quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Parenthood

A TV americana nunca deixa de focar séries e seriados no cotidiano de famílias, dos mais variados tipos. O curioso é que esse tipo de programa acaba virando uma espécie de retrato das mudanças por que passam essa instituição nos EUA e no mundo. Se nos anos 50 havia aqueles núcleos familiares bem quadrados (pai, mãe e filhinhos adoráveis) agora o rumo muda de foco. A filha é mãe solteira, abandonada pelo marido, que diga-se de passagem tem problemas com drogas. O outro filho, apesar de ser um bom profissional, está desempregado por causa da crise na economia americana. O mais jovem é fruto da geração hippie, gosta de música e de vez em quando fuma um baseado com a companheira, que é negra e tem um filho afro dele. Esse tipo de retrato familiar se fosse levado à TV americana dos anos 50 seria encarado com espanto, por ser escandaloso demais. Mas no mundo em que vivemos tudo é encarado com doce naturalidade, ainda bem pois os tempos são outros.

Por isso acho que essa é uma série bem interessante. Aliás venho acompanhando já há algum tempo. Dito isso é bom esclarecer que "Parenthood" é mais indicada ao público feminino por causa da estrutura de seus episódios. De uma maneira em geral o programa tem muito de uma série mais velha da Warner chamada "Gilmour Girls". Inclusive a atriz Lauren Graham estrelou ambos. Os roteiros aqui porém são mais trabalhados uma vez que o número de personagens é bem mais amplo. O elenco é muito bom a direção soa muito inspirada pois nunca deixa a coisa desandar para o dramalhão chato, pelo contrário o bom humor, mesmo diante dos dramas da vida, sempre se faz presente. É uma produção do diretor Ron Howard que imprime sua marca registrada no seriado. Além disso tem um trilha sonora muito evocativa puxada por Dylan e sua ótima canção "Forever Young". Quem ainda não conhece vale assistir!

Parenthood (Idem, Estados Unidos, 2010 - 2013) Criado e Produzido por Ron Howard e Brian Grazer / Elenco: Peter Krause, Lauren Graham e Dax Shepard / Sinopse: "Parenhood" mostra os desafios, os dramas e as lutas de uma família tipicamente americana tentando se manter unida e forte no meio das mudanças comportamentais e morais da sociedade atual.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Margot e o Casamento

Relacionamento entre irmãs nem sempre é um mar de rosas. O roteiro desse filme mostra exatamente esse aspecto. Nas vésperas do casamento de sua irmã, Pauline (Jennifer Jason Leigh), a complexa Margot (Nicole Kidman) começa a plantar dúvidas na cabeça de sua mana sobre sua escolha. Seria mesmo aquele homem o perfeito para sua vida? Para complicar ainda mais o noivo é um sujeito sem emprego e aparentemente sem muito futuro, um artista que ainda não se encontrou na vida interpretado pelo ator Jack Black (em papel não cômico, fugindo das características que sempre marcaram sua filmografia). As palavras de Margot acabam indo fundo na alma da irmã a jogando numa situação muito conflituosa e psicologicamente desgastante.

"Margot e o Casamento" não é aquele tipo de produção que se indique a todos os tipos de público. O clima muitas vezes é melancólico, sufocante e sua dramaturgia não vai agradar a todo mundo pois em determinado momento evita por soluções facéis demais. Nicole Kidman continua linda mas o filme não engrena. A sensação que se tem muitas vezes no transcorrer da trama é a de que algo interessante vai acontecer mais cedo ou mais tarde mas a verdade pura e simples é que nada de muito relevante acontece. É um roteiro ao estilo "chove mas não molha". Por outro lado os defensores da película acreditam que o roteiro inconclusivo é um reflexo da própria vida real. Esse tipo de texto até pode dramaturgicamente deixar a desejar, mas no final das contas ganha em credibilidade. Na dúvida arrisque, afinal a proposta do filme pode vir a lhe agradar.

Margot e o Casamento (Margot at the Wedding, Estados Unidos, 2007) Direção: Noah Baumbach / Roteiro: Noah Baumbach / Elenco: Nicole Kidman, Jennifer Jason Leigh, Jack Black / Sinopse: O filme mostra a complicada relação entre duas irmãs muito diferentes nas vésperas do casamento de uma delas.

Pablo Aluísio.

The White Queen

A rotatividade das séries está tão alta que mal começamos a assistir uma nova série e ela é logo cancelada. Foi o que aconteceu com essa série do canal BBC, "The White Queen". A priori o tema já tinha me interessado de cara. Gosto de filmes e séries históricas que mostram personagens da história. Mesmo que os roteiros não sejam historicamente corretos e muito romanceados, como aconteceu com "The Tudors" e "The Borgias" eu corro atrás para conferir. Assim "The White Queen" logo me chamou a atenção. A série foca no improvável romance entre o rei Edward IV (Max Irons) e a plebeia Elizabeth Woodville (Rebecca Ferguson). Edward era um rei jovem ainda lutando por sua coroa contra outro rei, Henry. A disputa daria origem a uma das mais famosas guerras da história da Inglaterra, a Guerra das duas rosas que durou de 1455 a 1485. Edward defendia a dinastia York contra Henry que representava os Lancasters. Os combatentes do primeiro eram identificados por rosas brancas e os do segundo por rosas vermelhas colocados em suas lapelas. Mais britânico do que isso impossível.

