardim" é um clássico e recomendá-lo seria desnecessário. É o tipo de filme que você tem que assistir algum dia, pelo menos uma vez na vida. É uma obra prima.  

Muito Além do Jardim (Being There, Estados Unidos, 1979) Direção: Hal Ashby / Roteiro: Jerzy Kosinski baseado no livro de Jerzy Kosinski / Elenco: Peter Sellers, Shirley MacLaine, Melvyn Douglas / Sinopse: Simplório jardineiro tem que deixar a casa onde morou durante toda a sua vida após a morte de seu patrão. Inocente e puro vai ter que enfrentar o desafio do mundo lá fora.  

Pablo Aluísio.

A.C.A.B. - All Cops Are Bastards

Excelente filme italiano que mostra um grupo de policiais da tropa de choque daquele país. Os tiras são mostrados como pessoas com vários problemas não só na profissão como também em suas vidas pessoais. Tudo de forma extremamente bem roteirizada - realmente o filme é muito bem escrito. Nesse ponto me lembrou bastante do nosso "Tropa de Elite" pois somos introduzidos nas vidas dos policiais, sem medo de mostrar uma realidade nua, crua e dura! A.C.A.B. é uma sigla usada por torcedores europeus de futebol em relação aos policiais das tropas de contenção que são justamente os que enfrentam os Hooligans durante as partidas de futebol. Como se sabe as torcidas européias são bem conhecidas por sua violência e truculência. Batalhas campais são comuns (inclusive aconteceram recentemente na última Eurocopa). "All Cops Are Bastards" (em português "Todos os Tiras São Bastardos") mostra bem o clima que impera entre torcedores e policiais nesses eventos esportivos. Mas não é só. 

A.C.A.B. também mexe numa ferida profunda pelo qual passa a sociedade europeia nesse momento. A questão da imigração desenfreada e o crescente aumento do sentimento nacionalista nesses países. Em crise os europeus, principalmente jovens e desempregados, sentem grande sentimento de ressentimento e ódio racial em relação aos imigrantes de países mais pobres como Tunísia e Romênia. Para esses grupos neo nazistas o que se vê hoje na Europa é uma inversão de valores aonde o imigrante é protegido pela lei e o nacional é colocado para escanteio. No filme isso é retratado na estória de um jovem policial que vê sua pobre mãe ser despejada pelas autoridades italianas para ser colocada em seu lugar uma família de Tunisianos, imigrantes ilegais. Além disso o filho do comandante do esquadrão de choque se torna adepto de um grupo de Skinheads. Enfim, muitos subtextos interessantíssimos em um filme extremamente atual, inteligente e instigante. A.C.A.B. é sem dúvida um dos melhores filmes europeus do ano.  

A.C.A.B - All Cops Are Bastards (Idem, Itália, 2012) Direção: Stefano Sollima / Roteiro: Daniele Cesarano baseado no livro de Carlo Bonini / Elenco: Pierfrancesco Favino, Filippo Nigro, Marco Giallini / Sinopse: Um grupo de policiais da tropa de choque italiana precisa enfrentar os problemas de sua profissão. Salários baixos, violência e atritos com a população e Hooligans de times italianos.

Pablo Aluísio.

Os Mercenários

Stallone não desiste. Já prestes a entrar na terceira idade o ator não se rende ao peso dos anos, sempre procurando se reinventar. Quem diria que nessa altura de sua vida ele conseguiria emplacar uma nova franquia de sucesso? Pois é, ele conseguiu. Se não já bastassem as franquias Rocky e Rambo, o idoso astro emplaca agora mais esse "Os Mercenários". De certa forma o grande problema aqui é o atraso. Essa produção deveria ter estreado há 25 anos pelo menos, em pleno anos 80. Se tivesse sido lançado naquela época seria um estouro certamente. Maior do que foi agora. Claro que na época seria impossível reunir tantos astros de ação em apenas um filme pois na década de 80 eles ganhavam cachês milionários (algo que hoje em dia não se repete mais). Lançado agora o filme soa apenas como uma aventura retrô, com muita testosterona mas pouquíssima qualidade cinematográfica. De certa forma ele só funciona como produto de nostalgia para quem era jovem ou criança na década de 80 e cresceu assistindo aqueles filmes violentos de ação de Stallone e cia. É curioso porque naqueles tempos Stallone lutava muito para trazer melhores roteiros para seus filmes que sempre eram criticados severamente nesse aspecto. Em uma atitude quase de mea culpa Stallone literalmente jogou o balde aqui e resolveu assumir esse tipo de defeito em "Os Mercenários" pois o roteiro é tão fraquinho! 

