terça-feira, 30 de outubro de 2007

Drácula (1979)

Na longa tradição de filmes sobre o famoso personagem de Bram Stoker esse Drácula de 1979 se destaca por vários motivos. Em primeiro lugar pela ótima produção. Tudo foi perfeitamente recriado, carros, cenários e direção de arte. Muito bom gosto em cada tomada. Realmente em certos momentos o requinte da produção salta aos olhos, como a abadia adquirida pelo Conde, um ótimo trabalho de ambientação. As cenas no mar, com o navio e seus tripulantes sendo atacados pelo vampiro, são primorosas. Outro grande mérito dessa versão é a estrutura do roteiro que tenta inovar na famosa estória do livro original. Aqui já pegamos o conde chegando a Londres pois o diretor optou por não contar a primeira parte do livro onde Jonathan chega na Transilvânia para vender a propriedade ao estranho nobre romeno. Foi uma decisão acertada pois deu maior agilidade ao filme como um todo.

Agora a grande qualidade de Drácula 1979 realmente é seu elenco. Frank Langella está ótimo como o personagem de Stoker. Um nobre de fala ponderada, charmoso e sedutor com as mulheres mas extremamente perigoso contra seus inimigos. E por falar neles temos o grande Laurence Olivier no papel de Van Helsing, o que alguém poderia querer mais em termos de elenco? Sua cena dentro das catacumbas é ótima, uma grande recriação do clima sombrio e gótico das primeiras produções sobre o vampiro. Enfim, gostei de praticamente tudo no filme e considero essa a segunda melhor versão que já assisti do famoso livro, só perdendo mesmo para o filme de Francis Ford Coppola. Para quem gosta de Drácula e filmes de terror assistir essa versão desse clássico é algo obrigatório.

Drácula (Drácula, Estados Unidos, 1979) Direção de John Badham / Roteiro: Hamilton Deane baseado na obra de Bram Stoker / Com Frank Langella, Laurence Olivier, Donald Pleasence / Sinopse: Conde romeno de nome Drácula (Frank Langella) chega na vitoriana Londres para adquirir uma nova propriedade na cidade. Nesse momento conhece a linda Mina, filha do renomado Dr Van Helsing e sua amiga Lucy, jovem namorada de seu procurador. A aproximação trará sérias consequências para todos.

Pablo Aluísio.

Drácula 1979




segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Os Duelistas

Título no Brasil: Os Duelistas
Título Original: The Duellists
Ano de Produção: 1977
País: Inglaterra
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Ridley Scott
Roteiro: Gerald Vaughan-Hughes
Elenco: Keith Carradine, Harvey Keitel, Albert Finney

Sinopse:
Baseado na obra de Joseph Conrad. Um oficial do exército francês, no período da glória de Napoleão Bonaparte, insulta um outro militar. Como era costume na época tudo deveria se resolver em duelos de espadas ou armas de fogo. Ao longo dos anos eles se encontrarão várias e várias vezes para defender sua honra. Filme vencedor do Cannes Film Festival. Também indicado ao BAFTA Awards nas categorias de Melhor Figurino e Melhor Fotografia.

Comentários:
Bom filme dirigido pelo talentoso Ridley Scott. É curioso que o diretor tenha se limitado a transpor para as telas, da forma mais fiel possível, o livro de Joseph Conrad. Essa obra, de apenas 100 páginas, é uma crítica velada aos valores morais do período Napoleônico. Assim o duelo, tão comum entre cavalheiros daquela época, ganha contornos de tragédia grega, com um pezinho na absurda situação de levar um duelo em frente por anos e anos. Como o conteúdo do livro é por demais simples - o enredo caberia até mesmo em um média metragem - Ridley Scott resolveu apostar na estética das cenas. Como bem se sabe o diretor veio do mercado publicitário, onde o que menos importa é o conteúdo mas sim a forma como se mostra o produto. "Os Duelistas" vai bem por esse caminho. Como não há muito o que se contar o diretor capricha nas tomadas de cenas, na fotografia em seda e no clima dos duelos que vão se sucedendo ao longo do filme. Por essa razão o resultado final se mostra muito estiloso e bonito, embora não haja um grande roteiro por trás de tudo o que se vê ao longo de sua duração.

Pablo Aluísio.

Terror em Amityville

Roteiro e Argumento: O roteiro do filme segue o livro no qual foi baseado. Esse livro foi escrito pela primeira família que foi morar na casa após o massacre ocorrido lá. Como se sabe sem motivo aparente Ronald "Butch" Júnior matou toda sua família a tiros de espingarda. Depois desse crime horrível a casa ganhou fama de ser mal assombrada. Os primeiros moradores a comprarem a casa foram os Lutz, que relataram vários acontecimentos estranhos quando se mudaram para lá. Claro que o filme carrega nas tintas mas de maneira em geral o roteiro consegue ser menos sensacionalista do que era de se esperar.

Produção: O filme investe bastante naquele que parece ser o principal personagem aqui: a própria casa. Assim usando jogos de luzes e sombras a produção tenta criar toda uma atmosfera pesada no local. Não há muitos efeitos especiais como era de se esperar numa produção da década de 70. O grande destaque no final das contas fica com a trilha sonora incidental de Lalo Schifrin. Aquele coro infantil seria copiado a exaustão nos anos seguintes e é certamente assustador. A música sozinha é responsável pela metade do clima de terror do filme. Muito boa.

Direção: Depois de uma boa parceria ao lado de atores como Paul Newman e Robert Redford o diretor Stuart Rosenberg resolveu voltar ao terror e suspense, gênero que ele trabalhou bastante quando era diretor de tv. Seu trabalho aqui pode ser definido como correto. Ele investe bastante na chamada "climatização", embora na minha opinião o filme perca parte de seu charme nas cenas finais (bem exageradas e apelativas). Teria sido bem melhor se tudo continuasse apenas na expectativa e no suspense.

Elenco: O grande destaque vai para Rod Steiger no papel de padre Delaney. Infelizmente o personagem se mantém coadjuvante até o final. Eu esperava que ele tomasse as rédeas da situação mas isso não acontece. De qualquer forma sua interpretação ainda é a melhor coisa do filme. Margot Kidder, recém saída do sucesso de Superman aparece em cena com muitas caras e bocas mas apesar disso não compromete, já o ator James Brolin (pai do Josh Brolin) está muito bem. Com aquela estética bem anos 70 (barbudo e pouco chegado num banho) o ator consegue criar uma boa atmosfera em torno do seu personagem.

Terror em Amityville (The Amityville Horror, Estados Unidos, 1979) Direção Stuart Rosenberg / Roteiro Sandor Stern / Elenco: James Brolin, Brad Davis, Margot Kidder, Rod Steiger, Don Stroud e Murray Hamilton / Sinopse: Família se muda para uma casa onde ocorreu um terrível crime em que o filho matou seus pais e seus irmãos a tiros. Após alguns dias na nova moradia eles começam a perceber a presença de estranhos eventos no local.

Pablo Aluísio.

domingo, 28 de outubro de 2007

Marilyn Monroe - Os Desajustados

O roteiro do clássico "Os Desajustados" (The Misfits, Estados Unidos, 1961) foi escrito baseado em conto de Arthur Miller, marido da atriz Marilyn Monroe, a estrela mais popular e famosa de seu tempo. E por uma dessas grandes ironias do destino a base da personagem interpretada por Marilyn nesse filme era a própria Marilyn. Miller escreveu seu texto baseado no que via na própria esposa. Sim, uma personalidade complexa, beirando o neurótico, mas igualmente uma boa alma.

Uma mulher que se preocupava com os animais e que sentia profunda dor emocional quando via algum tipo de maus-tratos com os bichinhos. Após se casar ela ficou vários meses em um rancho nos arredores de Los Angeles. E como em todo rancho havia muitos animais ao redor. Arthur Miller notou logo nos primeiros dias que Marilyn tinha uma preocupação fora do comum com os animais do lugar. Ela adotou vários cães e gatos que viviam sem um dono. Alguns deles ela levou embora com ela quando voltou para Los Angeles.

Marilyn também ficou muito impressionada quando soube que cowboys modernos caçavam cavalos selvagens, conhecidos como Mustangs, para venderem seus corpos para fábricas de sabão. Os animais eram capturados, mortos e depois despachados para essas fábricas. Marilyn ficou tão aterrorizada com a história, que era mesmo real, que passou a noite em claro. Diante disso Arthur Miller decidiu que isso seria o ponto de partida para seu novo conto, o mesmo que daria origem ao filme "Os Desajustados".

Com a chegada da modernidade muitos cowboys tinham ficado desempregados, sem meios de vida. E o que ele sabiam fazer? Bom, laçar cavalos e domestica-los era uma das coisas que sabiam fazer, mas era igualmente triste saber também que eles usavam esse tipo de conhecimento para algo tão mórbido, tão condenável. Os cowboys do passado certamente ficariam envergonhados com tudo aquilo.

Pablo Aluísio.

