sexta-feira, 21 de julho de 2017

Alvarez Kelly

Uma guerra não se vence apenas com tropas e armas. É preciso provisões, alimentos, para os soldados que vão lutar nela. Essa história se passa durante a guerra civil americana. Alvarez Kelly (William Holden) é um comerciante de gado, que atravessa grandes distâncias para vender os animais como alimento para o exército da União. Ele é um sujeito pragmático, disposto a vender seu produto a qualquer lado do conflito, desde que seja bem pago. Durante a entrega de mais um rebanho, Kelly é raptado por soldados da Confederação liderados pelo Coronel Tom Rossiter (Richard Widmark). A ideia é fazer com que Kelly ajude aos rebeldes do sul no roubo de todo aquele gado, o levando para Richmond, cidade confederada sitiada por tropas do general da União Grant. Com o rebanho servindo de provisão, o exército sulista poderia aguentar por mais tempo.

O filme tem várias reviravoltas, sempre com Kelly nas mãos dos confederados. Ele é um velho cowboy experiente, nascido no México, filho de pais irlandeses, que na verdade pouco está se importando com quem vencerá a guerra. A estrutura do roteiro tem alguns problemas, principalmente com quebras de ritmo, causadas principalmente por idas e vindas da história. Não consegui localizar a informação se a história contada no filme é de fato real. Pelos letreiros finais dá-se a entender que sim, porém pessoalmente acho pouco provável que de fato tenha acontecido. Roubar gado de tropas da União para levar até o front confederado soa mesmo como mera ficção.

De qualquer forma o filme vale a pena. Afinal temos aqui dois grandes atores em cena. O ator William Holden já não era o grande galã do passado. Problemas de alcoolismo crônico o debilitaram bastante. O curioso é que seu personagem fica o tempo todo em busca de bebida (de preferência whisky escocês!), numa incômoda referência com aspectos de sua vida pessoal. Melhor se sai Richard Widmark. Você não sentirá qualquer simpatia por seu personagem, um Coronel confederado com sinais de psicopatia e crueldade. Isso é sinal que Widmark fez bem seu trabalho, afinal vilões são criados para isso mesmo, causar repulsa no público. Por fim uma curiosidade interessante: o filme foi lançado nos cinemas brasileiros com o equivocado título de "Tenente Kelly" (um absurdo pois o personagem não era um tenente!). Com os anos acabou ficando conhecido apenas como "Alvarez Kelly", o que convenhamos era o mais adequado.

Tenente Kelly (Alvarez Kelly 1966) Direção: Edward Dmytryk / Roteiro: Franklin Coen / Elenco: William Holden, Richard Widmark, Janice Rule / Sinopse: Alvarez Kelly (William Holden) é um comerciante de gado que vende rebanhos para as tropas da União. Durante a entrega de mais um lote de animais ele é capturado pelo exército confederado inimigo. Sob julgo do Coronel rebelde sulista Tom Rossiter (Richard Widmark) ele é forçado a participar de um plano de roubo do gado para ser levado até Richmond, cidade sob controle da confederação que está sofrendo ataque dos ianques.

Pablo Aluísio.

A Última Carroça

Título no Brasil: A Última Carroça
Título Original: The Last Wagon
Ano de Produção: 1956
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Delmer Daves
Roteiro: James Edward Grant, Delmer Daves
Elenco: Richard Widmark, Nick Adams, Felicia Farr, Susan Kohner, Stephanie Griffin, George Mathews

Sinopse:
Durante a colonização do velho oeste americano, um grupo de pioneiros são atacados por selvagens das tribos Apaches que vivem na região. Eles conseguem sobreviver, mas ficam perdidos no meio do deserto. Sua única chance aparece quando um homem branco chamado Todd (Richard Widmark), que viveu entre os comanches, surge para ajudá-los a sair dali com vida.

Comentários:
Bom faroeste, bem valorizado por ter um elenco muito bom e um roteiro eficiente, que não perde tempo com bobagens. O diretor Delmer Daves era um especialista em fitas de western e aqui resolveu não perder muito tempo, usando como estrutura de roteiro um enredo ágil, rápido, mas muito bem escrito. O filme é estrelado pelo ator Richard Widmark que interpreta um personagem bem dúbio, que ora pode ser a salvação de toda aquela gente, ora pode se tornar sua ruína final. Ele é conhecido como Comanche Todd, pois apesar de ser branco, sempre conviveu com as tribos comanches do deserto do Arizona. Ele é procurado pela lei, pela morte de três homens, em situações que nunca ficaram muito bem esclarecidas. Assim os colonos aceitam sua ajuda, mas ficam sempre com um pé atrás, pois ele pode guiar a caravana para um lugar seguro ou levá-los para uma emboscada, onde serão mortos pelos guerreiros apaches. O roteiro joga o tempo todo com essa situação de suspense, trazendo no final ótimo resultado em termos de suspense e roteiro. Como escrevi, um bom filme, muito bem orquestrado por causa de seu inteligente argumento.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Coração Selvagem