"The White Queen" não tem uma produção tão bem realizada como a que vemos em séries como "The Tudors" ou "The Borgias" mas sua linha histórica e seu roteiro mantém a atenção do espectador. O programa foi fruto de uma parceria entre a BBC e o canal americano Starz que se notabilizou pela ótima série "Spartacus". Infelizmente os números de audiência não foram animadores, nem nos EUA e nem na Inglaterra. Como os dois países vivem uma crise econômica sem precedentes não há mais uma chance de sobrevida para seriados que não conquistam o público logo na primeira temporada. Assim logo são cancelados. Uma pena, havia muito potencial nessa história, muitas intrigas palacianas a se desenvolver como convém aos regimes baseados em monarquias absolutistas. Mesmo com seu cancelamento deixo a indicação dos dez episódios produzidos pois tudo resulta em um bom entretenimento. Só podemos nos lamentar do fato de que em épocas de vacas magras nem os reis e rainhas sobrevivem aos cortes de orçamento.

The White Queen (Estados Unidos, Inglaterra, 2013) Direção: Colin Teague, James Kent, Jamie Payne / Roteiro: Malcolm Campbell, Emma Frost / Elenco: Aneurin Barnard, Rebecca Ferguson, Amanda Hale / Sinopse: A série da BBC "The White Queen" conta o romance vivido entre o monarca Edward IV (Max Irons) e a plebeia Elizabeth Woodville (Rebecca Ferguson) durante a Guerra das Duas Rosas.

Episódio comentado:

The White Queen 1.09 - The Princes in the Tower
Esse é o penúltimo episódio dessa ótima série que ao meu ver foi cancelada cedo demais. Bom, sou completamente suspeito para elogiar pelo simples motivo de que gosto muito de séries de época - e se forem sobre a monarquia inglesa melhor ainda! Sou um fã assumido de "The Tudors" que marcou época em minha opinião. Claro que grande parte do enredo é romanceado e nem tudo aconteceu tal como mostrado, mas esse tipo de coisa faz parte da busca por recursos de dramaticidade e não tira os méritos desse tipo de obra. "The White Queen" é interessante porque mostra o surgimento da dinastia Tudor (cujo maior representante foi Henrique VIII, cujo reinado acompanhamos justamente em "The Tudors"). Após a morte do Rei Edward, seus herdeiros são presos na torre de Londres. O usurpador passa a ser Richard, seu irmão. Conspiradores então se unem para o tirar do trono, ao mesmo tempo em que se tenta trazer Henry Tudor (avô de Henrique VIII) ao poder. A crueldade da história vem do fato de que os filhos de Edward (que estavam aprisionados na infame torre) foram mortos a sangue frio. Bem, isso é próprio desse sistema, e é o que mais vemos na história  das monarquias da Europa. Quando há poder e fortuna em jogo isso é o que geralmente acontece: aspirantes ao trono se matam entre si, irmãos matam irmãos, tios degolam sobrinhos, tudo para saber quem subirá ao topo do reino. Na vida real serve para mostrar a sordidez humana mas no mundo da ficção, não há como negar, é um prato cheio para quem gosta de diversão com o sabor da história. / The White Queen 1.09 - The Princes in the Tower (Estados Unidos, 2013) Direção: Colin Teague / Roteiro: Emma Frost, Philippa Gregory / Elenco: Aneurin Barnard, Ashley Charles, Faye Marsay.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Hairspray: Em Busca da Fama

Remake de um famoso e interessante musical de 1988 dirigido pelo sempre cultuado John Waters. Se aquele era de certa forma uma produção até modesta e sem grandes pretensões, aqui temos um filme que custou mais de 70 milhões de dólares, com elenco de astros e marketing de blockbuster. Até mesmo o star John Travolta se despiu de seu status de símbolo sexual para viver um papel feminino. Sob forte maquiagem Travolta deixa os embalos de sábado à noite para encarnar Edna Turnblad, uma típica dona de casa dos anos 60. Para o público adolescente "Hairspray" ainda traz o ídolo teen Zac Efron que tanto sucesso fez em musicais da Disney há alguns anos. Se ambos estão muito bem em seus personagens nada se compara a fenomenal atuação da atriz Nikki Blonsky. Ela dança, canta e impressiona com seu trabalho. Interpretando a adolescente Tracy Turnblad que sonha vencer um concurso de dança na TV. Um dos aspectos mais importantes a se falar sobre ela é que mesmo acima do peso ideal a atriz mostra que quando se tem talento tudo isso vira apenas um mero detalhe.

"Hairspray: Em Busca da Fama" é colorido, divertido, dançante e muito simpático. Mostra que o gênero musical ainda não está morto nos dias atuais e que basta uma boa direção, um roteiro convincente e uma trilha sonora bem composta para se voltar aos dias de glória do gênero. O cineasta Adam Shankman que dirigiu o filme é muito talentoso de fato. Atualmente ele vive uma de suas fases mais populares, não no cinema, mas na TV com o fenômeno "Glee". Além disso mostrou bem recentemente que consegue fazer qualquer um se dar bem em musicais, como bem provou com Tom Cruise em "Rock of Ages: O Filme". Talentoso e muito criterioso nas produções em que se envolve Shankman mostra que basta um pouco mais de capricho para encantar a todos, até mesmo os que sempre torceram o nariz para esse tipo de produção. Assim se você ainda não viu esse remake de "Hairspray" não perca mais tempo pois certamente você terá duas horas bem encantadoras, pode apostar.

