sábado, 9 de junho de 2018

Assassin's Creed

É muito complicado achar um filme baseado em game que seja realmente bom. A maioria dessas adaptações são bem decepcionantes, mal feitas e com roteiros ocos. Esse "Assassin's Creed" foi mais uma tentativa falha nesse sentido. O filme mostra dois grupos rivais que lutam na surdina. A vida continua no mundo lá fora, enquanto esses clãs vão se enfrentando ao longo dos séculos. Um deles é bem conhecido dos estudantes de história, são os cavaleiros templários. O outro é mais sui generis e responde apenas pela alcunha de assassinos. O cenário de confronto são as seculares cidades da velha Europa. A população em geral mal sabe o que está acontecendo nos becos e picos escuros das velhas construções.

Agora a disputa recai sobre um objeto chamado de "A maçã do Éden". Tudo bem, mais simbólico do que isso, impossível. Pena que com tudo já armado - afinal é basicamente o mesmo enredo dos games - o roteiro desse filme deixe a desejar. Há lutas bem coreografadas e uma boa produção, mas tudo se perde em um ritmo preguiçoso e displicente, que acaba transformando um filme que deveria ser ágil por natureza em algo arrastado e com pouca agilidade. Era algo improvável de encontrar em um filme como esse. No geral os fãs dos games vão se decepcionar, enquanto o público mais ligado em cinema vai dar pouca importância. Acabou ficando no meio do caminho, sem conquistar o apreço do público das duas mídias, o que no final era o que importava, não é mesmo?

Assassin's Creed (Idem, Estados Unidos, Inglaterra, 2016) Estúdio: Regency Enterprises / Direção: Justin Kurzel / Roteiro: Michael Lesslie, Adam Cooper / Elenco: Michael Fassbender, Marion Cotillard, Jeremy Irons, Charlotte Rampling, Brendan Gleeson / Sinopse: Durante séculos cavaleiros templários e assassinos (um grupo rival) se enfrentam na Europa. Agora eles estão em luta para colocar as mãos em um artefato histórico poderoso, a maçã do Éden, que se acredita ser o mesmo citado no livro do gênesis. Para saber o lugar exato onde foi parar a maçã, os templários criam uma tecnologia inovadora que permite sondar a memória genética dos atuais descendentes dos antigos assassinos.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Jurassic World: Reino Ameaçado

Quando o filme começa descobrimos que a ilha que abrigou o Jurassic Park está com os dias contados. Uma erupção vulcânica vai destruir tudo, matando inclusive os dinossauros que nela habitam. Então surge uma questão a ser discutida dentro da sociedade: os dinos devem ser resgatados ou não? Alguns defendem que isso é a vontade de Deus, promover uma segunda extinção desses animais, enquanto outros, os protetores dos animais, defendem que eles devem ser salvos da destruição. O congresso americano debate a questão e decide que o governo não fará nada pelos bichos. Assim um magnata decide promover uma grande expedição de resgate na ilha. Algumas espécies serão tiradas do lugar antes que ele some de mapa. As intenções dessa grande corporação porém nunca ficam muito claras. Eles dizem publicamente que o resgate será feito para salvar a vida dos bichos, mas será verdade? Quanto custaria um dinossauro desses no mercado negro? Trinta milhões? Cinquenta milhões de dólares? Tudo vai sendo desvendando aos poucos para o espectador.

Pois bem, esse é mais um filme da bem sucedida franquia inaugurada há muitos anos por Steven Spielberg quando ele dirigiu o primeiro filme que foi um sucesso estrondoso. Embora mantenha o controle dos filmes hoje em dia, através de sua companhia cinematográfica (a Amblin Entertainment), Spielberg não mais dirige os filmes. Geralmente ele passa a bola para algum diretor mais jovem e promissor. No caso aqui o escolhido foi J.A. Bayona, de "O Orfanato", "Sete Minutos Depois da Meia-Noite" e da série "Penny Dreadful". O cineasta espanhol fez um bom trabalho. "Jurassic World: Reino Ameaçado" é um filme eficiente, com roteiro redondinho e que mantém a chama acessa desse universo bem acessa.

Claro que não se pode comparar esse filme ao original. Aqui a intenção é apenas abrir as portas para outros futuros filmes que certamente virão por aí. Spielberg é além de um grande diretor, um grande produtor que sabe o que faz. Essa produção aqui custou meros 170 milhões de dólares, bem menos do que "Han Solo" seu principal concorrente nas bilheterias. Acabou faturando mais e sendo mais bem sucedido do que o concorrente da Disney. Bem conduzido, esse novo filme da saga Jurasssic Park só tem um probleminha em minha opinião. As cenas finais foram rodadas em uma fotografia muito escura. Qual é o sentido de desenvolver dinossauros super realistas para escondê-los em sombras e penumbra? E se você for assistir tudo em 3D as coisas vão ficar ainda mais escuras! Fora isso, tudo bem OK. O parque dos dinossauros pelo visto ficou mesmo pequeno para esses monstros. Agora o mundo pertence a eles (assista ao filme e entenda bem o que eu quis dizer nessa frase final).