Basicamente se trata de uma premissa bem básica para servir de estopim para a pancadaria e as pirotecnias habituais. Praticamente não há atuação ou qualquer argumento mais trabalhado. O ùnico ator que traz alguma coisa próxima de uma "atuação" é Mickey Rourke (em determinada cena ele mostra seu grande talento e declama o texto mais longo do filme enquanto Stallone fica olhando com cara de bobão). Há ainda a reunião tão falada dos três maiores ícones dos filmes de ação dos anos 80: Sylvester Stallone, Arnold Scharzenegger e Bruce Willis. Para quem é fã do estilo isso era algo esperado há muitos anos. A cena em si é até bacaninha mas menos engraçada ou marcante do que poderia ser. O resto do filme é pura action movie ao estilo anos 80 (muito tiro, chute, explosões e inimigos morrendo a atacado). Quando o personagem de Stallone resolve matar ele detona uns 400 caras de uma vez só! Me lembrou até de "Comando Para Matar" o mais exagerado filme daquela década. É aquele tipo de coisa que todo já viu e reviu muitas e muitas vezes, então sem surpresas. Senti falta também de vilões melhores. Eric Roberts é muito sem expressão e o general do terceiro mundo (obviamente uma caricatura) não consegue ser marcante. No mais uma curiosidade: nos últimos 25 minutos de filme quase não há diálogos - só porrada. É isso, "Os Mercenários" é um filme da década de 80 que não foi produzido nos anos 80. Vale como nostalgia mas com cara de prato requentado. E que venha a continuação agora, com o Chuck Norris! Pelo menos promete ser bem mais divertido do que esse primeiro. 

Os Mercenários (Expendables, Estados Unidos, 2010) Direção: Sylvester Stallone / Roteiro: Dave Callaham, Sylvester Stallone / Elenco: Sylvester Stallone, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Eric Roberts, Steve Austin, Mickey Rourke, Bruce Willis, Arnold Scharzenegger / Sinopse: Um grupo de mercenários são contratados para derrubar um corrupto governo militar numa ilha do terceiro mundo.  

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Fúria de Titãs 2

"Fúria de Titãs 2" segue as mesmas linhas do primeiro filme. Roteiro mínimo, atuações pouco memoráveis, duração curta e um monstro terrível no clímax final. É a velha máxima: "Em time que se está ganhando não se mexe". Como o primeiro foi um tremendo sucesso nas bilheterias os produtores resolveram repetir a dose fazendo um novo filme "igual, mas diferente". A premissa é basicamente a mesma: Perseu (Sam Wortington) tenta levar uma vida normal de mortal mas é impedido pelo pedido de ajuda dos deuses Zeus (Liam Neeson) e Poseidon (Danny Huston). O problema é que os humanos deixaram de rezar para seus deuses e esses estão cada dia mais fracos por isso. Em vista dessa situação o deus Hades (Ralph Fiennes) planeja libertar o terrível titã Kronos para varrer a humanidade do mapa. Esse é um colossal monstro há muito aprisionado numa prisão especial criada pelo deus caído Hephaestus (Bill Nighy).

"Fúrias de Titãs 2" assim como o primeiro filme da franquia prefere ignorar os acontecimentos da mitologia original novamente. Alguns seres mitológicos bem conhecidos como Minotauro finalmente surgem em cena mas apenas como coadjuvantes sem maior importância, bem distante do espaço de destaque que tinha nos textos milenares. Estão lá também os Ciclopes, o cavalo voador Pegasus e claro Kronos, que aqui surge como um monstro colossal feito de fogo e larvas incandescentes. Infelizmente como tudo é muito ligeiro e sem profundidade nenhum personagem é minimamente desenvolvido. Nem a tensa relação entre Zeus e Hades é desenvolvida e explorada. Perseu então praticamente não tem personalidade, surgindo apenas em ação e combate, sem qualquer trabalho realizado em cima de sua persona. Uma pena. Personagens tão ricos em história e mitologia viram meros bonequinhos para uma tonelada de efeitos digitais. Diante de tudo isso o melhor a fazer é ler a mitologia grega original mesmo.

