Mostrando postagens com marcador Dean Martin. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Dean Martin. Mostrar todas as postagens

domingo, 7 de outubro de 2012

Os Deuses Vencidos

Eu considero esse filme simplesmente obrigatório para todos os cinéfilos. O elenco é estrelar e o roteiro muito bem desenvolvido, resultando numa produção memorável. “Os Deuses Vencidos” foi baseado no famoso livro de autoria de Irwin Shaw. A proposta é mostrar aspectos da II Guerra Mundial sob o ponto de vista de alguns combatentes, tanto do lado dos aliados como também dos soldados do Eixo. Tudo mostrado sem cair nos clichês típicos dos filmes de guerra, que sempre procuraram mostrar os soldados americanos como heróis virtuosos e os alemães como monstros assassinos e sanguinários. A intenção é realmente construir um mosaico mais próximo da realidade, mostrando que em ambos os lados lutaram pessoas comuns, com sonhos e objetivos que foram interrompidos de forma brutal pela guerra. Olhando sob esse ponto de vista realmente não existia grande diferença entre um militar americano ou alemão. Todos queriam voltar para casa o mais rapidamente possível, sobreviver aos combates e retornar para a vida que tinham antes da guerra começar. O filme tem longa duração, com quase três horas de duração, e é fácil entender o porquê. São duas histórias paralelas que se desenvolvem ao mesmo tempo. Na primeira somos apresentados ao tenente alemão Christian Diestl (Marlon Brando) na França ocupada. Essa parte é bem interessante pois o ator na época fez questão de mostrar o oficial nazista como um ser humano comum e não como o vilão caricato dos filmes de guerra que conhecemos. Nem é preciso dizer que Marlon se saiu muito bem em mais uma atuação marcante de sua filmografia.

Na outra estória, passada no lado dos militares aliados, acompanhamos dois soldados americanos (Dean Martin e Montgomery Clift) que são convocados e mandados para a Normandia. Essa parte do roteiro foca bastante na vida dos que participaram da maior batalha da guerra, no evento que ficaria conhecido pela história como “Dia D”. Dean Martin repete seu papel contumaz de "Mr Cool". Aqui ele interpreta um cantor da Broadway que faz de tudo para escapar da guerra e do front mas que não consegue escapar de ir para o campo de batalha. Já Montgomery Clift apresenta uma grande interpretação como um soldado judeu que sofre nas mãos de seus colegas de farda durante seu treinamento. Seu papel me lembrou muito o que ele representou em "A Um Passo da Eternidade". Seu aspecto não é nada bom em cena. Os sinais físicos do alcoolismo já são nítidos e Clift aparece muito magro e abatido, com aspecto doentio. Mesmo assim está fabuloso em suas cenas. Ponto para Marlon Brando que fez de tudo para que o colega fosse escalado para o filme pois sabia que isso iria lhe ajudar a superar a crise pessoal pelo qual vinha passando. A direção foi entregue ao veterano das telas Edward Dmytryk; Com experiência em filmes de guerra como “A Nave da Revolta” o  diretor sabia que estava trabalhando com dois atores muito sensíveis e carismáticas proveniente do Actor´s Studio. Assim procurou abrir uma linha de diálogo com ambos. Ele já tinha trabalhado com Clift em seu filme anterior, “A Árvore da Vida” e por isso sentiu-se tranquilo em relação a ele. Já com Brando procurou manter uma relação no nível profissional. Sabia que Marlon Brando poderia ser tanto um ator maravilhoso no set como um terror para os cineastas que trabalhavam com ele. No final se deram bem e tudo correu sem maiores problemas. O resultado de tantos talentos juntos se vê na tela pois “Os Deuses Vencidos” é hoje em dia considerado um filme essencial dentro do gênero. Um verdadeiro clássico.


Os Deuses Vencidos (The Young Lions, Estados Unidos, 1958) Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: Edward Anhalt baseado no livro de Irwin Shaw / Elenco: Marlon Brando, Montgomery Clift, Dean Martin,  Maximilian Schell, Lee Van Cleef,  Hope Lange, Barbara Rush / Sinopse: Durante a II Guerra Mundial militares americanos e alemães sofrem o impacto do conflito em suas vidas pessoais e profissionais.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Ou Vai ou Racha!

Mais uma parceria da dupla Jerry Lewis / Dean Martin. Aqui eles protagonizam um verdadeiro Road Movie cômico pois boa parte do filme se passa durante a viagem que ambos fazem, atravessando os EUA de costa a costa para chegar até a Califórnia. No caminho várias cenas de pastelão bem ao estilo de Jerry Lewis. O curioso é que o humor além de físico é muito cartunesco, utilizando linguagem de desenhos animados da época. Esse filme foi o último realizado pela dupla. Dean Martin após inúmeras brigas com Jerry Lewis resolveu se afastar do colega de tantos anos (estavam juntos desde a época em que se apresentavam em clubes de segunda categoria). Martin achava que Lewis não lhe dava o devido reconhecimento e destaque, o que acho injusto pois Dean Martin nada mais era do que uma escada para Jerry brilhar em cena, esse o verdadeiro comediante da dupla. Além disso Jerry Lewis sempre encaixava alguma canção de Martin nos filmes na tentativa de promover o talento musical de Martin (como acontece aqui onde Dean Martin tem a oportunidade de apresentar várias canções). De qualquer forma por um motivo ou outro Jerry iria estrelar sozinho seus filmes daqui em diante, sendo o "Delinquente Delicado" sua primeira produção solo.

Além de ser o último filme da dupla Martin / Lewis, "Hollywood Or Bust" traz ainda duas outras curiosidades. A primeira é a presença de Anita Ekberg no elenco, tentando emplacar no cinema americano. Sua participação não é muito relevante, diria até antipática, mas até que segura bem as pontas (inclusive com poucos diálogos pois não sabia falar muito bem inglês). O segundo ponto forte desse filme é a direção de Frank Tashlin, o melhor diretor de filmes da dupla. Ele inclusive dirigiu aquele que é considerado o melhor filme de Martin / Lewis, o ótimo "Artistas e Modelos". Aqui o resultado é mais modesto. É sem dúvida uma comédia divertida e agradável, mas longe de seus melhores momentos no cinema. Enfim, "Ou Vai Ou Racha" marcou o fim de uma era. Foi a última chance de ver essa bela dupla junta.