Sigourney Weaver

Eu tenho um grupo de cinema no Facebook chamado "Filmes Clássicos". Não é o único, pois eu tenho também um chamado "Cinema Classe A". Por lá eu costumo jogar minhas bombinhas que escrevo por aqui nos blogs. Pois bem, até como teste eu coloquei essa foto da atriz no grupo perguntando o nome dela e qual filme as pessoas mais curtiam dela. Claro que a resposta mais comum foi "Aliens". Eu acho que seria simplesmente impossível ser diferente, ainda mais depois de tantos sucessos de bilheteria de uma franquia que até hoje está em cartaz. Ela sempre será a Tenente Ripley, isso é meio óbvio. Porém nem tudo foi tão previsível. 

Algumas pessoas lembraram de bons filmes que ela fez ao longo de todos esses anos de carreira como "Na Montanha dos Gorilas", "Uma Secretária de Futuro" e, sim meus caros, "Os Caça-Fantasmas". Quem poderia esquecer desse último? Filme dos mais divertidos dos anos 80, uma mistura maneira de terror, comédia e ficção, tudo muito bem misturado, equilibrado. Uma filme para nunca mais esquecer. Bom pelo menos para quem viveu os anos 80 e seu cinema.

Outro ponto digno de nota a se lembrar nessa madrugada foi que ela sempre foi considerada uma das atrizes mais altas do cinema. Algumas fontes dizem que tem entre 1.82 a 1.85 de altura. Poderia ser uma jogadora de vólei! Atualmente com 71 anos de idade (isso mesmo, eu também fiquei surpreso!) ela praticamente está aposentada. Porém, jamais será esquecida. Sempre estará viajando pelo espaço enfrentando criaturas do espaço... e se tudo correr bem sempre as vencerá pela imensidão do cosmos!

Pablo Aluísio.

sábado, 27 de outubro de 2007

Charles Bronson

É a tal coisa... se você é muito jovem muito provavelmente nem saiba quem foi Charles Bronson. Já faz um bom tempo que ele morreu e seus filmes, salvo algumas exceções, passam longe de serem consideradas obras primas do cinema. Eu não peguei a fase inicial da carreira do Bronson. Na realidade ele surgiu ainda na década de 1950 e nessa época eu nem existia. O Bronson da minha infância e adolescência foi aquele ator já velho, com cabelos brancos, que arrebentava a bandidagem das ruas em filmes mais modestos que no Brasil foram lançados no mercado de vídeo VHS em selos como América Vídeo - sim, aquela da capinha azul com estrelinhas, uma coisa bem anos 80 é bom dizer.

Pois bem, como eram esses filmes? O Bronson naquela época já não trabalhava em grandes estúdios como Paramount, MGM ou Warner. Ele encontrou um nicho interessante em produtoras menores como a Cannon. Essa empresa produzia filmes baratos de ação para serem exibidos em cinemas mais populares mundo afora - eu estou falando de um tempo em que não havia cinemas multiplex em shopping center, mas apenas cinemas de rua, grandes salas de exibição que ficavam nos grandes centros das cidades. 

A Cannon tinha um grande "astro" naqueles tempos: Chuck Norris (não se preocupem, falaremos ainda dele por aqui). E qual era a do Chuck Norris? Bom, basicamente ele interpretava caras durões e indestrutíveis que mandava para os ares seus inimigos. Ora, bem lá atrás nos anos 70 quem mandava muito bem nesse tipo de filme era o Charles Bronson. Basta lembrar de "Desejo de Matar" para entender bem isso. Assim Bronson foi contratado pela Cannon para estrelar uma série de filmes de porrada e ação, bem ao seu velho estilo. Os machões que curtiam esse tipo de filme tiveram os seus anos de auge durante a década de 1980, justamente por causa de filmes como esse. Havia algo melhor do que ver o Bronson com uma bazuca limpando as ruas da escória? Claro que não!

"Desejo de Matar 2" já mostrava o que estava por vir. Ao contrário do primeiro filme que tinha alguma preocupação com roteiro e enredo, essa sequência partia logo para os finalmentes. Extremamente violenta a fita fez um belo sucesso de bilheteria - embora tenha sido arrasado pela crítica que dizia ser o filme fascista e coisas do gênero. A Cannon nem ligou, eles queriam mesmo era faturar. "Dez Minutos Para Morrer" era um pouquinho mais sofisticado, com um enredo mais bem elaborado, colocando Bronson como um tira veterano atrás de um serial killer depravado. A cena final com o criminoso correndo nu ficou célebre. "Desejo de Matar 3" provava que o cinema de ação não teria mais vergonha em faturar com filmes em série. Se havia dado certo uma, duas, três vezes... por que não ir em frente? Bronson cada vez mais envelhecido ia se tornando ainda mais brutal e violento a cada nova sequência. Seu personagem deixava de ser humano para virar uma máquina assassina de matar. O público adorava!

Pablo Aluísio.

George C. Scott

Hoje, se estivesse vivo, quem estaria fazendo aniversário seria o ator George C. Scott. Sua carreira foi longa, produtiva e extensa, com 89 filmes. É comum citar os mais conhecidos como "Patton", por exemplo, mas gostaria aqui de destacar filmes menos conhecidos, que já assisti mais recentemente e que me deixaram surpreso com a qualidade do trabalho desse grande (e de certa maneira subestimado) ator.

Por exemplo, você sabia que George C. Scott protagonizou um filme da franquia "O Exorcista"? Pois é meus caros, ele esteve em "O Exorcista III" e querem saber de uma coisa? Esse filme é excelente. Pouco falado, pouco comentado, ele apresenta um roteiro de terror psicológico que acabou me deixando forte impressão. Pensei que seria uma fitinha B feita para faturar alguns trocados nas bilheterias. Ledo engano. O filme é realmente muito bom e Scott como um velho policial que precisará enfrentar milenares forças do mal está perfeito em cena.

Outro filme que indicaria aqui é "Hardcore: No Submundo do Sexo". Nesse filme hoje pouco lembrado, o ator interpreta um pai que vê sua filha sucumbir ao mundo da pornografia. É um grande trabalho de atuação do veterano ator. Ele precisa mergulhar nesse submundo para encontrar sua filha há muito desaparecida e acaba encontrando o lado mais sórdido do ser humano. O poster por si só já era um documento de seu grande talento, em pose dramática dizendo: "Essa é a minha filha!". Imagine a carga emocional de um momento como esse quando um pai descobre que sua filha faz filmes pornográficos.

Por fim deixo a recomendação do filme "A Fórmula" que reuniu em um mesmo elenco Marlon Brando e George C. Scott. O próprio Brando afirmou em sua autobiografia que só fez o filme para ter a chance de contracenar com Scott. O filme em si não é digno desses grandes talentos, não está à altura deles, mas só por ter reunido uma dupla tão memorável já vale como citação para os cinéfilos mais jovens. Foi lançado em VHS no Brasil, mas depois disso se tornou uma raridade. Assim encerro esse singelo texto que tentou fugir do óbvio, dando dicas de ótimos filmes do ator. Filmes que nem sempre circulam na lista dos mais conhecidos de sua rica filmografia.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Jane Russell

Jane Russell
A atriz Jane Russell foi uma beldade dos anos 1940 e 1950. Ela começou praticamente como uma pin-up, em poses sensuais e expressões provocantes quando foi descoberta pelo bilionário excêntrico Howard Hughes. Como quase sempre acontecia ele ficava completamente apaixonado por esse tipo de garota e a partir daí movia mundos e fundos para promover sua nova estrela. E assim fez também com Russell. E o mais curioso de tudo é que ele escolheu o mais improvável dos gêneros cinematográficos para isso. Sim, estou em referindo ao western;

O ano era 1943 e o filme se chamaria "O Proscrito", o primeiro da jovem atriz no cinema. Hughes mandou produzir um grande poster com ela, dando destaque para seus seios que alguns jornalistas diziam na época ser de "granitos", tal sua consistência e resistência à gravidade. 

E de fato ela esteve muito bem nesse faroeste diferente, onde uma mulher sensual assumia o primeiro plano. Na prática o filme foi dirigido por duas pessoas, curiosamente com o mesmo nome. Estou me referindo a Howard Hughes e Howard Hawks, o bilionário dono de indústrias e fábricas de avião e o cineasta talentoso, muito reconhecido em Hollywood por seu trabalho. Dessa união nasceu um filme muito bom, ainda hoje considerado um verdadeiro cult movie.

Pablo Aluísio.

Gata em Teto de Zinco Quente

Gata em Teto de Zinco Quente
Foto de recordação do elenco de um filme "Gata em Teto de Zinco Quente". Baseado na peça escrita por Tennessee Williams, que escreveu a peça "Cat on a Hot Tin Roof" para o teatro, a história era uma maneira do autor atingir o coração daquelas velhas famílias dita tradicionais, muito comuns no sul do país, onde imperava realmente a pura hipocrisia sulista. Isso sem falar no passado vergonhoso ligado à escravidão, afinal a grande maioria das riquezas dessas famílias tradicionais tinham nascido com o uso intensivo de mão de obra escrava nas grandes plantações de algodão.

O filme foi dirigido por Richard Brooks e foi bastante elogiado pela crítica da época. Para muitos esse seguiu sendo o melhor filme da carreira da atriz Elizabeth Taylor que teve a chance de contracenar com o ídolo e astro Paul Newman (que passava quase todo o filme com um gesso na perna, pois isso fazia parte do seu papel no roteiro). Paul Newman inclusive sempre elogiava o filme, dizendo que ele havia se tornado superior ao próprio texto original, da peça teatral. Será mesmo?

