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domingo, 8 de maio de 2016

Mombasa, a Selva Negra

O filme em questão se chama "Beyond Mombasa" (no Brasil ele recebeu o título de "Mombasa, a Selva Negra"). É curioso perceber que o cinema americano, muito provavelmente influenciado pelo sucesso dos filmes de Tarzan, tenha produzido uma série de filmes de aventuras na África. Alguns desses filmes hoje em dia são considerados clássicos absolutos da sétima arte enquanto outros só estavam tentando se transformar em entretenimento lucrativo.

É justamente o caso desse aqui. Dirigido por George Marshall, que era um cineasta especializado em faroestes como "A Conquista do Oeste" e "O Irresistível Forasteiro", a fita tinha a proposta de divertir o público e não se tornar uma obra de arte ou qualquer coisa parecida. É o que o público brasileiro da época costumava chamar de filme de selva ou filme de aventuras na África. Esse tipo de produção ficou tão popular que acabou se tornando um gênero próprio como os filmes de western, ficção ou terror. Infelizmente esse tipo de fita hoje em dia está em franca decadência, até porque a própria figura do caçador branco já não tem mais nenhum charme ou apelo. Ao invés disso os caçadores hoje em dia são vistos como figuras desprezíveis, justamente por causa da consciência ecológica que predomina nos dias atuais.

Pois bem, o filme é estrelado pela dupla Cornel Wilde e Donna Reed. Aqui temos um diferencial onde a "mocinha" era muito mais conhecida do que o "mocinho". De fato, Donna Reed era quase uma estrela da Columbia, enquanto Cornel nunca chegou a ser um astro de primeira grandeza. Na verdade hoje em dia, mesmo entre grupos de cinéfilos, poucos se lembram de seu nome. Falecido em 1989, Wilde se notabilizou em filmes B de aventuras, sejam eles passados na África, na II Guerra Mundial ou em um campo de prisioneiros. Ele geralmente interpretava protagonistas mais farofeiros, que eram quase anti-heróis. O exemplo vem até mesmo desse Mombasa onde ele desfila seu repertório de cantadas baratas (praticamente cantadas de pedreiro) para cima da inteligente, bela e equilibrada Donna Reed. No mundo real ele seria solenemente esnobado, mas os roteiristas deram uma colher de chá para seu personagem e no final ele conquista a garota (ficou meio forçado e falso, mas era algo da época).

Wilde interpreta basicamente um americano que vai à África para trabalhar ao lado de seu irmão numa mina de ouro. Chegando lá vem o choque. Ele foi assassinado. Rezava a lenda na região de que guerreiros leopardos o teriam matado, mas Wilde não acredita nessa versão. A ganância por ouro não era algo que interessasse aos selvagens, aos nativos, mas sim ao homem branco ocidental. Dessa maneira o roteiro explora a real identidade do assassino que poderia ser qualquer um ali, visando justamente colocar as mãos na fortuna. É curiosa essa associação entre fazer fortuna em regiões selvagens. Isso é do centro mesmo desse tipo de filme, haja vista que há quase sempre nesses roteiros um tesouro perdido ou algo semelhante. No geral é um filme bom, divertido e com boas cenas. Exatamente como desejou o diretor George Marshall. Não é como "Uma Aventura na África" ou "Entre Dois Amores", filmes conceituados e premiados. É uma aventura B, típica dos anos 50. Bem ao estilo pura diversão realmente. No meu caso gostei e me diverti. Então está valendo.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça

O conto original faz parte do folclore americano, das tradições que deram origem ao feriado nacional daquele país conhecido como Halloween, o dia das bruxas. É aquele tipo de obra cultural que já deu origem a livros, filmes, desenhos e todos os tipos de produtos que você possa imaginar. Adaptar algo assim sempre envolve controvérsias pelo fato de ser algo muito conhecido pelo público em geral. Nas mãos de Tim Burton, o mais gótico de todos os cineastas americanos, era de se esperar que tivéssemos um grande filme. Na realidade essa produção só é realmente fantástica em termos de direção de arte. Figurinos, cenários, efeitos digitais, tudo é de primeira linha. Fora isso algumas coisas realmente parecem bem fora do lugar.