Jurassic World: Reino Ameaçado (Jurassic World: Fallen Kingdom, Estados Unidos, 2018) Direção: J.A. Bayona / Roteiro: Derek Connolly, Colin Trevorrow / Elenco: Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Rafe Spall, Toby Jones, Jeff Goldblum / Sinopse: Após o colapso da ilha onde um dia funcionou o Jurassic Park, um magnata decide resgatar algumas espécies de uma segunda extinção. Sua intenção oficial seria a preservação dos dinossauros, mas parece haver algo a mais, uma forma lucrativa de lidar com todos esses répteis maravilhosos.

Pablo Aluísio. 

Han Solo

Depois que a Disney comprou a marca "Star Wars" estamos tendo lançamentos regulares dessa franquia. Essa produção foi uma das mais problemáticas do estúdio até esse momento. Custou 300 milhões de dólares, teve problemas no set de filmagens e não conseguiu ter o retorno de bilheteria que os produtores queriam. Também foi bem criticada nos Estados Unidos. Para muitos se trata de um filme inútil que conta um enredo vazio. O protagonista, como não poderia deixar de ser, é o bom e velho Han Solo, mas sem sinal de Harrison Ford, que se aposentou. Em seu lugar entrou o quase desconhecido Alden Ehrenreich que obviamente não tem nem um por cento do carisma de Ford. Mesmo assim até que consegue se sair bem em um filme que realmente peca por ter um roteiro genérico demais para nos importamos com ele.

A ideia é contar as origens de Han Solo, suas aventuras na juventude, bem antes dele se unir aos rebeldes, algo que só iria acontecer no episódio 4, que é o primeiro filme "Guerra nas Estrelas" de 1977. Assim acompanhamos Han Solo se envolvendo em confusões no pequeno planeta de onde veio. Com tanta gente querendo seu pescoço (ele é uma espécie de trambiqueiro de bom coração), só resta fugir. E ele vai embora, acabando, vejam só, como soldado do império. Depois disso ele conhece um fora-da-lei, um assaltante de trens chamado Beckett (Woody Harrelson). Junto a Han Solo ele parte para um roubo de um mineral importante para o chefão criminoso Dryden Vos (Paul Bettany). A ação não cessa, porque como já expliquei, o roteiro é genérico. Uma cena de ação atrás da outra. O alívio romântico vem com a personagem Qi'ra (Emilia Clarke), pela qual Solo é apaixonado.

A atriz Emilia Clarke aliás é um dos bons motivos para ver esse filme. Sua personagem tem mais camadas do que os demais. Ela apresenta um comportamento dúbio, ora se aliando aos interesses de Solo, ora o traindo quando lhe convém. O diretor Ron Howard acabou fazendo um filme morno. Há vários pontos em aberto, mostrando que a intenção do roteiro era abrir brechas para novos filmes apenas com as aventuras de Han Solo. Será que vai acontecer? Tenho minhas dúvidas. Acho que provavelmente a Disney vai arquivar esse spin-off, uma vez que ele acabou não agradando nem ao público e nem à crítica. É esperar para ver.

Han Solo: Uma História Star Wars (Solo: A Star Wars Story, Estados Unidos, 2018) Direção: Ron Howard / Roteiro: Jonathan Kasdan, Lawrence Kasdan / Elenco: Alden Ehrenreich, Woody Harrelson, Emilia Clarke, Donald Glover, Paul Bettany / Sinopse: Após tentar passar a perna em uma figura do submundo de seu planeta de origem, o jovem Han Solo decide que é hora de ir embora. Ele consegue atingir esse objetivo, entra em uma nave e acaba parando nas fileiras do exército imperial, em plena guerra pelo controle da galáxia.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 7 de junho de 2018

A Chegada

Esse filme prima muito mais pela inteligência do que propriamente pelo sensacionalismo que sempre está presente em filmes sobre contatos entre a humanidade e seres alienígenas. Partindo do pressuposto (meio óbvio) de que civilizações extraterrestres seriam mais desenvolvidas que nós, o filme mostra a chegada de estranhas espaçonaves por todo o planeta e a tentativa de se comunicar com esses estranhos seres. A protagonista é uma especialista em línguas e símbolos, a Dra. Louise Banks (Amy Adams), que precisa decifrar a forma como os aliens tentam entrar em contato conosco. Ela é levada pelas forças armadas até o local de pouso de uma dessas naves e uma vez lá tenta abrir um ponte de comunicação, algo muito complexo de se realizar com sucesso.