Lançado em 1958 a versão cinematográfica causou sensação, sendo indicado a seis categorias no Oscar. Paul Newman foi indicado ao Oscar de melhor ator. Elizabeth Taylor também teve sua indicação. Ela inclusive foi apontada na época como uma das favoritas a levar o prêmio. O roteiro a cargo do diretor Richard Brooks (em parceria com James Poe) também foi lembrado. Melhor filme e melhor direção de fotografia (para William H. Daniels) completaram a lista de indicações.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Vivien Leigh - Filmografia Completa - Parte 1

Vivien Leigh - Filmografia Completa - Parte 1
Eternamente imortalizada pelo filme "E O Vento Levou" a atriz Vivien Leigh teve uma produtiva carreira no cinema americano e também no cinema inglês. No total foram 21 filmes. Ela foi premiada com o Oscar duas vezes. A primeira por Scarlett em "E O Vento Levou" e a segunda por interpretar Blanche DuBois na versão cinematográfica da peça "Uma Rua Chamada Pecado". Segue abaixo a lista completa de seus filmes, separados por an1o de lançamento. O que mais chama a atenção é como ela conseguiu emplacar em Hollywood. Ao ser escalada para interpretar a protagonista de "E O Vento Levou" tudo mudou. E isso aconteceu de forma muito rápida! Impressionante como ela virou uma estrela do cinema em tão pouco tempo.

1935:
The Village Squire
Gentleman's Agreement
Things Are Looking Up
 Look Up and Laugh
 

Esses foram seus primeiros filmes, todos feitos na Inglaterra. Não foram lançados no Brasil, por isso não possuem títulos nacionais.

1937:
Fogo Por Sobre a Inglaterra
Tempestade Num Copo D'Água


Após um ano parada, se dedicando aos estudos, a atriz voltou a filmar. Seus dois primeiros filmes chegaram ao Brasil.

1938:
Um Yankee em Oxford
As Calçadas De Londres

Dois bons filmes ingleses, ambos foram lançados no Brasil. Ela decide ir para os Estados Unidos depois que termina as duas produções. Almeja uma carreira em Hollywood.

1939:
...E o Vento Levou

O ano em que tudo mudou. Ela é escolhida para atuar em um dos mais populares filmes da história de Hollywood. A consagração é completa e ela leva o Oscar para casa, curiosamente em seu primeiro filme rodado nos Estados Unidos! Da noite para o dia ela se torna uma das atrizes mais conhecidas do mundo em uma das mais incríveis histórias de sucesso do cinema.

Pablo Aluísio.

Vivien Leigh - Filmografia Completa - Parte 2

Vivien Leigh - Filmografia Completa - Parte 2
Vamos dar sequência nessa análise dos filmes da atriz Vivien Leigh, agora partindo da década de 1940, quando a ainda jovem atriz passou a colher os frutos do sucesso do clássco "E O Vento Levou".

1940:
A Ponte de Waterloo
3 Semanas de Loucura

Depois do grande sucesso de bilheteria de "E O Vento Levou", toda Hollywood ficou na expectativa do que a atriz iria fazer depois. E foram dois bons filmes, mas em escala menor, como era de se esperar. "3 Semanas de Loucura" é um filme que não fez muito sucesso, que não marcou muito. Já "A Ponte de Waterloo" é considerado um filme romântico excepcional, ainda hoje lembrado pelos cinéfilos. Grande momento de sua carreira. No mais ela não voltou ao topo em Hollywood, o que causou um certo mal estar com os grandes estúdios.

1941:
Lady Hamilton, a Divina Dama


Em 1941 a atriz faria apenas um filme, "Lady Hamilton, a Divina Dama", uma boa produção, mas que não fez muito sucesso. Com problemas de saúde a atriz só voltaria a atuar em 1945, ficando quatro anos afastada do cinema.

1945:
César e Cleópatra

O retorno, após alguns anos afastada, não foi dos mais brilhantes, ainda que se possa considerar esse um bom filme épico, mas com produção bem mais modesta do que os filmes produzidos em Hollywood.

1948:
Anna Karenina

Último filme da década, o que demonstra que ela pouco produziu nos anos 1940, fruto de muitos problemas de saúde e de índole pessoal. Essa adaptação do clássico da literatura certamente é um bom filme, com ótima atuação e roteiro primoroso. Só não se tornou um sucesso de bilheteria, o que de certa maneira era compreensível.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

James Dean / Marlon Brando


James Dean
Na foto James Dean banca o cowboy no deserto do Texas durante as filmagens de "Assim Caminha a Humanidade". Na verdade o eterno rebelde de Hollywood carregava diversos traumas de infância que o fazia se esconder embaixo de uma personalidade complicada de se relacionar. A mãe de Dean faleceu quando ele era ainda muito jovem, apenas uma criança. Depois seu pai o enviou para ser criado pelos tios em Indiana. O velho estava casando novamente com outra mulher e Dean não fazia mais parte dessa sua nova vida. Assim o ator acabou criando uma sensação de rejeição e problemas familiares que o seguiria pelo resto de sua curta vida. Depois de sua morte alguns textos escritos pelo próprio Dean foram encontrados. Em um deles o ator desabafava sobre a morte precoce de sua mãe ao dizer: "O que ela esperava que eu fizesse? Salvar o mundo inteiro sozinho?".


James Dean - O Rebelde Sem Causa
James Dean posa para uma foto do filme "Juventude Transviada" que no original se chamava "Rebel Without Cause". O roteiro explorava a geração jovem da década de 1950. Na época a expressão Rebelde Sem Causa se disseminou nos meios acadêmicos pois para os especialistas os jovens daquela época não tinha contra o que se rebelar. Os Estados Unidos passavam por um período muito próspero, com grande desenvolvimento econômico. E pela primeira vez na história os mais jovens não eram mais pressionados para largar os estudos para trabalhar no campo. Com tantos pontos positivos os psicólogos simplesmente não conseguiam entender porque tantos jovens se tornavam delinquentes juvenis, rompendo com o American Way of Life de forma tão contundente. A única coisa que ignoraram foi o extremo vazio existencial que atingia muitos adolescentes da época. Isso não poderia ser curado tão facilmente como muitos faziam crer.

Marlon Brando - Espíritos Indômitos
O primeiro filme da carreira de Marlon Brando foi Espíritos Indômitos (The Men, EUA, 1950), dirigido por Fred Zinnemann. Existem filmes que são verdadeiras experiências de vida para os atores. Foi isso que aconteceu com Brando no set de filmagens de sua primeira produção. O roteiro mostrava as dificuldades de um jovem soldado que voltava da guerra paralítico. Após ser atingido no campo de batalha ele perdia a capacidade de andar. Esse é um lado da guerra que geralmente era jogado para debaixo do tapete em filmes de guerra. Os soldados eram mostrados como homens bravos, quase super-heróis. Em seu primeiro filme Brando teve a oportunidade de mostrar o lado mais humano dessas pessoas.

O drama de se tornar deficiente ainda tão jovem, com um longo futuro pela frente. Em sua autobiografia Marlon Brando recordou que teve que conviver com veteranos reais, que ficaram aleijados por ferimentos nos campos violentos da Guerra da Coreia e da Segunda Guerra Mundial. Brando contou que aqueles homens não queriam a pena das pessoas e nem tampouco que fossem lamentados. Eles na verdade ansiavam por um tratamento igualitário, queriam ser vistos como pessoas normais e não como verdadeiros coitadinhos. Muitos deles eram jovens que tinham perdido não apenas a capacidade de andar, mas também de fazer sexo. Imagine isso na cabeça de um homem de 20, 21 anos de idade? Algo realmente terrível. A convivência com aqueles homens mudou a visão de Brando sobre o militarismo para sempre. Ele que havia estudado numa escola militar se sentia arrasado sempre que ouvia alguma história triste contado por aqueles sujeitos. A guerra não é um lugar bonito para se estar. E o lar muitas vezes também pode se tornar um verdadeiro inferno quando você volta do combate incapacitado de alguma forma. A lição de vida fica assim para todos.



Marlon Brando - The Men
Brando estuda o script de "Espíritos Indômitos" ainda na cadeira de rodas de seu personagem. Durante muito tempo Brando afirmara que não faria cinema. Ele era um ator respeitado e conceituado em Nova Iorque com suas peças teatrais e ir para Los Angeles filmar todos aqueles filmes sem muito conteúdo não o animava. Era uma forma de arte menor, não à altura de seu talento. Em sua autobiografia o ator confessa que via os atores de Hollywood como verdadeiras prostituas da arte de atuar, mas que ele não tinha forças suficientes para recusar os altos cachês que a indústria cinematográfica lhe oferecia. De forma irônica Brando escreveu: "Pois é, eu também era uma prostituta, fazer o quê?". Coisas de Brando.