O próprio elenco não foi bem escalado. Johnny Depp, em eterna parceria com Burton, tem certamente o seu valor, mas não se mostra adequado para viver o personagem Ichabod Crane. Depp não tinha idade e nem o visual certo para interpretar Crane, que basicamente era um sujeito na meia idade, nada heróico, que tinha que enfrentar um grande mal. Em termos de roteiro Burton não quis arriscar muito, preferindo rodar uma história que lembra bastante o texto original. Provavelmente teria sido melhor dar pitadas de inovação em certos aspectos. Do jeito que está não existe grande justificativa para a produção de algo tão elaborado assim. A única coisa realmente memorável vem das participações de veteranos consagrados como o mito Christopher Lee, recentemente falecido. Sua presença vale por quase todo o filme.

A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (Sleepy Hollow, Estados Unidos, 1999) Direção: Tim Burton / Roteiro: Washington Irving, Kevin Yagher/ Elenco: Johnny Depp, Christina Ricci, Miranda Richardson, Christopher Walken, Christopher Lee / Sinopse: A figura sinistra de um cavaleiro sem cabeça assusta os moradores de uma pequena vila. Vencedor do Oscar na categoria de Melhor Direção de Arte. Indicado nas categorias de Melhor Fotografia e Melhor Figurino.

Pablo Aluísio.

sábado, 10 de outubro de 2015

O Conde Drácula

Título no Brasil: O Conde Drácula
Título Original: Scars of Dracula
Ano de Produção: 1970
País: Inglaterra
Estúdio: EMI Films, Hammer Film Productions
Direção: Roy Ward Baker
Roteiro: Anthony Hinds, baseado na obra de Bram Stoker
Elenco: Christopher Lee, Dennis Waterman, Jenny Hanley

Sinopse:
Um jovem, Paul Carlson (Christopher Matthews), está em uma viagem a negócios e acaba indo parar no sinistro castelo de um nobre, o Conde Drácula (Christopher Lee). Depois disso nunca mais é visto. Seu irmão, Simon (Dennis Waterman), resolve ir atrás do paradeiro de Paul e acaba indo parar na região onde o misterioso Drácula tem seu domínio. O que afinal terá acontecido com Paul Carlson?

Comentários:
Mais uma adaptação do imortal Conde Drácula. Só o simples fato de ser estrelado por Christopher Lee e o filme ter sido produzido pela ótima Hammer já desperta o interesse. Some-se a isso ainda a curiosidade de ter sido um dos últimos de Lee na capa do vampiro e você entenderá porque a produção ainda é tão reverenciada pelos fãs do gênero. Talvez o filme revisto hoje em dia soe um tanto datado principalmente por causa dos primitivos efeitos especiais (como o morcego de borracha que parece ter encantado o diretor, que o utiliza em muitos momentos do filme) mas mesmo assim "Scars of Dracula" mantém seu charme nostálgico intacto. Uma das curiosidades é que pela primeira vez Drácula surge com uma espada para dar continuidade a suas queridas sessões de tortura. Essa ideia de um vampiro usando espadas ninjas seria aproveitada pelo mundo dos quadrinhos décadas depois quando o personagem Blade foi criado. Mas de uma forma ou outra deixe esses detalhes de lado e curta o filme. Lee nunca esteve tão bem em seu caixão.

Pablo Aluísio.

domingo, 27 de setembro de 2015

A Casa que Pingava Sangue

Título no Brasil: A Casa que Pingava Sangue
Título Original: The House That Dripped Blood
Ano de Produção: 1971
País: Inglaterra
Estúdio: Amicus Productions
Direção: Peter Duffell
Roteiro: Robert Bloch
Elenco: Christopher Lee, Peter Cushing, Nyree Dawn Porter, Denholm Elliott, Jon Pertwee

Sinopse:
A Scotland Yard investiga quatro misteriosos casos envolvendo uma casa abandonada. Filmes em episódios com uma linha narrativa em comum. Considerado um clássico do cinema de horror da década de 1970.