A história desse filme se passa em 1886, no território Sioux. A primeira cena já mostra uma tentativa de se assinar um tratado de paz com os indígenas. Infelizmente o cacique descobre que o homem branco já construiu um forte militar em terras Sioux e tudo vai por água abaixo. Os índios se retiram das negociações. Em pé de guerra tudo o que se precisa para se começar uma grande batalha é a morte de algum membro da tribo. Durante uma viagem o arrogante tenente Rob Dancy (Alex Nicol) acaba matando um jovem Sioux, dando começo a uma guerra violenta entre soldados da cavalaria e os nativos da região. O protagonista desse roteiro é um caçador de peles chamado John Bridger (Van Heflin). Durante anos ele viveu nas terras da nação Sioux, tendo se integrado completamente com os índios. Ele chegou a inclusive formar uma família com uma jovem Cheyenne. Só que tudo foi destruído após um ataque da cavalaria, liderada pelo mesmo tenente Dancy, que agora ele reencontra. Afinal todos perguntam: De que lado ele está? Do lado do homem branco, da cavalaria americana, ou do lado dos guerreiros Sioux, a quem tem muito respeito e amizade?

Esse é um faroeste B da Universal Pictures que traz algumas curiosidades interessantes. Uma delas é o fato de tentar mostrar o outro lado das guerras indígenas. Ao invés do mostrar a figura do nativo americano como apenas a do inimigo, do vilão, o roteiro procura mostrar as razões e as injustiças do homem branco que fizeram com que os chefes tribais entrassem em guerra. Além disso procura explorar um protagonista que viveu ao lado dos índios e que tem suas razões para odiar a política de ataques e mortes da cavalaria. Outro ponto que chama a atenção é a presença do ator Rock Hudson, ainda em começo de carreira, interpretando o cabo Hannah. Ele tem poucas cenas, mas duas são particularmente boas: Quando sai com uma tropa de soldados e é atacado pelos Sioux e quando é encurralado pelos guerreiros, perto de um riacho, onde todos acabam morrendo (numa óbvia referência ao que aconteceu com a sétima cavalaria do general Custer). Com boa produção (ergueram um forte de verdade no Arizona) e bom roteiro, esse "Coração Selvagem" é uma boa dica para se ter em sua coleção de filmes de western.

Coração Selvagem (Tomahawk, Estados Unidos,1951) Direção: George Sherman / Roteiro:Silvia Richards, Maurice Geraghty  / Elenco: Van Heflin, Yvonne De Carlo, Alex Nicol, Rock Hudson / Sinopse: Cavalaria americana decide construir um forte bem no meio do território da nação Sioux, criando uma grande tensão e clima de guerra com os nativos. No meio do conflito que está prestes a explodir, um caçador de peles que viveu muitos anos ao lado dos indígenas tenta costurar um tratado de paz entre os militares brancos e os guerreiros Sioux.

Pablo Aluísio.

O Retorno de Clint, O Estranho

Título no Brasil: O Retorno de Clint, O Estranho
Título Original: Il Ritorno di Clint il Solitario
Ano de Produção: 1972
País: Itália, Espanha
Estúdio: Doria G. Film
Direção: Alfonso Balcázar (George Martin)
Roteiro: Alfonso Balcázar, Giovanni Simonelli
Elenco: George Martin, Marina Malfatti, Klaus Kinski, Daniel Martín, Augusto Pescarini, Francisco José Huetos
                   
Sinopse:
Após vingar a morte de seu irmão, o pistoleiro conhecido como "Clint, O Solitário" resolve retornar para sua cidade natal. Ele reencontra sua esposa e seus dois filhos menores vivendo em um rancho. Há muito o que superar pois ele os abandonou seis anos atrás. Enquanto tenta convencer sua esposa a voltar, Clint precisa lidar com outra situação perigosa: um caçador de recompensas chamado Scott (Klaus Kinski) está decidido a capturá-lo vivo ou morto!