O roteiro porém vai além. Ele não se limita a mostrar esse primeiro contato, mas também envolver conceitos como outras dimensões e até mesmo viagens no espaço-tempo. Com tantas nuances diferentes para explorar no curto espaço de tempo de um filme, não foram poucos os espectadores que acabaram se perdendo no fio da meada da narrativa. Não vejo isso como algo negativo, mas sim altamente positivo. É uma maneira de entendermos que Hollywood não está parada, contente em apenas explorar velhos clichês, mas também avançar em busca de textos mais rebuscados e complexos. Uma maneira de se comunicar com essa nova geração que está ai, uma juventude que já nasce cercada de tecnologia por todos os lados. Não subestimando a capacidade de compreensão dessa moçada, o filme acaba ganhando muitos pontos a seu favor.

A Chegada (Arrival, Estados Unidos, 2016) Direção: Denis Villeneuve / Roteiro: Eric Heisserer, Ted Chiang / Elenco: Amy Adams, Jeremy Renner, Forest Whitaker, Michael Stuhlbarg / Sinopse: Especialista em línguas e linguagens é levada pelo governo americano para uma região remota onde aterrisou uma nave espacial de origem desconhecida. Ela terá que tentar abrir um canal de comunicação com os estranhos seres alienígenas que vieram do espaço.

Pablo Aluísio.

A Última Fortaleza

Um filme de prisão com alguns elementos que o diferenciam do lugar comum. Antes de tudo não se trata de uma prisão comum, mas sim de uma prisão militar de segurança máxima. Lá dentro cumpre pena o ex-General Irwin (Robert Redford). Condenado por um crime que nunca cometeu, ele começa a travar um jogo psicológico com o diretor do estabelecimento, o Coronel Winter (James Gandolfini). Além de ser menos preparado intelectualmente que seu principal prisioneiro, Winter esconde seu complexo de inferioridade abusando de sua posição, criando um clima de tensão entre os prisioneiros, após decidir administrar tudo com punhos de ferro.

Um filme com excelente elenco, um roteiro até bem inspirado, mas que no final consegue ser apenas OK. Provavelmente se tivesse sido produzido dez anos antes tivesse maior impacto. O destaque vai mesmo para o duelo que se trava entre Robert Redford e James Gandolfini. Dois grandes atores que só trabalharam uma vez, justamente nessa produção. Em minha opinião, apesar da experiência de Redford, quem se sai melhor é Gandolfini, pois seu personagem tem uma personalidade mais complexa do ponto de vista psicológico. O terceiro elemento do elenco, Mark Ruffalo, acaba sendo engolido pelos dois. Se limitando a fazer expressões de amuado (sua "especialidade") ele termina passando vergonha no meio de dois grandes atores em cena, ambos dando o melhor de si. Enfim deixo aqui a dica desse filme muito razoável que pouca gente viu ou se lembra de ter visto.

A Última Fortaleza (The Last Castle, Estados Unidos, 2001) Direção: Rod Lurie / Roteiro: David Scarpa / Elenco: Robert Redford, James Gandolfini, Mark Ruffalo / Sinopse: Um ex-General condecorado, condenado injustamente, enfrente um Coronel, diretor de uma prisão militar. Em jogo o controle do estabelecimento prisional e o destino de todos aqueles homens encarcerados, dispostos a iniciarem uma grande e violenta rebelião.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

O Que te Faz Mais Forte

O filme conta a história real do jovem Jeff Bauman (Jake Gyllenhaal). Tentando reatar o namoro com sua antiga namorada ele descobre que ela estará correndo na maratona de Boston. Então resolve ir até lá, levando um cartaz de incentivo para a garota. Por um trágico evento do destino ele fica bem ao lado do lugar onde o terrorista plantou uma das bombas naquele atentado que ficou famoso na época. Quando a bomba explodiu Jeff acabou severamente ferido, perdendo as duas pernas. Imagine um rapaz como ele, com toda a vida pela frente, agora ter que encarar um destino desses! O roteiro assim vai se desenvolvendo, mostrando as lutas do dia a dia após perder suas pernas, as dificuldades de adaptação, além do conturbado relacionamento com a ex-namorada.

O curioso é que Jeff também acabou virando um símbolo da força da cidade de Boston em superar os atentados. Chamado de "A força de Boston" ele acabou sendo considerado um herói, sempre convocado para abrir grandes eventos, mostrando que Boston jamais iria sucumbir ao terror. Em termos narrativos o filme é bem convencional. Penso até que não poderia ser diferente. Há uma história edificante para contar e não haveria outro modo de fazê-lo. Cinematograficamente falando é o filme mais convencional da filmografia do ator Jake Gyllenhaal, logo ele que sempre procurou por filmes mais ousados e fora dos padrões. O seu Jeff é uma homenagem ao protagonista da vida real, uma pessoa que precisou superar muitos obstáculos para seguir sua vida em frente. Pela bonita mensagem a produção como um todo já está justificada por seus próprios méritos.

