quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Júlio César

Em sua carreira Charlton Heston interpretou grandes nomes da história. Foi Moisés em "Os Dez Mandamentos". Foi o guerreiro medieval El Cid em grande produção e deu vida a Ben-Hur no grande clássico da história do cinema, embora esse último seja um personagem de ficção. Assim era natural que mais cedo ou mais tarde ele fosse interpretar grandes nomes da história romana. Nesse filme ele interpreta Marco Antônio, o mais fiel aliado de Júlio César, o general que acabou se tornando o símbolo da transição da República para o Império na Roma antiga. Embora tivesse sido interpretado com brilhantismo por Richard Burton no clássico "Cleópatra", o fato é que nenhum outro ator em Hollywood parecia tão talhado para esse papel do que o próprio Charlton Heston.

Na trama voltamos no tempo, de volta ao passado glorioso de Roma. Júlio César retorna vitorioso de suas campanhas militares e almeja tomar todo o poder da república para si, deixando de lado a força do senado romano. Em reação a isso um grupo de senadores resolvem matar César para salvar o sistema republicano. Marco Antônio (Charlton Heston), o mais leal general de César, resolve então iniciar uma campanha para inflamar o povo contra os conspiradores assassinos, entre eles Brutus e Caius Cassius. A guerra civil volta a surgir nos horizontes da cidade eterna.

Essa produção da década de 1970 é uma adaptação da famosa peça de autoria de William Shakespeare. Inicialmente essa é a principal informação ao espectador. E o que isso necessariamente significa? Significa que não é um épico com grandes cenas de batalha e lutas cenográficas entre legiões romanas, não, se trata mesmo de um filme com clara linguagem teatral, com o elenco se esforçando ao máximo para declamar o rico vocabulário do texto original do grande mestre inglês. Outro ponto a se destacar é que o roteiro se apoia bastante nas figuras dos personagens Brutus e Caius Cassius, dois membros do senado romano que conspiraram para a morte de Júlio César pois esse estava obviamente querendo concentrar todo o poder em suas mãos, deixando o senado e o conceito de república completamente para trás. A trama se concentra da morte de César nos idos de março até a batalha em que Marco Antônio (Charlton Heston) e Otávio, o sobrinho e herdeiro de César, futuro imperador romano Augusto, conseguem retomar o poder em Roma. Não há sinal de Cleópatra e nem dos acontecimentos que ocorrem depois que essa aliança é formada (aliança essa que duraria pouco tempo aliás). Enfim, fica a recomendação desse bom momento de Shakespeare na sétima arte. Aqui contando com um elenco classe A.

Júlio César (Julius Caesar, Inglaterra, 1970) Estúdio: Commonwealth United Entertainment / Direção: Stuart Burge / Roteiro: Robert Furnival, baseado na obra de William Shakespeare / Elenco: Charlton Heston, Jason Robards, John Gielgud / Sinopse: Júlio César, general e político romano, acaba sendo assassinado dentro do senado romano em 15 de março de 44 a.C. Sua morte desencadeia uma série de eventos violentos, culminando numa sangrenta guerra civil.

Pablo Aluísio.

7 comentários:

  1. Cinema Clássico
    Júlio César
    Pablo Aluísio.

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  2. A tragédia de Roma é que os senadores tinham razão. Júlio César queria ser o ditador absoluto. Pena que os republicanos perderam a guerra civil. A história teria sido diferente se o resultado fosse outro.

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  3. E a vitória de Marco Antônio e Augusto acabou dando origem ao império romano, com seus imperadores loucos, insanos e violentos. Era melhor ter continuado na República.

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  4. Certamente os senadores romanos estavam com a razão. Só utilizaram os meios errados para esse objetivo. Punhais e facas não são respostas. Violência nunca gera bons frutos.

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  5. De fato você tem razão Lord Erick nesse ponto de vista. Basta lembrar dos imperadores romanos Tibério, Calígula, Nero e tantos outros, para perceber que poder máximo enlouquece todos os homens. Só a divisão de poderes traz equilíbrio institucional.

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  6. O período em que se passa essa história é quando se formou o chamado "segundo triunvirato" em que se associaram para vingar a morte de Júlio Cesar e controlar o poder: Marco Antonio, Otávio (Augustus) e Lépido. Nenhum dos assassinos de César escapou desses tres e Roma cristalizou o que seria, durante 300 anos, conhecido como o Império Romano.
    PS. O primeiro triunvirato foi formado por: Júlio César, Crasso e Pompeu.

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