Comentários:

Esse western spaghetti também é conhecido como "Trinity... Alguém Te Espera!", pois foi com esse título que ele foi lançado em alguns cinemas brasileiros nos anos 70. Claro que é um título oportunista pois não traz o personagem Trinity, mas sim Clint, o pistoleiro criado pelo ator e diretor George Martin (cujo nome real era Alfonso Balcázar). Essa produção é obviamente a sequência de "Clint, O Solitário" e segue os mesmos passos do filme anterior. Martin tem a mesma linha de Django, ou seja, um personagem de poucas palavras e bom de mira! Ele também abusa dos closes, principalmente nos segundos que antecedem um duelo ou um tiroteio. Outro ponto a se destacar é a trilha sonora, assinada por Ennio Morricone, o maestro e mestre dos filmes italianos de faroeste. No elenco além de Martin se destaca a presença de Klaus Kinski como o caçador de recompensas. Com cabelos longos, um eterno charuto na boca e cara de maluco, ele rouba as cenas diversas vezes. Poucos cinéfilos se lembram disso, mas Klaus Kinski fez muitos filmes de bang bang spaghetti, geralmente interpretando vilões e assassinos psicóticos, um tipo de papel que, diga-se de passagem, lhe caía muito bem.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

A Estrada dos Homens sem Lei

Numa cidade infestada de gângsters e políticos corruptos, um novo capitão é designado para comandar um dos distritos mais violentos da metrópole. Seu nome é Thomas McQuigg (Robert Mitchum). Assim que assume seu posto ele precisa desvendar o assassinato de um mafioso que se colocou no caminho do violento gângster Nick Scanlon (Robert Ryan). Ele é encontrado morto, no meio de uma das avenidas mais movimentadas da cidade. McQuigg é velho conhecido de Scanlon. No passado ambos se enfrentaram, mas o policial se deu mal pois o criminoso tinha contatos com políticos importantes que o transferiram para outros distritos. Agora chegou a sua vez de se vingar de Scanlon. Para isso porém precisará superar o próprio sistema corrupto em que vive. O promotor está na folha de pagamento do chefão do crime organizado na cidade e Scanlon tem grandes contatos na prefeitura, inclusive o principal candidato ao posto de novo magistrado é um sujeito que recebe ordens dele. Para reunir provas o veterano tira McQuigg começa então a se utilizar de métodos nada tradicionais, como prisões arbitrárias, chantagens e provas plantadas. Vale tudo para prender Scanlon, tirando das ruas um criminoso perigoso e sociopata.

"A Estrada dos Homens sem Lei" é um filme policial noir, produzido pelo excêntrico milionário Howard Hughes (aquele mesmo que foi interpretado por Leonardo DiCaprio no filme de Martin Scorsese, "O Aviador"). Ele adorava um antigo filme mudo de 1928 e resolveu produzir esse remake para os estúdios RKO. Para estrelar seu filme Hughes contratou o ator Robert Mitchum (que curiosamente sempre se saía melhor no papel do gângster, mas que aqui acabou interpretando o policial honesto e íntegro). Uma velha conhecida do milionário, a atriz Lizabeth Scott, também foi contratada. Scott foi uma das primeiras atrizes de Hollywood na história a assumir sua condição de homossexual, algo que praticamente destruiu sua carreira. Como o roteiro foi baseado na peça teatral original o espectador vai sentir algumas características bem próprias do estilo teatro filmado, porém isso só ficará mais claro aos mais atentos. No geral é um bom filme policial, com cenas de ação, perseguições, tiroteios e aquele bem conhecido clima de decadência e cinismo que marcou muitos dos filmes noir. Há inclusive uma ótima cena quando Mitchum persegue um dos membros da gang em uma escada cheia de sombras e luzes, bem característico desse estilo cinematográfico. Com duração enxuta e roteiro objetivo, esse noir sem dúvida fez jus ao cinema clássico da época. 
 
A Estrada dos Homens sem Lei (The Racket, Estados Unidos, 1951) Direção: John Cromwell / Roteiro: William Wister Haines, W.R. Burnett / Elenco: Robert Mitchum, Lizabeth Scott, Robert Ryan / Sinopse: Policial honesto tenta limpar as ruas de sua cidade de uma quadrilha de criminosos que possui ramificações dentro do próprio governo, com políticos corruptos fazendo parte da folha de pagamentos do grande chefão conhecido apenas como "O Velho".

Pablo Aluísio.

O Reverendo do Colt 45

Título no Brasil: O Reverendo do Colt 45
Título Original: Reverendo Colt
Ano de Produção: 1970
País: Espanha, Itália
Estúdio: Oceania Internazionali Cinematografiche
Direção: León Klimovsky
Roteiro: Tito Carpi, Manuel Martínez Remís
Elenco: Guy Madison, Richard Harrison, Ennio Girolami, María Martín, Ignazio Spalla, Perla Cristal
  
Sinopse:
O Reverendo Miller (Guy Madison) chega em Tucson, no Texas, para inaugurar uma nova igreja. No mesmo dia de sua chegada uma quadrilha de bandoleiros invade a cidade. Os criminosos estão lá para roubar o banco local, trazendo terror e desespero para todos os moradores. O que esses foras da lei não sabem é que o novo reverendo foi um habilidoso pistoleiro no passado.