Ou Vai Ou Racha! (Hollywood or Bust, Estados Unidos, 1956) Direção: Frank Tashlin / Roteiro: Erna Lazarus / Elenco: Jerry Lewis, Dean Martin, Pat Crowley, Anita Ekberg / Sinopse: Steve Wiley (Dean Martin) dá um golpe durante um sorteio de carro e tem que dividir o prêmio com Malcolm Smith (Jerry Lewis), o verdadeiro vencedor do concurso. Juntos resolvem viajar com o carro para Hollywood.

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Dean Martin

Dino Paul Cocetti, ou simplesmente, Dean Martin, nasceu em 7 de junho de 1917, em Steubenville, Ohio, Estados Unidos. Filho de imigrantes italianos, só começou a falar inglês aos cinco anos. Depois de largar a escola muito cedo, tornou-se um boxeador peso médio, e respeitado no meio do boxe com apenas 15 anos de idade. Carregando o codinome Kid Crochet vencera todas as doze lutas que disputara. Mas o sonho do jovem Dino era ser como Bing Crosby, de quem imitava todos os maneirismos e o jeito de andar. Em pouco tempo, e com o nome de Dino Martini, passou a se apresentar como crooner de bandas de sua região. Aos vinte anos foi contratado para ser o vocalista da Ernie McKay Orchestra.

No início dos anos 40 foi contratado pela banda de Sammy Watkins. Sammy, seu novo patrão, foi quem sugeriu a troca de nome para Dean Martin. Depois de excursionar com a banda de Sammy por todo o norte de Ohio, Dean mudou-se para Nova York a fim de tentar um novo rumo para a carreira. Mas com a chegada da Segunda Guerra, foi convocado e serviu durante um ano. Em 1946, Dean ja era um cantor conhecido nos night clubs da Costa Leste americana, quando gravou seu primeiro disco e conheceu o comediante Jerry Lewis durante uma temporada de shows em Nova York. Os dois se apresentarm separadamente, até que em uma noite resolveram encerrar os espetáculo juntos.

Meses depois voltaram a se encontrar em Atlantic City e repetiram a performance com enorme sucesso. No início do ano seguinte, estrearam a turnê "Martin e Lewis". Em 1949 o show chegou ao rádio e a dupla estreou no cinema com "Amiga da Onça" (My Friend Irma - 1949). Martin e Lewis foram a grande sensação do business dos anos 50. Fizeram juntos 16 filmes, mas se separaram em 1956. Muitos apostavam que longe de Jerry Lewis, Dean Martin ficaria com a carreira estagnada. Mas não foi bem assim. No final da década de 50 participou de filmes de primeira linha, como "Os Deuses Vencidos" (The Young Lions - 1958), ao lado de lendas como Marlon Brando e Montgomery Clift. "Deus Sabe Quanto Amei" (Some Came Running - 1958), de Vincent Minelli, com Frank Sinatra e Shirley MacLaine.

Mas a fama internacional de ator dramático veio com o clássico do western: "Onde Começa o Inferno" (Rio Bravo - 1959) de Howard Hawks, onde contracenou com John Wayne. Dessa fama internacional no cinema, veio outro clássico: "Onze Homens e Um Segredo (Ocean`s Eleven - 1960). No qual dividiu a tela com os amigos do famoso grupo chamado "Rat Pack": Frank Sinatra, Sammy Davis Jr., Peter Lawford e Joey Bishop. O Rat Pack (ou clã) como também eram conhecidos, agitava o universo artístico, fazendo filmes de sucesso, discos clássicos e inspirados, além de espetáculos que eram disputados a tapa em boates sofisticadas. O Rat Pack protagonizou ainda mais dois filmes: "Os Três Sargentos" (Sergeants 3 - 1962) e "Robin Hood de Chicago" (Robin and the 7 Hoods - 1964).

Música e Televisão - Mesmo tendo vencido como ator, Dean Martin, jamais abandonou a sua carreira de cantor. Entre os anos de 1951 e 1968, Martin cravou 40 singles na lista Hot 100 da Billboard. Três deles ficaram em primeiro lugar nas paradas dos Estados Unidos. E em 1964, sua canção, "Everybody Loves Somebody" chegou a desbancar "A Hard Day's Night", sucesso dos Beatles.

A televisão foi outro campo de sucesso de Martin. Em 1965, ele estreou na Rede NBC a série, "The Dean Martin Show", que lhe valeu um Globo de Ouro como melhor estrela de TV e ficou no ar até 1973. Entre 1974 e 1984, comandou o programa "The Dean Martin Celebrity Roasts", também com um enorme sucesso. Nessa época voltou ao cinema com dois longas, "Quem Não Corre Voa" (The Cannonball Run - 1981), além de "Um Rally Muito Louco" ( The Cannonball Run II - 1984). Ambos estrelados por Burt Reynolds. Em 1987, Martin entrou em profunda depressão após a morte de seu filho, Dean Paul, num desastre de avião. A partir daí suas aparições públicas ficaram mais raras.

Dois anos depois, em 1989, realizou alguns shows em Las Vegas. Foi lá que aconteceu seu último encontro com o ex-companheiro de velhas jornadas, Jerry Lewis. Sua última aparição na TV aconteceu em 1990 no especial de TV, "Sammy Davis Jr. 60th Aniversary Celebration". Dean Martin aposentou-se por volta de 1991. Em 1993 recebeu de seu médico o diagnóstico de câncer de pulmão. No Natal de 1995, Dean Martin perdeu a batalha contra a terrível doença, vindo a falecer aos 78 anos.

Telmo Vilela Jr.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Dean Martin - Memories Are Made Of This

Dean Martin - Memories Are Made Of This
Em plena explosão do rock americano em meados dos anos 50, eis que surge nas paradas um grande sucesso romântico cantado por Dean Martin. A bonita e singela "Memories Are Made Of This" acabou derrubando vários roqueiros das primeiras posições, chegando ao número 1, ficando por lá por cinco semanas! Um feito e tanto! Dean Martin conseguiu inúmeras vezes essa proeza. É bem lembrado que foi ele também quem derrubou os Beatles do Top 1 em 1964 com sua "Everybody Loves Somebody", o que fez com que tirasse uma enorme onda com esse feito! Em pleno auge da Beatlemania lá estava o velho e bom Dean Martin ocupando seu espaço. Pois é, Dean Martin era realmente bom de vendas no mercado de singles.