Fúria de Titãs 2 (Wrath of the Titans, Estados Unidos, 2010) Direção: Jonathan Liebesman / Roteiro: Dan Mazeau, David Johnson / Elenco: Sam Worthington, Liam Neeson, Ralph Fiennes / Sinopse: Perseu (Sam Worthington) é o filho bastardo do grande Zeus (Liam Neeson) que tenta levar uma vida normal de mortal mas é chamado novamente para a batalha para enfrentar o terrível Kronos, um titã colossal que está prestes a fugir de sua prisão.

Pablo Aluísio.

Fúria de Titãs

Vamos aos fatos. Fui assistir hoje Fúria de Titãs. Pensei que iria ser horrível mas para minha surpresa não foi. Esse filme é um blockbuster que se assume como tal. Os produtores sabiam bem disso e fizeram sim um filme pipoca mas pelo menos tiveram o bom senso de não torrar nossa paciência com um filme enorme e sem fim (como Avatar). A duração é rápida (pouco mais de uma hora e meia de duração) e vai logo direto ao ponto. Assim não chega a aborrecer. A produção tem bons efeitos especiais, um roteiro que faz uma mistureba de mitologia grega e nórdica, atuações sem importância e um final com um monstro colossal. Bem ao gosto do público adolescente de hoje. É um produto de consumo rápido e descartável, não há como negar, mas pelo menos não é pretensioso e nem tenta ser o que efetivamente não é. Fica muito longe do charme do filme original que foi lançado no começo da década de 80 e não tem nenhum grande nome no elenco como aquele. Em essência é quase um videogame para falar a verdade, só faltando mesmo a interação com o jogador / espectador. 

Como cinema ele tem vários outros pontos fracos que podem ser citados. O principal foi não terem sido fiéis à mitologia grega. De posse desses efeitos especiais o filme seria muito interessante se tivesse seguido à risca a mitologia original, principalmente para quem gosta do tema como eu. O design da Medusa não me agradou totalmente. Parece uma serpente mas curiosamente mantém a beleza de seu rosto, tal como era antes de ser amaldiçoada pelos deuses (um dos poucos pontos do roteiro que segue mais de perto com a mitologia original). Por falar em deuses todos estão fracos nesse filme: Zeus e Hades são decepções, principalmente em termos de atuação (todo mundo no controle remoto). E cadê o meu querídissimo Poseidon? Esqueceram dele. Hermes também foi ignorado, logo ele que é vital na mitologia de Perseu. Mas isso seria pedir demais dos executivos de Hollywood. Diverte sim, mas só se você for com expectativas baixas (como foi o meu caso). 

Fúria de Titãs (Clash of the Titans, Estados Unidos, 2010) Direção: Louis Leterrier / Roteiro: Travis Beacham, Phil Hay / Elenco: Sam Worthington, Liam Neeson, Ralph Fiennes / Sinopse: Perseu (Sam Worthington) é o filho bastardo do grande Zeus (Liam Neeson) e terá que provar toda sua força e poder contra um terrível monstro mitológico.  

Pablo Aluísio.

O Vizinho

O filme não tem nada demais porém duas coisas me chamaram a atenção. Primeiro foi a inversão de papéis. Geralmente o que se vê nas telas e no cotidiano dos EUA é o abuso de autoridade partir de policiais brancos contra negros. No filme temos situação oposta: um policial negro que abusa de sua autoridade contra um cidadão branco. Acredito que para não configurar o argumento como um simples atrito "branco x negro" os roteiristas encaixaram propositalmente uma esposa negra para o vizinho para atenuar esse conflito. Na minha opinião não ajudou muito, pois a questão racial sempre está em voga durante todo o filme, mesmo que de forma disfarçada. A segunda coisa que me chamou atenção no roteiro do filme foi sua preocupação em desenvolver mais os personagens (tanto do lado do policial como do casal que mora vizinho a ele). Essa falta de pressa me recordou de antigos filmes - bem diferente do que vemos atualmente onde os produtores parecem ter déficit de atenção, colocando uma explosão a cada cinco minutos com medo dos espectadores de shopping center perderem o interesse pelo filme. Em "O Vizinho" isso não acontece. Gostei do ritmo em que se desenvolve a estória.