Comentários:
Eu me lembro desse filme sendo anunciado para ser exibido na Rede Globo, na Sessão de Gala, que passava depois do Supercine. Esse último exibia os filmes mais populares, os hits cinematográficos da época. A Sessão de Gala era mais hardcore, geralmente vinha com filmes mais pesados, muitos de terror. Esse pequeno clássico do horror apresentava cinco histórias ou enredos que tinham como objetivo assustar o espectador. E de maneira em geral eram muito bons, apresentando inclusive veteranos em seus últimos momentos nas telas de cinema como Peter Cushing. Um filme que até hoje me chamaria a atenção. Se algum dia ver passando por aí, em algum canal, certamente pararia para rever.

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de maio de 2015

O Cão dos Baskervilles

Título no Brasil: O Cão dos Baskervilles
Título Original: The Hound of the Baskervilles
Ano de Produção: 1959
País: Inglaterra
Estúdio: Hammer Film Productions
Direção: Terence Fisher
Roteiro: Peter Bryan, baseado na obra de Arthur Conan Doyle
Elenco: Peter Cushing, André Morell, Christopher Lee

Sinopse:
Retornando à mansão de sua família depois que seu pai morre em circunstâncias misteriosas, Sir Henry Baskerville é confrontado com o mistério do cão sobrenatural que supostamente anseia por vingança contra a família Baskerville. Em noites escuras a lenda surge nos horizontes montanhosos e sinistros da região. O famoso detetive Sherlock Holmes e seu assistente Dr. Watson são então trazidos para investigar o mistério que ronda o lugar.

Comentários:
Uma das melhores adaptações de Sherlock Holmes para o cinema. O imortal personagem que nasceu nas linhas escritas por Arthur Conan Doyle recebeu um tratamento de gala da inspirada produtora de filmes de terror Hammer da Inglaterra. O curioso é que "The Hound of the Baskervilles" traz em seu elenco a mesma dupla que fazia tanto sucesso nos filmes de Drácula, na mesma empresa. Lee como o conde vampiro e Cushing como o intrépido caçador Van Helsing. Já aqui temos Peter Cushing no papel de Sherlock e Christopher Lee, o eterno Drácula, dando vida ao nobre Sir Henry Baskerville. Na verdade você pode perguntar a qualquer leitor dos livros de Sherlock sobre quem foi o ator que melhor personificou o personagem nas telas. Muitos lembrarão de Basil Rathbone mas a verdade é que certamente em algum momento o nome de Peter Cushing também virá à tona. O verdadeiro Sherlock não é aquele brutamontes que vemos na nova franquia, que é em essência uma bobagem, mas sim um herói intelectual que solucionava os casos a partir de um singular faro para investigações. Cushing está perfeito sob esse ponto de vista. A direção de arte também é um ponto positivo, transformando tudo em um belo momento da sétima arte. Em suma, eis aqui um clássico para não se deixar em branco. Grande momento do detetive mais famoso do mundo no cinema.

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Star Wars Episódio II - Ataque dos Clones (2002)

Título no Brasil: Star Wars Episódio II - Ataque dos Clones
Título Original: Star Wars Episode II - Attack of the Clones
Ano de Produção: 2002
País: Estados Unidos
Estúdio: Lucasfilm, Twentieth Century Fox
Direção: George Lucas
Roteiro: George Lucas
Elenco: Hayden Christensen, Natalie Portman, Ewan McGregor, Christopher Lee, Samuel L. Jackson, Frank Oz, Rose Byrne

Sinopse:
Dez anos depois dos eventos do primeiro episódio, Anakin Skywalker (Hayden Christensen) compartilha um romance proibido com Padmé (Natalie Portman), enquanto Obi-Wan (Ewan McGregor) investiga uma tentativa de assassinato contra um importante senador, descobrindo a existência de um exército de clones. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais. Filme vencedor do Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nas categorias de Melhor Figurino e Melhores Efeitos Especiais.