O Que te Faz Mais Forte (Stronger, Estados Unidos, 2017) Direção: David Gordon Green / Roteiro: John Pollono, baseado no livro "Stronger", escrito por Jeff Bauman / Elenco: Jake Gyllenhaal, Tatiana Maslany, Miranda Richardson / Sinopse: O filme conta a história real de Jeff Bauman (Jake Gyllenhaal), uma das vítimas do atentado da maratona de Boston. Ao ir para a maratona, com a intenção de incentivar a ex-namorada, acaba sendo atingido em cheio pela bomba plantada pelos terroristas, perdendo as duas pernas com a explosão.

Pablo Aluísio.

A Morte de Stalin

Historicamente as coisas não aconteceram exatamente da forma que o filme mostra, mas esse tipo de licença poética foi necessária para que o roteiro inserisse muito humor negro em sua narrativa. O importante é que a essência de tudo o que aconteceu foi preservada. E olha que o resultado final ficou muito bom. Como o título já deixa claro o filme mostra os últimos dias do ditador soviético Stálin e o caos que se criou após sua morte. Tirano sanguinário que matou mais do que Hitler, Stálin era uma cria da ilusão do comunismo. Assim que tomou o poder absoluto começou a matar todos os opositores ao seu regime, fossem eles reais ou apenas imaginários. Claro que em um sistema de pura violência como esse, onde a vida não valia nada, todos ao seu redor agiam com extrema paranoia, pois a qualquer momento eles poderiam entrar para as listas dos inimigos "do povo", sendo executados sumariamente.

Quando o filme começa vemos a corte de puxa-sacos e parasitas que orbitavam o líder assassino. Todos querendo ganhar a simpatia de Stálin, todos morrendo de medo de serem mandados para a morte certa. Diante de uma situação tão absurdamente bizarra o roteiro aproveita para fazer humor com os comunistas. Quando Stálin sofre um derrame cerebral e cai no chão de seu gabinete ninguém consegue tomar uma decisão. Fica complicado até mesmo achar um médico em Moscou pois muitos já tinham sido mortos pelo regime. E assim ficam aqueles ministros e assessores discutindo coisas óbvias, enquanto Stálin jaz no chão, morrendo a cada minuto. Uma metáfora de seu estúpido sistema de governo. Depois que finalmente ele morre começa a disputa pelo poder, onde cada um tenta puxar o tapete do outro para tentar ser o novo líder supremo da nação. O filme, apesar de seu humor negro, tem muito a mostrar sobre a estupidez do socialismo, seus heróis fabricados e a mediocridade daqueles que estão no poder. Uma baita lição de história.

A Morte de Stalin (The Death of Stalin, Inglaterra, França, Bélgica, Canadá, 2017) Direção: Armando Iannucci / Roteiro: Armando Iannucci, David Schneider / Elenco: Steve Buscemi, Simon Russell Beale, Jeffrey Tambor / Sinopse: Quando o grande líder Stálin é encontrado morto em seu gabinete, começa uma insana luta pelo poder por seus homens mais próximos, ao mesmo tempo em que todos tentam tomar alguma decisão sobre seu funeral e enterro. Uma alegoria bem humorada, com muito humor negro, sobre os últimos dias do sanguinário e psicopata ditador da União Soviética. "Tripliquem, quadrupliquem a guarda na tumba do camarada Stálin para que ele nunca mais volte de lá", já dizia o poeta russo.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de junho de 2018

Gringo

Filme bem mais ou menos que usa uma sucessão de erros em seu roteiro para fazer humor. O filme não é tecnicamente uma comédia, mas aposta bastante no cinismo de seus personagens, quase todos meras caricaturas de pessoas reais. E do que se trata o enredo? Basicamente temos esse jovem gerente negro chamado Harold (David Oyelowo). Ele trabalha numa empresa do ramo farmacêutico. Tem uma bela esposa e a vida está nos eixos. Tudo muda porém quando ele precisa fazer uma viagem ao México com os patrões. Richard Rusk (Joel Edgerton) e Elaine Markinson (Charlize Theron) são os executivos dessa empresa que precisam encerrar uma parceria comercial com um cartel de drogas além da fronteira, antes que eles vendam a companhia numa lucrativa fusão com uma empresa maior. Harold não sabe dessa aliança com o mundo do crime e se dá mal.