Hairspray: Em Busca da Fama (Hairspray, Estados Unidos, 2007) Direção: Adam Shankman / Roteiro: Leslie Dixon, John Waters / Elenco: John Travolta, Queen Latifah, Nikki Blonsky, Michelle Pfeiffer, Christopher Walken, Amanda Bynes, Zac Efron / Sinopse: Uma adolescente na Baltimore dos anos 60 sonha em vencer um concurso de dança na TV.

Pablo Aluísio.

domingo, 13 de outubro de 2013

Universidade Monstros

E a moda do Prequel chega ao mundo das animações. Esse filme nada mais é do que isso, um prequel de "Monstros S.A." de 2001. Agora o espectador é levado para conhecer como Mike (Billy Crystal) e Sullivan (John Goodman) se conheceram na universidade. O sonho de Mike sempre foi entrar no curso de sustos da Universidade Monstros e para isso estudou muito, se preparou. Já Sullivan não está nem aí. Filho de uma família tradicional no mundo dos sustos ele pouco está ligando para seus estudos acadêmicos, preferindo se divertir o máximo possível no campus. Após um erro ambos são desligados do programa e para terem uma chance novamente resolvem entrar nos jogos "greeks" para vencer e voltar para o curso que desejam. Para isso precisam entrar antes em uma fraternidade mas rejeitados por todas elas acabam entrando numa fraquinha, esnobada por todos os estudantes da universidade.

"Universidade Monstros" não chega nem perto da criatividade e da diversão que vimos em "Monstros S.A". Aquele tinha um timing melhor, além disso a ideia soava original e diferente de tudo o que se viu em termos de animação. Coisa típica da Pixar que tinha muita criatividade em seu time de animadores. Já esse segundo filme não é tão original e nem surpreende. Na verdade a estorinha banal procura se aproveitar de todos os clichês de comédias sobre a vida universitária dos Estados Unidos. Por isso os personagens são os mesmos de sempre, os nerds, os "losers", os atletas bonitões e por aí vai. Nada de novo no front. De certa forma vem para confirmar o que a crítica vem dizendo já há bastante tempo, que após ter sido adquirida pela Disney a Pixar perdeu parte de seu charme, de sua acidez, que era tão comum em suas primeiras animações. Enfim, meio chatinho.

Universidade Monstros (Monsters University, Estados Unidos, 2013) Direção: Dan Scanlon / Roteiro: Dan Scanlon, Daniel Gerson / Elenco (vozes): Billy Crystal, John Goodman, Steve Buscemi / Sinopse: Prequel de "Monstros S.A". Agora Mike e Sullivan se conhecem na universidade e lutam para continuarem no curso que sempre sonharam.

Pablo Aluísio.

sábado, 12 de outubro de 2013

Pearl Harbor

Nas vésperas do ataque à base da marinha americana em Pearl Harbor, fato histórico que motivou a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, o militar Rafe (Ben Affleck) acaba se apaixonando pela bela enfermeira de base Evelyn (Kate Beckinsale). Enquanto isso seu grande amigo Danny (Josh Hartnett) entra para as força aérea americana para lutar em uma provável guerra que está prestes a eclodir. O destino de ambos se cruzarão após o infame ataque a Pearl Harbor. Para muitos críticos de cinema o fato é que não se fazem mais bons filmes de guerra como antigamente. Nem toda a tecnologia do mundo em efeitos digitais consegue mudar esse panorama. Essa produção é sempre citada como um exemplo disso. Na verdade "Pearl Harbor" foi uma tentativa de repetir o sucesso de Titanic. O esquema do roteiro é praticamente o mesmo: um lindo romance bem no meio de um grande acontecimento histórico.
Não deu lá muito certo. O casal protagonista não mostra química entre si: Ben Affleck (mais canastrão do que nunca) e Kate Beckinsale simplesmente não convencem.

De bom o filme tem a melhor e a mais perfeita reconstituição em computação gráfica do ataque à base americana no Havaí mas isso, sob um ponto de vista crítico, é muito pouco para justificar tanta trama desnecessária e cansativa. O filme é longo demais e pretensioso além da conta. Também pudera, o diretor é um dos mais vazios de sua geração em Hollywood. Não há como negar, dessa safra de cineastas Michael Bay só não é pior mesmo que Roland Emmerich! Ambos não conseguem fazer cinema de verdade. Recentemente Bay abriu o jogo e confessou que faz filmes para adolescentes, daqueles que infestam os multiplex de shopping centers da vida. Assim esse "Pearl Harbor" passa longe de ser um filme do naipe de "A Um Passo da Eternidade". Aliás comparar as duas obras chega mesmo a ser uma grande heresia.