O grande destaque do elenco, como não poderia deixar de ser, é de Samuel L. Jackson. Dando uma pausa em seus personagens "motherfuckers" que falam um palavrão atrás do outro, Jackson faz um cara que a despeito de ser abusivo em seu trabalho policial, tenta à sua maneira, colocar uma certa ordem no caos reinante em que vive. Impõe regras e limites aos filhos adolescentes após a morte da mãe deles numa educação severa. Obviamente que em certo momento do filme há uma guinada para transformar esse personagem em um psicopata perigoso mas isso é apenas pontual. O diretor Neil LaBute nunca fez nada de muito importante. Sua filmografia é formada basicamente por filmes medianos. Seu único trabalho de maior projeção é "A Enfermeira Betty" com Renee Zellwegger e só. Aqui ele fica na média do que sempre dirigiu, um bom passatempo apenas, sem nada de muito relevante a acrescentar a não ser as duas coisas que citei no começo do texto. Em falta de filmes melhores a assistir vale a espiada.

O Vizinho (Lakeview Terrace, Estados Unidos, 2009) Direção: Neil LaBute / Roteiro: David Loughery), Howard Korder / Elenco: Samuel L. Jackson, Patrick Wilson, Kerry Washington / Sinopse: Policial negro (Samuel L. Jackson) começa a ter vários atritos com seu vizinho. Usando de meios ilegais ele fará da vida do sujeito um verdadeiro inferno.

Pablo Aluísio.

Gamer

Esse é o tipo de produto que se consome em cinemas de shopping center. Tudo muito rápido, ágil, ultra acelerado. Não é bem um filme mas sim um fast food. A edição corre a mil e o roteiro foi escrito por e para fãs de videogame... pena que o conteúdo é zero! Eu na verdade já tinha assistido esse filme antes. Seu nome é "The Running Man - O Sobrevivente". O argumento é o mesmo, a única diferença é que algumas coisas foram acrescentadas nesse remake disfarçado, como por exemplo, o fato das pessoas que estão lutando na arena desse reality show violento são na verdade controladas por gamers, jogadores de video game. Curioso mas um deles é retratado como um gordo glutão que tem como avatar no jogo uma loira sensual (que na verdade é a esposa do personagem de Gerard Butler no filme). Esse aliás está mais inexpressivo do que nunca, eu nunca o considerei um bom ator mas aqui ele está bem pior do que costume! Totalmente sem expressão em cena. 

Do elenco do filme aliás só destaco Michael C. Hall (ele mesmo, o Dexter do famoso seriado). Fazendo um vilão baseado nesses milionários da internet ao estilo Bill Gates, Hall consegue fazer milagre em um papel bem rasinho, sem expressividade. O filme é curtinho, quase um média metragem (uma hora e vinte de duração), o que é um alívio já que não há mesmo muita estória para contar. A dupla de diretores nunca fez nada de muito relevante e parecem pensar entender o que os jovens querem ver no cinema atualmente - pouco conteúdo, muita pirotecnia e enredos de games. Para não dizer que desgostei de tudo vou terminar essa resenha elogiando a edição (não poderia ser diferente numa produção como essa) e a trilha sonora que adapta velhas canções com arranjos mais modernos. Enfim é isso. Se você é fã de games pode até vir a se divertir, caso contrário não, definitivamente não vai gostar!  

Gamer (Gamer, Estados Unidos, 2009) Direção: Direção: Mark Neveldine, Brian Taylor / Roteiro: Mark Neveldine, Brian Taylor / Elenco: Gerard Butler, Michael C. Hall, Ludacris / Sinopse: Em um futuro violento competidores entram em um reality show aonde são dirigidos por jogadores de videogames.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Montgomery Clift: Além do Sexo!

