Bobby Darin foi diferente em quase tudo. De origem muito humilde logo na infância recebeu um terrível diagnóstico de problema cardíaco que iria mudar praticamente toda a sua vida. O médico avisou que ele tinha uma rara e grave condição em seu coração e que por isso não teria muitos anos de vida pela frente. Sem nada a perder Darin largou os estudos e procurou se dedicar à sua grande paixão: a música! Fã confesso de Frank Sinatra, Bobby procurou seguir os passos de seu ídolo. Em uma época em que o Rock batia as portas do sucesso Bobby resolveu trilhar um caminho diferente, se apegando ao estilo de Sinatra e cia. Aprendeu a tocar vários instrumentos e em 1956 conseguiu assinar com a gravadora Decca. Embora a assinatura de seu primeiro contrato tenha sido um momento de grande felicidade pessoal para ele o fato é que sua passagem por lá foi decepcionante. Ele não conseguiu abrir seu espaço e ficou praticamente na mesma, sem qualquer esforço da empresa em divulgar seu trabalho.
Assim abandonou a Decca e partiu para outros desafios. Em pouco tempo conseguiu ser aceito na Atlantic Records. Aqui ele finalmente conseguiria seu primeiro êxito comercial. Deixando o estilo de Sinatra de lado, Bobby resolveu imitar a vocalização de Elvis na gravação de "Splish Splash". Era uma canção chiclete, feita para os jovens transviados que andavam de moto e tinham o cabelo cheio de brilhantina. A música caiu no gosto da juventude roqueira e assim Bobby Darin finalmente conseguiu atingir a estupenda marca de um milhão de cópias vendidas desse single - um sucesso que surpreenderia até mesmo ele! De fato, a canção fez tanto sucesso que ganhou até uma famosa regravação brasileira na voz de Roberto Carlos (em pleno auge da Jovem Guarda). Com os números de "Splish Splash" finalmente Bobby começou a dirigir sua carreira no rumo que queria. Em 1959 gravou "Dream Lover" uma balada romântica juvenil que também despontou nas paradas de sucesso. "Mack The Knife", seria a próxima. Essa já era no estilo de Sinatra, e apesar disso também logo se tornou campeão de vendas . Estampado nas principais revistas, se apresentando nos melhores programas de TV, logo Bobby foi premiado pelo Grammy como artista revelação em 1960. Para quem havia começado por baixo Bobby estava no topo de seu sucesso como cantor. Mas o melhor estava por vir. Nesse mesmo ano ele gravou aquele que seria seu maior hit, a música que o definiria para sempre: "Beyond The Sea", uma versão americana para uma canção francesa de linda melodia. A canção explodiu em vendas.
Com tantos sucessos Bobby acabou seguindo os passos de Elvis e Sinatra e logo estava no cinema tentando emplacar na carreira de ator. Participou de alguns sucessos de bilheteria inclusive "Quando Setembro Vier" onde acabou conhecendo a atriz Sandra Dee. Se casaram rapidamente (ele tinha pressa em tudo pois sabia que havia uma contagem regressiva contra ele) mas o casamento infelizmente não foi feliz. Bobby Darin era infiel e começou a beber em excesso na mesma proporção que sua carreira musical ia lentamente se apagando. Sua esposa Sandra Dee também tinha problemas com alcoolismo, aliada a traumas de infância que tornavam a convivência diária muito complicada. Se a vida pessoal não ia bem na profissional as coisas começavam a sair dos trilhos. Seus singles não conseguiam mais alcançar boas vendas, derrapando nas paradas. Desiludido brigou com a gravadora e tentou se lançar como artista independente. Não deu muito certo. Em meio a brigas com a esposa e com as gravadoras ainda fez uma tentativa de levantar uma carreira política ao lado de Bobby Kennedy. A iniciativa foi por água abaixo com o assassinato desse numa convenção em 1968. Com fracassos comerciais, sem conseguir encontrar um lugar para gravar seus discos, Bobby foi ficando cada vez mais encurralado. Em 1973 ele já aparentava ser um velho mas só tinha 37 anos. Tentou um revival com shows mas os resultados foram decepcionantes. Após ter uma infecção hospitalar seu coração enfraqueceu. Sua situação de saúde se agravou e em dezembro desse mesmo ano morreu, após uma vida intensa onde ele procurou aproveitar ao máximo o tempo que lhe restara.
Apesar da carreira efêmera, Bobby e suas canções hoje passam por um revisionismo. Muitos críticos tem despertado para seu grande talento vocal. Bobby passeava bem tanto no estilo da velha escola (Sinatra, Dean Martin) como pelo Rock´n´Roll que nascia naquele momento (Elvis, Pat Boone, etc). Era um artista versátil. Sua obra musical renasceu recentemente, CDs com o melhor de seu repertório estão sendo lançados, com todo o material restaurado usando dos recursos da tecnologia atual. Até mesmo sua vida pessoal gerou frutos recentes. Sua biografia acabou virando um belo filme com Kevin Spacey no papel principal, chamado "Uma Vida Sem limites" (Beyond The Sea). Na época em que surgiu para o sucesso muitos disseram que Bobby era um cantor descartável, que em poucos anos seria completamente esquecido. Os anos porém demonstraram o contrário..
Pablo Aluísio.
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sábado, 11 de agosto de 2012
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Cantores do Passado: Dean Martin
Muita gente só conhece Dean Martin de seus filmes ao lado do comediante Jerry Lewis. Certo, esse foi um dos aspectos mais populares da carreira de Dino mas é apenas parte de um todo bem mais especial. O fato é que Dean Martin foi um maravilhoso cantor que gravou canções eternas - que até hoje tocam e são reverenciadas. Martin fez parte de um seleto grupo de intérpretes que marcou época na música americana. Se apresentando ao lado de Frank Sinatra e do Rat Pack (formado ainda por Sammy Davis Jr) o cantor ator fez muito sucesso em Las Vegas sempre se apresentando em temporadas de enorme sucesso. Ele tinha um timbre vocal poderoso mas agradável (algo que sempre me lembrou de Elvis Presley). Ambos eram barítonos talentosos e se destacaram não apenas por suas gravações mas também pela persona que desfilavam fora dos estúdios.
Dean Martin é o que se chamava de um bon vivant nos anos 50 e 60. Amigo do barman nunca largava seu copo de whisky e tinha uma postura relaxada e descontraída que lhe valeu inclusive o carinhoso título de "Mr Cool". Era aquele tipo de pessoa que parecia conquistar seus objetivos sem maior esforço pessoal, tudo na base do "ok, isso pode ser interessante, vamos ver se dá certo". Teve uma carreira vitoriosa não apenas no mundo do disco mas no cinema também. Mesmo após romper sua parceria com Jerry Lewis seguiu em frente estrelando boas produções, seja ao lado do Rat Pack, seja em carreira solo (onde fez ótimos westerns). Musicalmente conseguiu grandes feitos mesmo depois que seu estilo musical ficou rotulado de "careta" pela geração da contra cultura dos anos 60. Um exemplo de sua força foi o maior hit de sua carreira: Em pleno auge da Beatlemania ele conseguiu um feito e tanto tirando os Beatles do primeiro lugar das paradas para ocupar a mesma posição com sua imortal "Everybody Loves Somebody". E depois ainda tirou onda enviando um telegrama para Elvis perguntando ao Rei do Rock: "Viu como se faz?"