Pearl Harbor (Idem, Estados Unidos, 2001) Direção: Michael Bay / Roteiro: Randall Wallace / Elenco: Ben Affleck, Kate Beckinsale, Josh Hartnett, Cuba Gooding Jr, Jon Voight, Alec Baldwin / Sinopse: Dois amigos, que se consideram irmãos, vivenciam momentos diferentes em suas vidas antes e depois do grande ataque japonês ao porto militar americano de Pearl Harbor no Havaí durante a Segunda Guerra Mundial.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Memphis Belle - A Fortaleza Voadora

O filme mostra de forma bastante talentosa a história real do bombardeiro americano Memphis Belle e sua equipe durante a Segunda Guerra Mundial. Na ocasião o avião ficou famoso por cumprir uma última missão, após vinte e quatro ataques bem-sucedidos. Para fechar com chave de ouro a tripulação do Memphis Belle precisaria apenas completar mais uma missão sobre o território inimigo para poder voltar para casa. Temos aqui um belo filme - acima da média mesmo. Tem bom roteiro, excelente clima de tensão e suspense e a nostalgia da época usada de forma equilibrada e inteligente. Outro grande destaque é a trilha sonora, inclusive contando com o "novo Sinatra" Harry Connick Jr. Dentre as várias canções memoráveis destaco "Danny Boy", que seria regravada por Elvis Presley nos anos 70 em uma gravação simplesmente perfeita e definitiva. Para quem gosta de história militar o verdadeiro Memphis Belle está em exibição em um museu militar americano. É um dos aviões mais famosos e celebrados da segunda guerra mundial.

Um dos destaques para quem visita o velho e heróico avião são os detalhes em sua lataria mostrando a quantidade de missões realizadas e o número de aviões nazistas derrubados por ele em campanha pelos céus do eixo alemão. O elenco inteiro está bem, até mesmo canastrões conhecidos como o "Fantasma" Billy Zane se sobressaem e não atrapalham o resultado final. As cenas de combate nos céus da Alemanha são extremamente bem realizadas e isso em uma época em que a computação gráfica ainda era bastante rudimentar. Sem medo de errar afirmo que esse é certamente um dos melhores filmes de guerra realizados nos últimos vinte e cinco anos. Um excelente programa para o fim de noite.

Memphis Belle - A Fortaleza Voadora (Memphis Belle, Estados Unidos, 1990) Direção: Michael Caton-Jones / Roteiro: Monte Merrick / Elenco: Matthew Modine, Eric Stoltz, Tate Donovan, D.B. Sweeney, Billy Zane, Sean Astin, Harry Connick Jr. / Sinopse: O filme mostra a história real do bombardeiro americano Memphis Belle e sua equipe durante a Segunda Guerra Mundial. Na ocasião o avião ficou famoso por cumprir uma última missão, após vinte e quatro ataques bem-sucedidos.

Pablo Aluísio.

Bling Ring: A Gangue de Hollywood

É incrível o nível de futilidade e superficialismo que impera entre certos jovens hoje em dia. Como se não bastassem serem vazios e espiritualmente medíocres ainda cometem crimes. Os fatos mostrados no filme aconteceram realmente, o que deixará ainda mais perplexo o espectador mais consciente. Tudo aconteceu nos bairros mais chiques e elegantes de Los Angeles. Um grupo de jovens e adolescentes (um rapaz e quatro garotas) decidem roubar as grandes mansões das celebridades do mundo da moda e do cinema. O plano era relativamente simples. Como todo jovem eles também eram muito interessados nas vidas de seus ídolos (gente como Paris Hilton e Lindsay Lohan, ou seja, o supra-sumo da banalidade). Pois bem, quando essas celebridades viajavam para o exterior os jovens iam até suas belas casas para roubar jóias, roupas, acessórios e tudo mais que encontravam pela frente. Apenas artigos de luxo que revendiam para comprar drogas e frequentar as melhores baladas da cidade. Tão estúpidos eram que começaram a colocar fotos no Facebook, além de contar de forma despreocupada para todo mundo que eles estavam invadindo as casas, na maior, sem culpa, como se fosse algo normal.

"Bling Ring: A Gangue de Hollywood" mostra de certa forma o grau de estupidez e idiotice em que certos jovens vivem hoje em dia. Sem valores morais e nem espirituais, o que vale para eles é ter a última bolsa da moda ou se mostrar para os colegas da escola suas novas "aquisições". Com tanta gente sem noção junta não foi de se admirar que o departamento de polícia tenha encontrado todos eles de forma fácil e rápida. O filme é um projeto em família onde a filha Sofia Coppola dirige e o pai Francis Ford Coppola produz. Era de se esperar algo mais sofisticado ou inovador, principalmente por ter sido assinado por Sofia, que é excelente cineasta (embora seja péssima atriz). Infelizmente ela deixa maiores ousadias autorais de lado e resolve contar a história da forma mais quadradinha possível. Os eventos são contados de forma praticamente banal. Já em termos de elenco não há nenhum destaque maior. Apenas Emma Watson chama um pouco mais de atenção mas nada que vá deixar alguém admirado. Agora curioso mesmo é saber que as próprias Lindsay Lohan e Paris Hilton cederam suas imagens e abriram até mesmo a porta de suas casas nas filmagens para, obviamente, aparecer mais uma vez na mídia. Essas celebridades de hoje em dia parecem mesmo tão vazias quanto seus fãs. Pelo amor de Deus...

