segunda-feira, 22 de março de 2021

Um Homem Chamado Cavalo

Clássico filme de faroeste dos anos 70. Muito popular no Brasil. E que história esse filme nos conta? John Morgan (Richard Harris) é um nobre inglês que entediado com a vida de riqueza e luxo que leva na Inglaterra, resolve viajar até o oeste americano em busca de aves exóticas para caçar. Numa dessas suas excursões por regiões remotas ele e seu pequeno grupo de apoio acabam sendo atacados por guerreiros nativos que, após assassinar seus assistentes, o leva cativo para sua tribo. Lá será tratado como um mero animal, um cavalo, sem direitos e com muitos deveres, como trabalhar duro e sofrer punições sempre que desobedecer as ordens impostas. Assim tudo que ele planeja e pensa é de uma forma de escapar de seus algozes, mas conforme o tempo passa ele aos poucos começa a se inserir dentro daquela comunidade nativa, revelando um lado completamente desconhecidos dos índios que o mantém como prisioneiro.

Muito citado, muito lembrado pelos fãs de Western, "A Man Called Horse" realmente é um grande filme. Não apenas por sua proposta ousada e diferente, mostrando em primeiro plano a vida dos nativos americanos, mas também pelo roteiro que consegue ser ao mesmo tempo muito instrutivo e realista. Filmes sobre índios americanos geralmente sofrem por abraçarem certas ideias impregnadas de ideologias e preconceitos seculares contra eles. Por exemplo, ou os indígenas eram retratados usando daquela visão simplória e romântica do "bom selvagem de coração puro" ou então se explorava o lado oposto, quando eram mostrados como selvagens sanguinários e cruéis. "Um Homem Chamado Cavalo" não adota nenhuma dessas posturas isoladamente. Certamente os índios mostrados aqui são violentos, torturadores e sádicos, mas também possuem grandes valores de honra e proteção para com seus familiares, sua cultura, sua nação. Uma etnia que tenta sobreviver aos novos tempos.

O personagem interpretado por Richard Harris é um exemplo por demais interessante de um homem civilizado colocado em choque cultural com aquele modo de vida primitivo. O interessante é que ao final ele descobre que há muito mais a se desvendar no seio daquele povo, algo bem diverso do que ele pensava dentro de sua mentalidade dita civilizada, do homem europeu. O filme até hoje chama a atenção por cenas realmente marcantes como o momento em que John Morgan (Richard Harris) é alçado pela própria pele em um brutal ritual para provar sua bravura, ou nas diversas situações aflitivas quando é tratado apenas como um animal, sendo que na visão do homem branco europeu o nativo americano é que se assemelhava a um animal selvagem, solto nas pradarias do oeste. Em suma, grande momento do cinema americano que até hoje é relembrado com respeito e admiração. Nada mais justo em vista da extrema qualidade apresentada pela película.

Um Homem Chamado Cavalo (A Man Called Horse, Estados Unidos, 1970) Estúdio: Paramount Pictures, Columbia Pictures / Direção: Elliot Silverstein / Roteiro: Jack DeWitt, Dorothy M. Johnson / Elenco: Richard Harris, Judith Anderson, Jean Gascon, Manu Tupou, Corinna Tsopei / Sinopse: Nativos do oeste dos Estados Unidos capturam um nobre inglês que passava por suas terras em uma expedição de exploração da natureza selvagem. Uma vez nas mãos dos índios, ele passa a ser tratado como um mero animal, um cavalo da tribo. Filme premiado pelo festival de cinema Western Heritage Award. Também indicado ao Laurel Awards.

Pablo Aluísio.

12 comentários:

  1. Cinema Clássico, Western,
    Um Homem Chamado Cavalo
    Pablo Aluísio.

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  2. Filme muito Bom! Era figurinha fácil na programação da Rede Globo de Televisão ali de meados da década de 1970 pra frente. Eu gosto muito das nuances do roteiro. Colocar para conviver um Lord inglês, o máximo em refinamento e educação vitoriana, com um grupo de índios guerreiros foi uma bela ideia. Tão bom nesse estilo só vi Dança com Lobos muitos anos depois.

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  3. E o Richard Harris... esse foi o filme definitivo da vida dele, da carreira dele. Ficou marcado por anos por esse personagem. Só depois ele voltaria a interpretar um outro personagem mais famoso, na série de filmes do Harry Potter.

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  4. Realmente Lord Erick. Imagine um Lord inglês como você precisando conviver com aqueles que eram chamados de "selvagens" - Ora, isso não daria muito certo. Porém o roteiro dá uma volta no espectador, mostrando o inglês aprendendo coisas importantes com o modo de vida dos nativos. Esse é o grande toque de mestre desse roteiro.

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  5. Sem dúvida, o Richard Harris, de longa filmografia, aqui definitivamente teve um dos seus personagens mais marcantes, depois superado pelo mestre da escola de magia de Harry Potter. Tantoe m um, como em outro papel ele sempre esteve irretocável, ao meu ver.

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  6. Pablo:
    Eu via a chamada desse filme nas noites da Rede Globo e nunca tinha vontade de assistir, mas esse titulo tão diferente sempre me intrigou e demorei anos pra saber o seu significado. O Richard Harris é de uma cepa de atores com muita dignidade, como o Charlton Heston, ou o Sean Connery, que, não sei porque, não existem mais.

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  7. E você terminou não assistindo? Nunca viu esse clássico? Eu concordo que em português o titulo seja um pouco fora do comum, porém esse filme vale muito a pena assistir. Não deixe passar em branco.

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    1. Eu devo ter assistido, mas confesso que não me lembro mais dos detalhes, além do que já destaquei: o Richard Harris fazendo um papel de tanta submissão e sofrimento mas com tanta dignidade que não temos pena dele. O Charlton Heston fazendo o Taylor de O Planeta do Macacos de 1968 me causou a mesma impressão.

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Pablo:
    Estou assistindo "The Poison Rose" e nele trabalha o Brendan Fraser.
    Cara, se o vir dificilmente vai se lembrar do "George, O Rei da Floresta". O cara está uma baleia deformada.

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  10. Nunca mais o vi. Nunca gostei de seu trabalho como ator em época nenhuma. Achei sempre muito fraco. E os filmes que ele fez.. sem comentários...

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    1. Ah Pablo:
      Aviso de amigo: se mantenha afastado desse The Rose Poison. Fora a curiosidade do Brendan Fraser bizarro, é fria.

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