quarta-feira, 24 de julho de 2013

Tucker - Um Homem e seu Sonho

Uma das obras mais nostálgicas da filmografia de Francis Ford Coppola. A ideia nasceu do próprio cineasta que, colecionador de carros, resolveu contar a história desse empresário ousado que teve a coragem de desafiar as grandes corporações automobilísticas ao criar um carro diferente, muito inovador e avançado para a época, o Tucker Torpedo. Assim Coppola investiu seu personagem de um certo heroísmo, ao colocar o empreendedor como alguém que desafiou todo um monopólio poderoso dentro da indústria para realizar o seu sonho. “Tucker” foi uma produção cara, bancada pelo próprio Francis Ford Coppola, que através de seu estúdio, Zoetrope, captou recursos e levou em frente seu projeto. O grande impulso acabou vindo depois da Lucasfilm, de George Lucas, que também investiu bastante na produção. O próprio desafio de colocar o carro original em cena se revelou complicado. Poucos carros Tucker sobreviveram, sendo que Coppola teve que contar com o apoio de um grupo de colecionadores americanos que cederam gentilmente suas preciosidades sobre quatro rodas para serem usadas no filme.

Como foi um filme feito com muito capricho e carinho por parte de Coppola, logo vemos isso na tela. Tecnicamente o filme é muito bem realizado, muito bem fotografado, com ótimas tomadas de cena e reconstituição histórica primorosa. Jeff Bridges defende muito bem o papel principal dando o entusiasmo e a paixão que o personagem exige. Embora o resultado final tenha se mostrado bem realizado o filme não escapou das criticas na época de seu lançamento. A principal foi a de que Coppola teria romantizado demais o próprio Preston Tucker, em um processo que anos depois se repetiria de certa forma com o industrial Oskar Schindler no famoso filme de Spielberg. Pessoalmente não vejo isso como uma falha ou um demérito, alguns ajustes sempre são feitos para que o filme seja mais interessante do ponto de vista dramático, algo que se repete aqui. Assim deixamos a dica de “Tucker – Um Homem e seu Sonho”, um filme que retrata a visão e os sonhos de um industrial americano que ousou inovar no selvagem mundo dos negócios do capitalismo americano.

Tucker - Um Homem E Seu Sonho (Tucker: The Man and His Dream, Estados Unidos, 1988) Direção: Francis Ford Coppola / Roteiro: Arnold Schulman, David Seidler / Elenco: Jeff Bridges, Joan Allen, Martin Landau / Sinopse: Cinebiografia do industrial Tucker que no pós guerra resolveu criar um carro revolucionário que ia contra os interesses da grande indústria automobilística dos EUA.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Fomos Heróis

O auge dos filmes sobre a Guerra do Vietnã aconteceu na década de 80. Grandes clássicos modernos como “Nascido Para Matar” e “Platoon” foram feitos nessa época. A intenção era tentar olhar de frente para essa embaraçosa intervenção americana em um país asiático pobre e distante onde milhares de americanos foram mortos de forma gratuita. Esses filmes sobre o Vietnã se tornaram verdadeiras catarses para a alma da nação, que a partir deles começou a compreender melhor todos os eventos que levaram o país para a pior derrota militar e política de sua história. Depois do boom dos filmes sobre o Vietnã houve um período bem longo em que não se realizou mais produções passadas naquele conflito. Talvez por isso houve uma grande surpresa quando Mel Gibson anunciou esse “Fomos Heróis”, um roteiro que voltava para as selvas do Vietnã mais uma vez. Um projeto equivocado para muitos pois essa já era uma página virada na história do cinema americano.

Mas afinal de contas o que levou Gibson a produzir mais esse filme que parecia tão fora de moda e de época? Foi a forma encontrada por Mel Gibson para criticar o governo americano em suas novas investidas e intervenções armadas pelo mundo afora. Era como se Mel tentasse relembrar a todos novamente que o Vietnã era não apenas uma guerra perdida mas um exemplo para que o erro não fosse cometido mais uma vez no futuro. A trama por si só já mostrava bem isso. Gibson aqui interpreta o Tenente Coronel Hal Moore. A história (baseada em fatos reais) se passa em 1965 quando os americanos ainda não tinham plena consciência do atoleiro em que estavam prestes a afundar. O oficial interpretado por Gibson é um militar americano que não tem a menor ideia do buraco em que está prestes a afundar – junto aos seus homens. Muito provavelmente por causa de seu tema em tom de critica contra a política externa dos EUA o filme não fez o menor sucesso. Com orçamento de 75 milhões de dólares o filme mal conseguiu render 20 milhões nas bilheterias americanas provando duas coisas: o público estava cansado do tema do Vietnã e não queriam mesmo receber uma verdadeira “lição de moral” de um ator como Mel Gibson. Mesmo assim fica a dica, pois o filme além de ser historicamente interessante, ainda é uma boa fita de guerra.

Fomos Heróis (We Were Soldiers, Estados Unidos, 2002) Direção: Randall Wallace / Roteiro: Harold G. Moore, Joseph L. Galloway / Elenco: Mel Gibson, Madeleine Stowe, Greg Kinnear / Sinopse: Grupo do exército Americano comandado pelo Tenente Coronel Hal Moore (Mel Gibson) acaba entrando em uma verdadeira cilada bem no inicio da Guerra do Vietnã.