Dean Martin sempre foi citado como um amigo de todos do show business. Também era extremamente solidário aos amigos mais próximos. Quando John Kennedy venceu as eleições presidenciais (inclusive com sua ajuda, cantando de graça no palanque de JFK) ele se decepcionou com a atitude de recém eleito presidente que não convidou seu amigo negro, Sammy Davis Jr, para a posse. (Davis era casado com uma branca e por isso Kennedy temia a reação dos sulistas racistas na festa). Em solidariedade ao amigo barrado resolveu também não ir, em protesto. Atitudes como essa demonstravam bem seu caráter pessoal. Seguiu em frente, inclusive com um programa de tv próprio onde quase nunca aparecia para ensaiar (que ele obviamente achava uma perda de tempo!), o que é fácil de entender pois afinal ele era a própria personificação do jeito cool de ser.
Mas como a vida nem sempre é uma festa eterna os anos finais de Mr Cool foram difíceis. Seu adorado filho, que venerava, morreu em um trágico acidente. A tragédia atingiu em cheio o artista que entrou em um processo irreversível de depressão e angústia. Em seus anos finais foi ficando cada vez mais isolado e distante dos amigos. O casamento também acabou depois de longos anos. Martin abandonou a carreira musical e de ator e preferiu uma vida longe dos holofotes. Em seus últimos momentos se limitava a ir em sua cantina preferida comer o mesmo jantar noite após noite. Também não abriu mão do fumo e da bebida que acabaram o levando à morte em 1995. Não importa, o mais precioso em Dean Martin foi preservado: sua ótima voz interpretando lindos standarts da música norte-americana. Isso bastou para o Mr Cool entrar na história.
Discografia Comentada:
Dean Martin - Dream with Dean: The Intimate Dean Martin
Dean Martin tinha uma voz maravilhosa. Aqui o cantor resolveu apostar em algo bem intimista. Ele gravou o álbum com apenas quatro músicos ao seu lado, Ken Lane ao piano, Irv Cottler na bateria, Red Mitchell no baixo e Barney Kessel na guitarra (Kessel chegou a trabalhar com outros grandes nomes como Elvis Presley na década de 1960). Nada de orquestras e nada de arranjos mais sofisticados como era praxe em seus discos anteriores, já que Martin sempre seguiu os passos de Sinatra nesse aspecto. A ideia era mesmo mudar um pouco, produzindo algo bem intimista (o que fica bem claro na própria capa do álbum, com Martin ao lado da lareira com um cigarro em mãos, fazendo todo o charme possível, bem de acordo com sua imagem de Mr. Cool). Para produzir o disco na Capitol, Martin trouxe o produtor Jimmy Bowen, praticamente uma lenda do meio musical americano, tendo trabalhado com dezenas de cantores ao longo da carreira, entre eles o próprio Frank Sinatra, além de produzir grandes sucessos para Sammy Davis, Jr., Kenny Rogers, Hank Williams, Jr., The Oak Ridge Boys, Reba McEntire e George Strait. Era tão competente que Frank Sinatra o escalou para produzir os primeiros discos de sua filha, Nancy.
Esse álbum traz aquele que talvez seja o maior sucesso de toda a carreira de Dean Martin, a faixa "Everybody Loves Somebody". A história dessa canção é bem interessante pois quebrou a supremacia que os Beatles tinham nas paradas de sucesso da época. Foi uma das poucas canções americanas a tirarem do número 1 da Billboard gravações do grupo inglês que naquela época vivia a febre da Beatlemania. Reza a lenda que o próprio Dean Martin teria ligado para Elvis e dito em tom de piada que aquele era o jeito certo de enfrentar a invasão britânica nas rádios e paradas de sucesso. Tirando esses aspectos comerciais de lado, o que podemos dizer é que esse é certamente um disco maravilhoso, sob qualquer ângulo que se analise. A sonoridade em geral é de uma beleza ímpar, muito suave e delicada. O que sempre se sobressai é a excelente vocalização de Martin, com intervenções sutis da guitarra de Kessel, acompanhada da melodia do piano de Ken Lane, tudo intercalado por um baixo quase inaudível do talentoso Mitchell (que vinha do jazz). Nos Estados Unidos o álbum ganhou uma recente edição de luxo, simplesmente excepcional.
Dean Martin - Dream with Dean: The Intimate Dean Martin
1. I'm Confessin' (That I Love You) 2. Fools Rush In 3. I'll Buy That Dream 4. If You Were The Only Girl 5. Blue Moon 6. Everybody Love Somebody 7. I Don't Know Why (I Just Do) 8. "Gimmie" A Little Kiss 9. Hands Across The Table 10. Smile 11. My Melancholy Baby 12. Baby Won't You Please Come Home.
Dean Martin - Memories Are Made Of This
Em plena explosão do rock americano em meados dos anos 50, eis que surge nas paradas um grande sucesso romântico cantado por Dean Martin. A bonita e singela "Memories Are Made Of This" acabou derrubando vários roqueiros das primeiras posições, chegando ao número 1, ficando por lá por cinco semanas! Um feito e tanto! Dean Martin conseguiu inúmeras vezes essa proeza. É bem lembrado que foi ele também quem derrubou os Beatles do Top 1 em 1964 com sua "Everybody Loves Somebody", o que fez com que tirasse uma enorme onda com esse feito! Em pleno auge da Beatlemania lá estava o velho e bom Dean Martin ocupando seu espaço. Pois é, Dean Martin era realmente bom de vendas no mercado de singles.
Essa canção tem um swing bem peculiar, poderia inclusive ter feito parte de qualquer disco de Frank Sinatra. Aliás falando em comparações é interessante dizer que Martin não tinha uma voz mais bonita do que a de Sinatra, porém era bem mais forte e impressionante. Frank Sinatra em termos de voz ganhava em beleza, ao que Dean Martin o superava em potência e poderio vocal. Um detalhe sobre essa canção que poucos sabem é que a primeira versão a sair em disco nos Estados Unidos foi gravada pela orquestra de Ray Conniff. Essa primeira gravação tem uma suntuosidade que Martin dispensou em sua versão, já que ele procurava criar um clima de intimidade, romantismo. Já o maestro Ray procurava pela explosão sonora. Outro fato interessante para os fãs do cantor: com o sucesso do single a gravadora Capitol lançou um EP com mais duas faixas, que também venderam muito bem. Então é isso. Entre os grandes sucessos musicais da parada da Billboard de 1956 lá estava o romântico Dean Martin se sobressaindo entre um oceano de roqueiros rebeldes. O romantismo sempre se faz presente, não importando o momento.
Dean Martin - Memories Are Made Of This (1956)
Memories Are Made Of This / Change of Heart / I Like Them All (EP) / Ridin Into Love (EP).
Dean Martin - Collected Cool
Está sendo lançado nos EUA e Europa um box maravilhoso com 3 CDs e 1 DVD enfocando os melhores anos da carreira de Dean Martin. Uma verdadeira preciosidade. Tudo de extremo bom gosto acompanhado de um maravilhoso livreto informativo com muitas fotos fantásticas e informações preciosas. Para quem é fã do Dino é realmente um dos melhores lançamentos atuais sobre o artista. Quem acompanha meus textos sabe que eu sempre prezo pela discografia oficial lançada ainda quando o cantor estava vivo. Nesse aspecto tudo me atrai, o vinil original, as capas com direções de arte que refletem as tendências artísticas que estavam na moda no ano em que o disco foi lançado e todo aquele sabor nostálgico que geralmente acompanha esse tipo de material. Infelizmente nem todos os grandes cantores do passado tem sua discografia original relançada em novos formatos, o que dificulta muito chegar nos produtos originais. É o caso de Dean Martin cujo legado ficou esquecido durante muito tempo.