Comentários:
Pois é, nos filmes de western spaghetti nem mesmo os religiosos escapavam. Quando era necessário eles não pensavam duas vezes antes de empunhar o colt 45 para expulsar os bandidos de suas cidades, protegendo assim o seu rebanho. "O Reverendo do Colt 45" vai justamente por esse caminho. O roteiro mostra um homem convertido que deseja deixar o passado para trás. Ele era um pistoleiro bom de mira que havia tirado a vida de muitos homens. Agora só deseja pregar o evangelho. O problema é que uma quadrilha perigosa invade sua cidade e ele, sem alternativas, parte para limpar a região da infestação daqueles vermes. Afinal está disposto a trazer paz para aquela cidade de todas as formas. Embora o filme seja uma produção italiana temos aqui um ator americano estrelando o filme. O californiano Guy Madison empresta seu carisma para a produção. Ele era um veterano no gênero western. Quando o estilo entrou em decadência nos Estados Unidos ele nem pensou duas vezes e foi para a Europa onde estrelou diversos filmes spaghetti. Esse aqui é um dos mais lembrados. Fez sucesso e foi inclusive lançado no Brasil, fazendo carreira nos cinemas de bairro que eram muito comuns em nosso país durante os anos 70. Assim temos aqui uma boa oportunidade para relembrar aqueles bons e velhos tempos.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 18 de julho de 2017

O Duelo dos Fora da Lei

"O duelo dos fora da lei" conta a história de um caçador de recompensas que chega numa pequena cidade do velho oeste. Em cima de seus cavalos dois bandidos procurados. Ele obviamente entrega os corpos pensando justamente no dinheiro que irá receber por eles. O xerife da cidadezinha fica impressionado pela captura daqueles criminosos pois eram pistoleiros perigosos, procurados há anos. Assim oferece um emprego de delegado para o caçador de recompensas, que porém tem outros planos. A questão é que a cidade é dominada por um sujeito inescrupuloso, cafetão e pistoleiro, que extorque dinheiro dos comerciantes locais em troca de "segurança". É uma extorsão velada já que o único perigo que existe no lugar vem dele mesmo. Há pouco tempo o facínora matou um honesto homem de negócios da cidade, um dono de saloon, que se recusou a pagar por seus "serviços". Será que o exímio atirador, que vive de capturar criminosos vai finalmente ceder, se tornando o novo delegado daquela cidade?

"O duelo dos fora da lei" é uma produção B, com orçamento modesto. Isso deixa transparecer para a tela. Você fica com a impressão de estar assistindo a um telefilme ou então uma produção feita para ser lançada diretamente em DVD, em venda direta ao consumidor. Em qualquer hipótese não é um filme para ser lançado nos cinemas. O roteiro é bem tradicional, alguns vão dizer que é repleto de clichês, mas devo dizer que tudo funciona bem, apesar dos eventuais problemas. Como escrevi não é um filme com produção suntuosa ou nada do tipo. Em sua falta de recursos até vale uma espiada pelos fãs do western.

O Duelo dos Fora da Lei (The Gundown, Estados Unidos, 2011) Direção: Dustin Rikert / Roteiro: Dustin Rikert, William Shockley / Elenco: Sheree J. Wilson, Andrew W. Walker, Peter Coyote / Sinopse: Caçador de recompensas chega numa cidadezinha poeirenta do velho oeste para receber o dinheiro da captura de dois criminosos procurados e acaba, sem querer, se envolvendo nas disputas locais. Os comerciantes da cidade são extorquidos por um criminoso que oferece "segurança" em troca de dinheiro.

Pablo Aluísio.

Mato Hoje, Morro Amanhã

Depois de passar cinco anos numa cadeia por um crime que não cometeu, o rancheiro Bill Kiowa (Brett Halsey) é finalmente libertado. Cumpriu finalmente toda a sua pena. Na saída da prisão ele é perguntado o que sente nessa hora. Sua resposta: "Eu não sinto nada! Apenas ódio!". E é justamente esse ódio que vai mover suas atitudes dali em diante. Ele quer matar o homem que o colocou atrás das grades, um assassino e assaltante conhecido como "El Fuego". O problema é que esse criminoso não está só. Ele comanda uma grande quadrilha que vive de roubar e matar passageiros de diligências. Apenas com outro grupo de pistoleiros Kiowa conseguirá vencê-lo. Assim ele começa a recrutar seus homens, sujeitos conhecidos por causa de suas habilidades com as armas. Esse western spaghetii chamado "Mato Hoje, Morro Amanhã" sempre foi muito elogiado pela crítica, principalmente por causa de seu bom roteiro. A explicação para isso tem nome: Dario Argento. O mestre dos filmes de terror deu uma pausa em sua carreira e resolveu escrever esse enredo e esse roteiro. Desde as primeiras cenas descobrimos como Argento era habilidoso como escritor. Ele utilizou os clichês do gênero e os manipulou como poucos, em seu proveito e em favor do filme como um todo. Pegando elementos de filmes diversos, inclusive alguns clássicos como "Sete Homens e um Destino" ele criou uma estória redondinha, sem falhas, que se fecha muito bem em si mesma. Para isso não faltaram os elementos que todos já conhecemos como a jornada de vingança, a união em prol de um objetivo comum e o duelo final. Nenhuma novidade para dizer a verdade, mas Argento soube como manter a atenção do espectador até o fim. Coisa de mestre realmente.