Pablo Aluísio.

O Troco

As pessoas podem criticar Mel Gibson em muitas coisas mas não podem chamar o ator de covarde. Ao longo da carreira Gibson procurou sempre ir para caminhos impensáveis para um astro como ele. Como cineasta isso ficou bem claro por algumas decisões ousadas que tomou, se saindo muito bem na maioria das escolhas (como usar o idioma Aramaico na reconstituição histórica em filme da paixão de Jesus Cristo). Como ator Gibson ficou muito preso à imagem que construiu em inúmeras franquias de sucesso, com destaque para “Mad Max” e “Máquina Mortífera”. Após tentar seguir por outras linhas o ator se envolveu em filmes com ar alternativo (“O Ano em que Vivemos em Perigo”) e até em adaptações de Shakespeare (“Hamlet” no qual contra todas as previsões acabou se saindo muito bem). Depois de mais um filme da franquia Máquina Mortífera (o de número 4), Gibson se envolveu nesse “O Troco”, um filme bem violento, seco, de ação, mas que procurava trazer uma proposta diferente.

O enredo explora os descaminhos que podem ocorrer no mundo do crime. Gibson interpreta Porter (apenas Porter sem qualquer sobrenome), um criminoso que é traído e quase morto por seu próprio parceiro de roubos. Ao lado de uma garota de programa, Rosie (Maria Bello), ele parte para a desforra contra aqueles que desejaram sua morte. Embora não tenha sido dirigido por Gibson, foi sua produtora, a Icon Entertainment International, quem bancou a produção de 50 milhões de dólares. Foi um erro já que Gibson deveria ter assumido a direção desde o inicio pois assim evitaria que tivesse tantas brigas no set com Brian Helgeland, que assinou o filme.  A certa altura o próprio Gibson, após uma violenta discussão com Brian, o demitiu, mesmo com o filme ainda incompleto. A partir daí ele próprio assumiu a direção mas no final não creditou o trabalho a si mesmo, deixando apenas Helgeland figurando como o diretor do filme nos créditos finais (afinal ele tinha dirigido pelo menos dois terços da película). Mesmo com tantos problemas o resultado ficou muito bom. A fotografia saturada, o clima de sordidez e o texto frio combinaram muito bem com o argumento do filme, mostrando que no mundo do crime de fato não existe lealdade ou fidelidade.

O Troco (Payback, Estados Unidos, 1999) Direção: Brian Helgeland, Mel Gibson (não creditado) / Roteiro: Brian Helgeland, baseado no livro de Donald E. Westlake / Elenco: Mel Gibson, Gregg Henry, Maria Bello / Sinopse: Após ser traído por seu comparsa e sua amante, um criminoso (Gibson) decide dar o troco ao antigo companheiro do mundo do crime.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Infidelidade

Se você ainda tem alguma dúvida do moralismo que impera na sociedade americana que tal ver (ou rever) esse “Infidelidade”? Como se sabe os EUA foram criados por uma primeira leva de imigrantes formada basicamente por puritanos calvinistas que fugiam da perseguição religiosa na Europa e foram parar no novo mundo com a convicção de começar tudo de novo. Pois bem, nem os séculos apagaram essa mentalidade. É o que podemos notar ao assistir filmes como esse “Infidelidade”. Na trama acompanhamos o desmoronamento de um casamento. O casal é formado por Connie (Diane Lane) e Edward (Richard Gere) um casal tipicamente nova-iorquino que mora no subúrbio. Após um encontro meramente casual com um charmoso francês, Connie se sente bastante atraída por seu estilo, elegância e modo de ser. Seu casamento com Edward já caiu na mais chata monotonia e banalidade e a oportunidade de começar uma nova vida amorosa lhe parece bastante tentadora.

Logo se torna amante do charmoso estrangeiro, traindo seu marido sempre que possível. Desconfiado então Edward contrata um detetive para seguir os passos de Connie, atitude que revelará para ele toda a verdade. “Infidelidade” é um retrato dos novos tempos. A mulher infeliz no casamento já não aceita o papel de submissão a que sempre foi imposta por séculos de machismo e idéias ultrapassadas. Uma vez atraída por outro homem nem pensa muito, partindo para outra, afinal amar é viver. Obviamente que o roteiro de “Infidelidade” está imerso no mais puro puritanismo ianque mas se o espectador desprezar esse enfoque vai acabar se interessando bastante pelos rumos da estória. O filme usa e abusa de uma fotografia em tons de cores sensuais, que combina muito bem com o clima de sedução que impera em muitas das cenas. Quem acaba brilhando no elenco é a atriz Diane Lane que após a maturidade parece viver uma nova e bela fase na carreira. Já Richard Gere se contenta em mais um interpretação no controle remoto, embora se torne no final das contas adequado ao enredo. Então é isso, “Infidelidade” é um filme interessante que toca em um tema bastante polêmico. Vale a pena conhecer.

Infidelidade (Unfaithful, Estados Undos, 2002) Direção: Adrian Lyne / Roteiro: Claude Chabrol, Alvin Sargent / Elenco: Diane Lane, Erik Per Sullivan, Richard Gere / Sinopse: Esposa decide trair o marido com um charmoso francês que conhecer por acaso após um encontro casual na rua. Refilmagem americana do filme "La Femme infidèle".