Durante muitos anos se especulou sobre a verdadeira sexualidade do ator Montgomery Clift. Recentemente o assunto voltou à tona pois um ex-gigolô em Hollywood lançou um livro supostamente mostrando a vida sexual de astros de cinema durante as décadas de 40, 50 e 60. Clift é um dos enfocados. O autor provavelmente não se deu muito bem com o ator e talvez por isso tenha escrito uma imagem nada lisonjeira dele nas páginas do livro. Mont é retratado como um esnobe, um sujeito cheio de "não me toques". Curiosamente apesar de ter sido esnobado por Clift o autor do livro garante que ele era gay! Mas com que provas? De fato a alcunha de esnobe em relação a Clift não me surpreende. Ele era uma pessoa discreta, tímida na vida privada. Geralmente os tímidos são confundidos com esnobes. Não faz diferença. O fato é que Clift teve uma vida sexual das mais discretas em Hollywood. Tentativas de tachá-lo de gay nunca tiveram comprovação inequívoca. Na realidade não são poucos os que acham que ele na realidade era assexuado (uma definição que só há pouco tem se tornado mais comum).

Montgomery Clift realmente não era visto com mulheres em sua passagem por Hollywood. Ator consagrado de teatro resolveu ir para a capital do cinema atraído pelos bons cachês. Mesmo assim nunca se considerou um membro ativo daquela comunidade. Pouco ia a festas e eventos sociais e procurava manter sua privacidade a todo custo. Tanta discrição acabou despertando suspeitas. Como não era visto com mulheres em público logo se começou a especular se era gay. O interessante é que ao contrário de outros gays famosos em Hollywood, como Rock Hudson, por exemplo, tampouco existem testemunhos de algum ex amante do astro. O que parece ter realmente acontecido foi um simples desinteresse sexual por parte de Montgomery Clift, seja por homens, seja por mulheres. Era neutro ou como se diz atualmente, assexuado, desinteressado por sexo.

Clift tinha grandes paixões platônicas geralmente por mulheres. Sua paixão não realizada por Elizabeth Taylor era conhecida. Taylor sempre casando e descasando nunca deu uma chance para Mont e o considerava apenas um grande amigo. Equivocadamente ela pensava que ele era gay mas tampouco chegou a ver ele com qualquer homem em todo o tempo que conviveu ao seu lado. A eterna solteirice de Clift incomodou inclusive seu pai. Confrontado o ator simplesmente explicou: "Minha vida já é complicada demais sem outra pessoa, por isso não me envolvo mais seriamente com alguém. Mesmo assim darei 10 mil dólares a qualquer um que comprove que não gosto de garotas". Depois que sofreu um grave acidente de carro Montgomery Clift ficou ainda mais recluso e retraído. Sentindo fortes dores de cabeça e sofrendo com as consequências do acidente as chances de sair para cortejar com qualquer pessoa, seja homem ou mulher, ficaram nulas. Clift morreu solteirão e carregando uma injusta fama de homossexual quando na verdade ele simplesmente parecia estar além do sexo.

Pablo Aluísio.

O Grande Segredo de Rock Hudson

Durante praticamente 20 anos Hollywood teve um rei. Nenhum ator era mais popular do que ele. Com um sucesso atrás do outro nas bilheterias não parecia haver limites para seu estrelato. Rock Hudson foi tão popular que foi considerado por 10 anos consecutivos o maior campeão de sucessos do cinema americano. Rock era alto, atlético, boa pinta, grande profissional, não criava problemas com diretores e produtores, era disciplinado e procurava ser amigo de todos. As mulheres suspiravam por ele, os homens o imitavam em todos os aspectos, o galã era o sonho de toda adolescente norte-americana da década de 50. Era considerado o supra sumo da beleza masculina. O que ninguém sabia é que embaixo da fachada de "homem ideal" Rock mantinha um segredo guardado a sete chaves: ele era gay!

Rock foi descoberto pelo agente Henry Wilson que viu potencial em seu biotipo impecável. Ele sabia que Rock não era um grande ator mas isso poderia ser trabalhado com o tempo, o que importava era que Rock era um símbolo de beleza masculina. Inventou um novo nome para o jovem aspirante a ator (Rock, como um rochedo e com a força do rio Hudson) e da noite para o dia nasceu um novo ídolo em Hollywood. Henry sabia que Rock era gay (ele próprio também era gay) mas achava que poderia manter o segredo bem guardado uma vez que Rock seria vendido para o público como o homem americano ideal. O curioso é que Henry realmente conseguiu manter Rock dentro do armário por vários anos, mesmo tendo que lidar com o voraz apetite sexual do ator (que tinha muitos amantes, que iam desde outros atores até garçons, frentistas de posto de gasolina e todo tipo de homem que lhe agradasse e lhe aparecesse pela frente).