O elenco também é muito bom e interessante, a começar por Bud Spencer, um dos atores mais populares no Brasil. Com seu jeito bonachão, em contraste com seu corpanzil imenso, Spencer tinha muito carisma. Nos filmes que fez ao lado de Terence Hill havia muito mais espaço para o humor. Aqui ele ainda existe (como na cena da barbearia), porém seu personagem é um pouquinho mais sério. O astro do filme na verdade nem é Spencer, mas sim Brett Halsey que usou o pseudônimo de Montgomery Ford. Ele era bem parecido com Franco Nero e o uso de um figurino quase completamente semelhante ao de Django reforçou ainda mais essa semelhança. A diferença básica era que Brett era americano, ao contrário de Nero. Por fim uma informação curiosa: O filme no Brasil também é conhecido como "Hoje eu... Amanhã você!". Isso era comum de acontecer nos anos 60 e 70, quando as emissoras de TV mudavam os títulos dos filmes. Nos cinemas eles tinham recebido outro nome. Coisas de Brasil...

Hoje Eu... Amanhã Você / Mato Hoje, Morro Amanhã (Oggi a me... domani a te!, Espanha, Itália, 1968) Direção: Tonino Cervi / Roteiro: Dario Argento, Tonino Cervi / Elenco: Brett Halsey, Bud Spencer, Wayde Preston / Sinopse: Após passar anos na cadeia, Bill Kiowa (Brett Halsey) quer vingança contra o responsável por sua prisão e pela morte e estupro de sua esposa, uma jovem nativa. Para isso ele decide formar um grupo de pistoleiros e homens rápidos no gatilho. Ele quer saciar sua sede de ódio e justiça.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Alien Thunder

Esse filme nunca foi lançado oficialmente nos cinemas no Brasil. Uma pena pois é uma produção das mais interessantes que explora a figura dos nativos americanos. Após serem derrotados nas chamadas guerras indígenas (aquelas onde o General Custer foi morto por guerreiros de Cachorro Louco e Touro Sentado), muitas tribos foram tiradas de suas terras e enviadas para desertos hostis onde não existiam caças, plantações e meios de vida. Subjugados, muitos índios, principalmente os mais jovens e fortes, não aceitaram essa situação, entrando em guerra novamente contra o homem branco. Essa produção, também conhecida nos Estados Unidos como "Dan Candy's Law" mostra um desses jovens guerreiros que revoltados com sua situação e de sua gente resolve se insurgir contra os soldados americanos. Ele foge da reserva e começa um reinado de terror, até que um grupo de homens, caçadores de recompensas, é enviado para caçar os nativos revoltosos. O filme é dos anos 70 e apresenta uma boa produção. A direção ficou a cargo de um cineasta canadense, Claude Fournier, que trouxe um certo ritmo mais cadenciado ao filme, como se fosse um western americano dirigido por um francês! Donald Sutherland lidera o elenco. Com seus grandes olhos de peixe morto ele dá muita frieza e crueldade ao seu personagem, algo até bem adequado para a proposta desse faroeste. Então é isso, caso se depare com esse pouco conhecido western não deixe de conferir. Vale a pena.

Alien Thunder (Estados Unidos, Canadá, 1974) Direção: Claude Fournier / Roteiro: George Malko / Elenco: Donald Sutherland, Gordon Tootoosis, Chief Dan George / Sinopse: O ex-caçador de recompensas e agora sargento da cavalaria Dan Candy (Donald Sutherland) é designado para caçar e matar índios fugitivos. Ele está disposto a matar todo pele vermelha que encontrar em seu caminho. Filme baseado em fatos históricos reais.

Pablo Aluísio.