Pablo Aluísio.

domingo, 21 de julho de 2013

Dallas

“Dallas” é um fenômeno da história da TV americana. Exibida inicialmente em 1978 a série durou até 1991 totalizando incríveis 14 temporadas em sua primeira fase. O sucesso foi tão grande que chegou a ser exibida por anos na Rede Globo nas noites de domingo. No ano passado a Warner resolveu trazer de novo todos aqueles carismáticos personagens que todos aprenderam a gostar durante todos os anos. Claro que os anos pesaram para todos os atores, principalmente para Larry Hagman que brilhou como J.R. Ewing por anos. Até Patrick Duffy que interpretava seu irmão mais jovem Bobby deixou bem claro a passagem do tempo. Assim para manter a chama acessa os produtores decidiram fazer uma espécie de transição investindo dessa vez nos filhos de J.R. e Bobby, afinal de contas na primeira fase eles eram apenas garotos e agora teriam que assumir todas as responsabilidades da empresa Ewing. A primeira temporada dessa nova “Dallas” fez sucesso suficiente para que a Warner resolvesse produzir uma segunda temporada mas infelizmente um fato lamentável aconteceu.

O ator Larry Hagman morreu inesperadamente exatamente durante o lançamento da segunda temporada da série nos EUA. Hagman foi um ator muito popular da TV americana se destacando não apenas por “Dallas” mas também por outro seriado de muito sucesso na década de 60, a comédia “Jeannie é um Gênio” ao lado da talentosa atriz Bárbara Eden. Na verdade quem assistiu aos novos episódios de “Dallas” em 2012 de certa forma levou um susto com o aspecto abatido de Larry em cena. Por anos ele abusou muito da bebida e isso se mostrava muito nítido em sua dificuldade em atuar nesses novos episódios. Mesmo assim sempre se mostrou digno mas infelizmente sua hora chegou e assim o eterno J.R. deu adeus ao público, saindo de cena exatamente interpretando o personagem símbolo de toda a sua carreira. Eu não vou deixar de recomendar o novo “Dallas”. Certamente a novo programa não tem o charme das décadas de 70 e 80 mas mesmo assim mantém um nível bem interessante, que faz com que o espectador siga em frente, se interessando em assistir ao próximo episódio.

Dallas (Dallas, Estados Unidos, 1978 – 1991 / 2012 – 2013) Criado por Cynthia Cidre, David Jacobs / Elenco: Larry Hagman, Patrick Duffy, Jordana Brewster, Josh Henderson, Jesse Metcalfe / Sinopse: A série “Dallas” conta a estória dos Ewings, rica família dona de fazendas e poços de petróleo na cidade de Dallas no Texas.

Pablo Aluísio. 

Superman – O Homem de Aço

Vou repetir agora o que venho dizendo há tempos: eu tenho pena dessa garotada de hoje que gosta e frequenta cinema. Ontem fui assistir, acompanhado da minha querida filha, ao tão badalado "Superman". Ops!... desculpem a minha falha... o Superman da minha época virou: "Homem de Aço". Bastaram dez minutos de filme para eu virar para minha filha e perguntar se nós tínhamos comprado ingressos para o filme certo. Com todo respeito mas aquela zorra total que se desenhava na tela não era a história do Superman que aprendi a gostar desde a minha época de guri. Afora os extraordinários efeitos especiais, que estão a cada dia mais impressionantes, o filme é uma viagem lisérgica com um borbardeio multicolorido de tons magníficos, sustentado por uma poluição sonora de fazer inveja aos ensurdecedores acordes do Iron Maiden. Depois de sobreviver as cenas caleidoscópicas do planeta Krypton - um planeta sorumbático, barulhento e recheado de insetos e naves gigantes, além, é claro, da semi-canastrice do Russel Crowe, somos enviados de sopetão, diretamente para alto-mar onde o Superman, já adulto, está sem camisa e todo atrapalhado tentando salvar a tripulação de um cargueiro em chamas.

Depois dessa cena, o diretor Zack Snyder enfia os pés pelas mãos, e começa a abusar de cenas desconexas, sem nenhuma lógica e com uma overdose desse recurso maldito chamado, "flashback" - que para mim, já deveria estar morto e enterrado. O filme é uma zona completa. Jor-El (Russel Crowe) o pai kryptoniano de Kal-El (Henry Cavill - Superman) é de fazer inveja a qualquer Centro Espírita, pois aparece mais depois de morto do que quando estava vivo. A repórter Louis Lane (Amy Adams) que na minha época de garoto era uma repórter do Planeta Diário, normal e recatada, quase rouba o papel de Superman, pois é ela quem negocia com o FBI, com as Forças Armadas e ainda ajuda o Homem de Aço a enfrentar o Kryptoniano e estranhíssimo, General Zod e sua turma de mulheres bonitas. Zod, interpretado pelo ator americano Michael Shannon que é uma mistura de Billy Idol com Supla. Das cenas feéricas do planeta Krypton à barulheira ensurdecedora juntamente com os flashbacks insuportáveis e inúteis, aumentam ainda mais a minha angústia, a medida em que o filme vai se desenrolando. De repente eu me faço mil perguntas: Meu Deus!!!!... cadê o Superman da minha época de criança ???... Por que eu estou usando esses óculos de 3D ridículos que não acrescentam e nem melhoram o filme em nada ??... Por que tantas naves espaciais de todos os tipos e tamanhos ??...Cadê o Marlon Brando como Jor-El ??...Cadê o eterno Glenn Ford como o pai terráqueo do Superman ?? ...Cadê, ainda, o super-ator inglês Terence Stamp, na pele do General Zod ?? ...Cadê o Cristopher Reeve ?? o maior e mais carismático de todos os Super-Homens ??... Fim do filme. Minha água mineral acabou, meu saco de amendoim também. Caminho célere para o meu carro com minha filha, com saudades daquele Superman que usava a cueca vermelha por cima do uniforme azul-claro e que aprendi a amar quando era garoto. Saudades de um tempo e de um cinema que não voltarão mais. Nota 5.