Marlon Brando e o Pai
Na foto Marlon Brando e seu pai surgem sorridentes em um momento bem divertido. Na realidade esse foi um raro momento de descontração. Brando e seu pai tinham um relacionamento tumultuado, agravado pelo alcoolismo de sua mãe (que ele atribuía como culpa do comportamento nada fiel e muito cruel do seu velho) e por uma frieza que deixava Brando muito desconcertado. Na juventude Brando até tentou ser um bom aluno, indo para uma escola militar que também havia sido frequentada pelo pai, mas tudo ruiu quando ele foi expulso por mau comportamento. Isso deixou tudo ainda mais tenso entre ambos. Nem quando Brando se tornou famoso as coisas serenaram. Viviam brigando e jogando coisas horríveis um na cara do outro. No final da vida o velho se tornou ainda mais frio e distante com o filho o que fez Brando confessar em sua autobiografia: "Queria que ele tivesse vivido mais, pois queria dar um soco em sua cara que quebrasse todo os seus dentes" - uau, nem Johnny o motoqueiro de "O Selvagem" teria tanto ódio no coração assim!


Brando na Broadway
Foto clássica de Marlon Brando nos bastidores da Broadway onde trabalhava na famosa peça "Um Bonde Chamado Desejo". Para Brando era essencialmente a consagração de sua carreira de ator teatral, algo que ele almejava conquistar desde quando chegara a Nova Iorque, ainda na década de 1940. Inicialmente Brando não tinha intenção de fazer cinema porém a equação menos trabalho e mais dinheiro falou mais alto. Em Hollywood Brando logo descobriria que a arte não estava em primeiro lugar como nos teatros da grande maçã. O importante era lucrar e fazer sucesso e isso significava muitas vezes mudar os textos originais que eram adaptados para o cinema, algo que geralmente enfurecia o ator.

Pablo Aluísio.

George Cukor, o diretor das estrelas

Um dos grandes cineastas da era de ouro do cinema clássico americano foi George Cukor. Além de brilhante diretor ele se notabilizou e ficou conhecido como o "Diretor da Estrelas". Essa denominação, muito justa aliás, lhe foi dada pela crítica por causa da extrema sensibilidade que Cukor demonstrava ao dirigir as grandes divas do cinema. Isso ficou bem claro quando dirigiu Marilyn Monroe no filme "Adorável Pecadora" de 1960. A atriz o escolheu pessoalmente por causa da indicação de colegas da profissão, uma vez que Cukor era extremamente compreensivo e gentil com os vários problemas que atingiam muitas delas, inclusive em sua vida particular.

Marilyn que tinha um longo histórico de brigas e confusões com diretores que havia trabalhado ao longo de sua carreira conseguiu ter uma perfeita sintonia com Cukor no set de filmagens. Isso aumentou sua produtividade e a intensa paciência do cineasta acabou ganhando ares de gratidão quando Marilyn resolveu pedir a volta de Cukor para dirigir aquele que seria seu último filme, "Something's Got to Give" que nunca seria concluído uma vez que Marilyn morreria de uma overdose de drogas acidental durante as filmagens. Na ocasião dizia-se nos corredores da Fox que apenas Cukor tinha a habilidade pessoal e a diplomacia necessárias para lidar com o terrível e complicado temperamento de La Monroe.

Outra deusa da sétima arte que teve um feliz (e breve encontro) profissional com George Cukor foi Vivien Leigh. Poucos sabem, mas Cukor foi o primeiro escolhido para dirigir o maior épico histórico de Hollywood na década de 1930, o clássico imortal "E O Vento Levou". Logo no começo das filmagens ele entendeu (de forma completamente certa) que a grande protagonista da fita seria a personagem  Scarlett O'Hara. Tudo o mais apenas giraria ao seu redor. Essa visão descontentou profundamente o astro Clark Gable que achava estar sendo colocado de lado por Cukor. Pressionado o estúdio acabou demitindo o mestre, porém seu legado ficou no filme a tal ponto que muitos creditam o Oscar dado a Leigh justamente pelas cenas que Cukor rodou com ela.

Cukor teve uma vida longa, só vindo a falecer com 83 anos de idade! Ao todo ele dirigiu 67 filmes, alguns considerados clássicos absolutos da história do cinema. Discreto, elegante e muito educado ele soube como poucos tirar o melhor das atrizes com quem trabalhou ao longo da vida. Foi indicado seis vezes ao Oscar, mas só foi premiado uma vez, por "My Fair Lady" de 1964, onde teve mais uma bela oportunidade de dirigir uma grande atriz, o símbolo máximo da elegância glamorosa, Audrey Hepburn. Mais coerente com o seu modo de ser e trabalhar do que isso, impossível.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Robert Mitchum - Problemas Legais

Robert Mitchum protagonizou um dos maiores escândalos da história da velha Hollywood. O fato aconteceu em setembro de 1948. Mitchum estava em uma casa suspeita em Hollywood Hills, bairro de Los Angeles, ao lado da atriz Lila Leeds, seu namorado e a dançarina Vickie Evans. Todos pareciam estar numa boa, ouvindo música, dançando um pouco, namorando outro tanto, até que foram surpreendidos com fortes batidas na porta da frente. Era a polícia. Uma denúncia anônima - provavelmente de algum vizinho irritado - havia informado que no local estava havendo consumo de drogas.

Todos foram imediatamente revistados. O flagrante se consumou após os tiras encontrarem na sala de estar vários cigarros de maconha. Mitchum e sua turma foram imediatamente algemados e levados para os carros patrulhas. Alertada, a imprensa correu para o local e ainda conseguiu excelentes fotos do momento exato em que todos estavam sendo levados presos. Robert Mitchum ainda tentou convencer os jornalistas a abafarem o caso ali mesmo, no meio da rua, enquanto era levado para o carro da polícia. Ele virou-se para um conhecido que trabalhava no Los Angeles Times e disse: "Ei, não publique nada sobre isso! Se você publicar essa notícia será o fim da minha carreira!".

Era um temor justificado. Ser preso com maconha nos anos 1940 poderia realmente destruir a reputação de qualquer um, ainda mais de um ator de cinema. Mitchum, apesar de nunca ter feito o papel de galã em seus filmes (geralmente ele interpretava bandidos, criminosos e detetives cínicos em filmes noir) sabia que algo daquela magnitude poderia destruir sua carreira, fazendo com que os estúdios não o contratassem mais para trabalhar em novas produções. Seria o fim? Na delegacia Mitchum tentou se explicar. Afirmou que tudo estava sendo um grande mal entendido. Em sua versão ele estava naquele lugar por puro acaso após ir até Hollywood Hills em busca de uma nova casa para alugar. Como não achou nenhuma que atendesse suas expectativas resolveu dar um pulinho na casa da colega Lila Leeds que morava ali perto. Quando chegou a tal festinha já havia começado e se havia maconha no meio da sala ela certamente não lhe pertencia.

Levado perante o juiz o ator repetiu sua versão dos fatos. Chegou a dizer, com extremo cinismo, bem típico de seus personagens no cinema, que mal sabia o cheiro que um cigarro de maconha exalava e por isso era completamente inocente, uma pobre alma que estava no lugar errado, na hora errada. O magistrado não se convenceu e sentenciou Mitchum a uma pena de seis meses na penitenciária de Los Angeles. Claro que a imprensa fez a festa, cobrindo todos os menores detalhes: Mitchum sendo levado para a prisão, vestindo roupa de presidiário, limpando sua cela, etc. Curiosamente o ator a partir de determinado momento não quis mais saber de preservar sua imagem, fazendo inúmeras piadas sobre o ocorrido. Isso acabou criando uma simpatia do público com ele a ponto de todos o perdoarem pelo deslize. Quando saiu da cadeia Mitchum percebeu que sua carreira havia sobrevivido, novos filmes estavam à sua disposição e ele poderia seguir em frente, mas claro, agora sem maconha.

Pablo Aluísio.

Clark Gable e Loretta Young

Um dos casos mais escabrosos da velha Hollywood só veio à tona em 2015. Clark Gable e Loretta Young estrelaram vários filmes juntos. O eterno galã que ficou imortalizado em clássicos do cinema como "E O Vento Levou" tinha fama de conquistador também fora das telas. Invariavelmente tentava levar as atrizes com quem contracenavam para a cama e diante de sua fama e riqueza geralmente se dava bem, conseguindo atingir seus objetivos. Uma exceção aconteceu com Loretta Young. Durante as filmagens de "O Grito na Selva" de 1935 o ator teria decidido que iria levar o romance com Loretta também para a vida real.

O problema é que ela tinha firmes convicções religiosas. Criada dentro do catolicismo não aceitava a ideia de ir para a cama com um homem com quem não estivesse casada. Isso acabava deixando Gable ainda mais interessado em sua conquista porém apesar dos avanços nunca teria conseguido nada com ela. Até que uma noite, após o final de um dia cansativo de filmagens, Gable teria surgido de surpresa em seu camarim. Nessa ocasião ele teria forçado uma grande barra para ter Loretta em seus braços, mas ela teria resistido aos seus avanços. Gable teria então ficado bem contrariado com a recusa, mas recuou diante do surgimento de outros membros da equipe técnica do filme no local.