No auge de sua popularidade, quando seu nome valia milhões numa marquise de cinema, ocorreu a grande crise. Uma revista de fofocas chamada Confidential descobriu que Rock era gay e estava disposta a revelar tudo através do depoimento de um dos ex-amantes do ator. No meio da confusão o agente acabou "casando" Rock com sua secretária, Phillys Gates. Sem reação a revista acabou desistindo da revelação bombástica e Rock salvou sua carreira de acabar prematuramente. Rock conseguiu a duras penas manter o casamento de fachada por longos dois anos até que não aguentou mais e pediu divórcio de Gates. Rock continuou sua carreira de sucesso pelos anos afora mas como era um galã seus sucessos foram diminuindo conforme a idade foi chegando. No final da década de 1960 Rock foi para o teatro em busca de novos horizontes e na década seguinte começou a fazer TV em seriados como McMillan & Wife.

Rock Hudson só saiu do armário no fim de sua vida. O ator contraiu AIDS no começo de 1984 e se tornou a primeira grande celebridade mundial a ser acometida pela nova e terrível doença. Com a imprensa no seu pé Rock finalmente resolveu assumir que era homossexual em seus últimos dias de vida. Também resolveu contar sua história em uma autobiografia que foi publicada após sua morte. Ele temia ser repudiado ao se assumir gay mas para sua surpresa a reação na sociedade americana foi completamente diferente. Houve muitas manifestações de apoio ao ator em seu leito de morte e muitos celebraram sua coragem ao se assumir. Outros astros e estrelas acharam maravilhosa a atitude de Rock, inclusive Elizabeth Taylor que acabou criando uma fundação em prol das pesquisas em busca da cura da doença. Usando do prestigio de Rock e de seu próprio nome, Elizabeth conseguiu arrecadar ao longo dos anos uma verdadeira fortuna que foi usada em pesquisas que acabaram por criar alguns dos medicamentos que hoje ajudam aos pacientes da doença pelo mundo afora. Um belo final para uma das histórias mais picantes de Hollywood.

Pablo Aluísio.

Bruna Surfistinha

Bruna Surfistinha se tornou famosa ao criar um blog onde contava os programas que fazia com seus clientes. A idéia deu tão certa que depois ela reuniu todo esse material e publicou o livro "O Doce Veneno do Escorpião", que acabou virando best seller no Brasil. A despeito de todo preconceito o fato é que Bruna Surfistinha, queiram ou não, é um típico produto da era da informática. Se não existisse a Internet ela provavelmente jamais sairia do anonimato. Esse filme é apenas mais um reflexo do sucesso da ex-garota de programa. "Bruna Surfistinha", o filme, tem vários problemas na minha forma de ver. O primeiro é de escalação de elenco. Deborah Secco até defende bem seu papel, ela está comprometida e concentrada no filme, o problema é que a verdadeira Bruna não tem nada a ver com ela. Sei que isso é uma questão bem relativa mas não consigo ver qualquer semelhança entre a personalidade da personagem interpretada por Deborah no filme e a Bruna Surfistinha real. Mesmo de forma inconsciente a atriz traz ao seu papel um tipo de sofisticação que inexiste na Bruna que vemos em entrevistas e aparições na TV. 

Não falo apenas da diferença de beleza física (que é acentuada) mas também de sua persona, das características que definem uma pessoa, nesse aspecto Deborah não consegue sumir dentro do papel, que é o diferencial que faz uma grande interpretação. Do elenco do filme dois nomes se destacam: Drica Moraes, muito bem no papel de cafetina e Cássio Gabus Mendes, um bom ator, aqui fazendo o personagem clichê do "cliente de bom coração". Sexualmente o filme não é sensual ou excitante. O roteiro segue de certa forma o padrão Globo de qualidade, ou seja, nada de muito ousado surge em cena. O filme apesar do tema polêmico tem apenas algumas poucas cenas de nudez mas tudo com muito pudor. Talvez o grande mérito do texto seja mesmo sua postura em relação à personagem principal. Ele não condena a garota que sai de casa para se prostituir. Claro que mostra aspectos negativos dessa vida mas não tenta dar lição de moral. Além disso, o que é mais importante, não glamouriza a vida de garota de programa - o que é um ponto positivo, sem dúvida. No saldo final se trata mesmo de um produto Global, com tudo de bom e ruim que isso significa. Não é um retrato fiel da Bruna Surfistinha real e acredito que nem seria essa a intenção dos produtores e nem o desejo do público. De qualquer forma arrisque, possa ser que você ache pelo menos curioso.  