Superman - O Homem de Aço (Man of Steel, Estados Unidos, 2013) Direção: Zack Snyder / Roteiro: David S. Goyer, Christopher Nolan, baseados nos personagens criados por Jerry Siegel & Joe Shuster / Elenco: Henry Cavill, Amy Adams, Michael Shannon, Diane Lane, Russell Crowe, Kevin Costner, Laurence Fishburne / Sinopse: O filme narra as origens do super-herói Superman.

Telmo Vilela Jr.

O Juiz

O personagem Juiz Dredd nasceu na década de 70 no mundo dos quadrinhos ingleses numa edição da cultuada revista "2000 AD". Criado por John Wagner e Carlos Ezquerra, Dredd exercia várias funções numa só: era policial de rua, juiz, júri e executor. O tema era violento mas também bastante imaginativo. Aos poucos os métodos do juiz justiceiro dos quadrinhos foi ganhando cada vez mais leitores ao ponto dele finalmente ter seu próprio título mensal, primeiro na Inglaterra e depois nos Estados Unidos. Com o sucesso de adaptações dos personagens da Marvel e DC Comics no cinema os estúdios partiram em busca de novos heróis para a produção de filmes que chamassem a atenção do público jovem nas bilheterias. Assim nasceu esse “O Juiz” que trazia no papel principal o ator Sylvester Stallone. Ele incorpora o próprio Dredd, um misto de vingador e justiceiro numa mega metrópole do futuro, Mega City One. O clima é pessimista – como sempre o futuro é retratado como um caos de violência e desrespeito à lei.

Uma das coisas que mais chamaram atenção na época em que o filme foi lançado foi sua direção de arte que pretendia trazer para as telas de cinema os figurinos e o mundo dos quadrinhos. Como sabemos nem sempre isso é muito fácil, até mesmo por causa do excesso de cores que são utilizados nas revistas em quadrinhos, algo que nem sempre surte o efeito desejado nos filmes. Por essa razão talvez o filme tenha envelhecido tão mal. Certamente é algo que foi considerado fiel nos anos 90 mas que revisto hoje em dia não funciona mais a contento. Stallone também parece bem inadequado para o papel. Alguns diálogos ditos por ele em cena não passa qualquer credibilidade. A produção também não enche os olhos, adotando um visual que hoje vai soar muito brega para o público mais jovem. O público adulto de Sly, fã de filmes de ação, também torceu o nariz já que esse mundo de adaptações de quadrinhos nunca foi sua praia. Assim “O Juiz” não conseguiu ser um sucesso. Hoje tudo acaba soando como um produto que foi ultrapassado pelo tempo. Prefira ver o novo filme do Juiz Dredd que apesar da produção mais modesta adotou um estilo mais próximo das estórias violentas dos gibis.

O Juiz (Judge Dredd, Estados Unidos, 1995) Direção: Danny Cannon / Roteiro: William Wisher Jr, Steven E. de Souza, baseado nos personagens criados por John Wagner e Carlos Ezquerra / Elenco: Sylvester Stallone, Armand Assante, Rob Schneider / Sinopse: No mundo brutal e violento do futuro o Juiz Dredd (Stallone) impõe lei e ordem nas ruas de uma megacidade super povoada, lotada de criminosos.

Pablo Aluísio.

Indiana Jones e a Última Cruzada

Considerado por muitos como o melhor filme da série Indiana Jones no cinema. Era para ser a última produção com o personagem, fechando uma trilogia vitoriosa mas Spielberg e Lucas inventaram de realizar um péssimo quarto filme que merece ser esquecido, “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”. Mas deixemos esse fiasco de lado. Agora vamos nos concentrar nesse belo momento de Indiana no cinema. O filme tinha várias inovações sendo a mais celebrada a presença mais do que especial de Sean Connery no elenco. O ator vinha em um momento especial na carreira, estrelando grandes sucessos comerciais, além do reconhecimento da crítica e da Academia que o premiou com o Oscar de Melhor ator coadjuvante pelo excelente “Os Intocáveis”. O convite para fazer parte da série Indiana Jones partiu no jantar de entrega do Globo de Ouro. Spielberg e Lucas compartilharam a mesma mesa que Connery e lá mesmo tiveram a feliz idéia de o tornar o pai de Jones (muito embora Sean Connery não tivesse idade para ser pai de Harrison Ford, uma vez que apenas nove anos separava um do outro).