O cartel de drogas claro não aceita o fim da "sociedade" e isso dá origem a uma série de problemas para o pobre do Harold. Ele sabe que mais cedo ou mais tarde vai perder o emprego e decide forjar um sequestro, mas tudo dá errado, porque afinal os traficantes vão acabar sequestrando ele de verdade. É um filme que cansa um pouco por ser longo demais. Deveria ter sido mais ágil na edição. As situações vão se sucedendo e isso cria um certo cansaço no espectador. O humor também não me pareceu muito bem encaixado, pois o roteiro tenta tirar graça até mesmo das situações mais violentas, como sessões de tortura, etc. No geral achei apenas razoável. Provavelmente o maior pecado dessa produção tenha sido desperdiçar a presença da atriz Charlize Theron no elenco. Ela interpreta uma mulher vulgar e ambiciosa que no final das contas nem faz muita diferença. Assim não dá!

Gringo: Vivo ou Morto (Gringo, Estados Unidos, 2018) Direção: Nash Edgerton / Roteiro: Anthony Tambakis, Matthew Stone / Elenco: Joel Edgerton, Charlize Theron, David Oyelowo / Sinopse: Harold (David Oyelowo) é um jovem gerente de uma empresa do ramo de remédios que vê sua vida virar de cabeça para baixo durante uma confusa negociação além da fronteira do México. Ele de repente se vê alvo de membros de um violento cartel de drogas, de agentes do DEA e até mesmo de mercenários contratados para localizá-lo.

Pablo Aluísio.

Coração de Caçador

Título no Brasil: Coração de Caçador
Título Original: White Hunter, Black Heart
Ano de Produção: 1990
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Peter Viertel
Elenco: Clint Eastwood, Jeff Fahey, Charlotte Cornwell, George Dzundza, Roddy Maude-Roxby, Richard Warwick

Sinopse:
O filme conta a história do diretor de cinema John Wilson (Clint Eastwood). Um homem excêntrico que convence o estúdio que seu novo filme deve ser filmado na África, só que uma vez no continente ele passa a dar mais importância a uma caçada a elefantes, do que ao próprio filme em si.

Comentários:
Esse filme foi indicado a Palma de Ouro em Cannes. Nada mal. Até hoje é considerado um dos melhores filmes de Clint Eastwood e isso por um motivo bem simples: é uma homenagem ao cinema. Praticamente tudo o que se vê na tela foi inspirado em fatos reais, quando o diretor John Huston resolveu ir para a distante África para rodar sua nova produção. Antes Hollywood quase nunca ia até locações tão distantes, preferindo filmar tudo em seus grandes estúdios, mas Huston convenceu os executivos que era melhor ir para a região original. Uma vez na África ele se tornou obcecado em caçar um grande elefante, enlouquecendo todos que estavam envolvidos no filme, pois preferia ir em safári do que dirigir as filmagens. O filme é excelente, mas hoje em dia poucos vão se identificar ou achar interessante a história de caçador do protagonista. A visão do mundo atual repele esse tipo de caçada, pois a questão ecológica se impõe. De qualquer maneira, como retrata um passado distante, o filme não deixa de ser uma grande referência para cinéfilos em geral. John Huston, considerado um mestre da sétima arte, certamente não era politicamente correto, porém era um diretor de cinema de mão cheia. Essa assim se torna uma boa oportunidade de conhecer um capítulo de sua vida.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de junho de 2018

15h17: Trem para Paris

Parece que o diretor Clint Eastwood nessa fase de sua carreira quer contar a história de heróis americanos, ou melhor dizendo, de improváveis heróis americanos. Esse tema já havia sido explorado no filme anterior dele, "Sully: O Herói do Rio Hudson". Agora Clint volta ao mesmo conceito. O enredo é simples. O diretor foca suas lentes para a amizade de três amigos, desde os tempos da infância, quando brincavam de guerra nos bosques da Califórnia, até a fase adulta, quando dois deles resolvem entrar para as forças armadas. Um vai para a Força Aérea e o outro para o Exército. Durante uma folga eles resolvem se encontrar na Europa, para conhecer novos países, novas culturas. Férias merecidas. Primeiro vão para Roma, onde conhecem o Vaticano, etc. Depois partem para a Holanda.

Após curtir bastante Amsterdã, eles decidem ir para Paris onde vão acabar seus dias de curtição. Hora de voltar ao trabalho. Na viagem para a cidade francesa acontece o inesperado. Um terrorista armado de fuzil surge no meio do trem, para executar o maior número possível de ocidentais infiéis. Loucuras do fanatismo islâmico. No meio do caos que acontece, os três jovens americanos acabam virando heróis. E nisso basicamente se resume o filme. Clint realizou uma obra cinematográfica bem enxuta, com pouco mais de 90 minutos de duração. É um exemplo da sua conhecida eficiência atrás das câmeras. Mesmo assim acabei gostando do resultado final. É um filme que procura resgatar e registrar para a história a bravura de seus personagens, sem se importar muito com aspectos periféricos. Como pura narrativa o filme, nesse quesito, se sai muito bem. Além disso traz à tona essa história que segue até bem pouco conhecida.