Por isso vou aqui elogiar esse box. É obviamente uma coletânea de seus maiores sucessos mas também traz material inédito, o que por si só já é motivo para comemorar. Praticamente todas as faixas foram remasterizadas digitalmente, procurando trazer as gravações para um padrão de qualidade aceitável na atualidade. O trabalho ficou magnífico – basta comparar até mesmo com os últimos CDs lançados de Martin no mercado há cinco ou dois anos. A diferença é realmente marcante. A lamentar apenas a exclusão de muitas gravações excelentes de Martin na fase em que trabalhou na gravadora de seu amigo Frank Sinatra, a Reprise Records. Ao que parece (nada é confirmado oficialmente) há uma disputa judicial sobre os direitos dessas músicas. De qualquer maneira momentos como “Everybody Loves Somebody” acompanhada de um lindo arranjo de quarteto de cordas faz tudo valer a pena. A gravação é deslumbrante! O terceiro CD traz várias gravações ao vivo de Dean Martin em Lake Tahoe e o DVD traz a histórica apresentação de Dean Martin em Londres no mitológico The Apollo Victoria Theatre. Em suma, um trabalho de resgate com muito bom gosto e elegância. Coisa fina.
Dean Martin Collected Cool (2013)
CD 1 - Dean's Spoken Word Introductions / My Own, My Only, My All / Powder Your / Face With Sunshine (Smile! Smile! Smile!) / I Don't Care If The Sun Don't Shine / That's Amore / If I Could Sing Like Bing / Sway / Long, Long Ago / Memories Are Made Of This / Pardners / Volare / Rio Bravo / On An Evening In Roma / Sleep Warm / Ain't That A Kick In The Head / Just In Time / Arrivederci Roma / Return To Me / A Hundred Years From Today / CD 2 - Tik-A-Tee, Tik-A-Tay / Senza Fine / Who's Got The Action? / Guys And Dolls / Marina / Everybody Loves Somebody / The Door Is Still Open (To My Heart) / You're Nobody 'Til Somebody Loves You / In The Misty Moonlight / Sophia / Send Me The Pillow You Dream On / In The Chapel In The Moonlight / Welcome To My World / Houston / I Will / Somewhere There's A Someone / My First Country Song / LA Is My Home / CD 3 - Drink To Me Only With Thine Eyes / Almost Like Being In Love / I Love Tahoe (Paris) / My Kind Of Girl / Break It To Me Gently / Rock-A-Bye Your Baby With A Dixie Melody / Primrose Lane / You Are Too Beautiful / Carolina In The Morning / Love Walked In/ I Love Being A Girl / Beautiful Dreamer / You Made Me Love You / It Had To Be You / Nevertheless / I'm Gonna Sit Right Down And Write Myself A Letter / Volare / On An Evening In Roma / I Love Paris.
Dean Martin Sings Songs from "The Silencers"
Trilha sonora do filme "O Agente Secreto Matt Helm". Pois é, assim como Elvis Presley, o Dean Martin achou por bem encher alguns de seus filmes com um vasto repertório, para depois lançar como LP (o velho álbum de vinil) no mercado. O resultado? Uma porção de músicas bem fracas no meu ponto de vista. Veja, esse é um caso clássico de grande cantor em material de segunda linha. Nenhuma das músicas do filme (pessimamente apresentadas entre as cenas) soa marcante ou memorável.
Algumas são meros trechos engraçadinhos como "Empty Saddles in the Old Corral" em que Dean Martin aproveitava para dar uns amassos numa garota vestida de cowgirl no filme. Ok, sua maravilhosa voz estava lá, só que faltava letra nas músicas, além de serem completamente descartáveis. Grande parte desse repertório fraco foi composto por Billy Hill que recebia do estúdio de cinema a cena que deveria ser musicada. Assim ele ia fazendo as músicas, sem muito capricho. Apenas a música tema, "The Silencers" (composta pelo maestro Elmer Bernstein), merece maior atenção. Mesmo assim ele quase não escapa do resultado bem medíocre do resto do disco. É meio decepcionante bem no meio de uma até boa canção você ouvir o Dean Martin cantando sobre o "Big O", o vilão caricato do filme. Quando isso acontece vem aquela sensação de tempo perdido que destrói qualquer disco que você comprou. Enfim, esse disco foi mesmo uma "bola fora" do grande Dean Martin em sua rica discografia.
Dean Martin Sings Songs from "The Silencers" (1966)
The Glory of Love / Empty Saddles in the Old Corral / Lovey Kravezit / The Last Round-Up / Anniversary Song / Side by Side / South of the Border / Red Sails in the Sunset / Lord, You Made the Night Too Long / If You Knew Susie (Like I Know Susie) / On the Sunny Side of the Street / The Silencers,
Pablo Aluísio.
Dean Martin é o que se chamava de um bon vivant nos anos 50 e 60. Amigo do barman nunca largava seu copo de whisky e tinha uma postura relaxada e descontraída que lhe valeu inclusive o carinhoso título de "Mr Cool". Era aquele tipo de pessoa que parecia conquistar seus objetivos sem maior esforço pessoal, tudo na base do "ok, isso pode ser interessante, vamos ver se dá certo". Teve uma carreira vitoriosa não apenas no mundo do disco mas no cinema também. Mesmo após romper sua parceria com Jerry Lewis seguiu em frente estrelando boas produções, seja ao lado do Rat Pack, seja em carreira solo (onde fez ótimos westerns). Musicalmente conseguiu grandes feitos mesmo depois que seu estilo musical ficou rotulado de "careta" pela geração da contra cultura dos anos 60. Um exemplo de sua força foi o maior hit de sua carreira: Em pleno auge da Beatlemania ele conseguiu um feito e tanto tirando os Beatles do primeiro lugar das paradas para ocupar a mesma posição com sua imortal "Everybody Loves Somebody". E depois ainda tirou onda enviando um telegrama para Elvis perguntando ao Rei do Rock: "Viu como se faz?"
Dean Martin sempre foi citado como um amigo de todos do show business. Também era extremamente solidário aos amigos mais próximos. Quando John Kennedy venceu as eleições presidenciais (inclusive com sua ajuda, cantando de graça no palanque de JFK) ele se decepcionou com a atitude de recém eleito presidente que não convidou seu amigo negro, Sammy Davis Jr, para a posse. (Davis era casado com uma branca e por isso Kennedy temia a reação dos sulistas racistas na festa). Em solidariedade ao amigo barrado resolveu também não ir, em protesto. Atitudes como essa demonstravam bem seu caráter pessoal. Seguiu em frente, inclusive com um programa de tv próprio onde quase nunca aparecia para ensaiar (que ele obviamente achava uma perda de tempo!), o que é fácil de entender pois afinal ele era a própria personificação do jeito cool de ser.
Mas como a vida nem sempre é uma festa eterna os anos finais de Mr Cool foram difíceis. Seu adorado filho, que venerava, morreu em um trágico acidente. A tragédia atingiu em cheio o artista que entrou em um processo irreversível de depressão e angústia. Em seus anos finais foi ficando cada vez mais isolado e distante dos amigos. O casamento também acabou depois de longos anos. Martin abandonou a carreira musical e de ator e preferiu uma vida longe dos holofotes. Em seus últimos momentos se limitava a ir em sua cantina preferida comer o mesmo jantar noite após noite. Também não abriu mão do fumo e da bebida que acabaram o levando à morte em 1995. Não importa, o mais precioso em Dean Martin foi preservado: sua ótima voz interpretando lindos standarts da música norte-americana. Isso bastou para o Mr Cool entrar na história.