Bling Ring: A Gangue de Hollywood (The Bling Ring, Estados Unidos, 2013) Direção: Sofia Coppola / Roteiro: Sofia Coppola, Nancy Jo Sales / Elenco: Katie Chang, Israel Broussard, Emma Watson / Sinopse: Grupo de jovens riquinhos decide roubar as mansões de seus ídolos do cinema e da moda. Jóias, roupas e dinheiro, nada escapava das mãos dos "garotos".

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Quem Quer Ser um Milionário?

A Rede Globo vai exibir hoje pela madrugada esse vencedor do Oscar. De todos os ganhadores do Oscar de Melhor Filme acho esse um dos mais fracos. Não sei se o fato de ter sido um ano muito mediano tenha contribuído para seus prêmios da Academia ou se tudo não passou de uma jogada comercial da indústria americana em conquistar espaço na Índia (o maior mercado consumidor de filmes no mundo, pelo número de habitantes) mas a questão é que até hoje torço o nariz para esse "Quem Quer Ser um Milionário?". Não adianta, não consigo gostar da película, de sua proposta, de seu enredo primário e nem dos garotos em cena. Para piorar o que já eram bem chato em minha opinião os produtores resolveram fazer uma média com os filmes indianos, colocando danças e números musicais tão comuns em filmes de Bollywood. Em minha forma de ver as coisas isso só piorou ainda mais o resultado final, dando um amargo gostinho de oportunismo nesse chá indigesto.

De qualquer maneira existe um grupo considerável de cinéfilos que acham o filme realmente genial. Na estorinha acompanhamos o jovem Jamal K. Malik, que como muitos de sua idade que nasceram em países de terceiro mundo também vai levando uma vida dura, geralmente em empregos medíocres, que pagam verdadeiras misérias como salário. Ele serve chá em uma empresa especializada em telemarketing (aquele tipo de serviço irritante que nos incomoda em nossas casas, ligando o tempo todo para oferecer algo de que definitivamente não queremos e nem precisamos). Pois bem, para fugir dessa existência sem perspectivas ele se inscreve em um popular programa de TV chamado justamente "Quem Quer Ser um Milionário?". A partir daí sua vida tomará um rumo completamente diferente.  Como se pode perceber o roteiro não é dos mais interessantes e o resultado se mostra apenas morno - aquele tipo de filme que você só consegue assistir uma única vez na vida. Isso não impediu que a produção recebesse uma enxurrada de prêmios, sendo indicado a 10 Oscars, vencendo oito, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado. Como se isso tudo não bastasse ainda foi premiado no Globo de Ouro e Bafta. Vai entender o que se passa na cabeça dos votantes desses prêmios.

Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire, Inglaterra, 2008) Direção: Danny Boyle / Roteiro: Simon Beaufoy / Elenco: Dev Patel, Tanay Hemant Chheda, Ayush Mahesh, Edekar Freida Pinto, Adhur Mittal, Anil Kapoor / Sinopse: Jovem indiano se inscreve em um popular programa de TV chamado "Quem Quer Ser um Milionário?". A partir daí sua vida toma rumos inesperados.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Provas e Trapaças

Bobby Funke (Reece Thompson) resolve desmascarar o cara mais popular da escola. Para isso ele usa o jornal de sua “high school” e acaba denunciando o herói da escola como se este fosse responsável por roubar provas. Mas depois muda de ideia e tenta inocentá-lo e descobrir o que há realmente por trás de tudo. Assisti a esse filme apenas por uma razão: a presença de Bruce Willis no elenco. Realmente é de se admirar um ator do nível dele, um sujeito que estrela filmes milionários, aceitar aparecer numa comédia adolescente como essa. Até que não me arrependi de ter assistido, a presença do Bruce é bem divertida e ele até que mantém o interesse. Claro que seu personagem é bem caricato, mas tirando isso seu estilo "ex veterano de guerra limítrofe" diverte.

O filme não é de todo mal. Tem até uma traminha bem bolada envolvendo o conselho estudantil da escola. O garoto que faz o personagem principal do filme, Reece Thompson, até segura bem a bola. Mischa Barton (aquela mesmo de OC, uma sub-Lindsay Lohan) não faz nada de muito interessante no filme além de posar de gostosa e aparecer rapidamente nua numa cena de banheira (nada que vá valer pelo filme). De resto os velhos clichês de filmes juvenis: tem os atletas arrogantes, os valentões da escola, os freaks e os nerds. O filme pelo visto nem teve a oportunidade de se tornar um fracasso de bilheteria já que foi lançado diretamente em dvd (aqui e nos EUA). Nesses dias estará passando na Sessão da Tarde... Se você gosta desse estilo de filme até vale a pena arriscar e boa sorte!