Isso foi deixado de lado e assim Sean Connery se tornou o professor Henry Jones, pai de Indiana, que agora reencontrava o filho na busca de uma das peças arqueológicas mais cobiçadas da história, o chamado Santo Graal, o cálice usado por Jesus Cristo na última ceia. O artefato estava há muitos séculos desaparecido, sendo a última citação de sua existência escrita como parte da história dos lendários cavaleiros templários, que dominaram Jerusalém durante as cruzadas. Rezava a lenda que aquele que tomasse do cálice ganharia a vida eterna. Como se sabe a mitologia em torno do Graal, das cruzadas e dos cavaleiros templários é extremamente rica o que trouxe um material fantástico para Lucas e os demais roteiristas que de fato fizeram um excelente trabalho. Pontuando tudo ainda havia o complicado relacionamento entre pai e filho (que rendeu ótimas e divertidas cenas). De quebra o filme ainda trazia uma ótima seqüência com o jovem Indiana Jones (interpretado pelo saudoso astro River Phoenix). Revisto hoje em dia o filme não envelheceu, continua tão charmoso como na época de seu lançamento e mostra que aventuras bem escritas resistem muito bem ao tempo, tal como o próprio Santo Graal.

Indiana Jones e a Última Cruzada (Indiana Jones and the Last Crusade, Estados Unidos, 1989) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Jeffrey Boam, George Lucas / Elenco:  Harrison Ford, Sean Connery, Denholm Elliott, River Phoenix / Sinopse: Indiana Jones (Harrison Ford) e seu pai Henry Jones (Sean Connery) partem em busca do chamado Santo Graal, o mitológico cálice sagrado que teria sido usado por Jesus Cristo na última ceia.

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de julho de 2013

O Retorno de Jedi

Terceira e última aventura da franquia original “Star Wars”. Todos os personagens estavam de volta para alegria dos fãs. É curioso como esses primeiros filmes conseguem superar e muito os mais recentes da segunda trilogia. Há um clima de nostalgia e saudosismo que foram soterrados por toneladas de efeitos digitais das produções mais novas. No começo desse ano George Lucas vendeu todos os direitos autorais de “Star Wars” para os estúdios Disney que promete para muito breve novos filmes. Lucas está definitivamente aposentado, casou recentemente com uma bonita afro-americana e resolveu pendurar o sabre de luz para sempre. Mas deixemos ele na praia, curtindo sua aposentadoria, para voltarmos aos filmes que realizou sobre esse universo tão amado pelos amantes da sétima arte. Para a realização do filme Lucas novamente passou a direção para outro cineasta. Sábia decisão, uma vez que ele, para falar a verdade, nunca se deu muito bem na direção de atores. É um artista criativo, de bastidores, e não de ir para o campo lidar com atores e demais membros da equipe de filmagem.

O diretor de “O Retorno de Jedi” foi Richard Marquand (que dirigiu entre outros o clássico “O Buraco da Agulha”). Aqui Lucas dá seqüência as aventuras de Luke Skywalker, Darth Vader, Princesa Leia, Han Solo e todos os demais personagens da mitologia. Curiosamente também investiu bastante nos “ursinhos” Ewoks, figuras que mais pareciam brinquedos de pelúcia, decisão que não agradou a todos os fãs da franquia. De qualquer maneira é sem dúvida um roteiro extremamente bem trabalhado, com ótimas seqüências de ação (como a perseguição no meio da floresta) e um ótimo clímax para a complicada relação entre Luke e seu pai, o vilão e ícone Vader. Como não poderia deixar de ser o filme fez bastante sucesso de público entrando naquela ocasião na seleta lista das dez maiores bilheterias da história do cinema americano. Apesar do clima de desfecho e fim a saga foi em frente, mas não nas telas de cinema. As aventuras de Luke e cia foram brilhantemente desenvolvidos em livros bem escritos e bem idealizados (material que certamente será usado agora pela Disney). No cinema George Lucas retomaria Star Wars anos depois mas para contar a história de Darth Vader em seus anos de infância e juventude, voltando para os primórdios da saga da família de Luke Skywalker, mas isso é definitivamente assunto para uma outra oportunidade.

O Retorno de Jedi (Star Wars: Episode VI - Return of the Jedi, Estados Unidos, 1983) Direção: Richard Marquand / Roteiro: Lawrence Kasdan, George Lucas / Elenco: Mark Hamill, Harrison Ford, Carrie Fisher, Billy Dee Williams, Frank Oz, David Prowse, Alec Guinness / Sinopse: Luke Skywalker (Mark Hamill) segue com sua luta contra as forças do Império. Depois de ser treinado pelo mestre Yoda (Oz) ele parte para o confronto final contra o vilão Darth Vader (Prowse) na nova Estrela da Morte.

Pablo Aluísio.

As Coisas Impossíveis do Amor

Drama familiar muito bem dirigido por Don Roos, mostrando os desafios e os anseios de um casal nova-iorquino em seu dia a dia. A esposa é a jovem advogada Emilia Greenleaf (Natalie Portman) e o marido é o também advogado Jack (Scott Cohen). Ambos se conheceram no escritório de advocacia onde trabalhavam. Ela assim que o viu pela primeira vez ficou interessada nele mas havia um sério problema a contornar: ele era casado com a médica Carolyn (Lisa Kudrow de "Friends") e tinha um pequeno filho de seis anos. Além da diferença de idade (ela é bem mais jovem que seu marido) há um drama profundo em sua relação. Após ficar grávida, Emilia acabou perdendo sua bebê com poucas semanas de vida. Ela se culpa por isso pois tem a sensação que a sufocou acidentalmente enquanto a amamentava – pegou no sono com a criança ainda em seu colo. Deprimida e desesperada ela tenta superar esse traumático evento enquanto vê lentamente seu precoce casamento desmoronar diante da crise emocional pela qual passa.