Discografia Comentada:
Dean Martin - Dream with Dean: The Intimate Dean Martin
Dean Martin tinha uma voz maravilhosa. Aqui o cantor resolveu apostar em algo bem intimista. Ele gravou o álbum com apenas quatro músicos ao seu lado, Ken Lane ao piano, Irv Cottler na bateria, Red Mitchell no baixo e Barney Kessel na guitarra (Kessel chegou a trabalhar com outros grandes nomes como Elvis Presley na década de 1960). Nada de orquestras e nada de arranjos mais sofisticados como era praxe em seus discos anteriores, já que Martin sempre seguiu os passos de Sinatra nesse aspecto. A ideia era mesmo mudar um pouco, produzindo algo bem intimista (o que fica bem claro na própria capa do álbum, com Martin ao lado da lareira com um cigarro em mãos, fazendo todo o charme possível, bem de acordo com sua imagem de Mr. Cool). Para produzir o disco na Capitol, Martin trouxe o produtor Jimmy Bowen, praticamente uma lenda do meio musical americano, tendo trabalhado com dezenas de cantores ao longo da carreira, entre eles o próprio Frank Sinatra, além de produzir grandes sucessos para Sammy Davis, Jr., Kenny Rogers, Hank Williams, Jr., The Oak Ridge Boys, Reba McEntire e George Strait. Era tão competente que Frank Sinatra o escalou para produzir os primeiros discos de sua filha, Nancy.
Esse álbum traz aquele que talvez seja o maior sucesso de toda a carreira de Dean Martin, a faixa "Everybody Loves Somebody". A história dessa canção é bem interessante pois quebrou a supremacia que os Beatles tinham nas paradas de sucesso da época. Foi uma das poucas canções americanas a tirarem do número 1 da Billboard gravações do grupo inglês que naquela época vivia a febre da Beatlemania. Reza a lenda que o próprio Dean Martin teria ligado para Elvis e dito em tom de piada que aquele era o jeito certo de enfrentar a invasão britânica nas rádios e paradas de sucesso. Tirando esses aspectos comerciais de lado, o que podemos dizer é que esse é certamente um disco maravilhoso, sob qualquer ângulo que se analise. A sonoridade em geral é de uma beleza ímpar, muito suave e delicada. O que sempre se sobressai é a excelente vocalização de Martin, com intervenções sutis da guitarra de Kessel, acompanhada da melodia do piano de Ken Lane, tudo intercalado por um baixo quase inaudível do talentoso Mitchell (que vinha do jazz). Nos Estados Unidos o álbum ganhou uma recente edição de luxo, simplesmente excepcional.
Dean Martin - Dream with Dean: The Intimate Dean Martin
1. I'm Confessin' (That I Love You) 2. Fools Rush In 3. I'll Buy That Dream 4. If You Were The Only Girl 5. Blue Moon 6. Everybody Love Somebody 7. I Don't Know Why (I Just Do) 8. "Gimmie" A Little Kiss 9. Hands Across The Table 10. Smile 11. My Melancholy Baby 12. Baby Won't You Please Come Home.
Dean Martin - Memories Are Made Of This
Em plena explosão do rock americano em meados dos anos 50, eis que surge nas paradas um grande sucesso romântico cantado por Dean Martin. A bonita e singela "Memories Are Made Of This" acabou derrubando vários roqueiros das primeiras posições, chegando ao número 1, ficando por lá por cinco semanas! Um feito e tanto! Dean Martin conseguiu inúmeras vezes essa proeza. É bem lembrado que foi ele também quem derrubou os Beatles do Top 1 em 1964 com sua "Everybody Loves Somebody", o que fez com que tirasse uma enorme onda com esse feito! Em pleno auge da Beatlemania lá estava o velho e bom Dean Martin ocupando seu espaço. Pois é, Dean Martin era realmente bom de vendas no mercado de singles.
Essa canção tem um swing bem peculiar, poderia inclusive ter feito parte de qualquer disco de Frank Sinatra. Aliás falando em comparações é interessante dizer que Martin não tinha uma voz mais bonita do que a de Sinatra, porém era bem mais forte e impressionante. Frank Sinatra em termos de voz ganhava em beleza, ao que Dean Martin o superava em potência e poderio vocal. Um detalhe sobre essa canção que poucos sabem é que a primeira versão a sair em disco nos Estados Unidos foi gravada pela orquestra de Ray Conniff. Essa primeira gravação tem uma suntuosidade que Martin dispensou em sua versão, já que ele procurava criar um clima de intimidade, romantismo. Já o maestro Ray procurava pela explosão sonora. Outro fato interessante para os fãs do cantor: com o sucesso do single a gravadora Capitol lançou um EP com mais duas faixas, que também venderam muito bem. Então é isso. Entre os grandes sucessos musicais da parada da Billboard de 1956 lá estava o romântico Dean Martin se sobressaindo entre um oceano de roqueiros rebeldes. O romantismo sempre se faz presente, não importando o momento.
Dean Martin - Memories Are Made Of This (1956)
Memories Are Made Of This / Change of Heart / I Like Them All (EP) / Ridin Into Love (EP).
Dean Martin - Collected Cool
Está sendo lançado nos EUA e Europa um box maravilhoso com 3 CDs e 1 DVD enfocando os melhores anos da carreira de Dean Martin. Uma verdadeira preciosidade. Tudo de extremo bom gosto acompanhado de um maravilhoso livreto informativo com muitas fotos fantásticas e informações preciosas. Para quem é fã do Dino é realmente um dos melhores lançamentos atuais sobre o artista. Quem acompanha meus textos sabe que eu sempre prezo pela discografia oficial lançada ainda quando o cantor estava vivo. Nesse aspecto tudo me atrai, o vinil original, as capas com direções de arte que refletem as tendências artísticas que estavam na moda no ano em que o disco foi lançado e todo aquele sabor nostálgico que geralmente acompanha esse tipo de material. Infelizmente nem todos os grandes cantores do passado tem sua discografia original relançada em novos formatos, o que dificulta muito chegar nos produtos originais. É o caso de Dean Martin cujo legado ficou esquecido durante muito tempo.
Por isso vou aqui elogiar esse box. É obviamente uma coletânea de seus maiores sucessos mas também traz material inédito, o que por si só já é motivo para comemorar. Praticamente todas as faixas foram remasterizadas digitalmente, procurando trazer as gravações para um padrão de qualidade aceitável na atualidade. O trabalho ficou magnífico – basta comparar até mesmo com os últimos CDs lançados de Martin no mercado há cinco ou dois anos. A diferença é realmente marcante. A lamentar apenas a exclusão de muitas gravações excelentes de Martin na fase em que trabalhou na gravadora de seu amigo Frank Sinatra, a Reprise Records. Ao que parece (nada é confirmado oficialmente) há uma disputa judicial sobre os direitos dessas músicas. De qualquer maneira momentos como “Everybody Loves Somebody” acompanhada de um lindo arranjo de quarteto de cordas faz tudo valer a pena. A gravação é deslumbrante! O terceiro CD traz várias gravações ao vivo de Dean Martin em Lake Tahoe e o DVD traz a histórica apresentação de Dean Martin em Londres no mitológico The Apollo Victoria Theatre. Em suma, um trabalho de resgate com muito bom gosto e elegância. Coisa fina.