Comentários:
Não chega a ser tão ruim como o episódio I, mas também não é nenhuma maravilha. Na verdade colocando as cartas na mesa temos que admitir que essa segunda trilogia "Star Wars" no cinema deixou bastante a desejar. Talvez as expectativas tenham chegado nas alturas ou talvez George Lucas tenha mesmo esquecido de escrever boas estórias se confiando apenas nas maravilhas da tecnologia digital. O que podemos afirmar com certeza é que esses novos filmes muitas vezes caíram na mais pura e simples bobagem. Até mesmo personagens cativantes e marcantes como o mestre Yoda perderam a graça. Se na trilogia original ele era um velhinho sábio e cheio de boas lições, aqui ele dá saltos e rodopios no ar enquanto enfrenta seus inimigos (em cenas que muitas vezes se tornam cômicas, tamanho o absurdo das situações sem noção). De bom mesmo apenas momentos proporcionados pelo elenco que de fato é muito bom. Curiosamente muitos atores se queixaram depois da falta de uma boa direção nesse quesito por parte de Lucas. Realmente ele nunca foi um bom diretor de atuação, preferindo se dedicar apenas na sala de montagem e efeitos especiais. Mesmo sendo um omisso no set o elenco conseguiu ainda arrancar alguns dos momentos realmente bons desse filme, com destaque para a bela Natalie Portman e do esforçado Ewan McGregor que conseguiu transformar seu Obi-Wan Kenobi em um personagem mais marcante do que da trilogia original. Péssimo mesmo apenas o medíocre Hayden Christensen como Anakin Skywalker. É de se admirar que com um ator tão fraco se conseguiu levar em frente essa série. De qualquer forma a saga "Star Wars" seguirá em frente breve, esperamos que com melhores resultados.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Drácula - O Vampiro da Noite

Título no Brasil: Drácula - O Vampiro da Noite
Título Original: Dracula
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Hammer Film Productions
Direção: Terence Fisher
Roteiro: Jimmy Sangster, baseado na obra de Bram Stoker
Elenco: Peter Cushing, Christopher Lee, Michael Gough

Sinopse:
Drácula (Christopher Lee) é um misterioso conde que resolve se vingar de Jonathan Harker, um jovem que consegue sobreviver a um ataque do vampiro em seu castelo. De volta à grande cidade, Drácula pretende destruir toda a família de Harker mas antes terá que enfrentar o professor e pesquisador Van Helsing (Peter Cushing), um estudioso da existência de seres da noite como o famigerado nobre Drácula.

Comentários:
Esse filme é um verdadeiro marco do cinema de terror inglês. Foi o primeiro de Christopher Lee no papel do conde Drácula e um dos maiores sucessos de bilheteria da produtora Hammer Film Productions que iria se especializar em fitas de horror nos anos seguintes (com ótimos resultados, é bom frisar). Para quem está acostumado com os vampiros do cinema da atualidade o filme certamente trará algumas belas surpresas. O Drácula de Lee não é um ser romântico, charmoso, em busca de belas donzelas para conquistar seu amor adolescente. Pelo contrário, ele é um monstro apenas, quase sem diálogos, que ataca nas noites escuras sem qualquer sutileza. Ele está em busca de sangue e vingança e nada mais do que isso. Tudo realizado no meio de uma Londres nebulosa e sombria. Por falar nisso a direção de arte do filme é um primor, com cenários góticos e um clima sórdido muito eficiente. Peter Cushing como Van Helsing também é outro ponto positivo da produção. Em suma, um clássico absoluto que até hoje diverte e empolga. Um filme essencial na coleção de todo fã de filmes de terror.