O Filho da Estrela Nascente

Título no Brasil: O Filho da Estrela Nascente
Título Original: Son of the Morning Star
Ano de Produção: 1991
País: Estados Unidos
Estúdio: Republic Television, The Mount Company
Direção: Mike Robe
Roteiro: Evan S. Connell, Melissa Mathison
Elenco: Gary Cole, Rosanna Arquette, Stanley Anderson, George Dickerson, Terry O'Quinn, Dean Stockwell

Sinopse:
Enviado pelo governo americano para combater guerreiros rebeldes das nações Sioux e Apache, o General George Armstrong Custer (Gary Cole) acaba caindo em uma emboscada numa região conhecida como Little Bighorn. O dia é 25 de junho de 1876 e a chacina da Sétima Cavalaria dos Estados Unidos entraria para a história. Filme vencedor do Primetime Emmy Awards nas categorias de Melhor Som, Figurino e Edição. 

Comentários:
Essa é uma minissérie que foi lançada no Brasil, no mercado de vídeo VHS, em edição dupla. A intenção dos produtores foi contar de forma isenta e historicamente correta a verdadeira história do General Custer e a Sétima Cavalaria. Como se sabe esse foi um dos eventos mais famosos da história do velho oeste americano, quando Custer e seus homens foram derrotados e mortos por nativos liderados por Cachorro Louco e Touro Sentado. A morte dos soldados e seu general traumatizou os americanos na época, a tal ponto que o exército entrou definitivamente na chamada guerra indígena, onde centenas de milhares de índios foram mortos em batalhas sangrentas e brutais. Outros foram despachados para territórios desertos, hostis, onde muitos morreram de fome ou pela exaustão de se viver em lugares tão impróprios para a vida humana. Assim o roteiro procura responder a pergunta que perdurou por todos esses séculos: Custer era um verdadeiro herói ou um carniceiro que foi fazer o serviço sujo do governo americano, matando homens, mulheres, idosos e crianças sem distinção? No meio da barbárie se destacam as boas cenas de luta e a reconstituição histórica perfeita que fez esse filme ser premiado pelo Emmy, o Oscar da TV americana. Hoje em dia essa produção anda meio esquecida. Pessoalmente nunca vi uma reprise nos canais de TV a cabo. Seria uma boa ideia resgatar esse bom momento televisivo sobre um dos generais mais controversos da história dos Estados Unidos e sua colonização rumo ao oeste selvagem. 

Pablo Aluísio.

domingo, 16 de julho de 2017

Filmes no Cinema - Edição XV

Uma semana fraca em termos de novos filmes nos cinemas. Os grandes filmes do Oscar ainda não foram lançados e não há nenhum blockbuster no cardápio. O filme mais interessante da lista é "The Post - A Guerra Secreta", nova direção assinada por Steven Spielberg. O elenco traz Meryl Streep e Tom Hanks. A história, baseada em fatos reais, mostra a luta entre o jornal The Post e o governo do presidente Richard Nixon. O editor  Ben Bradlee (Tom Hanks) e a dona do Post, Kat Graham (Meryl Streep), descobrem uma série de informações comprometedoras do envolvimento do governo americano na Guerra do Vietnã e precisam brigar muito - inclusive juridicamente - para que tudo seja divulgado para o povo. Essa produção está concorrendo ao Oscar nas categorias de Melhor Filme e Melhor Atriz (Meryl Streep, de novo!). É a tal coisa, se tiver que ver apenas um filme essa semana nos cinemas, esse é o indicado.

"Artista do Desastre" é a segunda melhor opção entre os novos filmes em cartaz. A história conta a trajetória de Tommy Wiseau (James Franco), um sujeito que sonha em se tornar um grande diretor de cinema em Hollywood, mas que acaba se tornando o pior de todos os tempos, segundo muitos críticos. Mesmo assim, com tudo contra, ele não deixa se abater e segue fazendo seus filmes ruins em série! Essa produção, bem pessoal de James Franco, que atuou e dirigiu, deu a ele um Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator. O filme também está indicado ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado. Tudo seria uma ótima notícia para Franco se ele também não tivesse sido atingindo em cheio na onda de acusações de assédio sexual que avassala Hollywood. Com isso o nome do ator virou tóxico e ele muito provavelmente não verá seu filme se sagrando vencedor na noite máxima do cinema americano. Também não se espera que seja um sucesso de bilheteria, justamente por causa das acusações.

E se você é um adolescente em busca de um filme pipoca nos cinemas, a dica é "Maze Runner: A Cura Mortal". Esse é mais um dessa série que já virou uma franquia de segunda linha no nicho de público jovem. É uma espécie de primo pobre de "Jogos Vorazes". O roteiro, básico, explora as aventuras de Thomas (Dylan O' Brien). Contaminado por um novo vírus mortal ele parte em busca da cura e descobre no processo que toda a humanidade está em perigo! Bobagem, enfim, mas que provavelmente vai agradar ao público na pré-adolescência, ali na faixa dos 13, 14 anos de idade. Se for o seu caso, aproveite!