Dean Martin Collected Cool (2013)
CD 1 - Dean's Spoken Word Introductions / My Own, My Only, My All / Powder Your / Face With Sunshine (Smile! Smile! Smile!) / I Don't Care If The Sun Don't Shine / That's Amore / If I Could Sing Like Bing / Sway / Long, Long Ago / Memories Are Made Of This / Pardners / Volare / Rio Bravo / On An Evening In Roma / Sleep Warm / Ain't That A Kick In The Head / Just In Time / Arrivederci Roma / Return To Me / A Hundred Years From Today / CD 2 - Tik-A-Tee, Tik-A-Tay / Senza Fine / Who's Got The Action? / Guys And Dolls / Marina / Everybody Loves Somebody / The Door Is Still Open (To My Heart) / You're Nobody 'Til Somebody Loves You / In The Misty Moonlight / Sophia / Send Me The Pillow You Dream On / In The Chapel In The Moonlight / Welcome To My World / Houston / I Will / Somewhere There's A Someone / My First Country Song / LA Is My Home / CD 3 - Drink To Me Only With Thine Eyes / Almost Like Being In Love / I Love Tahoe (Paris) / My Kind Of Girl / Break It To Me Gently / Rock-A-Bye Your Baby With A Dixie Melody / Primrose Lane / You Are Too Beautiful / Carolina In The Morning / Love Walked In/ I Love Being A Girl / Beautiful Dreamer / You Made Me Love You / It Had To Be You / Nevertheless / I'm Gonna Sit Right Down And Write Myself A Letter / Volare / On An Evening In Roma / I Love Paris.
Dean Martin Sings Songs from "The Silencers"
Trilha sonora do filme "O Agente Secreto Matt Helm". Pois é, assim como Elvis Presley, o Dean Martin achou por bem encher alguns de seus filmes com um vasto repertório, para depois lançar como LP (o velho álbum de vinil) no mercado. O resultado? Uma porção de músicas bem fracas no meu ponto de vista. Veja, esse é um caso clássico de grande cantor em material de segunda linha. Nenhuma das músicas do filme (pessimamente apresentadas entre as cenas) soa marcante ou memorável.
Algumas são meros trechos engraçadinhos como "Empty Saddles in the Old Corral" em que Dean Martin aproveitava para dar uns amassos numa garota vestida de cowgirl no filme. Ok, sua maravilhosa voz estava lá, só que faltava letra nas músicas, além de serem completamente descartáveis. Grande parte desse repertório fraco foi composto por Billy Hill que recebia do estúdio de cinema a cena que deveria ser musicada. Assim ele ia fazendo as músicas, sem muito capricho. Apenas a música tema, "The Silencers" (composta pelo maestro Elmer Bernstein), merece maior atenção. Mesmo assim ele quase não escapa do resultado bem medíocre do resto do disco. É meio decepcionante bem no meio de uma até boa canção você ouvir o Dean Martin cantando sobre o "Big O", o vilão caricato do filme. Quando isso acontece vem aquela sensação de tempo perdido que destrói qualquer disco que você comprou. Enfim, esse disco foi mesmo uma "bola fora" do grande Dean Martin em sua rica discografia.
Dean Martin Sings Songs from "The Silencers" (1966)
The Glory of Love / Empty Saddles in the Old Corral / Lovey Kravezit / The Last Round-Up / Anniversary Song / Side by Side / South of the Border / Red Sails in the Sunset / Lord, You Made the Night Too Long / If You Knew Susie (Like I Know Susie) / On the Sunny Side of the Street / The Silencers,
Pablo Aluísio.
Cantores do Passado: Buddy Holly
O tempo é cruel. Atualmente com excessão dos mais instruídos sobre a história do Rock poucos jovens sabem quem foi Buddy Holly (embora certamente reconheçam algumas de suas canções ao ouvirem elas em algum filme por aí. Pioneiro da primeira geração do Rock´n´Roll, Buddy morreu muito jovem em um acidente de avião bimotor que custou também as vidas de dois outros roqueiros famosos da época: Ritchie Valens (de La Bamba) e Big Bopper. Deles não restam dúvidas que Buddy era o mais promissor. Letrista, compositor e arranjador esse texano de Lubbock era extremamente talentoso nos temas juvenis que fizeram parte de toda sua obra musical. Sua música era tão boa que superou até mesmo seu visual improvável, pouco adequado para o marketing das gravadoras. Com óculos de aros grossos, cara de nerd e pouco gingado, Buddy Holly mais parecia um de seus fãs, jovens colegiais sofrendo os amores da primeira paixão. Talvez essa identidade de aparência e conteúdo tenha sido um dos ingredientes que fizeram sua fama.
Ao lado do grupo The Crickets, Buddy nada mais era do um entre milhares de jovens americanos que queriam vencer no mundo da música. Com letras simples e arranjos idem, Holly nos poucos anos de carreira conseguiu a proeza de gravar algumas das canções mais populares dos anos 50. Suas letras não eram maliciosas como as de Chuck Berry e ele certamente não tinha a sensualidade de um Elvis Presley, mas isso não importava. Suas músicas geralmente mostravam um amor idealizado de um adolescente de bom coração que almejava um dia namorar a garota mais bonita da escola. O curioso é que a doce ingenuidade de Holly nunca desbancava para a sordidez ou a melancolia. Quando não conseguia conquistar a garota de seus sonhos ele geralmente cantava o amor perdido de uma forma muito lírica e bela. Não é precisa ir muito longe então para entender porque suas músicas caíram no gosto da juventude da época. Canções como "Peggy Sue", "That'll Be The Day" e "Not Fade Away" mostram bem isso.
O triste de tudo é saber que Buddy em vida conseguiu realizar seus sonhos, conseguiu sucesso nas paradas e acabou conquistando a garota idealizada em suas letras. Foi morar com ela em Nova Iorque e tinha grandes planos de melhoras em suas canções, escrevendo arranjos bem mais elaborados (suas últimas gravações retratam bem essa mudança). Infelizmente como todo jovem artista que tem dúvidas se o sucesso durará ou não, Holly embarcou em uma daquelas típicas turnês "kamikazes", com vários shows em poucos dias cobrindo uma distante área. Tudo com o objetivo de ganhar muito dinheiro em pouco tempo. As viagens geralmente eram realizadas sem estrutura, em aviões pequenos e caindo aos pedaços, que geralmente eram usados em plantações locais. E foi numa dessas viagens, entre duas cidades que ele acabou entrando num velho avião que acabou não suportando a nevasca forte que pairava naquela noite. O acidente ocorreu em um pequeno milharal no meio do nada. Todos os que estavam na aeronave morreram imediatamente.
Fico imaginando Buddy Holly nos anos 60. Certamente no meio daquele turbilhão de criatividade musical e revoluções sociais ele certamente se destacaria. Infelizmente em relação a isso só podemos especular. Falecendo jovem e cedo demais era de se imaginar que sua pequena obra não fosse prosperar tanto mas não foi o que aconteceu. Um dos primeiros roqueiros americanos a tocarem na Inglaterra Buddy com sua passagem pelo Reino Unido acabou plantando sua influência em 4 adolescentes da periférica cidade portuária de Liverpool. Isso mesmo, a sonoridade de Buddy Holly pode ser ouvida nitidamente em todos os discos da primeira fase dos Beatles (que inclusive fizeram um cover de Holly na linda "Words of Love" no disco "Beatles For Sale"). Paul McCartney aliás é fã confesso do cantor americano.
Relembrando assim fica a impressão que a curta vida e carreira de Buddy Holly não passam de uma pequena nota de rodapé nos livros que enfocam a história do Rock´n´Roll. Nada mais longe da realidade. A música sobreviveu ao homem e hoje Buddy Holly é um ícone da cultura jovem da sociedade americana, inspirando livros, filmes e até mesmo estudos acadêmicos em grandes centros universitários. Prova maior da qualidade de sua música não poderia existir. A música morreu com Buddy Holly naquele campo de neve como prega a famosa música "American Pie" de Don McLean? Não sabemos ao certo, a única certeza é que certamente o rock ficou mais pobre naquela noite.
Pablo Aluísio.