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de junho de 2014

O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei

Título no Brasil: O Senhor dos Anéis - O Retorno do Rei
Título Original: The Lord of the Rings - The Return of the King
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Peter Jackson
Roteiro: Fran Walsh, baseado na obra de J.R.R. Tolkien
Elenco: Elijah Wood, Viggo Mortensen, Ian McKellen, Cate Blanchett,Orlando Bloom, Sean Astin, Sean Bean, Christopher Lee 

Sinopse:
Sauron (Sala Baker) está decidido a se apoderar do anel que lhe dará imensos poderes. Para isso envia o mago Saruman (Christopher Lee) para capturar Frodo (Elijah Wood), Sam (Sean Astin) e os demais hobbits que estão em posse da preciosidade. Enquando isso Gandalf (Ian McKellen) lidera as forças do bem. Filme vencedor de onze prêmios da Academia nas categorias Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Edição, Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem, Melhor Música Original, Melhor Mixagem de Som e Melhores Efeitos Especiais. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Direção, Música Original e Roteiro.

Comentários:
É o mais bem sucedido filme da franquia "The Lord of the Rings". Também foi o mais premiado, muito embora pessoalmente acredite que o filme foi tão homenageado por ser a conclusão da série (valendo como uma premiação pelo conjunto da obra). Penso que "O Senhor dos Anéis - As Duas Torres" ainda deve ser considerado o melhor filme, isso de um ponto de vista estritamente cinematográfico. O roteiro é melhor trabalhado e a trama tem um desenvolvimento mais bem escrito. Nessa conclusão há uma certa confusão em apresentar tantas estórias paralelas ao mesmo tempo - fruto, é claro, da complexidade da obra original de J.R.R. Tolkien. Depois do lançamento do filme houve boatos de que Peter Jackson teve muitos problemas com o roteiro no set de filmagem, sendo que muitas partes eram reescritas praticamente no calor das filmagens, o que demonstra uma certa preocupação em encaixar tudo no último filme, o que sinceramente o deixou levemente truncado. Quem nunca leu o livro, por exemplo, ficará um pouco perdido com tantos povos, culturas e batalhas acontecendo praticamente ao mesmo tempo. Talvez fosse melhor que mais um filme fosse realizado para caber tanta informação para o espectador. De qualquer maneira como foi o que mais rendeu nas bilheterias e o mais bem sucedido em termos de reconhecimento, isso tudo se torna apenas uma observação jogada ao vento, pois se trata mesmo de um belo filme, embora não seja perfeito.

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de junho de 2014

O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel

Título no Brasil: O Senhor dos Anéis - A Sociedade do Anel
Título Original: The Lord of The Rings The Fellowship of the Ring
Ano de Produção: 2001
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Peter Jackson
Roteiro: Fran Walsh, baseado na obra de J.R.R. Tolkien
Elenco: Elijah Wood, Ian McKellen, Orlando Bloom, Cate Blanchett, Sean Astin, Ian Holm, Christopher Lee, Viggo Mortensen 

Sinopse:
Frodo Baggins (Elijah Wood) é um hobbit que fica de posse de um antigo anel que havia pertencido ao seu tio Bilbo Baggins (Ian Holm). Após mostrá-lo para Gandalf (Ian McKellen) esse o alerta de que não se trata de uma peça comum, mas sim de um poderoso artefato que dará poderes inimagináveis para quem o usar. Se cair nas mãos de Sauron será o fim da Terra Média. Filme indicado a treze prêmios da Academia. Vencedor dos Oscars de Melhor Fotografia, Maquiagem, Música e Efeitos Especiais.