Provas e Trapaças (Assassination of a High School President, Estados Unidos, 2008) Direção: Brett Simon / Roteiro: Kevin Jakubowski, Tim Calpin / Elenco: Reece Daniel Thompson, Bruce Willis, Mischa Barton, Michael  Rapaport, Kathryn Morris, Melonie Diaz, Luke Grimes, Patrick Taylor / Sinopse: Bobby Funke quer escrever para o jornal de sua “high school” e acaba denunciando o herói da escola como se este fosse responsável por roubar provas. Mas depois muda de ideia e tenta inocentá-lo e descobrir o que há realmente por trás de tudo.

Pablo Aluísio.

Guerra ao Terror

“Guerra ao Terror” foi um dos maiores azarões da história do Oscar. Foi lançado discretamente nos cinemas, pouca gente havia assistido e não causou maior repercussão entre a crítica. Parecia ser um daqueles filmes destinados para o mercado de vídeo quando de repente começou a ser comentado, badalado, tudo às vésperas da premiação da Academia e acabou levando o grande prêmio da noite para surpresa de muitos. O que levou “Guerra ao Terror” a essa escalada sem precedentes? A vitória do filme tem mais a ver com a psicologia dos membros da Academia do que por suas próprias qualidades cinematográficas. A produção se tornou vitoriosa não por ser um filme excepcional (coisa que ele não é), mas por um sentimento de revanchismo contra o diretor James Cameron que naquele ano concorria com o favoritíssimo “Avatar”. Quando venceu o Oscar por “Titanic” o cineasta teve um acesso de egolatria e gritou aos quatro ventos que era “o rei do mundo”. Típico de sua personalidade arrogante e megalomaníaca. Cameron aliás não é muito bem visto por colegas de trabalho por ser muito arrogante e irascível com as pessoas que trabalham ao seu lado. Nada simpático teve seu troco no Oscar quando os membros da Academia preferiram votar no filme de sua ex-mulher, Kathryn Bigelow. Quer lição maior do que premiar a ex-esposa? Foi como se dissessem: “Cameron não gostamos de você, por isso vamos votar na sua ex-mulher”. Assim os votantes não votaram propriamente em “Guerra ao Terror” mas sim contra James Cameron e seu ego monumental. A arrogância lhe custou o Oscar de melhor filme naquele ano. Fica a lição.

Pessoalmente também torci por “Guerra ao Terror”. Queria que ele levasse o prêmio de melhor filme e não Avatar, um filme fast food que é puro visual mas sem conteúdo nenhum por trás de suas bem trabalhadas imagens. Se a Academia tivesse dado o Oscar para Avatar então o prêmio ficaria completamente banalizado e não me admiraria se um dia um Michael Bay da vida levantasse a estatueta do Oscar. “Guerra ao Terror” não é uma maravilha e nem tampouco o considero o melhor filme do ano mas diante das circunstâncias era a melhor solução contra Avatar e seu legado sem consistência. Venceu e fiquei satisfeito mas espero que no Oscar nos anos que virão se premie filmes de verdade concorrendo à estatueta, sem se importar com revanchismos e rixas pessoais. Dias melhores virão. Como afirmei antes, assisti “Guerra ao Terror” muito antes de ser badalado. Naquela época ninguém nem falava no filme e eu jamais pensei que ele iria ganhar o Oscar de melhor filme do ano. Era algo inimaginável. Foi seguramente uma das maiores surpresas que tive na minha longa vida de cinéfilo. O filme até que é eficiente mas não consegue ser carismático ou marcante. De certa forma volta a louvar os militares americanos como grandes heróis dentro dos conflitos sem fim ocorridos no Oriente Médio. A trama se foca no cotidiano do primeiro sargento William James, especializado em desmonte de bombas no front de batalha. Interpretado por Jeremy Renner, um ator tão sem carisma quando o filme em si, ficamos ali acompanhando seu trabalho, o que é curioso mas nada empolgante ou digno a ponto de ser considerado o melhor filme do ano! No geral “Guerra ao Terror” passa para a história como um azarão que deu certo por fatores extra cinematográficos. Espero que a moda não pegue e que daqui em diante haja mais seriedade nos votos dos membros da Academia. 

Guerra ao Terror (The Hurt Locker, Estados Unidos, 2008) Direção: Kathryn Bigelow / Roteiro: Mark Boal / Elenco: Jeremy Renner, Anthony Mackie, Brian Geraghty, Guy Pearce, Ralph Fiennes, David Morse, Evangeline Lilly, Christian Camargo / Sinopse: Um esquadrão antibombas do exército norte-americano tem sua rotina mostrada no filme. Vencedor dos Oscars de Melhor Direção, Edição, Edição de Som, Efeitos Sonoros, Melhor Filme, Roteiro Original e indicado aos de Fotografia, Trilha Sonora e Ator (Jeremy Renner).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Trovão Tropical

Um diretor megalomaníaco coloca na cabeça que vai realizar o maior filme de guerra na história. Esqueça "Apocalypse Now", "Nascido Para Matar" ou "Platoon". Ele está certo que realizará o filme definitivo da guerra do Vietnã. Para isso leva todo o seu elenco (na verdade atores bem almofadinhas) para o meio da selva asiática, tudo com o objetivo de dar maior realismo para as cenas que recriam um dos mais sangrentos conflitos da história dos EUA. Essa é a sinopse dessa comédia que consegue fundir cenas do mais puro pastelão com interpretações que deram o que falar. Tom Cruise, por exemplo, surpreende, mostrando ter muito timing também para o humor mais escrachado. Aliás esse é um filme completamente fora do comum dentro da filmografia de Cruise. Nessa comédia que satiriza os filmes de guerra tradicionais ele interpreta um produtor de cinema careca, gordo e barrigudo! Para surpresa geral Cruise mostra um desconhecido talento de humor em cena, se despindo completamente de sua vaidade pessoal. O seu personagem é a antítese de sua imagem no cinema criada em todos esses anos. Para um papel totalmente sem pretensão Cruise acabou sendo indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante, uma surpresa e tanto!