Essa canção tem um swing bem peculiar, poderia inclusive ter feito parte de qualquer disco de Frank Sinatra. Aliás falando em comparações é interessante dizer que Martin não tinha uma voz mais bonita do que a de Sinatra, porém era bem mais forte e impressionante. Frank Sinatra em termos de voz ganhava em beleza, ao que Dean Martin o superava em potência e poderio vocal. Um detalhe sobre essa canção que poucos sabem é que a primeira versão a sair em disco nos Estados Unidos foi gravada pela orquestra de Ray Conniff. Essa primeira gravação tem uma suntuosidade que Martin dispensou em sua versão, já que ele procurava criar um clima de intimidade, romantismo. Já o maestro Ray procurava pela explosão sonora. Outro fato interessante para os fãs do cantor: com o sucesso do single a gravadora Capitol lançou um EP com mais duas faixas, que também venderam muito bem. Então é isso. Entre os grandes sucessos musicais da parada da Billboard de 1956 lá estava o romântico Dean Martin se sobressaindo entre um oceano de roqueiros rebeldes. O romantismo sempre se faz presente, não importando o momento.

Dean Martin - Memories Are Made Of This (1956)
Memories Are Made Of This 
Change of Heart 
I Like Them All (EP)
Ridin Into Love (EP).

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Cantores do Passado: Dean Martin

Muita gente só conhece Dean Martin de seus filmes ao lado do comediante Jerry Lewis. Certo, esse foi um dos aspectos mais populares da carreira de Dino mas é apenas parte de um todo bem mais especial. O fato é que Dean Martin foi um maravilhoso cantor que gravou canções eternas - que até hoje tocam e são reverenciadas. Martin fez parte de um seleto grupo de intérpretes que marcou época na música americana. Se apresentando ao lado de Frank Sinatra e do Rat Pack (formado ainda por Sammy Davis Jr) o cantor ator fez muito sucesso em Las Vegas sempre se apresentando em temporadas de enorme sucesso. Ele tinha um timbre vocal poderoso mas agradável (algo que sempre me lembrou de Elvis Presley). Ambos eram barítonos talentosos e se destacaram não apenas por suas gravações mas também pela persona que desfilavam fora dos estúdios.

Dean Martin é o que se chamava de um bon vivant nos anos 50 e 60. Amigo do barman nunca largava seu copo de whisky e tinha uma postura relaxada e descontraída que lhe valeu inclusive o carinhoso título de "Mr Cool". Era aquele tipo de pessoa que parecia conquistar seus objetivos sem maior esforço pessoal, tudo na base do "ok, isso pode ser interessante, vamos ver se dá certo". Teve uma carreira vitoriosa não apenas no mundo do disco mas no cinema também. Mesmo após romper sua parceria com Jerry Lewis seguiu em frente estrelando boas produções, seja ao lado do Rat Pack, seja em carreira solo (onde fez ótimos westerns). Musicalmente conseguiu grandes feitos mesmo depois que seu estilo musical ficou rotulado de "careta" pela geração da contra cultura dos anos 60. Um exemplo de sua força foi o maior hit de sua carreira: Em pleno auge da Beatlemania ele conseguiu um feito e tanto tirando os Beatles do primeiro lugar das paradas para ocupar a mesma posição com sua imortal "Everybody Loves Somebody". E depois ainda tirou onda enviando um telegrama para Elvis perguntando ao Rei do Rock: "Viu como se faz?"

Dean Martin sempre foi citado como um amigo de todos do show business. Também era extremamente solidário aos amigos mais próximos. Quando John Kennedy venceu as eleições presidenciais (inclusive com sua ajuda, cantando de graça no palanque de JFK) ele se decepcionou com a atitude de recém eleito presidente que não convidou seu amigo negro, Sammy Davis Jr, para a posse. (Davis era casado com uma branca e por isso Kennedy temia a reação dos sulistas racistas na festa). Em solidariedade ao amigo barrado resolveu também não ir, em protesto. Atitudes como essa demonstravam bem seu caráter pessoal. Seguiu em frente, inclusive com um programa de tv próprio onde quase nunca aparecia para ensaiar (que ele obviamente achava uma perda de tempo!), o que é fácil de entender pois afinal ele era a própria personificação do jeito cool de ser.

Mas como a vida nem sempre é uma festa eterna os anos finais de Mr Cool foram difíceis. Seu adorado filho, que venerava, morreu em um trágico acidente. A tragédia atingiu em cheio o artista que entrou em um processo irreversível de depressão e angústia. Em seus anos finais foi ficando cada vez mais isolado e distante dos amigos. O casamento também acabou depois de longos anos. Martin abandonou a carreira musical e de ator e preferiu uma vida longe dos holofotes. Em seus últimos momentos se limitava a ir em sua cantina preferida comer o mesmo jantar noite após noite. Também não abriu mão do fumo e da bebida que acabaram o levando à morte em 1995. Não importa, o mais precioso em Dean Martin foi preservado: sua ótima voz interpretando lindos standarts da música norte-americana. Isso bastou para o Mr Cool entrar na história.

 
Discografia Comentada:

Dean Martin - Dream with Dean: The Intimate Dean Martin
Dean Martin tinha uma voz maravilhosa. Aqui o cantor resolveu apostar em algo bem intimista. Ele gravou o álbum com apenas quatro  músicos ao seu lado, Ken Lane ao piano, Irv Cottler na bateria, Red Mitchell no baixo e Barney Kessel na guitarra (Kessel chegou a trabalhar com outros grandes nomes como Elvis Presley na década de 1960). Nada de orquestras e nada de arranjos mais sofisticados como era praxe em seus discos anteriores, já que Martin sempre seguiu os passos de Sinatra nesse aspecto. A ideia era mesmo mudar um pouco, produzindo algo bem intimista (o que fica bem claro na própria capa do álbum, com Martin ao lado da lareira com um cigarro em mãos, fazendo todo o charme possível, bem de acordo com sua imagem de Mr. Cool). Para produzir o disco na Capitol, Martin trouxe o produtor Jimmy Bowen, praticamente uma lenda do meio musical americano, tendo trabalhado com dezenas de cantores ao longo da carreira, entre eles o próprio Frank Sinatra, além de produzir grandes sucessos para Sammy Davis, Jr., Kenny Rogers, Hank Williams, Jr., The Oak Ridge Boys, Reba McEntire e George Strait. Era tão competente que Frank Sinatra o escalou para produzir os primeiros discos de sua filha, Nancy.