Finalizando deixa a dica de uma produção para quem curte cinema europeu. É uma produção francesa chamada "Visages, Villages". Em tom de documentário somos apresentados a dois artistas Agnès Varda e JR, que juntos ganham a vida promovendo exposições de fotografias e imagens em lugares públicos. O destaque vai para a aparição no filme do consagrado Jean-Luc Godard, dando alguns depoimentos. Vale a pena conhecer.

Pablo Aluísio.

sábado, 15 de julho de 2017

60 Segundos

Título no Brasil: 60 Segundos
Título Original: Gone in Sixty Seconds
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Dominic Sena
Roteiro: H.B. Halicki, Scott Rosenberg
Elenco: Nicolas Cage, Angelina Jolie, Robert Duvall, Giovanni Ribisi, Scott Caan, Timothy Olyphant

Sinopse:
Ex-piloto de corridas, Randall "Memphis" Raines (Nicolas Cage) se torna ladrão de carros. Ele é bem sucedido em seus roubos por implantar um método impecável, onde consegue roubar um veículo em apenas 60 segundos. Quando seu irmão resolve entrar também no "ramo", Memphis decide fazer de tudo para salvá-lo do mundo do crime.

Comentários:
Mais um filme com a marca, a assinatura do produtor Jerry Bruckheimer. Quem conhece seus filmes já sabe mais ou menos o que vai encontrar pela frente: ação frenética, cenas absolutamente inverossímeis, roteiro e atuação dispensadas e muitas explosões. Em determinado momento Bruckheimer chegou na conclusão de que sabia exatamente o que o público jovem queria encontrar nos cinemas. Subestimando completamente a inteligência de seu público ele mandou ver, produzindo dezenas de filmes praticamente iguaizinhos. Esse "Gone in Sixty Seconds" pelo menos ainda tem alguns atrativos como, por exemplo, o elenco que conta com Robert Duvall (o que ele está fazendo aqui?), Angelina Jolie (ainda bem jovem, no começo da carreira e fama) e  Nicolas Cage (em mais uma tentativa de levantar sua carreira do ponto de vista comercial). Já o diretor Dominic Sena não passava de um garoto de recados de Jerry Bruckheimer. Seu único bom filme foi justamente o primeiro que dirigiu, "Kalifornia - Uma Viagem ao Inferno", depois disso nada de muito relevante. Para quem havia despontado dirigindo clips de Janet Jackson na MTV já estava de bom tamanho. Filme indicado no MTV Movie Awards na categoria Melhor Sequência de Ação.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Colossal

Filme maluco, estranho mesmo, mas que ainda assim não deixa de ser curioso e interessante. Começa como draminha romântico quando Gloria (Anne Hathaway) chega mais uma vez de ressaca no apartamento do namorado. Ela tem problemas com alcoolismo, está desempregada e pelo visto não se importa muito em arranjar um emprego. Ao invés disso vai para a farra todas as noites. O namorado, claro, perde a paciência e coloca um fim no romance. Pior do que isso, a coloca para fora do apartamento. Sem grana, sem emprego e sem ter onde morar, ela acaba voltando para a antiga casa dos pais, no interior. Arranja um emprego de garçonete no bar de um velho conhecido de infância e aí... começa a acontecer algo pra lá de esquisito! Um monstro surge em Seul, destruindo toda a cidade e Gloria percebe que ele repete tudo o que ela faz, inclusive os mais simples gestos! Que maluquice é essa? Que tipo de ligação ela teria com aquela criatura? Bom, já para sentir que temos aqui um roteiro totalmente fora dos padrões, diria até mesmo bizarro ao extremo.

O curioso de tudo é que essa mistura de filme trash oriental com drama romântico americano acaba funcionado! Ok, a maioria das pessoas em determinado momento vão se levantar da sala de cinema e ir embora, isso é meio óbvio. Porém quem comprar a estranha ideia desse roteiro vai acabar no mínimo se divertindo, apesar das esquisitices que encontrará pela frente. Esse diretor espanhol, o Nacho Vigalondo, não tem muitos trabalhos na direção, sendo mais conhecido em seu país como roteirista (dos bons!). Acredito que apesar da presença da estrelinha americana Anne Hathaway pouca gente vai acabar embarcando nesse filme surreal. De qualquer forma vale a dica se você estiver em busca de algo diferente, bem diferente...

Colossal (idem, Estados Unidos, Espanha, Coreia do Sul, 2016) Direção: Nacho Vigalondo / Roteiro: Nacho Vigalondo / Elenco: Anne Hathaway, Jason Sudeikis, Austin Stowell / Sinopse: Gloria (Anne Hathaway) é uma garçonete americana que descobre ter uma bizarra e estranha ligação com um monstro que está destruindo a cidade de Seul, na Coreia do Sul! Filme premiado no Austin Fantastic Fest na categoria de Melhor Direção (Nacho Vigalondo).