O roteiro é interessante porque explora muito bem a figura da chamada “segunda esposa”. Emilia nunca é levada à sério por ser a jovem segunda esposa do marido, geralmente sendo considerada uma biscate e destruidora de lares pelas demais amigas de Jack. Além disso tem que construir algum tipo de relacionamento com o filho de seu marido do primeiro casamento, um garotinho esperto e inteligente demais para sua idade. Já a primeira esposa, traída e abandonada, é muito bem retratada pela atriz Lisa Kudrow. Além da natural indignação por ter sido trocada por uma garota mais jovem ela ainda adota uma atitude de perfeita antipatia por sua presença – o que convenhamos é mais do que natural. As brigas se sucedem e o garoto vai ficando no meio de um fogo cruzado de acusações e ofensas entre pai, mãe e madrasta. Mas não precisa se preocupar pois tudo é mostrado com muito talento e sensibilidade. O filme merece ser conhecido por mostrar um novo paradigma familiar que vem se tornando cada vez mais comum, ainda mais nos dias de hoje onde o número de divórcios aumenta a cada dia. Já para as mulheres que estão na posição da personagem de Natalie Portman então o filme se torna ainda mais do que recomendado. 

As Coisas Impossíveis do Amor (Love and Other Impossible Pursuits, Estados Unidos, 2009) Direção: Don Roos / Roteiro: Don Roos, baseado na novela de Ayelet Waldman / Elenco: Natalie Portman, Scott Cohen, Lisa Kudrow, Charlie Tahan / Sinopse: Emilia (Natalie Portman) é a segunda esposa de um advogado de Nova Iorque. Além de nunca ser levada à sério por ser muito mais jovem que seu marido ainda tem que lidar com o filho do primeiro casamento dele e o drama de ter perdido sua única filha com poucas semanas de vida.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Eragon

Eragon (Ed Speleers) é um garoto do campo que descobre uma estranha pedra que emite uma luz azul. Na realidade trata-se de um ovo de dragão, ser mitológico que lutou em eras remotas. De posse desse poder o jovem aventureiro inicia uma jornada na qual ele se tornará o único capaz de deter o avanço das forças do mal. Em tempos de “O Senhor dos Anéis” esse filme “Eragon” se tornou mais uma adaptação de um livro de fantasia para os cinemas. A obra original escrita pelo precoce autor Christopher Paolini caiu nas graças do público jovem, o que obviamente despertou a atenção dos produtores em Hollywood. Claro que ninguém pode comparar um livro assim com o clássico escrito por J. R. R. Tolkien mas as temáticas são bem semelhantes. São livros de fantasia, influenciados pelos mesmos temas que fizeram a obra de Tolkien tão famosa.

O curioso é que a Fox acreditou bastante nesse “Eragon”, disponibilizando recursos de produção acima dos 100 milhões de dólares (um orçamento mais do que generoso vamos convir). Também se investiu bastante em marketing para tornar o personagem mais conhecido. Todos estavam apostando em um grande sucesso de bilheteria mas isso não aconteceu. O resultado comercial foi apenas mediano e o filme mal conseguiu recuperar seu investimento, enterrando qualquer pretensão de transformar a estória em uma nova franquia. Tirando o aspecto comercial de lado até que “Eragon” não é tão ruim, pelo contrário, tem seus bons momentos. Talvez o problema seja o fato de ser um produto bem infanto-juvenil, o que deve ter afastado o público alvo que o estúdio queria atingir. De uma forma ou outra como mera diversão sem compromisso até que o filme funciona, caso você não seja muito exigente.

Eragon (Idem, Estados Unidos, Inglaterra, Hungria, 2006) Direção: Stefen Fangmeier / Roteiro: Peter Buchman, baseado no livro Eragon de Christopher Paolini / Elenco: Ed Speleers, Jeremy Irons, Sienna Guillory / Sinopse: Eragon é um jovem simples do campo que descobre um ovo de dragão ao qual irá usar contra as terríveis forças do mal.

Pablo Aluísio. 

O Último Desafio

Alegrai-vos fãs dos filmes de ação. Arnold Schwarzenegger está de volta! Depois de esporádicas aparições na série “Os Mercenários”, o ator austríaco, ícone da década de 80, volta com força total. Como todos sabem Schwarzenegger tinha se afastado do mundo do cinema para se dedicar a uma bem sucedida carreira política. Depois do fim de seu mandato como governador da Califórnia e diante da impossibilidade de concorrer à Casa Branca por ser um americano naturalizado (apenas americanos natos podem se tornar presidente naquele país) ele resolveu deixar a política de lado, decidindo voltar ao cinema definitivamente. A boa noticia é que sua volta se dá em um bom filme, realmente divertido, que não vai decepcionar aos fãs de sua filmografia. Aqui Arnold Schwarzenegger interpreta o xerife Ray Owens. Após longos anos na polícia de Los Angeles, no Departamento de Narcóticos, ele decide trilhar um caminho mais calmo e sossegado se tornando o homem da lei de uma sonolenta e pacata cidadezinha na fronteira do México com os Estados Unidos. Como nada acontece de muito grave no local o xerife é assessorado por apenas três auxiliares. A maioria da população já é idosa e a cidade proporciona o clima de sossego ideal para uma aposentadoria tranquila.