Esse álbum traz aquele que talvez seja o maior sucesso de toda a carreira de Dean Martin, a faixa "Everybody Loves Somebody". A história dessa canção é bem interessante pois quebrou a supremacia que os Beatles tinham nas paradas de sucesso da época. Foi uma das poucas canções americanas a tirarem do número 1 da Billboard gravações do grupo inglês que naquela época vivia a febre da Beatlemania. Reza a lenda que o próprio Dean Martin teria ligado para Elvis e dito em tom de piada que aquele era o jeito certo de enfrentar a invasão britânica nas rádios e paradas de sucesso. Tirando esses aspectos comerciais de lado, o que podemos dizer é que esse é certamente um disco maravilhoso, sob qualquer ângulo que se analise. A sonoridade em geral é de uma beleza ímpar, muito suave e delicada. O que sempre se sobressai é a excelente vocalização de Martin, com intervenções sutis da guitarra de Kessel, acompanhada da melodia do piano de Ken Lane, tudo intercalado por um baixo quase inaudível do talentoso Mitchell (que vinha do jazz). Nos Estados Unidos o álbum ganhou uma recente edição de luxo, simplesmente excepcional.

Dean Martin - Dream with Dean: The Intimate Dean Martin
1. I'm Confessin' (That I Love You) 2. Fools Rush In 3. I'll Buy That Dream 4. If You Were The Only Girl 5. Blue Moon 6. Everybody Love Somebody 7. I Don't Know Why (I Just Do) 8. "Gimmie" A Little Kiss 9. Hands Across The Table 10. Smile 11. My Melancholy Baby 12. Baby Won't You Please Come Home.

Dean Martin - Memories Are Made Of This
Em plena explosão do rock americano em meados dos anos 50, eis que surge nas paradas um grande sucesso romântico cantado por Dean Martin. A bonita e singela "Memories Are Made Of This" acabou derrubando vários roqueiros das primeiras posições, chegando ao número 1, ficando por lá por cinco semanas! Um feito e tanto! Dean Martin conseguiu inúmeras vezes essa proeza. É bem lembrado que foi ele também quem derrubou os Beatles do Top 1 em 1964 com sua "Everybody Loves Somebody", o que fez com que tirasse uma enorme onda com esse feito! Em pleno auge da Beatlemania lá estava o velho e bom Dean Martin ocupando seu espaço. Pois é, Dean Martin era realmente bom de vendas no mercado de singles.

Essa canção tem um swing bem peculiar, poderia inclusive ter feito parte de qualquer disco de Frank Sinatra. Aliás falando em comparações é interessante dizer que Martin não tinha uma voz mais bonita do que a de Sinatra, porém era bem mais forte e impressionante. Frank Sinatra em termos de voz ganhava em beleza, ao que Dean Martin o superava em potência e poderio vocal. Um detalhe sobre essa canção que poucos sabem é que a primeira versão a sair em disco nos Estados Unidos foi gravada pela orquestra de Ray Conniff. Essa primeira gravação tem uma suntuosidade que Martin dispensou em sua versão, já que ele procurava criar um clima de intimidade, romantismo. Já o maestro Ray procurava pela explosão sonora. Outro fato interessante para os fãs do cantor: com o sucesso do single a gravadora Capitol lançou um EP com mais duas faixas, que também venderam muito bem. Então é isso. Entre os grandes sucessos musicais da parada da Billboard de 1956 lá estava o romântico Dean Martin se sobressaindo entre um oceano de roqueiros rebeldes. O romantismo sempre se faz presente, não importando o momento.

Dean Martin - Memories Are Made Of This (1956)
Memories Are Made Of This / Change of Heart / I Like Them All (EP) / Ridin Into Love (EP).

Dean Martin - Collected Cool
Está sendo lançado nos EUA e Europa um box maravilhoso com 3 CDs e 1 DVD enfocando os melhores anos da carreira de Dean Martin. Uma verdadeira preciosidade. Tudo de extremo bom gosto acompanhado de um maravilhoso livreto informativo com muitas fotos fantásticas e informações preciosas. Para quem é fã do Dino é realmente um dos melhores lançamentos atuais sobre o artista. Quem acompanha meus textos sabe que eu sempre prezo pela discografia oficial lançada ainda quando o cantor estava vivo. Nesse aspecto tudo me atrai, o vinil original, as capas com direções de arte que refletem as tendências artísticas que estavam na moda no ano em que o disco foi lançado e todo aquele sabor nostálgico que geralmente acompanha esse tipo de material. Infelizmente nem todos os grandes cantores do passado tem sua discografia original relançada em novos formatos, o que dificulta muito chegar nos produtos originais. É o caso de Dean Martin cujo legado ficou esquecido durante muito tempo.

Por isso vou aqui elogiar esse box. É obviamente uma coletânea de seus maiores sucessos mas também traz material inédito, o que por si só já é motivo para comemorar. Praticamente todas as faixas foram remasterizadas digitalmente, procurando trazer as gravações para um padrão de qualidade aceitável na atualidade. O trabalho ficou magnífico – basta comparar até mesmo com os últimos CDs lançados de Martin no mercado há cinco ou dois anos. A diferença é realmente marcante. A lamentar apenas a exclusão de muitas gravações excelentes de Martin na fase em que trabalhou na gravadora de seu amigo Frank Sinatra, a Reprise Records. Ao que parece (nada é confirmado oficialmente) há uma disputa judicial sobre os direitos dessas músicas. De qualquer maneira momentos como “Everybody Loves Somebody” acompanhada de um lindo arranjo de quarteto de cordas faz tudo valer a pena. A gravação é deslumbrante! O terceiro CD traz várias gravações ao vivo de Dean Martin em Lake Tahoe e o DVD traz a histórica apresentação de Dean Martin em Londres no mitológico The Apollo Victoria Theatre. Em suma, um trabalho de resgate com muito bom gosto e elegância. Coisa fina.