E o que dizer de Robert Downey Jr interpretando um negro durão? Alguns setores de consciência negra nos EUA ficaram um pouco incomodados com a caricatura mas depois finalmente compreenderam que tudo não passava de uma interpretação cômica e todos os excessos faziam parte do jogo para deixar o filme ainda mais engraçado. A mistura de tantos talentos acabou dando certo do ponto de vista comercial. A fita fez boa bilheteria e a participação de Cruise, um dos grandes destaques da produção, foi considerada mais do que positiva em sua carreira. Não é nenhuma obra prima que você não possa perder mas consegue até divertir bastante, ainda mais se você for cinéfilo e conseguir pegar todas as referências com os grandes clássicos de filmes de guerra (um gênero que atualmente anda com problemas de criatividade e inovação).

Trovão Tropical (Tropic Thunder, Estados Unidos, 2008) Direção: Ben Stiller / Roteiro: Justin Theroux, Ben Stiller / Elenco: Ben Stiller, Jack Black, Robert Downey Jr, Tom Cruise / Sinopse: Diretor em busca de realismo para seu filme que pretende ser o "Maior de todos os tempos" leva um grupo de atores para a selva real do Vietnã, dando origem a muitas confusões.

Pablo Aluísio.

Sem Proteção

Mesmo aos 77 anos de idade o ator Robert Redford está em plena forma. Uma prova disso é esse ótimo filme "Sem Proteção" que apesar de ter sido lançado sem maiores repercussões de público e crítica no ano passado demonstra sem muito esforço que Redford ainda está em pleno auge criativo. A direção é do próprio ator que corajosamente faz uma pequena crítica aos liberais de seu tempo. Durante a década de 1960 o movimento contra a guerra do Vietnã explodiu no país. Os manifestantes eram em sua maioria jovens universitários que usaram sua liberdade de pensamento para se posicionarem contra a política externa americana, que enviava jovens como eles para morrerem e desaparecerem nas selvas do sudeste asiático. Alguns membros desses movimentos acabaram adotando uma linha mais radical o que acabou levando vários deles para a clandestinidade, muitos deles inclusive acusados de crimes e procurados pelo FBI. Esse é o caso de Nick Sloan (Robert Redford). Ele fez parte de um grupo extremamente radical nos anos 60. Após a morte de um guarda de banco se tornou foragido pois o FBI o acusou de participação no crime. Sloan porém consegue escapar e fica por longos trinta anos escondido da justiça. Ele adota outra identidade e se faz passar por um advogado de nome Jim Grant.

Seu disfarce porém cai quando uma antiga colega de lutas revolucionárias, Sharon Solarz (Susan Sarandon), é localizada e presa pelo FBI. Viúvo e pai de uma pequena garota, Sloan tenta então fugir de todas as formas de seu passado para encontrar uma pessoa que poderá provar sua inocência. Não vai ser fácil pois um jornalista investigador, Ben Shepard (Shia LaBeouf) também está em seu encalço. O roteiro de "The Company You Keep" é bem acima da média do que se vê atualmente dentro do cinema americano. Redford lida muito bem com seus personagens, todos já velhos e cansados, tendo que lidar com atos impensados cometidos em suas juventudes. A ideia de viver fugindo do FBI por tanto tempo, assumindo disfarces e identidades falsas acaba cobrando um preço muito grande de todos aqueles antigos radicais do movimento. E o curioso é que Redford faz um mea culpa muito elegante e inteligente sobre as posições radicais de sua geração, mostrando que muitas vezes a falta de experiência e a postura radical típicas da juventude podem prejudicar seriamente a vida das pessoas no futuro. Pena que o texto não abra maior espaço para esse debate preferindo a partir de determinado momento mostrar apenas a luta de Sloan (Redford) para escapar das mãos do FBI. Mesmo assim se trata realmente de um excelente thriller que merece ser assistido.