Ao lado do grupo The Crickets, Buddy nada mais era do um entre milhares de jovens americanos que queriam vencer no mundo da música. Com letras simples e arranjos idem, Holly nos poucos anos de carreira conseguiu a proeza de gravar algumas das canções mais populares dos anos 50. Suas letras não eram maliciosas como as de Chuck Berry e ele certamente não tinha a sensualidade de um Elvis Presley, mas isso não importava. Suas músicas geralmente mostravam um amor idealizado de um adolescente de bom coração que almejava um dia namorar a garota mais bonita da escola. O curioso é que a doce ingenuidade de Holly nunca desbancava para a sordidez ou a melancolia. Quando não conseguia conquistar a garota de seus sonhos ele geralmente cantava o amor perdido de uma forma muito lírica e bela. Não é precisa ir muito longe então para entender porque suas músicas caíram no gosto da juventude da época. Canções como "Peggy Sue", "That'll Be The Day" e "Not Fade Away" mostram bem isso.
O triste de tudo é saber que Buddy em vida conseguiu realizar seus sonhos, conseguiu sucesso nas paradas e acabou conquistando a garota idealizada em suas letras. Foi morar com ela em Nova Iorque e tinha grandes planos de melhoras em suas canções, escrevendo arranjos bem mais elaborados (suas últimas gravações retratam bem essa mudança). Infelizmente como todo jovem artista que tem dúvidas se o sucesso durará ou não, Holly embarcou em uma daquelas típicas turnês "kamikazes", com vários shows em poucos dias cobrindo uma distante área. Tudo com o objetivo de ganhar muito dinheiro em pouco tempo. As viagens geralmente eram realizadas sem estrutura, em aviões pequenos e caindo aos pedaços, que geralmente eram usados em plantações locais. E foi numa dessas viagens, entre duas cidades que ele acabou entrando num velho avião que acabou não suportando a nevasca forte que pairava naquela noite. O acidente ocorreu em um pequeno milharal no meio do nada. Todos os que estavam na aeronave morreram imediatamente.
Fico imaginando Buddy Holly nos anos 60. Certamente no meio daquele turbilhão de criatividade musical e revoluções sociais ele certamente se destacaria. Infelizmente em relação a isso só podemos especular. Falecendo jovem e cedo demais era de se imaginar que sua pequena obra não fosse prosperar tanto mas não foi o que aconteceu. Um dos primeiros roqueiros americanos a tocarem na Inglaterra Buddy com sua passagem pelo Reino Unido acabou plantando sua influência em 4 adolescentes da periférica cidade portuária de Liverpool. Isso mesmo, a sonoridade de Buddy Holly pode ser ouvida nitidamente em todos os discos da primeira fase dos Beatles (que inclusive fizeram um cover de Holly na linda "Words of Love" no disco "Beatles For Sale"). Paul McCartney aliás é fã confesso do cantor americano.
Relembrando assim fica a impressão que a curta vida e carreira de Buddy Holly não passam de uma pequena nota de rodapé nos livros que enfocam a história do Rock´n´Roll. Nada mais longe da realidade. A música sobreviveu ao homem e hoje Buddy Holly é um ícone da cultura jovem da sociedade americana, inspirando livros, filmes e até mesmo estudos acadêmicos em grandes centros universitários. Prova maior da qualidade de sua música não poderia existir. A música morreu com Buddy Holly naquele campo de neve como prega a famosa música "American Pie" de Don McLean? Não sabemos ao certo, a única certeza é que certamente o rock ficou mais pobre naquela noite.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
Cantores do Passado: Frank Sinatra
Eu sempre tive uma relação de amor e ódio em relação a Frank Sinatra. Sua personalidade não era das mais admiráveis. Ele era arrogante, chato, andava com mafiosos (se era mafioso também não posso afirmar) e para piorar tudo gostava de fazer o tipo cafajeste, tratando mal as mulheres, quando não as explorava de forma vergonhosa (recentemente vários fatos desprezíveis foram revelados sobre seu affair com o mito Marilyn Monroe). Enfim, Frank Sinatra definitivamente não foi um santo em vida. Tinha muitos defeitos, sabia disso e em várias ocasiões não fez a menor cerimônia em escondê-los. Apesar de tudo isso não há como não ficar maravilhado ao ouvir alguns de seus álbuns. Seguramente o apelido que ganhou da imprensa americana, "A Voz", é mais do que merecido. Sinatra cantava demais, cantava lindamente, de forma magistral. Sua voz é tão singular que mesmo após tantos anos nunca ouvi nada parecido. Também é inconfundível, não importa onde você esteja, no momento em que alguma canção com Frank Sinatra é tocada você sabe exatamente de quem se trata mesmo que nunca tenha ouvido a música antes.
Curiosamente minha vivência cultural com Sinatra vem de longe. Ainda muito jovem tive acesso a uma bela coleção de discos do cantor. Esses álbuns que ouvia em minha adolescência acabaram por moldar meu gosto pessoal em relação à obra de Sinatra. A minha fase preferida do "Old Blue Eyes" vai do disco "Songs For Young Lovers" de 1954 até "Come Swing With Me" de 1961, ou seja, trocando em miúdos, tenho muita afinidade pela fase que o cantor passou na gravadora Capitol. Interessante é que essa nem é considerada pela crítica especializada como sua fase mais inspirada ou seu auge artístico. Do ponto de vista comercial sim, foi uma época dourada para Sinatra, mas nem todos os álbuns dessa fase fizeram a cabeça dos críticos americanos. Isso é bem fácil de compreender. Sinatra foi para a Capitol logo quando o Rock começava a dar seus primeiros passos. Até aquele momento ele não tinha enfrentado uma concorrência tão forte como a que estava por vir. Isso mudou totalmente quando o novo estilo musical invadiu as paradas de sucesso. Vários novos artistas tomaram de assalto os primeiros lugares deixando cantores como Sinatra sem muita reação, até porque eles nunca tinham presenciado algo parecido antes.
Para sobreviver então Sinatra e cia tiveram que se adaptar e isso ocorreu justamente em seus anos na Capitol. Os discos do cantor nessa época me chamam atenção porque tentam conciliar o que havia de mais tradicional com os novos ares que a música americana soprava naquele momento histórico. Os discos tentam dialogar com os jovens. As capas são bem produzidas, chamativas, coloridas. São de certa maneira discos conceituais, como por exemplo, "Come Fly With Me" cujo conceito mais parece uma peça publicitária feita em alguma agência como a que vemos no seriado "Mad Men". Ou então o apelo surge bem mais cru, quase descarado como o que ouvimos em "Songs for Swingin' Lovers!", lançado em plena febre do rock onde o artista tenta de todas as formas dialogar com a juventude transviada daqueles anos. Apesar dos esforços e dos bons números de vendas o fato foi que mesmo na Capitol, com todo o seu marketing e tentativa de remodelação para o público jovem, Sinatra foi perdendo espaço nas paradas. Sua música foi muito associado ao "som dos coroas" e assim Frank logo foi rotulado de cafona e velharia, até porque é natural que as gerações mais novas venham a rejeitar os ídolos da geração passada. Isso é próprio do Homo Sapiens embora é claro seja uma tremenda injustiça com todos esses artistas, vamos convir.
Mas como diz o ditado nada melhor do que um dia após o outro. A música de Frank Sinatra só cresceu com o passar das décadas. Hoje Sinatra e sua voz maravilhosa passam por um renascer induvidoso. Suas músicas reconquistaram o brilho dos anos de ouro do cantor. Os jovens da nossa era estão redescobrindo seu legado. Ninguém mais ouve Sinatra hoje em dia e rotula sua obra como cafona ou ultrapassada. Muito longe disso. Pelo contrário, suas canções estão em praticamente todas as comédias românticas de Hollywood, sua música é hoje considerada sofisticada e de bom gosto. Ele é tocado em ambientes finos e de alto nível. Sem o ser humano manchando sua própria reputação como ele fez várias vezes em vida sobrou apenas a boa música, essa seguramente imortal.