Dean Martin Collected Cool (2013)
CD 1 - Dean's Spoken Word Introductions / My Own, My Only, My All / Powder Your / Face With Sunshine (Smile! Smile! Smile!) / I Don't Care If The Sun Don't Shine / That's Amore / If I Could Sing Like Bing / Sway / Long, Long Ago / Memories Are Made Of This / Pardners / Volare / Rio Bravo / On An Evening In Roma / Sleep Warm / Ain't That A Kick In The Head / Just In Time / Arrivederci Roma / Return To Me / A Hundred Years From Today / CD 2 - Tik-A-Tee, Tik-A-Tay / Senza Fine / Who's Got The Action? / Guys And Dolls / Marina / Everybody Loves Somebody / The Door Is Still Open (To My Heart) / You're Nobody 'Til Somebody Loves You / In The Misty Moonlight / Sophia /  Send Me The Pillow You Dream On / In The Chapel In The Moonlight / Welcome To My World / Houston / I Will / Somewhere There's A Someone / My First Country Song / LA Is My Home / CD 3 - Drink To Me Only With Thine Eyes / Almost Like Being In Love / I Love Tahoe (Paris) / My Kind Of Girl / Break It To Me Gently / Rock-A-Bye Your Baby With A Dixie Melody / Primrose Lane / You Are Too Beautiful / Carolina In The Morning / Love Walked In/ I Love Being A Girl / Beautiful Dreamer / You Made Me Love You / It Had To Be You / Nevertheless / I'm Gonna Sit Right Down And Write Myself A Letter / Volare / On An Evening In Roma / I Love Paris.

Dean Martin Sings Songs from "The Silencers"
Trilha sonora do filme "O Agente Secreto Matt Helm". Pois é, assim como Elvis Presley, o Dean Martin achou por bem encher alguns de seus filmes com um vasto repertório, para depois lançar como LP (o velho álbum de vinil) no mercado. O resultado? Uma porção de músicas bem fracas no meu ponto de vista. Veja, esse é um caso clássico de grande cantor em material de segunda linha. Nenhuma das músicas do filme (pessimamente apresentadas entre as cenas) soa marcante ou memorável.

Algumas são meros trechos engraçadinhos como "Empty Saddles in the Old Corral" em que Dean Martin aproveitava para dar uns amassos numa garota vestida de cowgirl no filme. Ok, sua maravilhosa voz estava lá, só que faltava letra nas músicas, além de serem completamente descartáveis. Grande parte desse repertório fraco foi composto por Billy Hill que recebia do estúdio de cinema a cena que deveria ser musicada. Assim ele ia fazendo as músicas, sem muito capricho. Apenas a música tema, "The Silencers" (composta pelo maestro Elmer Bernstein), merece maior atenção. Mesmo assim ele quase não escapa do resultado bem medíocre do resto do disco. É meio decepcionante bem no meio de uma até boa canção você ouvir o Dean Martin cantando sobre o "Big O", o vilão caricato do filme. Quando isso acontece vem aquela sensação de tempo perdido que destrói qualquer disco que você comprou. Enfim, esse disco foi mesmo uma "bola fora" do grande Dean Martin em sua rica discografia.

Dean Martin Sings Songs from "The Silencers" (1966)
The Glory of Love / Empty Saddles in the Old Corral / Lovey Kravezit / The Last Round-Up / Anniversary Song / Side by Side / South of the Border / Red Sails in the Sunset / Lord, You Made the Night Too Long / If You Knew Susie (Like I Know Susie) / On the Sunny Side of the Street / The Silencers,

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de novembro de 2007

O Humor de Jerry Lewis

Sem exageros, Jerry Lewis foi certamente um dos humoristas mais populares e queridos do cinema americano. O curioso é perceber que sua ida para as telas foi quase um acaso do destino. Jerry era comediante de palco, fazia apresentações em hotéis, cassinos e restaurantes. Sua grande sacada foi se unir ao cantor Dean Martin. Jerry interpretava o pateta da dupla, enquanto seu colega era o galã, o conquistador. Desse choque de diferenças nascia a maioria das situações de humor.

A fórmula deu tão certa que a dupla foi convidada pelo produtor Hal Wallis (de "Casablanca") para aparecer no filme "A Amiga da Onça" (My Friend Irma, 1949). Era uma comédia romântica bem bobinha (mas igualmente divertida) estrelada pela atriz Diana Lynn. Era verdade que não havia muito espaço dentro do roteiro para Martin e Lewis, mas isso acabou se revelando uma vantagem e não um problema. Isso porque nas poucas cenas que tiveram para mostrar seu trabalho eles conseguiram se destacar. Mais do que isso, muitos críticos foram além, dizendo que eles tinham roubado o show, o filme, só para si.

Havia ficado meio óbvio para Hal Wallis e os executivos da Paramount Pictures que ali poderia haver uma grande oportunidade de ganhos e lucros. Afinal muitas duplas cômicas tinham feito sucesso antes no cinema como, por exemplo, O Gordo e o Magro e Abbott & Costello. Curiosamente Wallis também logo percebeu que a cabeça pensante da dupla não era Dean Martin, como muitos poderiam pensar. O verdadeiro talento para negociar contratos e impor cláusulas e condições para novos filmes vinha de Jerry Lewis. Basicamente ele havia criado aquele número e não estava disposto a abrir mão do controle artístico dos filmes em que iria atuar.

No começo Jerry Lewis abriu espaço para vários diretores, mas depois de um tempo ele mesmo assumiu a direção dos filmes, aumentando seu controle sobre tudo. Dean Martin era um sujeito bem cool, que parecia não se importar e nem se preocupar muito. Para ele o importante era que a dupla estava fazendo cinema em Hollywood, ganhando bem e com enorme potencial de sucesso nos anos que viriam. Era um sonho realizado. Já Lewis não era tão tranquilo assim. Mesmo no começo da carreira ele fazia questão de discutir os roteiros dos filmes com os diretores, sempre colocando "cacos" em sua interpretação. Nesses primeiros filmes ele ainda não havia mostrado toda a sua sede de controle, mas era apenas questão de tempo para tudo isso acontecer.

Pablo Aluísio.

sábado, 22 de setembro de 2007

O fim da dupla Martin e Lewis

Quando Dean Martin atuou no drama romântico "Deus Sabe Quanto Amei" ao lado do amigo e colega Frank Sinatra ele já tinha provado seu ponto de vista para Jerry Lewis. Como se sabe eles começaram juntos, muitos anos antes, quando se conheceram em New Jersey. Ambos estavam se apresentando em um night club. Martin era o cantor da noite e Lewis o contador de piadas. Uma noite os dois tiveram uma ideia. Que tal unir o palhaço com o galã italiano no palco. Poderia dar certo? Claro que sim. A dupla a partir daí não parou mais de se apresentar juntos.

Tudo caminhava bem e ficou ainda melhor quando o produtor Hal Wallis decidiu levar a dupla Martin e Lewis para a Paramount Pictures. A partir daí já sabemos bem o que aconteceu. Eles fizeram dezenas de sucessos no cinema e em determinado momento se tornaram os mais populares astros do cinema americano. Foi de fato um sucesso de bilheteria espetacular.