As coisas começam a mudar quando um perigoso chefão de um cartel mexicano consegue escapar numa fuga espetacular do FBI que o escoltava para o corredor da morte. Rico e poderoso ele consegue despistar os federais e ruma em um carro possante para a fronteira dos Estados Unidos com o México. O problema é que bem no meio do caminho está justamente a pequena cidadezinha onde o personagem de Arnold Schwarzenegger é o xerife. Já deu para imaginar o que vem por aí não é mesmo? Determinado a impedir que o fugitivo passe para o lado mexicano Schwarzenegger e seu grupo pegam a estrada, no objetivo de capturar o foragido. Para os fãs de filmes como “Comando Para Matar” ou “Jogo Bruto” não haverá do que reclamar, “O Último Desafio” é bem movimentado, com excelentes cenas de ação e principalmente perseguições alucinadas pelas estradas poeirentas do deserto americano. Outro ponto a favor dessa produção é que ela em vários momentos resolve homenagear a mitologia dos filmes de western, afinal Arnold Schwarzenegger é um xerife da fronteira, tema sempre presente e recorrente em diversos faroestes antigos. Some-se a isso o excelente elenco de apoio (Forest Whitaker como o agente líder do FBI, Johnny Knoxville como um caipira biruta, colecionador de armas de guerra, Rodrigo Santoro como o único preso da cadeia local e Eduardo Noriega como o chefão fugitivo) e você terá um ótimo produto em mãos. “O Ùltimo Desafio” é divertido, movimentado, bem realizado, com doses certas de bom humor e cenas de ação de boa adrenalina. Um filme que vai deixar muito fã do velho e bom Schwarzenegger gratificado.

O Último Desafio (The Last Stand, Estados Unidos, 2013) Direção: Jee-woon Kim / Roteiro: Andrew Knauer / Elenco: Arnold Schwarzenegger, Forest Whitaker, Eduardo Noriega, Johnny Knoxville, Rodrigo Santoro,  Harry Dean Stanton, Luis Guzmán, Genesis Rodriguez / Sinopse: Xerife de uma pequena e pacata cidadezinha na fronteira dos Estados Unidos com o México se vê na incumbência de prender um foragido extremamente perigoso que conta com o apoio de seu poderoso e rico cartel de drogas.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Jack Reacher – O Último Tiro

Um atirador de elite se posiciona em cima de um prédio de uma grande cidade americana. Seu alvo são pessoas comuns, que estão apenas andando despreocupadamente. Em pouco tempo começa a matança. Essa é a cena inicial de “Jack Reacher – O Último Tiro” o novo filme de ação estrelado por Tom Cruise. Ele interpreta um veterano do exército que após deixar o serviço militar decide sair pelo mundo, sem deixar grandes rastros atrás de si. Ele não é um procurado ou um criminoso mas apenas um ex-soldado que entende já ter feito muito nas campanhas de que participou. Seu nome surge quando o departamento de polícia finalmente encontra o franco atirador. Sem dizer uma única palavra ele apenas rabisca em um papel: “Encontrem Jack Reacher!”. Mas afinal qual seria a ligação do ex-militar condecorado com o terrível atentado? Revelar mais seria temerário. O que posso adiantar é que esse filme, apesar de ser tecnicamente uma fita de ação, tem muito mais a revelar ao espectador do que inicialmente se espera.

De fato a complexa trama vai se revelando aos poucos, com as peças se encaixando gradualmente. O filme alia um roteiro inteligente, bem estruturado, com algumas seqüências de ação muito bem realizadas, o que não causa tanta surpresa uma vez que Cruise já tem muita experiência nesse tipo de produção (basta lembrar de seus sucessos na franquia “Missão Impossível”). Existem algumas reviravoltas na estória mas nada inverossímil demais ou que force a barra. No geral o filme agrada, embora os fãs de filmes de ação possam achar certas partes meio cansativas ou paradas. Isso acontece porque realmente há toda uma situação a ser desvendada e isso exige tempo. O filme é longo – mais do que o habitual – mas se o espectador tiver interesse no que ocorre na tela não se sentirá entediado. Em termos de ação destaco a boa cena de perseguição pelas ruas da cidade, com Cruise pilotando um carro envenenado e o confronto final, na pedreira, que conta com Robert Duvall, ator veterano que não participa muito do filme mas que ajuda a compor o quadro final do clímax. Em suma é isso. “Jack Reacher” pode até virar uma nova franquia na carreira de Cruise – isso se fizer sucesso e ele ainda tiver idade para encarar esse tipo de fita, é claro. No geral está recomendado.
   
Jack Reacher – O Último Tiro (Jack Reacher, Estados Unidos, 2012) Direção: Christopher McQuarrie / Elenco:  Tom Cruise, Rosamund Pike, Robert Duvall, Jai Courtney, Richard Jenkins, Werner Herzog / Sinopse: Após um terrível atentado onde pessoas inocentes são mortas por um atirador de elite o nome de Jack Reacher, um veterano condecorado surge nas investigações. Teria ele algo a ver com a matança?