Bruna Surfistinha (Bruna Surfistinha, Brasil, 2011) Direção: Marcus Baldini / Roteiro: José de Carvalho, Homem Olivetto baseado no livro "O Doce Veneno do Escorpião" de Bruna Surfistinha / Elenco: Deborah Secco, Cassio Gabus Mendes, Drica Moraes / Sinopse: Raquel é uma garota de classe média que briga com seus pais e resolve cair na vida da prostituição e programas, se tornando a partir daí conhecida como Bruna Surfistinha. 

Pablo Aluísio.

Confissões de Uma Garota de Programa

O filme tenta seguir o estilo Reality Show, aonde os atores fazem de tudo para tudo parecer casual, sem script, como se tudo fosse filmado de forma amadora. A Sasha Grey está em praticamente todas as cenas. Ela é bonita mas devo confessar que a achei extremamente antipática! Parece que sempre está em off, como se estivesse sorumbática, não cria empatia com o espectador e nem tenta ser muito simpática. É uma profissional de coração frio, que vai lá, faz o serviço com o cliente e vai embora. Nem no seu relacionamento com um instrutor de ginástica consegue passar algum tipo de calor humano. Talvez seja a própria personagem que tenha sido planejada assim, porém acredito que a antipatia seja natural na Sasha Grey. De qualquer forma parecendo sempre distante ela tenta encontrar o tom ideal do que seria o comportamento de uma prostituta de luxo. Como ela é atriz pornô na vida real isso pode até ser bem próximo da realidade da vida dessas garotas. A sensação que fica é que essas profissionais do sexo acabam desenvolvendo uma insensibilidade natural no trato com os homens. Como encaram o relacionamento sexual apenas como um negócio acabam se tornando insensíveis a esse tipo de aproximação. Sasha passa essa sensação. Ela apenas tolera a companhia dos clientes sem sentir nada em relação a eles que acabam se tornando apenas um número numa fila que parece não ter fim.

O roteiro em si parece não ter um enredo linear. São vários flashes da vida dela, atendendo um cliente atrás do outro, indo às compras, almoçando, passando alguns momentos com seu namorado. Na realidade nada de muito importante ou relevante acontece durante a curta duração do filme (pouco mais de sessenta minutos) e quando chega o The End o público certamente ficará com a impressão de ter perdido seu tempo. Pelo menos o argumento não glamouriza o estilo de vida da protagonista, o que já é um mérito e tanto. Enfim, o filme não é muito bom mas mesmo assim, com todos esses problemas, acho que ainda vale a pena tirar um tempinho para conhecer esse tipo de idéia, quem sabe você pode até gostar da proposta do diretor.

Confissões de uma Garota de Programa (The Girlfriend Experience, Estados Unidos, 2009) Direção: Steven Soderbergh / Roteiro: David Levien, Brian Koppelman / Elenco: Sasha Grey, Chris Santos, Philip Eytan / Sinopse: O filme acompanha o dia a dia de uma garota de programa de luxo chamada Chelsea (Sasha Grey), seus clientes, seus encontros e sua vida privada.

Pablo Aluísio.

domingo, 10 de junho de 2012

A Morte Negra

Pensei que seria mais uma daquelas bobagens medievais que o cinema americano vem fazendo ultimamente mas para minha total surpresa o filme não é nada disso - pelo contrário, é um filme muito, muito bom! Gostei de praticamente tudo, do argumento, da ambientação, do roteiro inteligente e das boas interpretações. Confesso que fiquei esperando uma reviravolta ao estilo realismo fantástico mas felizmente isso não acontece! O roteiro conseguiu fugir do óbvio - como virar uma bobagem adolescente cheia de monstros - e fincou o pé na realidade e no racional, o que lhe deu um ótimo posicionamento de cinema adulto (e correto do ponto de vista histórico). 