Só que nada dura para sempre. Alguns biógrafos dizem que a dupla começou a ruir por causa da esposa de Dean Martin. Ela colocou na cabeça do cantor e ator que ele estava sendo ofuscado por Jerry Lewis nos filmes. Uma bobagem porque cada um tinha um papel bem definido nas produções. Ninguém estava passando a perna em ninguém. Mesmo assim Martin não pensou direito e resolveu romper com o comediante. Depois disso todos em Hollywood ficaram em dúvida: será que Dean Martin iria sobreviver no cinema sem Jerry Lewis?

Filmes como esse provaram que sim. Aliás é bom que se diga que Dean Martin teve mesmo uma carreira brilhante em Hollywood após o fim de sua parceria com Jerry Lewis. Ele atuou com grandes diretores e atores e fez bonito em alguns dos grandes clássicos da sétima arte. O fim da dupla Martin e Lewis iria deixar mágoas, mas nos anos 1970 eles finalmente se encontraram em um programa de TV que Jerry Lewis estava apresentando. Foi um encontro breve, mas que valeu para demonstrar que a velha amizade ainda poderia sobreviver. Nunca mais fariam filmes juntos, mas pelo menos a antiga amargura do rompimento tinha ido embora para sempre.

Pablo Aluísio.

sábado, 28 de abril de 2007

O Meninão

Título no Brasil: O Meninão
Título Original: You're Never Too Young
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Norman Taurog
Roteiro: Sidney Sheldon, Edward Childs Carpenter
Elenco: Dean Martin, Jerry Lewis, Diana Lynn, Nina Foch, Raymond Burr, Mitzi McCall

Sinopse:
Wilbur Hoolick (Jerry Lewis) é um sujeito desastrado e sem sorte. Aspirante à barbeiro ele acaba se envolvendo sem querer com uma quadrilha que roubou um valioso diamante. Agora para fugir ele precisa se passar por uma garoto de 12 anos de idade, algo que não será nada fácil. Para isso contará com a ajuda de seu amigo Bob Miles (Dean Martin).

Comentários:
Acabei revendo hoje "O Meninão" (You're Never Too Young, 1955). Essa é mais uma deliciosa comédia da dupla Jerry Lewis e Dean Martin. Eu muito provavelmente já havia assistido o filme em algum momento da minha vida mas isso certamente fazia tantos anos que me lembrava de pouca coisa. A principal lembrança certamente veio das preguiçosas tardes assistindo a famosa "Sessão da Tarde" da Globo ainda quando era apenas um adolescente. Foi justamente lá que me tornei fã do humor de Jerry Lewis. Eu particularmente não tenho receios de afirmar que considero o Jerry Lewis um tremendo de um talento, um comediante realmente engraçado que até hoje não teve o reconhecimento devido! Essa produção ainda é da fase da dupla Martin e Lewis que eram tão populares na época quanto qualquer outro grande astro de Hollywood. Infelizmente poucos anos depois eles iriam se separar mas as boas lembranças de suas películas juntos ficarão eternamente na mente dos fãs. Embora envelhecido o filme vale muito pela nostalgia envolvida. Sempre é muito bacana rever essa dupla.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Dean Martin


 Dean Martin
O cantor e ator Dean Martin em cena do filme "Os 3 Sargentos". Nessa proddução ele contracenou com Frank Sinatra e Sammy Davis Jr. 

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Galeria Cine Western - Rio Bravo


John Wayne / Rio Bravo - John Wayne, Dean Martin e Rick Nelson em foto promocional do filme "Rio Bravo". No Brasil o filme recebeu o título de "Onde Começa o Inferno". Dirigido por  Howard Hawks o filme hoje é considerado um clássico do gênero western. Para a Warner não havia gastos a se poupar. A velha cidade de Tucson foi reconstruída em escala dentro do estúdio, tudo de acordo com fotos da época, do século XVIII. Segundo o próprio diretor Howard Hawks o filme funcionava praticamente quase como uma contrapartida ao grande clássico "Matar ou Morrer" com Gary Cooper. Esse não poupou elogios a Rio Bravo e declarou depois em um jornal de Hollywood que aquele tinha sido um dos melhores filmes de faroeste que havia assistido na vida. Para Hawks esse era um elogio e tanto, partindo logo de um dos grandes astros do western americano. 

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Galeria Cine Western - Rock Hudson


Foto promocional do western "Inimigos à Força" (Showdown, EUA, 1973). Nesse faroeste Rock contracenou com o ator e cantor Dean Martin e a atriz Susan Clark, com quem já havia trabalhado antes e que era sua amiga pessoal. O galã se despediu do gênero western justamente nessa produção. No filme ele interpreta um xerife chamado Chuck Jarvis que vai atrás de um grupo de assaltantes de trem. Para sua surpresa o líder da quadrilha é um velho amigo de infância, Billy Massey (Matin), que entrou para o mundo do crime após ver seu rancho falir. Agora ele terá que decidir entre cumprir seu dever com a lei ou dar uma segunda chance a uma pessoa que sempre foi seu amigo próximo. Para ler mais sobre o filme click aqui.

 

segunda-feira, 19 de junho de 2006

Três Sargentos

Algumas coisas não dão para entender. Como é que um filme que reúne todo o Rat Pack consegue não ter música e o pior, ser tão sem graça? O problema de "Três Sargentos" é justamente esse: a fita se leva à sério demais! Um filme que reúna Sinatra, Martin e Davis, Jr não poderia nunca ser tão convencional como esse. O filme não tem nenhuma canção, nada! Para piorar o humor é deixado de lado. Apenas uma cena investe nesse aspecto, a cena inicial com os 3 sargentos dentro do bar. Após uma briga ao estilo pastelão o espectador é levado a pensar que o roteiro vai seguir essa linha mas que nada! - inexplicavelmente muda de tom e assume uma postura séria, baseada em longos tiroteios e batalhas com os índios das montanhas.

Sinatra apenas passeia no filme. Aliás seu personagem nem sempre aparece nas cenas mais importantes. Melhores são as participações de Dean Martin e Sammy Davis Jr, que em dupla proporcionam bons momentos. De resto pouca coisa convence. A cena final é praticamente toda passada dentro de uma caverna nitidamente recriada em estúdio. O filme não é mal feito mas a cenografia soa fake demais. O diretor John Sturges foi contratado pessoalmente por Sinatra após o sucesso de "Sete Homens e Um Destino" mas o deixou em rédeas curtas. Com o projeto sob controle Frank colocou toda a trupe no elenco (inclusive Peter Lawford, cunhado do presidente John Kennedy e péssimo ator) em um western que não deu muito certo. Seria bem melhor se fosse assumidamente cômico, com muitas canções. Não adianta muito ter grandes cantores em cena se não os utilizarem não é mesmo?