Depois quando toda a equipe e o elenco estavam viajando de volta das locações para Hollywood o ator finalmente teria conseguido entrar na cabine do trem onde viajava Loretta e, segundo suas próprias palavras em seu livro de memórias, a teria estuprado. A denúncia que o grande astro da era de ouro do cinema americano era também um estuprador já era por si só chocante, mas não era tudo. Ainda havia mais. A atriz teria ficado grávida de Clark Gable. Envergonhada, procurou esconder sua situação tendo nascido desse estupro a sua filha Judy. Mesmo procurado por Loretta secretamente para lhe informar que havia se tornado pai novamente, o ator negou-se a assumir publicamente a paternidade.

Loretta Young então resolveu guardar esse grande segredo por décadas e décadas. Seu maior receio era que a filha ficasse estigmatizada em Hollywood, sofrendo toda a sorte de preconceitos por ter sido fruto de um estupro cometido por um ator famoso. Só depois da morte da filha Judy, em 2015, é que finalmente as memórias de Loretta se tornaram públicas. Ela permitiu em uma carta que a história fosse revelada ao grande público desde que sua filha também já estivesse morta (Loretta morreu em 2000, anos antes da morte da filha, mas revelou tudo para sua nora, com a autorização de que tudo fosse realmente divulgado quando ela também já não estivesse viva). Agora imaginem ficar por tanto tempo guardando algo dessa magnitude enquanto a carreira e a memória de Clark Gable eram louvadas (ele morreu em 1960, após as filmagens do filme "Os Desajustados"). Só uma mulher com grande fibra moral teria conseguido essa verdadeira façanha.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Charlton Heston - A visita ao Brasil

A primeira vez que o ator Charlton Heston ouviu falar do Brasil foi quando foi contratado para atuar na produção "Selva Nua" em 1953, onde interpretava um aventureiro que viajava até a Amazônia brasileira em busca de uma nova vida. Uma vez na América do Sul ele procurava "importar" uma mulher americana para ser sua esposa (interpretada pela atriz Eleanor Parker), mas tinha muitos problemas com ela quando finalmente chegava de viagem. Ele procurava por uma mulher virgem, mas logo descobria que ela era na verdade viúva, desapontando seus planos iniciais. Para promover o filme o estúdio então convidou a jornalista Dulce Damasceno de Brito para entrevistá-lo. Heston estava particularmente interessado nesse encontro porque poderia lhe trazer maiores conhecimentos sobre aquele país tropical distante, de natureza exuberante. Afinal Dulce era brasileira.

Logo que foi apresentado para Dulce o ator começou a lhe fazer várias perguntas sobre o Brasil, algumas sem o menor sentido, como se Dulce tivesse vindo direto da floresta para a entrevista (sendo que ela na verdade morava em São Paulo e não tinha a menor ideia do que ele estava falando). Como muitos americanos o ator achava que o Brasil era uma enorme floresta amazônica com pequenas povoações isoladas no meio da mata. O momento em que Dulce realmente caiu na gargalhada foi quando Heston lhe perguntou sobre as terríveis formigas gigantes assassinas brasileiras conhecidas como "Marabuntas". Era surreal demais para ser verdade. Educadamente Dulce lhe explicou que elas não existiam em São Paulo onde ela morava, até porque aquela era uma grande metrópole e não um vilarejo no meio da selva.

Algo que o próprio Charlton Heston teria oportunidade de conhecer alguns anos depois quando finalmente veio ao Brasil para as filmagens de "My Father", um filme com financiamento italiano que nunca chegou a ser lançado comercialmente em nosso país. Nesse período Heston ficou dois meses no Brasil filmando diversas cenas em São Paulo, Manaus e Belém do Pará. A diversidade de culturas, climas e fauna impressionou o ator que ao reencontrar Dulce novamente em São Paulo disparou: "O Brasil é o país mais bonito do mundo! Estou verdadeiramente impressionado!". Ele já havia estado por aqui em outra ocasião breve, nos anos 70, para promover o filme "SOS Submarino Nuclear", mas aquela havia sido uma curta estadia. Agora com chances maiores de visitar o país o ator ficou realmente surpreso com o país. Confessou a Dulce que só não entendia como um país tão grandioso como o Brasil não conseguia se tornar uma potência mundial - provavelmente Heston não conhecia a classe política brasileira!

De uma maneira ou outra ele e Dulce riram muito quando relembraram de seu primeiro encontro, ainda em Hollywood, quando Heston queria saber mais sobre as formigas gigantes brasileiras. Ele finalmente havia entendido o absurdo da situação. Como todo americano médio o ator não tinha a menor ideia do que significava o Brasil e seu tamanho continental. Ele que pensava que o Brasil não tinha nada além de florestas e mais florestas finalmente havia conhecido o lado urbano e mais desenvolvido do país, com suas grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Nunca é tarde demais para aprender um pouco mais de história e geografia, não é mesmo?

Pablo Aluísio.

Memórias de Marilyn Monroe - Parte 2

Quando eu era uma simples adolescente eu fui muitas vezes ao Chinese Theatre na Hollywood Boulevard onde as estrelas e astros do cinema colocavam seus pés e mãos em cimento, os imortalizando para sempre. Uma vez tirei meus sapatos e coloquei sobre as marcas do cimento de estrelas do passado. Ficava comparando o tamanho dos meus pés com as delas e pensei - "Pobrezinha, tinha os pés muito grandes!". Quando eu fazia isso eu pensava que o meu dia nunca haveria de chegar! Eu estava enganada pois um dia a minha vez finalmente chegou também! Quando fui convidada para fazer minhas marcas naquele mesmo cimento eu ri comigo mesma e pensei que nada no mundo é realmente impossível quando você deseja algo. Quando decidi ser atriz sabia que seria duro chegar ao topo. As dificuldades realmente foram enormes, mas jamais me desencorajei de lutar pelos meus sonhos. O que me fazia seguir em frente eram as enormes possibilidades de fazer algo realmente importante na minha vida. Eu adoro comédias e elas me trouxeram a primeira grande oportunidade da minha carreira. Além disso eu acredito que tenha vocação para o humor e isso é algo que nasce com você. Além disso na época eram os filmes que me ofereciam e eu precisava do dinheiro!

Esses meus primeiros filmes me trouxeram o pão de cada dia e eu os fiz na maior humildade, com gratidão. Quando me deram o papel de Lorelei Lee em "Os Homens Preferem as Loiras" ao lado de Jane Russell eu vibrei! Ela ganhou 200 mil dólares pelo trabalho no filme enquanto eu só recebia 500 dólares por semana, mas tudo bem! Eu não me queixava, até porque para uma loira que tinha ficado grande parte de seu tempo desempregada em Hollywood aquela era uma boa soma para que eu pudesse pagar minhas dívidas! Aliás é bom que se diga que Jane foi muito gentil comigo durante todas as filmagens. Ela era uma estrela e eu... bom, eu era apenas uma garota bonita do elenco. Jane sem dúvida foi muito boazinha comigo, mas o mesmo não posso dizer dos outros. Eu não tinha um camarim próprio e puxa, acredito que merecia ter um lugar só para mim, afinal era isso que as estrelas tinham não é mesmo? O filme se chamava "Os Homens Preferem as Loiras" e eu era a principal loira do elenco então... mas os produtores do filme se negaram a me dar um camarim próprio, privativo, dizendo: "Você ainda não é uma estrela" ao que eu respondia: "Eu sei, mas de qualquer jeito eu sou a loira do título!"

Eu devo o meu sucesso ao público, a todos os que compram os ingressos para os meus filmes. Eu não devo gratidão a produtores, nem diretores ou até mesmo ao estúdio - eu devo gratidão ao povo! Assim que os meus filmes começaram a fazer sucesso eu comecei a receber um grande número de cartas enviadas pelos fãs! Receber a primeira carta de um admirador de seu trabalho é como ficar embriagada... embriagada de felicidade! Eu cheguei a chorar e rir de felicidade, tudo ao mesmo tempo! Por isso eu sempre procurei dar o melhor de mim em todos os filmes, sempre procurando fazer um bom trabalho em consideração a essas pessoas. Nem sempre isso era fácil. Havia dias terríveis quando eu tinha que desempenhar em uma cena importante e ficava muito nervosa com isso. Então eu chegava no estúdio muito cedo e via aquela senhorinha varrendo os estúdios e pensava: "Minha vida teria sido mais fácil se eu tivesse limitado minhas ambições a um trabalho como esse! Isso era o que eu deveria estar fazendo!".

Creio que todo artista passa por uma crise como essa. Não basta querer atuar bem, você tem que fazer bem o seu trabalho e agradar a quem pagou um ingresso para ver seu filme no cinema. Meu nervosismo porém algumas vezes me deixava em pânico. Eu parecia gelatina por dentro. Um artista não é como um abajur que você liga e desliga, muito pelo contrário. Eu não consigo trabalhar desse jeito e por isso tive meus problemas com certos diretores ao longo da minha vida. Eles queriam uma reação automática e eu sou uma atriz! Fala-se muito desse medo do palco e das câmeras e eu sei bem o que é isso. Eu já senti muitas e muitas vezes esse medo! Uma vez eu perguntei a Lee Strasberg porque eu às vezes sentia tanto medo e pavor antes de entrar em cena? Ele me olhou bem nos olhos, de forma bem firme e me disse: "No dia em que parar de sentir esse medo pode abandonar a profissão. O medo é a prova que você tem sensibilidade e isso para um artista é essencial". Quando ele me explicou isso eu me senti muito aliviada.