O enredo mostra bem a realidade do homem medieval europeu. Imerso em uma religiosidade fanática ele não consegue entender porque tantas pessoas morrem em tão pouco tempo. Dentro daquele contexto ficou fácil para culpar a própria humanidade pela peste, pregando a crença que tudo não passaria de um castigo de Deus para com a humanidade. Nesse contexto somos levados a acompanhar um grupo de enviados do Bispo a uma pequena vila que não estaria sendo afetada pela peste negra (o que seria claro indicio de que forças diabólicas estariam atuando no local). Não adianta falar mais para não estragar. Basta apenas dizer que do período enfocado (alta idade média) esse foi um dos melhores filmes que já assisti. Recomendo muito - se ainda não viu corra atrás.  

A Morte Negra (Black Death, Estados Unidos, 2010) Direção: Christopher Smith / Roteiro: Dario Poloni / Elenco: Eddie Redmayne, Sean Bean, Carice van Houten / Sinopse: Na Idade Média, durante a proliferação da Peste Negra, enviados a um pequeno vilarejo inglês entram em contato com as crenças da população local. 

Pablo Aluísio.

O Destino Bate à Sua Porta

A grande maioria dos cinéfilos conhece essa estória através do remake que foi feito muitos anos depois com Jack Nicholson e Jessica Lange. Esse aqui é o filme original mostrando a trama de assassinato orquestrada por dois amantes contra o marido mais velho da garota. Na trama somos apresentados a um vagabundo errante, Frank Chambers (John Garfield), que chega até uma lanchonete de beira de estrada numa cidadezinha da Califórnia. O pequeno estabelecimento é tocado por Nick (Cecil Kellaway) e sua jovem esposa, a bela Cora (Lana Turner). Logo Frank cai nas graças de Nick e este o contrata para trabalhar no local. Não demora muito para que Frank e Cora se sintam atraídos um pelo outro. A partir daí tudo caminha para um desfecho trágico pois o casal de amantes começa a planejar um jeito de liquidar Nick para continuarem juntos sem o velho marido que agora se tornou um estorvo na vida deles. 

O roteiro chama atenção pela sordidez dos eventos. O casal age de forma natural mas planeja um assassinato com raro sangue frio. A personagem de Lana Turner (belíssima em cena) não parece ter maiores conflitos pelo que está fazendo, aliás é justamente ela que concebe a idéia e passa para o amante Frank Chambers. No fundo ela está de olho não apenas na lanchonete do marido mas também em um rico seguro de vida no nome dele (algo que negará depois). A produção é a primeira em língua inglesa baseada no livro que lhe deu origem, escrito pelo autor James M. Cain. Hollywood só se interessou pela estória após ela ter sido filmada duas vezes, uma na França e outra na Itália. Esse pode ser considerado o primeiro grande papel de expressão de Lana Turner. Antes desse personagem amoral, Cora, ela apenas passeava sua beleza em cena sem grandes interpretações a tiracolo. Como era uma starlet apenas tirava proveito de sua beleza e nada mais. Aqui porém já foi exigida bem mais em seu papel, tanto que ganhou grandes elogios da crítica na época. Outro que também está muito bem é John Garfield, em um papel que ficaria melhor com Jack Nicholson décadas depois. A caracterização de Jack é muito mais rica pois expõe os motivos de Frank Chambers com mais intensidade. Na pele de Garfield não conseguimos entender muito bem suas motivações para um crime tão bárbaro. Em conclusão diria que "O Destino Bate à Sua Porta" vale por um direção segura e pela bela atuação de Lana Turner mas a despeito de tudo isso não consegue ser superior à versão de Bob Rafelson em um caso raro de remake superior ao original.  

O Destino Bate à Sua Porta (The Postman Always Rings Twice. Estados Unidos, 1946) Direção: Tay Garmett / Roteiro: Harry Huskin, Niven Busch baseados no livro de James M. Cain / Elenco: Lana Turner, John Garfield, Cecil Kellaway / Sinopse: Jovem esposa com seu amante planejam a morte de seu marido mais velho para herdar sua lanchonete e um seguro de vida de 10 mil dólares.  

Pablo Aluísio.