Três Sargentos (Sergeants 3, EUA, 1962) / Direção de John Sturges / Rotero: W.R. Burnett / Com Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Peter Lawford e Joey Bishop / Sinopse: Sargentos de um forte do exército americano localizado no deserto entram em conflito com uma tribo de índios com uma estranha religião que prega o fanatismo e a guerra contra o homem branco.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 12 de maio de 2006

Dois Contra o Oeste

Título no Brasil: Dois Contra o Oeste
Título Original: Texas Across the River
Ano de Produção: 1966
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Michael Gordon
Roteiro: Wells Root, Harold Greene
Elenco: Dean Martin, Alain Delon, Rosemary Forsyth, Joey Bishop, Tina Aumont, Peter Graves

Sinopse: 
Don Andrea Baltazar (Alain Delon) é um nobre espanhol que vai até os Estados Unidos para desposar a bela e rica Phoebe Ann (Rosemary Forsyth) da aristocracia sulista, mas no dia do casamento uma grande confusão é armada, um soldado americano cai de um terraço e Baltazar é acusado de assassinato. Sem alternativas, resolve fugir para o oeste em direção ao Texas onde conhece Sam Hollis (Dean Martin); Juntos eles rumam para desbravar as terras do território que, em breve, iria se tornar o mais novo estado a integrar os Estados Unidos.

Comentários:
É incrível que o mesmo diretor de "Confidências à Meia-Noite", uma das melhores comédias dos anos 50, tenha errado tão feio como nesse equivocado "Texas Across the River". O que era sofisticado, de fino humor, acaba virando um pastelão dos mais sem graça nessa tentativa de fazer rir no velho oeste. Nem o elenco formado por atores bacanas como Dean Martin e Alain Delon salva a fita de ser um desastre completo. Poucas vezes vi um tipo de humor tão grosseiro, numa sucessão de cenas que tentam ser engraçadas mas que nunca conseguem atingir seu objetivo. Até os comanches do filme são trapalhões, saindo dando cabeçadas por aí. Por falar nos Trapalhões a comparação, infelizmente, é válida. Imagine o mais sem graça filme dos Trapalhões. Pois bem, saiba que esse "Dois Contra o Oeste" consegue ser pior do que isso. Um filme quando é ruim não tem jeito. Até Dean Martin, que tinha ótimo feeling para comédias, está perdido e sem graça. Suas cenas são constrangedoras sob qualquer ponto de vista. Pior ainda se sai Alain Delon que odiou a experiência de ir para Hollywood para fazer algo tão estúpido. Era melhor ter ficado na Europa, fazendo filmes cults certamente. Em suma, essa tentativa de mesclar comédia com faroeste é simplesmente desastrosa. Um abacaxi  sem tamanho. Ignore.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 18 de abril de 2006

Cine Western - Os Filhos de Katie Elder


Cine Western - Os Filhos de Katie Elder
Fotos promocionais do clássico do faroeste "Os Filhos de Katie Elder", cujoa elenco contava com John Wayne e Dean Martin. A primeira vez que assisti a esse filme foi na saudosa Sessão da Tarde, ainda nos anos 80.

Pablo Aluísio. 

domingo, 19 de março de 2006

O Preço de um Covarde

Dee Bishop (Dean Martin) é o líder de um bando de assaltantes de bancos no velho oeste. Após uma tentativa frustrada de assalto, todos são presos pelo xerife July Johnson (George Kennedy). Julgados e condenados à forca, não parece mais haver esperanças para os criminosos até o dia em que chega na cidade o carrasco que vai executar o enforcamento. Homem educado, de gestos gentis, ele logo ganha a simpatia de todos. O único problema é que ele na realidade não é quem afirma ser. Na verdade se trata de Mace Bishop (James Stewart) que tentará de todas as formas evitar que seu querido irmão seja enforcado na cidade.

Excelente western com um elenco maravilhoso, além de James Stewart e Dean Martin, a ótima produção conta com as presenças da linda Raquel Welch (no auge de sua beleza) e Andrew Prine. A primeira coisa que chama a atenção é o próprio personagem de James Stewart. Ele é um ladrão, tal como seu irmão, assalta bancos e mente o tempo todo, mas mesmo assim não deixa de ser charmoso e fascinante para os moradores da região. James Stewart geralmente interpretava papéis de homens virtuosos, íntegros, éticos e esse Mace Bishop é uma exceção nessa linha. Aqui ele é um vilão disfarçado. Um sujeito que se faz de homem honesto para esconder seus objetivos nefastos. Sua atuação é mais uma vez muito digna e marcante. Sem dúvida, um de seus mais interessantes personagens no cinema.

Ao seu lado no elenco, o cantor Dean Martin mais uma vez não compromete. É curioso porque muitos decretaram o final de sua carreira no cinema após se separar de Jerry Lewis. Ledo engano. Martin conseguiu superar essa separação e ao longo dos anos construiu uma sólida filmografia própria, solo, com alguns filmes realmente maravilhosos. Aqui ele interpreta o irmão caçula Bishop. No fundo tudo o que deseja é escapar das garras da lei para ter um novo recomeço em algum lugar onde possa finalmente ter paz e tranqüilidade. Martin surpreende mesmo com sua boa atuação. E pensar que ele foi por anos após uma "escada" para Jerry Lewis em seus filmes de comédia.

O termo “bandolero”, do título original, se refere a um vasto território hostil localizado além do Rio Grande, marco geográfico que separa o México dos EUA, que era nos tempos do velho oeste uma terra de ninguém, dominado por saqueadores e ladrões mexicanos. Não havia lei naquela região. É justamente nesse local onde se passará os eventos mais dramáticos de todo o filme. Em conclusão “O Preço de um Covarde” é mais um momento marcante na rica carreira do saudoso James Stewart, um ator diferenciado que aqui surge em cena em um papel incomum. Simplesmente imperdível. 