Sem Proteção (The Company You Keep, Estados Unidos, 2012) Direção: Robert Redford / Roteiro: Lem Dobbs baseado no livro escrito por Neil Gordon / Sinopse: Robert Redford, Susan Sarandon, Shia LaBeouf, Nick Nolte, Julie Christie, Stanley Tucci / Sinopse: Trinta anos depois de escapar do FBI um antigo membro de uma ala radical de luta contra a guerra do Vietnã é finalmente encontrado. Tentando fugir de todas as formas ele parte em busca de uma antiga colega do movimento que poderá provar finalmente sua inocência em um crime de assassinato ao qual é acusado.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Alice no País das Maravilhas

Eu gostaria de dizer algo melhor sobre "Alice" de Tim Burton, até porque o filme reúne três personalidades de que gosto bastante. A começar pelo próprio Tim Burton que com seu estilo único já deu aos cinéfilos grandes alegrias nas salas de cinema mundo afora. O ator Johnny Depp também está aqui. Acompanho Depp desde o comecinho de sua carreira quando ele ainda era um jovem interpretando um policial na série "Anjos da Lei". Sempre o achei um ator muito corajoso que recusou se tornar um ídolo adolescente para realizar uma série de filmes ousados e fora do comum. Por fim temos a obra de Lewis Carroll, um autor realmente maravilhoso que conseguiu com "Alice" algo bem raro no mundo da literatura pois uniu uma escrita elegante e sofisticada, inteligente acima de tudo, com o universo infantil. Não é por menos que seu livro se tornou um verdadeiro clássico. Infelizmente mesmo com todos os ingredientes presentes algo deu muito errado nessa mistura. O que era para ser uma fusão de pequenas pitadas de talento desandou completamente. O que sobrou foi nada mais, nada menos do que um tempero ardente, exagerado, completamente kitsch.

Claro que expor os problemas e defeitos de "Alice no País das Maravilhas" na visão de Tim Burton soa hoje como algo sem maior importância. Isso porque o filme foi um tremendo, enorme e espetacular sucesso de bilheteria em seu lançamento. A produção arrecadou mais de um bilhão de dólares! É um número realmente fantástico que muito provavelmente jamais será repetido na carreira de todos os envolvidos. É muito curioso que artistas que tinham a fama de serem tão cults como Depp e Burton tenham se tornado o símbolo máximo do cinema comercial com esse "Alice". O que antes era considerado estranho, bizarro nos filmes de Burton virou algo queridinho pelas grandes massas! É uma metamorfose complicada de explicar pois basta assistir ao filme para perceber que no fundo Tim Burton continua o mesmo esquisitão de sempre, só que agora ele virou um chiclete de consumo popular. Em minha visão o filme não é nada bom, nem como produto cinematográfico e nem muito menos como adaptação da obra de Lewis Carroll. O livro original aliás parece tão distante do que vemos na tela como os delírios da Alice do mundo real. Pouca coisa funciona, já que Johnny Depp interpreta o chapeleiro maluco e por essa razão sua participação é ampliada ao máximo no enredo, em detrimento do que tínhamos no livro original. "Alice" não convence e não agrada mas seu sucesso fora do comum certamente faz com que seus defeitos sejam certamente completamente ignorados.

Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, Estados Unidos, 2010) Direção: Tim Burton / Roteiro: Linda Woolverton, na obra de Lewis Carroll / Elenco: Mia Wasikowska, Johnny Depp, Helena Bonham Carter / Sinopse: Alice é uma garota de 19 anos que retorna para o mundo onde viveu as grandes aventuras de sua infância.

Pablo Aluísio.

48 Horas

Título no Brasil: 48 Horas
Título Original: 48 Hrs
Ano de Produção: 1982
País: Estados Unidos
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: Walter Hill
Roteiro: Roger Spottiswoode, Walter Hill
Elenco: Nick Nolte, Eddie Murphy, Annette O'Toole

Sinopse: 
Jack Cates (Nick Nolte) é um tira durão que tem 48 horas para contar com a ajuda do criminoso Reggie Hammond (Eddie Murphy) com o objetivo de capturar um assassino perigoso. A convivência entre o policial branco austero e o marginal negro malandro, dará origem a inúmeras aventuras enquanto ambos tentam achar o paradeiro do bandido procurado.

Comentários:
Esse foi o primeiro filme da carreira de Eddie Murphy. Na época ele era apenas um promissor comediante do programa Saturday Night Live. O diretor Walter Hill resolveu apostar no ator após ver mais uma de suas engraçadas cenas no mais popular programa de humor dos Estados Unidos. Foi um acerto e tanto para Murphy pois o filme é realmente muito bom, um eficiente filme policial com muita ação e doses exatas de bom humor (afinal com Murphy em cena não poderia ser diferente). Essa fórmula inclusive seria lapidada e aprimorada depois no grande sucesso de Murphy nos cinemas, a franquia "Um Tira da Pesada". Afinal se formos comparar veremos bem que esse "48 Horas" é na verdade um ensaio do que viria depois na carreira do ator. Aqui ele já demonstra todo o seu talento, inclusive para improvisações, aliado a um roteiro esperto e cheio de cenas de ação bem feitas. O sucesso de bilheteria inclusive fez com que a Paramount entendesse que tinha um novo astro em suas mãos. Um contrato milionário foi fechado e Murphy deu adeus aos programas de humor da televisão. Nos anos que viriam ele cumpriria a promessa se tornando um dos grandes campeões de bilheteria do cinema americano. É curioso rever "48 Horas" hoje em dia pode você claramente vai notar que embora o humor esteja lá ele é bem mais amenizado do que nos filmes posteriores de Murphy. O diretor não soltou tanto o comediante como ele poderia ser. De qualquer maneira era o começo de uma carreira cinematográfica das mais bem sucedidas do ponto de vista comercial. E pensar que tudo começou aqui, em apenas 48 horas!

Pablo Aluísio.