Pablo Aluísio.
Curiosamente minha vivência cultural com Sinatra vem de longe. Ainda muito jovem tive acesso a uma bela coleção de discos do cantor. Esses álbuns que ouvia em minha adolescência acabaram por moldar meu gosto pessoal em relação à obra de Sinatra. A minha fase preferida do "Old Blue Eyes" vai do disco "Songs For Young Lovers" de 1954 até "Come Swing With Me" de 1961, ou seja, trocando em miúdos, tenho muita afinidade pela fase que o cantor passou na gravadora Capitol. Interessante é que essa nem é considerada pela crítica especializada como sua fase mais inspirada ou seu auge artístico. Do ponto de vista comercial sim, foi uma época dourada para Sinatra, mas nem todos os álbuns dessa fase fizeram a cabeça dos críticos americanos. Isso é bem fácil de compreender. Sinatra foi para a Capitol logo quando o Rock começava a dar seus primeiros passos. Até aquele momento ele não tinha enfrentado uma concorrência tão forte como a que estava por vir. Isso mudou totalmente quando o novo estilo musical invadiu as paradas de sucesso. Vários novos artistas tomaram de assalto os primeiros lugares deixando cantores como Sinatra sem muita reação, até porque eles nunca tinham presenciado algo parecido antes.
Para sobreviver então Sinatra e cia tiveram que se adaptar e isso ocorreu justamente em seus anos na Capitol. Os discos do cantor nessa época me chamam atenção porque tentam conciliar o que havia de mais tradicional com os novos ares que a música americana soprava naquele momento histórico. Os discos tentam dialogar com os jovens. As capas são bem produzidas, chamativas, coloridas. São de certa maneira discos conceituais, como por exemplo, "Come Fly With Me" cujo conceito mais parece uma peça publicitária feita em alguma agência como a que vemos no seriado "Mad Men". Ou então o apelo surge bem mais cru, quase descarado como o que ouvimos em "Songs for Swingin' Lovers!", lançado em plena febre do rock onde o artista tenta de todas as formas dialogar com a juventude transviada daqueles anos. Apesar dos esforços e dos bons números de vendas o fato foi que mesmo na Capitol, com todo o seu marketing e tentativa de remodelação para o público jovem, Sinatra foi perdendo espaço nas paradas. Sua música foi muito associado ao "som dos coroas" e assim Frank logo foi rotulado de cafona e velharia, até porque é natural que as gerações mais novas venham a rejeitar os ídolos da geração passada. Isso é próprio do Homo Sapiens embora é claro seja uma tremenda injustiça com todos esses artistas, vamos convir.
Mas como diz o ditado nada melhor do que um dia após o outro. A música de Frank Sinatra só cresceu com o passar das décadas. Hoje Sinatra e sua voz maravilhosa passam por um renascer induvidoso. Suas músicas reconquistaram o brilho dos anos de ouro do cantor. Os jovens da nossa era estão redescobrindo seu legado. Ninguém mais ouve Sinatra hoje em dia e rotula sua obra como cafona ou ultrapassada. Muito longe disso. Pelo contrário, suas canções estão em praticamente todas as comédias românticas de Hollywood, sua música é hoje considerada sofisticada e de bom gosto. Ele é tocado em ambientes finos e de alto nível. Sem o ser humano manchando sua própria reputação como ele fez várias vezes em vida sobrou apenas a boa música, essa seguramente imortal.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 27 de novembro de 2007
Cantores do Passado: Vic Damone
Uma das coisa mais marcantes do filme "Tarde Demais Para Esquecer" é a linda canção tema "An Affair to Remember" interpretada pelo cantor Vic Damone. Esse nova iorquino nascido no Brooklin teve uma carreira longa e muito bem sucedida tanto na indústria musical quanto na cinematográfica, chegando até a fazer bem sucedidos programas de tv nas décadas de 50 e 60. A história de Vic Damone lembra bastante a de outros grandes cantores americanos. Assim como Elvis ele começou a cantar em igrejas. Lá aprendeu as primeiras lições sobre entonações e canto. Mas foi com o sucesso de outro cantor ítalo-americano que Damone realmente pensou em levar sua carreira mais à sério. Na década de 40 com a explosão de Sinatra nos shows e nas paradas, Vic resolveu seguir seus passos. Conseguiu conhecer e contar com o apoio de Perry Como, outro cantor famoso da época que lhe abriu muitas portas. Assim em 1947 finalmente gravou seu primeiro disco "I Have But One Heart" na extinta Mercury Records.
Vic Damone não tinha a beleza vocal de Sinatra e nem a doçura do timbre de Dean Martin mas era muito disciplinado e esforçado. Ao longo dos anos sua voz foi ganhando cada vez mais corpo e força. Após algumas gravações finalmente alcançou o tom que procurava e foi assim que conseguiu seu primeiro grande sucesso, a balada "You're Breaking My Heart" que chegou ao topo da Billboard. A partir daí Damone não parou. Conseguiu pontas em filmes musicais e se tornou figurinha fácil nos programas de auditório nos EUA. A TV nascia naquele momento e ele soube muito bem explorar esse novo meio de comunicação. Em pouco tempo ganhou seu próprio programa na grade de uma das emissoras de maior audiência, a CBS, e assinou com a potente Capitol Records (a mesma gravadora de Sinatra na época).
A única coisa que atrapalhou Vic Damone nesse momento foi o surgimento avassalador de uma nova música que nascia nos EUA: O Rock´n´Roll. Como ele fazia a linha seguida por Frank Sinatra e Dean Martin logo quando o Rock estourou nas paradas seu espaço na mídia e no hit parade ficou reduzido. Em meados da década de 60 acabou rompendo com a Capitol e foi para a Warner que naquele momento tentava consolidar seu selo no mercado fonográfico. Aqui ele ainda conseguiu emplacar alguns sucessos discretos mas em termos gerais o jogo estava acabado. Nos anos 70, já com o peso da idade, se refugiou nos cassinos e casas de espetáculos de menor porte. Mesmo assim conseguiu formar um grupo fiel de fãs e admiradores até finalmente se aposentar dos palcos no começo da década de 80. No final o próprio Frank Sinatra elogiou sua voz e poderio vocal, algo aliás bem merecido. Damone foi artista multimídia muito antes desse termo se popularizar. Ele soube antes de muitos que não se devia subestimar nenhum meio de promoção de seus discos. Pensando assim conseguiu seu espaço. Hoje o cantor é reverenciado nos EUA e esporadicamente realiza algumas aparições especiais. Nada mal para o garoto do Brooklin que sonhava um dia ser como seu maior ídolo, Sinatra.
Pablo Aluísio.
Vic Damone não tinha a beleza vocal de Sinatra e nem a doçura do timbre de Dean Martin mas era muito disciplinado e esforçado. Ao longo dos anos sua voz foi ganhando cada vez mais corpo e força. Após algumas gravações finalmente alcançou o tom que procurava e foi assim que conseguiu seu primeiro grande sucesso, a balada "You're Breaking My Heart" que chegou ao topo da Billboard. A partir daí Damone não parou. Conseguiu pontas em filmes musicais e se tornou figurinha fácil nos programas de auditório nos EUA. A TV nascia naquele momento e ele soube muito bem explorar esse novo meio de comunicação. Em pouco tempo ganhou seu próprio programa na grade de uma das emissoras de maior audiência, a CBS, e assinou com a potente Capitol Records (a mesma gravadora de Sinatra na época).