Marilyn Monroe.

domingo, 21 de outubro de 2007

James Dean - A Morte de James Dean

Na noite anterior de sua morte o ator James Dean resolveu experimentar seu novo carro esporte, um Porsche 550 Spyder que ele apelidou de "Little Bastard" (O Pequeno Bastardo). Dean estava encantado pela máquina e esperava conquistar muitas vitórias nas pistas com ele. O ator era na realidade um piloto de corridas frustrado e adorava se sentir um corredor vitorioso nessas competições abertas a qualquer um que tivesse um carro esporte de alta velocidade como um Porsche, por exemplo. O veículo era especial para as pistas, mas Dean resolveu experimentar usando ele numa auto estrada pouco movimentada da Califórnia, em Salinas. Dean calculou que seria melhor levar o Spyder ao seu limite durante a madrugada para evitar as patrulhas policiais das estradas. De fato Dean poderia ter morrido nessa noite pois conforme confidenciou ao seu mecânico ele chegou aos 160Km/h em plena highway - uma temeridade sem tamanho!

Depois de correr por toda a noite James Dean voltou para sua casa às 4h50m, quando o sol já ameaçava raiar. Sua tentativa de dormir foi em vão pois às oito da manhã o ator Richard Davalos chegou para uma visita. Como a casa de Dean estava uma bagunça (como sempre) Davalos resolveu fazer o café da manhã para o amigo. Dean logo notou sua presença e desceu as escadas, mas por ter dormido muito pouco parecia estar de péssimo humor. Nem sequer deu um mero "bom dia" para o colega. Ele simplesmente acendeu um cigarro e foi ao corredor pegar seus bongôs. Em pouco tempo  começou a tocar sem trocar uma única palavra com Davalos. Anos depois o amigo recordou: "Não me senti ofendido. Dean sempre agia assim. Ele nunca falava com ninguém quando acordava. Só começa a interagir com os outros após a primeira xícara de café". Ao lado de Davalos, James Dean deu uma rápida olhada no jornal da manhã, na parte de cultura onde havia sido publicada algumas críticas de novos filmes que estavam estreando. Entre uma rápida leitura e outra ele logo tomou alguns apressados goles de café e voltou rapidamente ao quarto, pegou seu casaco vermelho e foi em direção à porta. O dia estava apenas começando.

Seu despertar foi breve. Logo Dean estava de novo na estrada, dessa vez dirigindo sua velha caminhonete com seu Spyder a reboque. Dean levou seu carro veloz para uma última revisão na oficina perto de sua casa. Ele queria instalar novos cintos de segurança (os mesmos que ele esqueceu de usar, o que foi decisivo para que não sobrevivesse ao acidente que iria sofrer em poucas horas). Enquanto o mecânico alemão ia conferindo o carro, Dean ficava olhando tudo sobre seus ombros. O ator estava querendo pegar experiência caso houvesse algum problema em plena estrada deserta. Depois de algumas conversas triviais - Dean contou ao mecânico que a cor prateada era na verdade padrão em carros de corridas alemães - os dois perceberam que o "Little Bastard" estava finalmente pronto para arrasar.

Dean ficou tão entusiasmado que resolveu dirigir o carro até o local da corrida. Queria ir "sentindo as rodas" enquanto viajava. Foi uma péssima ideia. O plano inicial era levar o Porsche a reboque de sua camionete. Se tivesse feito isso certamente Dean não teria morrido naquele dia. Após pensar brevemente Dean então tomou a decisão. Ele iria dirigir o Porsche com seu mecânico ao lado. O problema é que o carro de Dean era muito baixo e com cor prateada praticamente desaparecia no asfalto das grandes estradas californianas. Some-se a isso a imprudência do próprio Dean - que pisou fundo a ponto de levar uma multa de um patrulheiro - e você terá então todos os ingredientes necessários para o trágico acidente que estava prestes a acontecer.

Em um dos cruzamentos da estrada, com Dean em alta velocidade, ele se deparou com um robusto Ford, um pequeno caminhão dirigido por um estudante universitário. Ele se preparava para entrar na direção do Porsche. Dean o viu, mas infelizmente o motorista do outro carro não viu Dean (o carro baixo demais, prata e bastante silencioso passou despercebido pelo jovem que não estava em sua preferencial). Segundo seu depoimento para a polícia "Tudo aconteceu em questão de segundos". O carro de Dean, rápido como uma bala, apenas tocou levemente a frente do pequeno caminhão e sendo leve demais, com pouca estabilidade, voou pela estrada, indo parar perto de uma cabine de telefone. O mecânico que estava ao lado de Dean foi então jogado para fora do Porsche (o que em última análise o salvou da morte certa), mas o ator ficou preso. O pescoço de James Dean foi quebrado quase que imediatamente e seu peito afundou devido a pressão da direção que veio ao seu encontro com a desaceleração quando o carro caiu finalmente caiu no chão após literalmente voar por causa do choque. Segundo os paramédicos que o atenderam, James Dean ainda estava vivo quando eles chegaram. Um fiapo de vida ainda deu esperanças a eles que o ator poderia quem sabe sobreviver. Tudo foi em vão. Assim que deu entrada no hospital James Dean sofreu uma parada cardíaca que causou sua morte cerebral em poucos segundos. Era o fim. Aos 24 anos de idade o maior ídolo rebelde da história do cinema estava morto.

Pablo Aluísio.

James Stewart / William Holden / Gary Grant


Harvey (1950)
Foto promocional do filme "Meu Amigo Harvey" dirigido por Henry Koster e estrelado por James Stewart. Esse foi um dos filmes mais simpáticos da carreira do ator onde ele interpretava um homem que dizia ter contato com um coelho gigante chamado Harvey que lhe dava conselhos e dicas sobre sua vida pessoal. Diante da afirmação fora dos padrões a própria família do pobre sujeito resolve então que havia chegado o momento de interná-lo em uma instituição psiquiátrica - mas será que ele realmente estaria alucinando? James Stewart está perfeito em seu papel, mesclando ternura, doce ingenuidade e imaginação de uma maneira tão carismática que fica realmente impossível não se solidarizar com ele em cena. O ator inclusive gostava de sempre dizer que esse havia sido um de seus trabalhos preferidos, principalmente pela ingenuidade do enredo, resgatando de certa maneira nossa imaginação infantil. Recentemente o cineasta Steven Spielberg, fã absoluto do filme original, afirmou que adoraria realizar um remake do clássico! Será que o projeto sairá mesmo do papel? Só nos resta esperar. Enquanto esse novo filme não vem leia a resenha completa que publicamos do filme clicando aqui!


Sunset Boulevard (1950)
William Holden brilha na foto promocional do clássico imortal "Crepúsculo dos Deuses". Dirigido por Billy Wilder e contando com um roteiro brilhantemente escrito o filme sondava a mente de uma antiga estrela de Hollywood que agora envelhecida, esquecida e abandonada pela fama e fortuna, tentava criar um mundo próprio em sua mente deteriorada pelas décadas de decadência. Gloria Swanson teve nesse filme uma das mais marcantes atuações de toda a sua carreira, criando um clima sórdido, insano, mas ao mesmo tempo muito comovente da vida de uma estrela cujo brilho simplesmente se apagou. Wilder assim criou um dos momentos mais sensíveis sobre o lado humano da indústria do cinema. Um triste retrato dos antigos mitos que perdem o brilho por causa do tempo, sempre implacável. Um filme realmente inesquecível e obrigatório para todo cinéfilo que se preze. Para ler mais e conhecer o texto completo sobre esse imortal clássico da sétima arte em nosso blog click aqui. 

 

Cary Grant e o Oscar
Não foram poucas as injustiças que a Academia promoveu ao longo dos anos. Nomes como Charles Chaplin, um verdadeiro gênio da sétima arte, nunca foram devidamente premiados por suas verdadeiras obras primas. O mesmo se deu com vários atores de outros gêneros. Um dos mais injustiçados foi o galã Cary Grant. Ele foi pela primeira vez indicado ao Oscar em 1942 pelo papel de Roger Adams no clássico romântico "Serenata Prateada", linda produção dirigida pelo mestre George Stevens. Ao lado de um excelente elenco que incluía Irene Dunne e Beulah Bondi, ele foi solenemente ignorado na noite de premiação. Para muitos o fato de ser um eterno galã das telas o havia prejudicado. Nova oportunidade surgiria dois anos depois com "Apenas um Coração Solitário" de Clifford Odets. Aqui Grant atuava ao lado de dois grandes nomes do meio teatral americano, Ethel Barrymore e Barry Fitzgerald. O filme era um dramalhão daqueles, mostrando um homem que retornava ao lar e encontrava sua família em destroços, tanto física como emocionalmente falando. Pela sinceridade de sua atuação Grant foi apontado como um dos favoritos, mas tudo foi em vão. Ele não levou o cobiçado Oscar para casa. Depois disso mesmo tendo realizado grandes filmes, no total de 76 atuações, Grant nunca mais foi lembrado pela Academia. Só em 1970 o erro de nunca tê-lo premiado foi corrigido ao dar ao ator um prêmio de consolação, pelo conjunto da obra. O ator havia se despedido das telas quatro ano antes com a comédia "Devagar, Não Corra". Nunca a frase "Antes tarde do que nunca" fez tanto sentido. Grant faleceu em 1986 com 82 anos de idade.
 