Comentários:
Esse foi o primeiro filme da trilogia "The Lord of the Rings". Durante muitos anos se pensou que o livro escrito por J.R.R. Tolkien não poderia ser adaptado para o cinema. Era uma obra tão complexa e que exigia um orçamento tão imenso que nenhum estúdio estava disposto a arriscar. Coube ao mediano New Line Cinema topar o desafio. O resultado se vê em cada pequeno detalhe. Uma produção realmente maravilhosa que conseguiu fazer jus ao talento do grande escritor. O interessante é que não se trata de um filme com orçamento gigantesco. Essa primeira aventura, por exemplo, custou menos do que 100 milhões de dólares, um valor muito razoável para um filme desse porte. Palmas também para Peter Jackson que de diretor desacreditado no começo do projeto se revelou um verdadeiro mestre nesse tipo de produção. Para economizar custos e aproveitar a linda natureza local o estúdio enviou toda a equipe para a Nova Zelândia - uma ilha bem ao lado da Austrália, onde tudo foi realizado sem maiores problemas. Não há como negar que "The Lord of the Rings - The Fellowship of the Ring" seja um marco do cinema de fantasia. Revisto hoje em dia já não causa mais tanto impacto, mas isso se deve principalmente aos dois filmes que viriam a seguir, que se revelaram bem superiores a esse. De qualquer maneira é uma bela obra cinematográfica.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Trem Noturno para Lisboa

Título no Brasil: Trem Noturno para Lisboa
Título Original: Night Train to Lisbon
Ano de Produção: 2013
País: Alemanha, Suíca, Portugal
Estúdio: Lionsgate
Direção: Bille August
Roteiro: Pascal Mercier, Greg Latter
Elenco: Jeremy Irons, Christopher Lee, Charlotte Rampling, Lena Olin

Sinopse:
Raimund Gregorius (Jeremy Irons) é um tímido professor de história do ensino médio que, ao ir para a escola dar sua aula diária, acaba encontrando uma garota prestes a pular de uma ponte em Berna, na Suíça. Desesperado ele ainda consegue salvar a jovem da morte. Depois de recuperada ela some mais uma vez e deixa para trás um casaco vermelho, com um livro dentro dele e uma passagem de trem para Lisboa, Portugal. Intrigado o professor em um impulso resolve seguir os passos da misteriosa suicida e viaja até Portugal onde começa a descobrir mais sobre o passado do autor do livro que estava com ela.

Comentários:
Já fazia um bom tempo que tinha visto pela última vez um filme assinado pelo talentoso cineasta dinamarquês Bille August. Três de seus filmes considero verdadeiras obras primas do cinema, "A Casa dos Espíritos" (1993), "Pelle, o Conquistador" (1987) e "Os Miseráveis" (1998). Aqui ele foca suas lentes para um filme sui generis em sua carreira. Apoiado no brilhante trabalho de composição de Jeremy Irons, August conta uma estória que mescla paixão e nostalgia, passado e presente, com raro brilhantismo. O roteiro é muito bem escrito, com ótimas linhas de diálogo, e uma sempre presente sensação de mistério e descobrimento ao longo da trama. É um tipo de argumento que só funciona dentro do cinema europeu pois certamente faltam classe e sofisticação intelectual aos americanos para gostar de uma obra cinematográfica como essa. O ritmo é contemplativo, algumas vezes soturno, e explora os traumas do povo português em relação ao seu passado ditatorial. O ditador Salazar e seu regime opressor é uma presença constante nas lembranças e recordações dos personagens portugueses que desfilam pela tela, cujas feridas emocionais e físicas ainda se mostram bem presentes. Além de Jeremy Irons, como sempre excelente, o filme ainda traz no elenco Christopher Lee, interpretando o Padre Bartolomeu, cujas lembranças ajudam o espectador a compreender o grande mosaico que se forma no desenrolar da trama. Uma obra sensível, muito consistente e que merece ser conhecida, pelo menos para o público mais intelectualmente engajado sobre o passado e seus desdobramentos no futuro.
             
Pablo Aluísio.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Grite, Grite Outra Vez!