A única coisa que atrapalhou Vic Damone nesse momento foi o surgimento avassalador de uma nova música que nascia nos EUA: O Rock´n´Roll. Como ele fazia a linha seguida por Frank Sinatra e Dean Martin logo quando o Rock estourou nas paradas seu espaço na mídia e no hit parade ficou reduzido. Em meados da década de 60 acabou rompendo com a Capitol e foi para a Warner que naquele momento tentava consolidar seu selo no mercado fonográfico. Aqui ele ainda conseguiu emplacar alguns sucessos discretos mas em termos gerais o jogo estava acabado. Nos anos 70, já com o peso da idade, se refugiou nos cassinos e casas de espetáculos de menor porte. Mesmo assim conseguiu formar um grupo fiel de fãs e admiradores até finalmente se aposentar dos palcos no começo da década de 80. No final o próprio Frank Sinatra elogiou sua voz e poderio vocal, algo aliás bem merecido. Damone foi artista multimídia muito antes desse termo se popularizar. Ele soube antes de muitos que não se devia subestimar nenhum meio de promoção de seus discos. Pensando assim conseguiu seu espaço. Hoje o cantor é reverenciado nos EUA e esporadicamente realiza algumas aparições especiais. Nada mal para o garoto do Brooklin que sonhava um dia ser como seu maior ídolo, Sinatra.
Pablo Aluísio.
Cantores do Passado: Eddie Fisher
Infelizmente vários grandes cantores do passado foram injustamente esquecidos após seu auge de sucesso. Isso aconteceu muito por aqui no Brasil mas também lá fora. Os motivos são muitos, algumas vezes o artista briga com seus empresários ou a gravadora e acabam no ostracismo. Em outros casos escândalos pessoais acabam por afundar a carreira do artista. Um caso assim aconteceu com o bom cantor Eddie Fisher. Hoje pouca gente consegue associar o nome dele a alguma canção. Uma pena. Mesmo nos Estados Unidos seu nome só surge na imprensa por causa de sua atribulada vida pessoal. Para quem não lembra Eddie Fisher foi um dos vários maridos da estrela Elizabeth Taylor. O pior é que seu casamento com Liz foi realizado em clima de grande escândalo pessoal pois na época ele era casado com outra atriz, grande amiga de Liz, Debbie Reynolds. Ela era como a namoradinha da América e todos ficaram chocados com o mal caratismo de Fisher ao trocar Debbie por Elizabeth Taylor (que naqueles anos já havia ganhado sua fama de colecionar diamantes e... maridos). Eddie Fisher então foi tachado de mal caráter, traidor e outras coisas piores. A imprensa sensacionalista o elegeu como alvo principal e assim não havia semana em que não havia alguma reportagem destruindo sua reputação nas bancas.
O casamento diante de tantas pressões foi um fracasso e acabou levando para o ralo a carreira de Fisher junto, que repito, era um grande cantor, um intérprete de grandes recursos vocais. Seu estilo estava mais próximo do de Pat Boone, pois ambos tinham vozes poderosas, mas ao contrário de Boone, Fisher preferia um repertório de canções românticas com temática mais adulta (Já Boone tentava rivalizar com Elvis Presley pelo gosto do público jovem). Fisher, antes dos problemas pessoais, nunca chegou a ser um estouro de vendas. Era considerado um cantor romântico de sucessos esparsos (geralmente ele conseguia com muito esforço um primeiro lugar em anos alternados nas principais paradas mas tinha público fiel que segurava sempre suas vendas em um patamar aceitável por sua gravadora). Mesmo assim seus hits mais famosos ainda hoje povoam a cultura musical americana (por aqui Eddie Fisher nunca conseguiu maior projeção pois o Brasil tinha seus próprios grandes cantores nesse estilo).
Hoje provavelmente canções como "Oh My Papa" (primeiro lugar de vendas em 1953) vai soar datada e fora de moda entre os jovens, mas mesmo assim vale o registro de sua ótima performance, mesmo numa melodia e letra melosas. Na minha opinião sua melhor interpretação é "Wish You Were Here" (que tem um lindo arranjo de orquestra ao velho estilo). Aqui o cantor deixa o vozeirão em segundo plano para cantar suavemente - o que soava bem melhor, principalmente por seu timbre de voz. Outro destaque é o último grande sucesso de Eddie, a boa "I Need You Now", com refrão pegajoso, o que era adequado a quem tentava levantar a carreira a todo custo. Enfim, depois de colecionar esses sucessos Eddie Fisher ainda tentou um retorno, inclusive na TV, mas era tarde demais. A traição dele para com Debbie Reynolds pegou muito mal e depois de anos de estampa em revistas de fofocas seus discos não conseguiam mais vender bem. Ele trocou de gravadora, foi para uma menor mas essa não conseguiu mais superar a avalanche de péssimas notas na imprensa. Suas canções ainda eram boas - e bem interpretadas, mas o público simplesmente passou a ignorar o que ele produzia. Desiludido deixou a música nos anos 1960. Recentemente sua filha, Carrie Fisher (ela mesma, a Princesa Leia de Guerra nas Estrelas), lançou uma biografa em que comenta seu relacionamento com o pai. Outro produto tipicamente de fofocas. Deixe isso pra lá e procure conhecer apenas o Eddie Fisher cantor. Você terá bons momentos com belas canções, certamente.
Pablo Aluísio.
O casamento diante de tantas pressões foi um fracasso e acabou levando para o ralo a carreira de Fisher junto, que repito, era um grande cantor, um intérprete de grandes recursos vocais. Seu estilo estava mais próximo do de Pat Boone, pois ambos tinham vozes poderosas, mas ao contrário de Boone, Fisher preferia um repertório de canções românticas com temática mais adulta (Já Boone tentava rivalizar com Elvis Presley pelo gosto do público jovem). Fisher, antes dos problemas pessoais, nunca chegou a ser um estouro de vendas. Era considerado um cantor romântico de sucessos esparsos (geralmente ele conseguia com muito esforço um primeiro lugar em anos alternados nas principais paradas mas tinha público fiel que segurava sempre suas vendas em um patamar aceitável por sua gravadora). Mesmo assim seus hits mais famosos ainda hoje povoam a cultura musical americana (por aqui Eddie Fisher nunca conseguiu maior projeção pois o Brasil tinha seus próprios grandes cantores nesse estilo).
Hoje provavelmente canções como "Oh My Papa" (primeiro lugar de vendas em 1953) vai soar datada e fora de moda entre os jovens, mas mesmo assim vale o registro de sua ótima performance, mesmo numa melodia e letra melosas. Na minha opinião sua melhor interpretação é "Wish You Were Here" (que tem um lindo arranjo de orquestra ao velho estilo). Aqui o cantor deixa o vozeirão em segundo plano para cantar suavemente - o que soava bem melhor, principalmente por seu timbre de voz. Outro destaque é o último grande sucesso de Eddie, a boa "I Need You Now", com refrão pegajoso, o que era adequado a quem tentava levantar a carreira a todo custo. Enfim, depois de colecionar esses sucessos Eddie Fisher ainda tentou um retorno, inclusive na TV, mas era tarde demais. A traição dele para com Debbie Reynolds pegou muito mal e depois de anos de estampa em revistas de fofocas seus discos não conseguiam mais vender bem. Ele trocou de gravadora, foi para uma menor mas essa não conseguiu mais superar a avalanche de péssimas notas na imprensa. Suas canções ainda eram boas - e bem interpretadas, mas o público simplesmente passou a ignorar o que ele produzia. Desiludido deixou a música nos anos 1960. Recentemente sua filha, Carrie Fisher (ela mesma, a Princesa Leia de Guerra nas Estrelas), lançou uma biografa em que comenta seu relacionamento com o pai. Outro produto tipicamente de fofocas. Deixe isso pra lá e procure conhecer apenas o Eddie Fisher cantor. Você terá bons momentos com belas canções, certamente.
Pablo Aluísio.
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