15h17: Trem para Paris (The 15:17 to Paris, Estados Unidos, 2018) Direção: Clint Eastwood / Roteiro: Dorothy Blyskal, baseado no livro escrito por Anthony Sadler / Elenco: Alek Skarlatos, Anthony Sadler, Spencer Stone / Sinopse: Durante férias na Europa três jovens americanos descobrem que estão numa situação de extremo risco, quando um terrorista islâmico resolve cometer um atentando em um trem que sai da Holanda rumo a Paris. Armado de um potente fuzil ele quer matar o maior número de ocidentais infiéis em nome de Alah! Filme baseado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

Os Curados

Cada vez mais complicado achar um filme de terror dessa nova safra que seja realmente bom. A maioria dos novos filmes são decepcionantes. Esse "Os Curados" é outra bobagem. Com um roteiro sobre zumbis (o tipo de monstro mais chato que existe), ele tenta inovar um pouco, sem grandes resultados. Bom, o ponto de partido é o de praxe. Um vírus desconhecido se espalha na humanidade. Os infectados viram zumbis, com todo aquele background que já conhecemos bem, aqueles maltrapilhos correndo atrás de cérebros para devorar. Pura rotina. Pois bem, uma cura é encontrada e consegue trazer de volta 75% dos doentes com o vírus. Essas pessoas que ficam boas são chamadas de "os curados". Poderia ser algo bom, mas não, pois eles começam a sofrer preconceito dentro da sociedade. Ninguém consegue confiar neles plenamente. Seria uma metáfora sobre a situação dos imigrantes na Europa atualmente? Penso que sim...

A Ellen Page é uma jovem viúva cujo marido morreu na grande contaminação. Ela recebe seu cunhado, um dos curados. O problema é que ele tem algo a esconder, pois quando infectado participou da morte do próprio irmão, justamente o marido da Page. E assim segue o filme, nesse draminha que pouco convence. A produção é fraca, pobre e sem efeitos visuais. Aliás fazer filme nesse estilo sem os recursos adequados é uma verdadeira cilada, um apocalipse zumbi, porque vai mesmo resultar em um filme ruim. Eu particularmente odeio filmes de zumbis, perdi a paciência sobre esse tipo de produção. A única coisa que me fez assistir a esse filme foi mesmo a presença da atriz Ellen Page cujo trabalho aprecio desde os tempos de "Juno". Bom, se for o seu caso também desista. A Page está apática, sem graça, sem vida. Achei inclusive que ela está envelhecida precocemente. Em um filme fraco como esse, em que nada ajuda, sua presença no elenco se torna apenas um detalhe constrangedor.

Os Curados (The Cured, Irlanda, 2017) Direção: David Freyne / Roteiro: David Freyne / Elenco: Ellen Page, Sam Keeley, Tom Vaughan-Lawlor / Sinopse: Após a proliferação de um vírus que transforma as pessoas infectadas em zumbis, um dos curados pelas novas drogas, volta para casa, para morar com a cunhada e a sobrinha. O problema é que dentro da sociedade surge um preconceito contra esses curados, pois para muitos eles não são de confiança. Haveria uma base de verdade nesse tipo de pensamento?

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de junho de 2018

Mary Shelley

Gostei bastante desse filme. O nome da escritora Mary Shelley está ligado para sempre ao seu livro mais famoso, aquele que a tornou imortal. Ela tinha apenas 18 anos de idade quando escreveu "Frankenstein". Como isso aconteceu? É justamente essa história que o roteiro desse filme conta. Quando o filme começa Mary é apenas uma garota de 16 anos de idade que mora com o pai e os irmãos em Londres. Sua mãe faleceu no parto e seu pai viúvo ganha a vida com dificuldades, vendendo livros em um pequeno negócio. E foi justamente nesse mundo de apertos financeiros e muitos livros ao redor que Mary foi criada.

Ele gostava de livros com histórias de fantasmas. Para desgosto do pai ela ia até um cemitério próximo de sua casa, onde sua mãe estava enterrada, para ler livros de literatura gótica, muito populares na Inglaterra naquela época. Depois de alguns anos seu pai decidiu que ela deveria ir até a Escócia, passar uma temporada por lá. Foi justamente nessa região que ela iria conhecer o amor de sua vida, o poeta Percy Shelley. O filme assim vai mostrando o namoro do casal, a explosão da paixão ao som dos versos do jovem poeta e depois a decepção completa por parte dela ao saber que Percy já era casado, com esposa e filha pequena para criar. Imagine o escândalo que isso provocou.