Pablo Aluísio.

sábado, 20 de outubro de 2007

Marilyn Monroe - Marilyn e o nosso tempo

Por que Marilyn Monroe?
Depois de tantos anos decorridos de sua morte ela ainda segue sendo lembrada. Marilyn virou um ícone pop semelhante a Elvis Presley e James Dean, dois outros símbolos que foram contemporâneos da atriz e se negam a serem enterrados pelo tempo. Hoje em dia a empresa que cuida dos interesses e da imagem de Monroe fatura milhões todos os anos. Esse dinheiro não vem apenas dos direitos autorais de seus filmes e gravações fonográficas (que foram poucas e esporádicas), mas também do mundo da moda, das roupas e acessórios. De fato, Marilyn é um dos grandes nomes usados em marketing de produtos ao redor do planeta. E o que a imagem de Marilyn Monroe transmite exatamente nos dias atuais? Bom, a primeira associação vem com o cinema, porém não se resume a apenas isso. Ela também simboliza o máximo em termos de estrela das telas, considerada uma verdadeira deusa de Hollywood em seus anos de glória e auge. Marilyn assim vira sinônimo de glamour, juventude e beleza. O nome Marilyn Monroe consegue ainda evocar uma certa melancolia, tristeza e até mesmo desilusão com o seu destino trágico. Essa combinação acaba se tornando irresistível ao mercado.

Outro aspecto que ajudou na perenidade da fama da atriz é seu envolvimento com o presidente JFK e seu irmão Bobby. Esse caso amoroso poderia ser apenas mais um dentre tantos outros que ela manteve ao longo da vida se não fosse os complicados e inexplicáveis eventos que rondaram sua morte. Em cima deles foram escritos dezenas e dezenas (diria até centenas) de livros procurando decifrar o que realmente teria acontecido em sua casa naquela madrugada fatídica. Teria Marilyn Monroe morrido simplesmente de uma overdose acidental? Será que não foi um suicídio, tal como alegava a versão oficial, impulsionado por uma atriz com os nervos à flor da pele? Logo ela que tinha um longo histórico de atentados contra a própria vida... Ou tudo não passou de um encobertamento de algo bem maior envolvendo uma família rica e poderosa da política americana? Esse tipo de pergunta fez com que Marilyn se tornasse também um nome sempre em voga no nicho das teorias da conspiração - algo que americanos em geral adoram e cultivam como hábito de leitura e lazer. 

De qualquer maneira explicar porque algumas estrelas se tornam eternas na mente do público enquanto outras simplesmente são esquecidas não é uma tarefa fácil. Provavelmente Marilyn Monroe e sua incrível fama jamais seja explicada de forma completa e exaustiva. Pelo menos a razão sempre falha em termos de Marilyn. O que sobra de seu mito porém já vale a eternidade. A filmografia de Marilyn Monroe é certamente muito relevante, deliciosa de se assistir. São musicais, comédias românticas, alguns resgatando o antigo vaudeville e até dramas! Some-se a isso o fato da estrela ter sido dirigida por grandes nomes da história do cinema americano e você provavelmente entenderá que até mesmo dentro do fechado círculo de críticos cinematográficos Marilyn ainda se mostra um tema importante para se debater, estudar e analisar. Marilyn Monroe morreu? Bom, isso é uma pergunta que depende muito do ponto de vista de quem a faz e responde. No meu caso não tenho dúvidas que ela não morreu - aliás jamais morrerá.

Pablo Aluísio.

O Poderoso Chefão / Quanto Mais Quente Melhor / Maureen O´Hara


Marlon Brando - The Godfather (1972)
Na foto o diretor Francis Ford Coppola surge rodeado do maravilhoso elenco que foi escalado para o clássico "O Poderoso Chefão" (The Godfather, EUA, 1972). Embora nos dias de hoje seja impensável ver qualquer outro ator a não ser Marlon Brando interpretando o papel de Don Vito Corleone, o fato é que a Paramount Pictures não queria o astro no elenco. O produtor Robert Evans acreditava que Brando era um sujeito complicado de se lidar no set de filmagens. Ele tinha realmente um histórico de brigas e desavenças com outros diretores e produtores no passado e Evans tinha receios que ele fosse causar todo tipo de confusão com Francis Ford Coppola. Sabendo disso e querendo muito o papel o próprio Brando gravou um tape amador onde interpretava o personagem sob o seu ponto de vista - não a de  um gângster violento e insano, mas sim a de um pai de família que precisou usar da violência para proteger sua família e seus entes queridos. Isso certamente deixou Coppola entusiasmado e ele próprio entrou na briga para escalar Brando no elenco. O resto é história. Ao lado de atores talentosos como Al Pacino e James Caan o filme se tornou não apenas maravilhoso, mas lendário. No Oscar veio a consagração definitiva com os prêmios de Melhor Filme, Roteiro Adaptado (Mario Puzo e Francis Ford Coppola) e Melhor Ator (cujo Oscar foi recusado por Brando em nome dos nativos americanos que, em sua visão, sofriam todo os tipos de preconceitos nos filmes de Hollywood). Para ler nossa resenha sobre essa obra imortal do cinema americano basta clicar aqui.


Marilyn Monroe - Some Like a Hot (1959)
Na foto o diretor Billy Wilder conversa com Marilyn Monroe durante uma pausa nas filmagens de "O Pecado Mora ao Lado". Depois do grande sucesso desse filme Wilder voltaria a trabalhar com Marilyn em "Quanto Mais Quente Melhor". Para muitos críticos de cinema essa foi sem dúvida a melhor comédia americana de todos os tempos. Wilder conseguiu com um texto simples e muito divertido criar uma verdadeira obra prima da sétima arte e isso sob condições bem adversas pois Marilyn estava passando por uma de suas piores fases em termos psicológicos. A atriz não conseguia mais decorar direito suas falas e faltava constantemente às filmagens. Isso deixou Wilder em desespero, tentando finalizar uma produção extremamente complicada, cara e cheia de problemas, enquanto sua estrela não parecia disposta a colaborar. Para complicar ainda mais a atriz se envolveu com Tony Curtis durante a produção, causando todo tipo de intrigas, fofocas e desavenças no set. Nada disso porém atrapalhou o resultado final pois é sem dúvida um filme delicioso de assistir, uma verdadeira obra prima de Wilder, um diretor que realmente marcou época em Hollywood. Para ler resenha, comentários, sinopse e informações do filme clique aqui.



Maureen O´Hara
A atriz Maureen O´Hara faleceu ontem em Los Angeles, aos 95 anos de idade. O Los Angeles Times trouxe uma manchete curiosa sobre sua morte: "Morre Maureen O´Hara, a única atriz que foi durona o bastante para encarar John Wayne em um filme". Brincadeiras à parte realmente foi com pesar que recebemos a notícia. Aqui no blog já tínhamos escrito um bom texto sobre a atriz (basta clicar aqui para ler), por essa razão não vamos nos repetir muito, apenas lamentar sua morte. Maureen certamente não foi apenas uma atriz durona, como levaria a crer a manchete do jornal americano, mas sim uma talentosa e carismática profissional que participou de 65 filmes em quase 70 anos de carreira (isso mesmo que você leu!). Injustamente ignorada pela Academia, que nunca lhe legou um Oscar de Melhor Atriz, apesar das maravilhosas atuações que apresentou em sua longa carreira, a atriz recebeu uma homenagem, um prêmio pelo conjunto da obra. Fica assim nosso registro de pesar. A mulher Maureen FitzSimons se vai porém a estrela Maureen O´Hara ficará para sempre imortalizada em seus filmes.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Dalton Trumbo: Um gênio nas mãos do Macartismo

Há exatos 39 anos (1976), o mundo do cinema perdia um dos seus maiores roteiristas: Dalton Trumbo. Realizador de verdadeiras obras-primas, como: “Spartacus” (1960) - “Johnny Vai à Guerra” (1971) - “Papillon” (1973) – “Adeus às Ilusões” (1965) e “A Felicidade Não Se Compra” (1946). O famoso roteirista que nasceu em Montrose, Colorado (EUA) - em 9 de dezembro de 1905, já fazia sucesso escrevendo roteiros para pequenas peças na Universidade do Colorado onde ficou por apenas dois anos. Em 1939 escreveu seu primeiro romance: “Johnny Vai à Guerra” que se transformou rapidamente num estrondoso sucesso. Em 1940, porém, sua sorte mudou e passou a ser o roteirista mais bem pago de Hollywood. 

Ainda naquele ano viu seu Drama-Romance, “Kitty Foyle”, estrelado por Ginger Roger, Dennis Morgan e com direção de Sam Wood, ser indicado ao Oscar de melhor roteiro adaptado. Em 1941, quando a Alemanha nazista invadiu a União Soviética, Trumbo e seus editores resolveram suspender novas edições do livro “Johnny Vai à Guerra” até que a guerra acabasse. Em 1947 Trumbo é chamado para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos - em outras palavras - o tribunal anticomunista de Joseph McCarthy.

