segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Memórias de Marilyn Monroe - Parte 2

Quando eu era uma simples adolescente eu fui muitas vezes ao Chinese Theatre na Hollywood Boulevard onde as estrelas e astros do cinema colocavam seus pés e mãos em cimento, os imortalizando para sempre. Uma vez tirei meus sapatos e coloquei sobre as marcas do cimento de estrelas do passado. Ficava comparando o tamanho dos meus pés com as delas e pensei - "Pobrezinha, tinha os pés muito grandes!". Quando eu fazia isso eu pensava que o meu dia nunca haveria de chegar! Eu estava enganada pois um dia a minha vez finalmente chegou também! Quando fui convidada para fazer minhas marcas naquele mesmo cimento eu ri comigo mesma e pensei que nada no mundo é realmente impossível quando você deseja algo. Quando decidi ser atriz sabia que seria duro chegar ao topo. As dificuldades realmente foram enormes, mas jamais me desencorajei de lutar pelos meus sonhos. O que me fazia seguir em frente eram as enormes possibilidades de fazer algo realmente importante na minha vida. Eu adoro comédias e elas me trouxeram a primeira grande oportunidade da minha carreira. Além disso eu acredito que tenha vocação para o humor e isso é algo que nasce com você. Além disso na época eram os filmes que me ofereciam e eu precisava do dinheiro!

Esses meus primeiros filmes me trouxeram o pão de cada dia e eu os fiz na maior humildade, com gratidão. Quando me deram o papel de Lorelei Lee em "Os Homens Preferem as Loiras" ao lado de Jane Russell eu vibrei! Ela ganhou 200 mil dólares pelo trabalho no filme enquanto eu só recebia 500 dólares por semana, mas tudo bem! Eu não me queixava, até porque para uma loira que tinha ficado grande parte de seu tempo desempregada em Hollywood aquela era uma boa soma para que eu pudesse pagar minhas dívidas! Aliás é bom que se diga que Jane foi muito gentil comigo durante todas as filmagens. Ela era uma estrela e eu... bom, eu era apenas uma garota bonita do elenco. Jane sem dúvida foi muito boazinha comigo, mas o mesmo não posso dizer dos outros. Eu não tinha um camarim próprio e puxa, acredito que merecia ter um lugar só para mim, afinal era isso que as estrelas tinham não é mesmo? O filme se chamava "Os Homens Preferem as Loiras" e eu era a principal loira do elenco então... mas os produtores do filme se negaram a me dar um camarim próprio, privativo, dizendo: "Você ainda não é uma estrela" ao que eu respondia: "Eu sei, mas de qualquer jeito eu sou a loira do título!"

Eu devo o meu sucesso ao público, a todos os que compram os ingressos para os meus filmes. Eu não devo gratidão a produtores, nem diretores ou até mesmo ao estúdio - eu devo gratidão ao povo! Assim que os meus filmes começaram a fazer sucesso eu comecei a receber um grande número de cartas enviadas pelos fãs! Receber a primeira carta de um admirador de seu trabalho é como ficar embriagada... embriagada de felicidade! Eu cheguei a chorar e rir de felicidade, tudo ao mesmo tempo! Por isso eu sempre procurei dar o melhor de mim em todos os filmes, sempre procurando fazer um bom trabalho em consideração a essas pessoas. Nem sempre isso era fácil. Havia dias terríveis quando eu tinha que desempenhar em uma cena importante e ficava muito nervosa com isso. Então eu chegava no estúdio muito cedo e via aquela senhorinha varrendo os estúdios e pensava: "Minha vida teria sido mais fácil se eu tivesse limitado minhas ambições a um trabalho como esse! Isso era o que eu deveria estar fazendo!".

Creio que todo artista passa por uma crise como essa. Não basta querer atuar bem, você tem que fazer bem o seu trabalho e agradar a quem pagou um ingresso para ver seu filme no cinema. Meu nervosismo porém algumas vezes me deixava em pânico. Eu parecia gelatina por dentro. Um artista não é como um abajur que você liga e desliga, muito pelo contrário. Eu não consigo trabalhar desse jeito e por isso tive meus problemas com certos diretores ao longo da minha vida. Eles queriam uma reação automática e eu sou uma atriz! Fala-se muito desse medo do palco e das câmeras e eu sei bem o que é isso. Eu já senti muitas e muitas vezes esse medo! Uma vez eu perguntei a Lee Strasberg porque eu às vezes sentia tanto medo e pavor antes de entrar em cena? Ele me olhou bem nos olhos, de forma bem firme e me disse: "No dia em que parar de sentir esse medo pode abandonar a profissão. O medo é a prova que você tem sensibilidade e isso para um artista é essencial". Quando ele me explicou isso eu me senti muito aliviada.

Marilyn Monroe.

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