O filme é focado mesmo na vida pessoal de Mary. Seu conturbado romance com Percy, as dificuldades dos primeiros anos, quando o casal ficou praticamente na miséria, a amizade com o infame e libertino Lord Byron e finalmente a criação da maior obra prima literária da jovem autora, o livro "Frankenstein ou o Moderno Prometeu", publicado pela primeira vez em 1823. Em apenas pouco mais de 200 páginas ela conseguira mudar a literatura de terror para sempre, criando um dos personagens mais famosos da história. O mais importante do filme porém é realmente o resgate da vida sofrida da autora. Uma jovem vitoriana que fez suas escolhas e pagou caro por elas. Conseguiu superar preconceitos, tragédias pessoais e se firmou no mundo da literatura, que na época era bem machista e conservador. Um filme essencial para quem quiser conhecer melhor a trajetória de vida de Mary Shelley e como isso influenciou na criação de sua maior obra prima.

Mary Shelley (Inglaterra, Estados Unidos, 2017) Direção: Haifaa Al-Mansour / Roteiro: Emma Jensen, Haifaa Al-Mansour / Elenco: Elle Fanning, Maisie Williams, Ben Hardy / Sinopse: Aos 16 anos de idade a jovem Mary (Elle Fanning) conhece o poeta Percy Shelley em uma fazenda na Escócia. A aproximação muda a vida dela para sempre. Completamente apaixonada, se entrega de corpo e alma ao poeta, ao mesmo tempo em que enfrenta escândalos, traições e privações pessoais de todas as formas. Filme baseado na história pessoal da escritora Mary Shelley, autora do livro "Frankenstein".

Pablo Aluísio. 

Fahrenheit 451

Não consegui apreciar muito essa nova versão para o clássico livro "Fahrenheit 451". Já havia achado a versão dos anos 60 muito hermética, nada digerível para acompanhar. Essa nova versão ameniza em certo aspectos as premissas do livro, mas mesmo assim não consegue funcionar bem. Se você não se lembra ou não conhece, a trama se passa no futuro, em um Estado autoritário que controla tudo e a todos. Os livros são vistos como produtos perigosos e subversivos. O mesmo vale para filmes, discos e qualquer manifestação cultural. Para eliminar tudo dentro do seio da comunidade existe um grupo de bombeiros que ao invés de apagar incêndios tocam fogo em pilhas e pilhas de livros descobertos nas casas dos elementos rebeldes.

O protagonista é um jovem bombeiro negro que um dia decide levar um livro desses para casa, por mera curiosidade. Assim que começa a ler percebe que em suas páginas são feitas perguntas pertinentes sobre a vida e a sociedade. Isso desperta nele um senso crítico que ele jamais poderia pensar existir em sua mente. Não demora muito e ele entra em crise existencial, ficando abalado na sua rotina de perseguir rebeldes e queimar livros. A produção do canal HBO é um pouco decepcionante. Diria até que a direção de arte do filme original é muito mais interessante que esse remake. Nada há de muito incrível de se ver em termos de efeitos especiais. A profundidade da mensagem do roteiro também é fraca, nunca indo fundo demais nas questões importantes. Assim temos um filme que deixa a desejar. Não empolga e a única coisa boa vem do elenco, pois os atores Michael B. Jordan e principalmente Michael Shannon parecem empenhados em atuar bem. Fora isso nada muito digno de nota.

Fahrenheit 451 (Estados Unidos, 2018) Direção: Ramin Bahrani / Roteiro: Ramin Bahrani / Elenco: Michael B. Jordan, Michael Shannon, Aaron Davis, Cindy Katz / Sinopse: Adaptação para as telas do livro escrito por Ray Bradbury. Em um mundo futurista e autoritário, os livros são considerados nocivos para a sociedade. Para que todos vivam em felicidade eles devem ser queimados. Um membro do pelotão de bombeiros, especializado nessa função, começa a se questionar após levar um exemplar de um livro para casa. Ele passa a se questionar sobre o que faz e sobre as obras de literatura que queima todos os dias.

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de junho de 2018

Crimes Obscuros

Provavelmente você cresceu assistindo aos filmes do Jim Carrey. As comédias malucas, onde o ator comediante sempre exagerava nas caretas a cada nova cena. Ele fez muito sucesso nessa linha. Agora, aos 56 anos de idade, ele tem procurado por novos caminhos. Nada de comédias, nada de personagens como o Máscara. Aqui ele interpreta um policial polonês. Após cair em desgraça dentro da corporação ao plantar provas falsas e ser descoberto por isso, ele vê uma chance de recomeçar ao se deparar com um velho caso sem solução. Uma investigação de um rapaz que foi brutalmente assassinado. Envolvido em uma rede de prostituição e masoquismo, acabou sendo morto por um cliente que foi longe demais. O mais intrigante é que mesmo após anos de investigação a polícia nunca conseguira chegar na identidade do assassino. Seria algum figurão intocável?