Nos depoimentos, Trumbo negou-se a entregar os colegas comunistas para o aterrorizante senador. Como punição foi condenado a 11 mêses de reclusão na prisão federal de Ashland, Kentucky. Após cumprir a pena, Trumbo mudou-se com a família e mais três casais de amigos, também perseguidos pelo macartismo, para o México. Em solo mexicano e ainda abalado pelo tempo em que passou na prisão, o famoso roteirista recebeu apoio de vários amigos produtores, diretores e atores. Mesmo de longe, Trumbo ainda era requisitado pelos grandes produtores de Hollywood que lhe encomendavam roteiros que eram assinados por “testas de ferro”. Sob pseudônimo, escreveu mais de trinta roteiros. Dois filmes que ele escreveu sob pseudônimo ganharam o Oscar de melhor roteiro: “A Princesa e o Plebeu” (1953) e “Arenas Sangrentas” (1956). Somente dois anos depois, o astro e seu amigo pessoal, Kirk Douglas, assumiu o risco de contratá-lo e creditá-lo como roteirista do épico-clássico, “Spartacus” (1960), marcando assim o fim da lista negra. A vida de Trumbo e seu exílio já ganharam um documentário em 2006, que foi escrito por seu próprio filho, Christopher Trumbo.

Telmo Vilela Jr.

Peanuts: A Garotinha Ruiva de Charles M. Schulz

Charles M. Schulz criou todos os personagens da turma do Charlie Brown, conhecidos nos Estados Unidos como "Peanuts" (no Brasil o próprio passou a ser chamado pelo apelido de Minduim). Nas tirinhas de sua imortal criação Charles mostrava a vida de um grupo de crianças, sendo seu protagonista justamente o tímido e desajeitado Charlie Brown, sempre sofrendo pelo amor platônico de uma linda garotinha ruiva que era sua vizinha e que estudava na mesma escola que ele. O que poucos sabem é que as estorinhas eram na realidade inspiradas na vida do próprio Schulz. Muito dos personagens retratavam pessoas e aspectos reais da sua vida particular, o que explicava em grande parte o grande humanismo e conteúdo emocional que elas traziam.

A garotinha ruiva, musa dos sonhos românticos do atrapalhado Charlie Brown, realmente existiu e quem de fato era loucamente apaixonado por ela era justamente Schulz, na época um talentoso desenhista que ainda sonhava com a possibilidade de viver de sua arte. Eles se conheceram numa escola de artes. Schulz, já maduro e relativamente bem sucedido, dava aulas. A garota ruiva se chamava Donna Mae Johnson e era encantadora. Colocando de lado todas as suas inibições Schulz então resolveu investir todas as suas fichas nela. Afinal ele estava apaixonado de verdade. Para sua felicidade as coisas começaram muito bem, com um encontro que o cartunista definiu como um desses momentos raros da vida. Era a realização de uma velha paixão que ele havia nutrido em silêncio por tanto tempo.

O começo promissor porém acabou mal. Schulz (que era tão tímido como seu famoso Charlie Brown) resolveu numa noite pedir a mão de Donna em casamento. Ele tinha muitos planos que queria compartilhar com ela. Sua carreira começava a deslanchar e ele viu que finalmente poderia assumir um compromisso mais sério em sua vida. A expectativa de algo grandioso porém teve vida curta. Contrariando tudo o que esperava dela a garota ruiva disse não ao seu pedido! Nem precisa dizer que o criador do Snoopy ficou completamente arrasado. A noite ficou na memória de Donna que anos depois contou tudo a um jornal americano (atualmente ela tem 86 anos e vive em um asilo na Pensilvânia). Ela até gostava do galanteador Schulz, mas tinha seu coração dividido com outro homem - que terminaria se casando com ela. Além disso em sua opinião Schulz havia se precipitado em sua opinião pois ela ainda era bem jovem e não queria entrar em um casamento precoce. Como se pode perceber não era apenas Charlie Brown que era atrapalhado e ansioso demais.

Isso o devastou. Obviamente Charles M. Schulz seguiu com sua vida em frente, casou-se com uma mulher dominadora (que daria origem inclusive à personagem mandona Lucy), mas jamais esqueceu Donna, levando ela para dentro das histórias em quadrinhos de Charlie Brown e sua turma. Nasceu assim a figura da garotinha ruiva, a mais perfeita paixão platônica jamais criada no mundo dos cartoons. Já perto da velhice certo dia Schulz resolveu ligar para sua velha paixão. No meio de um bate papo descontraído ele confidenciou a ela que criou a personagem como uma forma de imortalizá-la para sempre em suas tirinhas diárias, desenhos animados e filmes. A arte imitando a vida de uma maneira criativa e até mesmo lúcida e profundamente romântica.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Anita Ekberg (1931 - 2015)

Mais uma notícia triste para os fãs do cinema clássico. Faleceu no último dia 11 de janeiro a atriz sueca Anita Ekberg. Nascida na fria e distante Malmö, Skåne län, na Suécia, ela se consagrou na sétima arte nas mãos do talentoso diretor italiano Federico Fellini no imortal clássico da sétima arte "La Dolce Vita" de 1960. Interpretando a personagem Sylvia a atriz assegurou seu lugar no panteão dos ídolos imortais do cinema. Uma mulher bonita, exuberante e extremamente sensual, ela começou sua carreira atuando no filme "O Aventureiro do Mississippi" em 1953. Com apenas doze anos a linda garota loira de olhos azuis encantou a todos nessa conhecida fita de aventura estrelada pelo ícone e grande galã da época, Tyrone Power. Depois de mais algumas aparições sem maior importância ela novamente surgiu encantadora na comédia "Artistas e Modelos" da dupla Jerry Lewis e Dean Martin. O enredo explorando o mundo da moda exigia a presença de diversas modelos bonitas em cena e Anita, maravilhosa no auge de sua juventude, foi uma delas. Com o mesmo Jerry Lewis ainda faria outra fita de humor de sucesso, "Ou Vai ou Racha", onde ganhou uma personagem com maior destaque, uma espécie de paródia sobre européias em Hollywood. Sensualizando ao lado da piscina acabou chamando a atenção por sua beleza e charme.

Em 1956 ganhou o Globo de Ouro na categoria revelação feminina ao lado das atrizes Victoria Shaw e Dana Wynter. Era o começo de uma nova fase em sua vida. Participar de comédias ao lado de Jerry Lewis até poderia ser interessante, mas não trazia maiores desafios. Assim em busca de novos horizontes a sueca voltou para a Europa para um novo começo no mundo do cinema de velho continente. Em 1959 estrelou um típico épico italiano, "O Escudo Romano", que se não era uma obra de arte serviu pelo menos para que Federico Fellini se convencesse que tinha encontrado a atriz ideal para seu próximo filme. Assim ela seria contratada para interpretar a personagem que a consagraria definitivamente. Ao lado do ator Marcello Mastroianni ela acabou virando um símbolo sexual do cinema internacional ao surgir linda e maravilhosa na fonte de águas cristalinas, uma imagem que jamais seria esquecida. Depois do sucesso de público e crítica ela não parou mais e trabalhou exaustivamente durante toda a década de 1960, surgindo em dezenas de produções, tanto na Europa como nos Estados Unidos.

"Tormenta Sobre o Rio Amarelo", "Os Mongois", "Como Aprendi a Amar as Mulheres", "Enquanto Viverem as Ilusões", "Sete Vezes Mulher", "Os Crimes do Alfabeto" e até um faroeste ao lado do amigo Dean Martin intitulado "Os Quatro Heróis do Texas", são alguns dos filmes que rodou nesse momento particularmente produtivo de sua carreira. Infelizmente Anita não conseguiu ser tão bem sucedida na vida pessoal e amorosa quanto era na profissional. Se envolveu com os homens errados que acabaram destruindo parte de sua fortuna conquistada no cinema. Somando-se a isso vieram divórcios complicados que a deixaram praticamente à beira da ruína financeira. O que sobrou foi levado por advogados desonestos e gananciosos.

Com a chegada da idade os convites também começaram a rarear. Ela já não era mais tão bonita e jovial como exigia os diretores de elenco. Aos poucos foi sendo deixada de lado. Sem trabalho e com problemas de obesidade Anita Ekberg começou a passar por momentos complicados, agravados pela própria imprensa italiana que começou a explorar de forma sensacionalista a crise que vivia. Mesmo com tantos aspectos negativos ela jamais desistiu de lutar e seguir em frente. Em determinado momento da vida, sem dinheiro e sem trabalho, resolveu pegar o único tipo de serviço que estava lhe sendo oferecido: o de empregada doméstica. Durante essa fase complicada deixou de trabalhar como atriz. Mesmo assim se mostrou sendo sempre uma mulher digna e honesta, muito forte em sua personalidade, que viveu até o fim de seus dias de cabeça erguida. Seu último trabalho como atriz foi produzido em 2002. "Il Bello Delle Donne" era uma série de TV que não fez muito sucesso. De uma forma ou outra, como bem demonstrou o farto noticiário produzido após sua morte, Anita Ekberg não foi esquecida por seu incrível trabalho nas telas no passado. Descanse em paz.

Pablo Aluísio.