Pablo Aluísio.

Perdidos em Nova York

Título no Brasil: Perdidos em Nova York
Título Original: The Out-of-Towners
Ano de Produção: 1999
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Sam Weisman
Roteiro: Neil Simon, Marc Lawrence
Elenco: Steve Martin, Goldie Hawn, John Cleese, Mark McKinney, Oliver Hudson, Valerie Perri

Sinopse:
O casal Henry (Steve Martin) e Nancy (Goldie Hawn) decide ir para Nova iorque, para passear e se divertir um pouco. O filho deles foi para a universidade e agora, com tempo livre, eles acreditam que precisam de férias e descanso, só que a viagem que deveria ser de lazer logo se torna uma grande confusão!

Comentários:
Esse filme é um remake de uma antiga comédia com Jack Lemmon. Eu adoro os roteiros escritos por Neil Simon. Ele já havia escrito um roteiro antes para o ator e comediante Steve Martin que resultou no muito bom "O Rapaz Solitário", um filme com um excelente humor melancólico, que fazia graça das situações mais tristes que se possa imaginar. Aqui Simon voltou a trabalhar ao lado de Martin, mas o resultado se mostrou bem pior, diria menos inspirado. Talvez a presença de Goldie Hawn, com seus grandes olhos azuis e estilo mais espalhafatoso tenha levado Simon a amenizar essa nova adaptação. O resultado acabou saindo pior do que o esperado. Assim grande parte de sua sutileza se perdeu. É um filme fraquinho, que rende algumas poucas boas piadas durante o filme inteiro. Cai no velho problema do roteiro de uma piada só! A viagem para Nova Iorque e os inúmeros problemas que vão surgindo. Nada mais. O filme não foi bem de bilheteria, sendo considerado um dos grandes fracassos comerciais daquela temporada, o que colocou o próprio Steve Martin na geladeira por algum tempo, uma vez que em Hollywood fracassos sucessivos de bilheteria não são perdoados!

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de julho de 2017

O Último Concerto

Título no Brasil: O Último Concerto
Título Original: A Late Quartet
Ano de Produção: 2012
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Pictures
Direção: Yaron Zilberman
Roteiro: Seth Grossman (screenplay), Yaron Zilberman
Elenco: Philip Seymour Hoffman, Christopher Walken, Catherine Keener, Imogen Poots, Mark Ivanir, Liraz Charhi

Sinopse:
Um quarteto de música clássica entra em crise quando um dos membros, Peter Mitchell (Christopher Walken), é diagnosticado com Mal de Parkinson. Ele quer deixar o grupo, o que acaba levando todos a uma série de brigas, mágoas e desentendimentos que tinham ficado escondidos por anos.

Comentários:
Bom filme. O cenário é o mundo erudito da música clássica. Um quarteto de câmara vai se esfacelando após anos tocando juntos. São bem sucedidos no meio, mas os conflitos vão se mostrando cada vez mais insuperáveis. Robert (Hoffman) e Juliette (Keener) são casados. O que um dia foi paixão, se acabou. Ela não quer mais continuar com ele, que procura se consolar nos braços de uma dançarina espanhola de música flamenca. Assim que Juliette descobre a traição tudo desmorona. O pior é que eles precisam superar isso, pois trabalham juntos, no quarteto de cordas. Para piorar o clima de tensão, o veterano Daniel (Mark Ivanir), que toca o primeiro violino, se envolve com a filha deles, uma jovem estudante de violino. Claro que isso acaba criando muitas brigas, algumas inclusive violentas. E para estragar o que já anda mais do que ruim, Peter (Walken), o grande elo de ligação entre todos os músicos, acaba sendo diagnosticado com Mal de Parkinson, o que o impedirá de continuar tocando dentro de um meio tão concorrido e elitista, que não aceita falhas no palco. Esse roteiro revela que mesmo nos meios musicais mais eruditos ainda há muitos problemas de relacionamento para se manter um grupo unido, tal como se fosse uma bandinha de rock qualquer. Além da excelente trilha sonora (com destaque para as peças de Ludwig van Beethoven que ouvimos durante todo o filme) o grande destaque vai para o elenco. Todos estão maravilhosamente inspirados, com Philip Seymour Hoffman e Christopher Walken "duelando" muito bem em cena. Walken inclusive, sempre tão lembrado pelos exageros e maneirismos, finalmente se contém. É uma pena que Hoffman tenha falecido tão jovem ainda, vítima de uma overdose de drogas. Ao se assistir filmes como esse percebemos claramente como sua ausência faz muita falta no cinema de hoje em dia.

Pablo Aluísio.