Esse clássico do cinema é até hoje considerado por muitos críticos de cinema como o melhor filme já realizado na história. Um título que poucos filmes conseguiram sustentar por décadas e décadas. O interessante é que o filme acabou sendo ao mesmo tempo a obra-prima de Orson Welles e também sua maior desgraça profissional. O roteiro, brilhantemente escrito por Herman J. Mankiewicz, era na verdade uma versão nada lisonjeira da vida do magnata das comunicações William Randolph Hearst, que ficou indignado quando soube da existência do filme. Ele então usou de todo o seu poder e dinheiro para destruir o filme de Orson Welles. Dono de centenas de jornais ao redor dos Estados Unidos, ele colocou seus jornalistas numa ampla campanha de destruição do filme. Também pressionou pessoalmente para que donos de cinemas não exibissem "Cidadão Kane". A campanha surtiu efeitos. O filme não conseguiu fazer sucesso de bilheteria, sequer conseguindo recuperar seus custos. A consagração só viria mesmo muitos anos depois quando o filme foi redescoberto por estudiosos da sétima arte. Inovador em vários aspectos, seu reconhecimento, ainda que tardio, veio para consagrar a genialidade de seus realizadores.
"Cidadão Kane" é uma experiência única dentro da historia do cinema, com ótimas e inovadoras tomadas de cena, ângulos inusitados e todos os tipos de experimentação imaginada. Não havia nada parecido assim na década de 1940. Consagrado para sempre como o ápice da vida de Orson Welles também se concretizou em sua ruína pessoal. Dito como maldito pelos grandes estúdios de Hollywood, ele viu sua carreira praticamente ser destruída. De qualquer forma, mesmo com todas as adversidades, boicotes e artimanhas que foram feitas contra o filme, o fato é que no final de tudo a arte venceu. A sétima arte venceu.
Cidadão Kane (Citizen Kane, Estados Unidos, 1941) Direção: Orson Welles / Roteiro: Herman J. Mankiewicz, Orson Welles / Elenco: Orson Welles, Joseph Cotten, Dorothy Comingore, Agnes Moorehead, Ruth Warrick / Sinopse: Após a morte do magnata editorial Charles Foster Kane (Orson Welles), jornalistas audaciosos lutam para descobrir o significado de sua declaração final; 'Rosebud'. Filme vencedor do Oscar na categoria de melhor roteiro original. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, melhor ator (Orson Welles), melhor direção (Orson Welles), melhor direção de fotografia (Gregg Toland), melhor direção de arte, melhor som, edição e música (Bernard Herrmann).
Pablo Aluísio.
Cinema Clássico
ResponderExcluirCidadão Kane
Pablo Aluísio.
Pablo:
ResponderExcluirVerdade seja dita. O filme "Cidadão Kane" não foi totalmente culpado pela ruina do Orson Wells, como até ele queria acreditar. Ele se sabotava de todas as formas que podia atacando a tudo e a todos e ainda por cima era um megalomaníaco que se superestimava em demasia.
Pra você ter uma ideia, quando ele esteve aqui no Brasil estava sendo punido e tinham lhe tomado um filme. Ao contrario do que brasileiros gostam de acreditar, ele odiou vir pra cá, odiou ter que filmar o nosso carnaval que ele odiava mais ainda. Enfim, era um sujeito difícil, pra não dizer insuportável. Se você já assistiu aquele último filme "inacabado" dele você já deve ter uma ideia de quem era a peça.
Obs. Tem um último pitaco no Mank do qual eu queria saber a sua opinião.
O Orson Welles ficou com o "filme queimado" em relação aos estúdios de Hollywood. Como eu escrevi no texto, ele ficou estigmatizado como um "diretor maldito". No filme Mank vemos como parte dessa mentalidade se formou, principalmente partindo de Louis B. Mayer, o todo poderoso chefão da Metro. E ele não teve apenas um projeto inacabado, mas inúmeros deles. Eu tenho uma entrevista antiga em que ele próprio se auto denomina como um "diretor de cem filmes que nunca foram finalizados". Foi um talento desperdiçado, completamente.
ResponderExcluirEu assisti a esse filme pela primeira vez aos 16 anos de idade. Não tinha a idade certa para apreciar tudo o que esse filme de Orson Welles tinha a oferecer. Depois, com os anos, fui revendo. Aí sim pude ver como esse filme era realmente maravilhoso. Faz tempo que o vi pela última vez. Estou planejando rever em breve, o mais breve possível.
ResponderExcluirUma curiosidade: Esse filme foi lançado em vídeo pela primeira vez no Brasil pelo selo do Renato Aragão. Isso mesmo, acredite se quiser. Quem primeiro lançou esse grande clássico do cinema em VHS foi o próprio Didi. Coisas de Brasil. hahahahaha
ResponderExcluirSomos dois. Assisti também pela primeira vez, ainda bem jovem, em um cineclube, acompanhado de amigos. As reações foram as mais diversas. Alguns gostaram muito, outros acharam que o filme era superestimado. Cada cabeça, uma sentença. Porém todos concordaram em um ponto: era um filme importante na história do cinema.
ResponderExcluirEntão parabéns ao sr. Renato Aragão. Inclusive é bom dizer que ele é também um cinéfilo, chegando a incorporar certos maneirismos de Carlitos em seu personagem mais famoso, o Didi, embora poucas pessoas tenham percebido isso com nitidez ao longo de todos esses anos.
ResponderExcluirConcluindo, isso aconteceu muito por causa do fato do filme ter sido produzido pela RKO Pictures, estúdio que foi à falência alguns poucos anos depois da produção desse filme. E o catálogo desse estúdio ficou anos e anos pulando de mão em mão, sem ter nem representante certo no Brasil. Perceba que por isso também esse filme ficou anos sem passar na TV brasileira. Se tivesse sido produzido por um estúdio como a Warner Bros as coisas seriam bem diferentes.
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