O tira envelhecido interpretado por Carrey vai juntando as pistas e acaba chegando na figura de um escritor de livros sobre perversão sexual. Nem preciso dizer que as coisas vão se complicando cada vez mais, até chegar em pessoas que estavam acima de qualquer suspeita. Achei o filme bem pesado. Não há lugar para ironias ou tiradas cômicas. Aquele lado da Europa que penou com o comunismo surge cinza, escura, fria e triste. O lugar ideal para degenerados sexuais surgirem para explorar jovens e inocentes garotas. Fica claro desde a primeira cena que Jim Carrey quer provar que pode topar qualquer personagem, qualquer desafio. Sem um pingo de humor o seu investigador policial é um homem sem esperanças. Ficando careca, barrigudo e com um grande barba branca messiânica que em nada lembra seu passado como Clown. Nunca deixa de ser interessante ver Carrey interpretando alguém tão sinistro, mas também fica o gostinho de decepção no ar ao perceber que o filme nunca chega a funcionar muito bem. É um potencial que não se cumpre em seus noventa minutos de duração.

Crimes Obscuros (Dark Crimes, Inglaterra, Estados Unidos, Polônia, 2016) Direção: Alexandros Avranas / Roteiro: Jeremy Brock, baseado em artigo escrito por David Grann / Elenco: Jim Carrey, Charlotte Gainsbourg, Marton Csokas / Sinopse: Veterano investigador, em crise na carreira após ter plantado provas em um caso explorado pela imprensa, vê a grande chance de recuperar seu prestígio como policial ao reabrir um velho caso arquivado de homicídio. As novas pistas o levam até um escritor de romances pornográficos e pervertidos, mas isso parece ser apenas a ponta do iceberg, envolvendo uma extensa rede de prostituição e masoquismo nos porões da cidade.

Pablo Aluísio.

Na Escuridão

Tipicamente aquele caso de filme que começa bem, mas que depois vai decaindo, decaindo... até chegar em um final decepcionante. Quando o filme começa conhecemos a protagonista, uma jovem cega chamada Sofia (Natalie Dormer). Apesar de seu problema ela tenta ter uma vida normal. Todos os dias vai para o trabalho de metrô. Ela é uma pianista talentosa, que atua numa orquestra de sua cidade. A vida vai seguindo em frente até que sua vizinha cai (ou é jogada) de seu apartamento. A polícia logo a interroga, atrás de informações, já que Sofia mora no apartamento de baixo, então se ela tivesse ouvido alguma coisa seria de grande ajuda. Sofia nega, diz que não ouviu nada no dia da morte, mas está mentindo. Pessoas com problemas em alguns dos sentidos acaba desenvolvendo muito bem todos os outros. Ela não vê nada, mas ouviu tudo o que aconteceu. Vira logo uma peça chave na solução do crime.

Assim o que poderia ser um thriller de suspense dos mais interessantes acaba se perdendo bastante quando o roteiro vai se desenvolvendo e percebemos que Sofia nem é a pessoa indefesa e vulnerável que pensamos. Por falar em roteiro ele foi escrito pela própria atriz Natalie Dormer. Assim de nome você provavelmente não vai se lembrar dela, mas se gosta de séries a reconhecerá imediatamente. Ela foi a trágica rainha Ana Bolena em "The Tudors". Mais recentemente esteve em "Game of Thrones" no papel de Margaery Tyrell. Em eventos de cultura nerd ela é sempre muito bem recebida, causando sensação nos fãs da série. Pois bem, nesse filme aqui a fantasia é deixada de lado. No background de tudo está a guerra dos Balcãs, mas revelar mais seria estragar algumas surpresas do roteiro. No geral não achei um grande filme. Ele, como já escrevi, começa bem, apostando numa trama simples, mas se perde ao querer trazer complexidade demais nos eventos que se sucedem. Muitas vezes a simplicidade é o melhor caminho a seguir.

Na Escuridão (In Darkness, Inglaterra, Estados Unidos, 2018) Direção: Anthony Byrne / Roteiro: Anthony Byrne, Natalie Dormer / Elenco: Natalie Dormer, Emily Ratajkowski, Ed Skrein / Sinopse: Sofia (Natalie Dormer) é uma jovem pianista que tenta levar uma vida normal apesar de ser cega. Uma noite sua vizinha do andar de cima cai (ou e é jogada) de seu apartamento e morre. Depois disso Sofia vira alvo da polícia e dos supostos criminosos, todos tentando descobrir o que ela ouviu naquela noite em que tudo aconteceu.

Pablo Aluísio.