O Preço de um Covarde (Bandolero!, Estados Unidos, 1968) Direção: Andrew V. McLaglen / Roteiro: James Lee Barrett, Stanley Hough / Elenco: James Stewart, Dean Martin, Raquel Welch, George Kennedy, Andrew Prine / Sinopse: Dois irmãos tentam fugir das garras da lei na fronteira entre EUA e México. Após atravessarem o Rio Grande são incansavelmente perseguidos pelo zerife Johnson. O problema é que o vasto território é um covil de ladrões e assassinos mexicanos. Quem conseguirá sobreviver a esse lugar tão hostil?

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 15 de março de 2006

Os Três Sargentos

O cantor Frank Sinatra reuniu sua turma de amigos, contratou o diretor John Sturges e rodou esse faroeste em 1962. O resultado não ficou tão bom. O roteiro apresentou problemas, não se posicionou entre ser uma comédia ou um filme sério de western. Na indecisão o espectador acabou perdendo parte de seu interesse. Outra coisa que faz falta é a ausência de uma trilha sonora. Afinal ter dois dos maiores cantores da história em um filme e não explorar esse talento soa absurdo. Frank Sinatra e Dean martin estão lá, mas não cantam. Apenas tentam fazer cenas divertidas. Não deu muito certo. O filme começa como comédia pastelão. Os três protagonistas estão em um bar. Após uma briga ao estilo dos antigos filmes do trio "Os Três Patetas", o espectador é levado a pensar que o roteiro vai seguir essa linha, mas não é bem isso que acontece depois. Inexplicavelmente o tom do filme muda e assume uma postura séria, baseada em longos tiroteios e batalhas com os índios das montanhas. Frank Sinatra não se esforça e nem parece muito interessado no filme. Na verdade ele apenas passeia entre as cenas. Aliás seu personagem nem sempre aparece nas cenas mais importantes. Melhores são as participações de Dean Martin e Sammy Davis Jr, que em dupla proporcionam bons momentos.

De resto pouca coisa convence. A cena final é praticamente toda passada dentro de uma caverna nitidamente recriada em estúdio. O filme como um todo não é mal feito, mas o cenário, nessa cena em particular, não parece nada realista. O diretor John Sturges foi contratado pessoalmente por Sinatra após o sucesso de "Sete Homens e Um Destino", mas o deixou em rédeas curtas. E isso atrapalhou o filme. Sinatra nem sempre tinha as melhores ideias, mas sem um diretor com autoridade, elas acabaram entrando no filme. Então é isso. Um faroeste que muito provavelmente não exisitiria sem Frank Sinatra, mas que acabou sendo prejudicado justamente por ele.

Os Três Sargentos (Sergeants 3, Estados Unidos, 1962) Direção: John Sturges / Rotero: W.R. Burnett / Elenco: Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Peter Lawford e Joey Bishop / Sinopse: Três sargentos de um forte do exército americano localizado no deserto, entram em conflito com uma tribo de índios com uma estranha religião que prega o fanatismo e a guerra total contra o homem branco.

Pablo Aluísio.

domingo, 12 de março de 2006

O Rei do Laço

Comédia com dupla Jerry Lewis e Dean Martin, só que dessa vez passada no velho oeste. Como na década de 1950 o western estava na moda, com centenas de filmes sendo produzidos todos os anos, era mesmo de se esperar que mais cedo ou mais tarde fosse criada uma sátira em torno dos clichês do gênero. Esse “O Rei do Laço” não é tão mordaz com o faroeste como era de se supor. Ao invés disso prefere brincar com o estilo de forma muito mais pueril, diria até mesmo inocente. Na história Jerry Lewis faz um filhinho de mamãe que sonha um dia ir para o velho oeste tal como seu pai, morto há muitos anos, defendendo suas terras contra bandidos mascarados. O problema é que sua mãe não quer que ele tome contato com a região e por isso o proíbe de ir. Para piorar ainda mais, quer que ele se case com uma moça escolhida por ela – sem direito a reclamação! Disposto a ir para o Oeste Selvagem, Jerry se alia então a Dean Martin e juntos vão para a antiga fazenda onde seu pai viveu. Atrapalhado e cheio de maneirismos, ele acaba caindo nas graças do povo da cidade que acaba o elegendo, imaginem só, o xerife da região!

“O Rei do Laço” foi o penúltimo filme da dupla Martin / Lewis. Na Na época das filmagens dessa produção já havia muita tensão entre a dupla que tanto sucesso havia feito no cinema com seus filmes anteriores. Dean Martin sentia-se muito subestimado dentro dos scripts dos filmes que fazia ao lado de Lewis. No fundo os personagens que interpretava não passavam de mera escada para Jerry desfilar seu repertório de palhaçadas. Entre uma cena e outra ele cantava alguma canção. O curioso é que Dean Martin era um sujeito tranquilo e cool, mas que infelizmente sucumbiu às opiniões (equivocadas ao meu ver) de sua esposa na época. Ela colocou na cabeça de Martin que ele não estava tendo o destaque merecido! Uma bobagem. De fato Dean Martin não tinha do que reclamar. Sempre havia espaço para sua música nos filmes e ele sem muito esforço se tornou um homem muito rico em sua parceria com Jerry Lewis (que o adorava e ficou muito deprimido após Martin romper com ele).

Um exemplo do que digo pode ser conferido aqui mesmo em “O Rei do Laço”. Dean Martin tem a oportunidade de cantar não um, nem duas músicas, mas cinco canções ao longo do filme!!! Acredito que mais espaço do que isso seria impossível. Infelizmente, apesar de ser um dos melhores cantores dos Estados Unidos, aqui Dean Martin não contava com bom material, pois as músicas não eram tão boas e nem marcantes – apelando mais para uma linha bem infantil e descartável. Na equipe técnica desse filme temos duas curiosidades interessantes: a presença na direção de Norman Taurog (que faria uma série de filmes ao lado de Elvis Presley) e a participação no roteiro do famoso escritor Sidney Sheldon (que só se consagraria mesmo anos depois). Enfim é isso. Uma pena que Jerry Lewis e Dean Martin tenham rompido tão cedo pois seus filmes, apesar de não serem obras primas do cinema, divertiam bastante o público em geral (pra falar a verdade ainda hoje divertem).

O Rei do Laço (Pardners, Estados Unidos, 1956) Direção: Norman Taurog / Roteiro: Sidney Sheldon, Jerry Davis / Elenco: Dean Martin, Jerry Lewis, Lori Nelson / Sinopse: Filhinho de mamãe (Lewis) resolve ir para o Oeste Selvagem em busca de emoções. Lá se torna xerife de uma cidadezinha aterrorizada por um grupo de bandidos mascarados.

Pablo Aluísio.