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Faça a Coisa Certa

Ao longo dos anos o diretor Spike Lee se notabilizou pelo uso do cinema como bandeira política mostrando o complicado cotidiano do negro americano em seu país e sua luta para vencer o preconceito racial. Seu primeiro filme de repercussão foi justamente esse “Faça a Coisa Certa”. O curioso é que o filme acabou virando alvo de polêmica não apenas por se tratar de uma obra que combata o racismo mas sim por de certa forma perpetuar ele, mesmo que de maneira indireta. Isso porque Spike Lee parece transparecer um ódio racial contra os ítalo-americanos em seu roteiro. Racismo às avessas? Foi justamente disso que o filme foi acusado na época de seu lançamento. Um diretor negro que a despeito de defender sua própria raça em seus filmes não se importa nem um pouco em retratar os descendentes de italianos da pior forma possível, adotando todos os estereótipos e caricaturas sem a menor culpa e vergonha! No filme um dono de pizzaria, descendente de italiano (retratado como uma caricatura nada sutil), entra em atrito com um negro no bairro do Brooklin em Nova Iorque desencadeando ódio e violência entre os dois grupos etnicos.

Apesar dos erros na intenção do argumento do filme é de se elogiar o domínio da técnica cinematográfica por Spike Lee. Ele usa de cores fortes em todo o cenário e traz para a tela o clima social do local onde se passa a estória (que foi brevemente baseado em fatos reais). Também capta todo o clima cultural efervescente ao redor ao trazer a musicalidade e a arte das ruas para seu filme. Esse realismo acabou agradando a grande parcela da critica americana que viu no novato uma centelha de talento, já que há muitos anos o cinema sentia a falta de um grande diretor negro dentro da indústria. Spike Lee também foi esperto o suficiente para chamar a atenção para si, usando da mídia o tempo todo, inclusive criando polêmicas e bate bocas via imprensa contra políticos e até colegas de trabalho. Sua forma de se expressar, parecido com a de uma metralhadora giratória atirando para todos os lados, tem muito de sensacionalismo barato, mas seu cinema é realmente de boa qualidade. Por isso se ainda não conhece esse “Faça a Coisa Certa” não deixe de ver para entender os rumos que o cinema negro americano vem tomando desde a década de 80.

Faça a Coisa Certa (Do the Right Thing, Estados Unidos, 1989) Direção: Spike Lee / Roteiro: Spike Lee / Elenco: Danny Aiello, Ossie Davis, Ruby Dee, Spike Lee / Sinopse: Durante o dia mais quente do verão um evento simples, praticamente banal, vira o estopim de uma explosão de ódio e violência entre raças em um bairro de Nova Iorque.

Pablo Aluísio.

O Terror das Mulheres

Após o fim da dupla Martin e Lewis o comediante Jerry Lewis seguiu em frente. Para muitos ele não teria o mesmo sucesso nos cinemas após a saída de Dean Martin mas definitivamente isso não foi o que aconteceu. Lewis começou a colecionar um grande sucesso atrás do outro até o ponto em que se tornou um dos astros mais poderosos de Hollywood. Também começou a ter maior controle sobre seus filmes, assinando novos contratos com a Paramount que lhe davam poder de veto sobre qualquer coisa que lhe incomodasse nessas produções. Seu poder e influência se tornou tão grande que Jerry Lewis começou a ter controle total sobre sua filmografia. Um exemplo perfeito disso é justamente esse “O Terror das Mulheres” onde Jerry Lewis fez praticamente tudo sozinho: atuou, produziu, dirigiu e escreveu o roteiro. Além disso fez com que a Paramount construísse um enorme cenário em seus estúdios, com dois andares recriando o pensionato para moças onde seu personagem trabalha. Maior símbolo do poder de seu sucesso não poderia haver.

No filme ele interpreta Herbert H. Heebert, um jovem que se forma finalmente mas que tem uma enorme decepção no dia de sua formatura. Ele acaba flagrando o amor de seus sonhos aos beijos e abraços com outro homem. Assim seu mundo vem abaixo e Herbert toma uma decisão radical: quer morrer solteiro, evitando assim se decepcionar com o sexo oposto. Seu desejo se tornará um imenso desafio no novo trabalho que acaba conseguindo: a de um empregado num pensionato de moças. E lá que Jerry Lewis, no meio de uma centena de garotas, tentará se manter um solteirão convicto. Obviamente como acontecia em vários de seus filmes o argumento é puro pretexto para Jerry desfilar sua galeria de gags cômicas, algumas bem divertidas e memoráveis. O clima ameno e muito engraçado domina toda a produção mostrando todo o talento do ator / diretor, com pleno domínio do filme em mãos. “O Terror das Mulheres” foi outro campeão de reprises na Sessão da Tarde dos bons e velhos tempos. Rever agora, tantos anos depois, vai se tornar um belo exercício de nostalgia para quem viveu aquela excelente época.

O Terror das Mulheres (The Ladies Man, Estados Unidos, 1961) Direção: Jerry Lewis / Roteiro: Jerry Lewis, Bill Richmond / Elenco: Jerry Lewis, Helen Traubel, Pat Stanley / Sinopse: Jovem recém formado que deseja ser solteiro para sempre após sofrer uma decepção amorosa acaba indo parar em um pensionato para moças.

Pablo Aluísio.