Título no Brasil: Grite, Grite Outra Vez!
Título Original: Scream and Scream Again
Ano de Produção: 1970
País: Inglaterra
Estúdio: American International Pictures (AIP)
Direção: Gordon Hessler
Roteiro: Christopher Wicking, Peter Saxon
Elenco: Vincent Price, Christopher Lee, Peter Cushing

Sinopse:
Londres entra em pânico após o surgimento de um misterioso serial killer que mata mulheres inocentes em lugares sombrios da capital inglesa. Após uma série de investigações o inspetor da cidade consegue chegar através de pistas a um estranho sujeito que realiza macabras experiências com seres humanos em seu laboratório escondido.

Comentários:
Um filme com Vincent Price, Christopher Lee e Peter Cushing liderando o elenco já o torna obrigatório para qualquer fã de terror. Some-se a isso uma bem trabalhada direção de arte, valorizada pelas ruelas mais sinistras de Londres e você terá no mínimo uma produção curiosa. Dito isso temos também que reconhecer que a fita apresenta também alguns problemas, entre elas um roteiro disperso, fruto do fato de ter sido reescrito várias vezes (inclusive no calor das filmagens, o que é um erro primário). Para enrolar ainda mais o meio de campo o diretor Gordon Hessler entendeu que o enredo ainda poderia dar margem para a exploração de um subtexto de fundo político - o que acaba sendo o segundo grande erro do filme. Mesmo assim, com esses pontuais problemas, "Scream and Scream Again" consegue ser um bom filme, valorizado principalmente pelo carisma e talento do trio central, afinal de contas com eles em cena temos três dos mais importantes atores da história do gênero horror atuando juntos. Isso vale pelo filme inteiro, vamos convir.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith

Terceiro e último filme da segunda trilogia de Star Wars. Aqui George Lucas teve um desafio e tanto: mostrar em pouco mais de duas horas a transformação do Jedi Anakin Skywalker (Hayden Christensen) em Darth Vader, o terrível vilão da franquia original de Guerra nas Estrelas. Além disso a trama explora a gravidez de Padmé (Natalie Portman). A produção, como sempre, é de primeira linha. O roteiro também não decepciona pois consegue mesclar várias boas cenas de ação (com destaque para o resgate do chanceler Palpatine, logo na abertura do filme) com uma intrigada trama política, que ao final das contas irá transformar a República e o Senado em um Império controlado por um dos mais destacados Lordes Sith (uma ordem rival aos Jedis). Esse aspecto é bem interessante pois fica óbvio que George Lucas usou a história do Império Romano como base para a transformação política pelo qual passa a República. Além disso temos em cena todas as origens de personagens que se tornaram ícones como Luke Skywalker e a Princesa Leia. Junte a isso toda a parafernália técnica que só a Lucasfilm seria capaz de disponibilizar em um filme e você terá de fato o melhor episódio dessa nova trilogia.

"Star Wars - A Vingança dos Sith" também marca a despedida de George Lucas de sua maior criação. Recentemente ele vendeu todos os direitos autorais da saga para os estúdios Disney, dando adeus ao universo de Star Wars. Ao que parece Lucas guardou grande ressentimento das inúmeras críticas que sofreu no lançamento desses novos filmes. Assim resolveu pendurar o sabre de luz. No começo dessa nova franquia ele ainda havia deixado uma certa dúvida se iria filmar algum dia os noves episódios prometidos que havia escrito ainda na década de 1970. Depois que levou bordoadas de todos os lados (inclusive dos mais fanáticos fãs da série) ele anunciou juntamente com o lançamento dessa produção que não iria mais seguir em frente. O próprio Lucas disse que não tinha mais idade e nem saúde para enfrentar  mais uma maratona de trabalho como a que esse tipo de filme exigia. No fundo foi uma sábia decisão passar a bola adiante. Agora Star Wars segue em novo projeto, planejado para chegar nas telas em dois anos. Novos roteiristas, novo diretor, novos produtores e até mesmo um novo estúdio. Particularmente estou bem ansioso para saber o que virá daqui em diante, torcendo para que os Jedis voltem a ocupar a posição que sempre tiveram na história do cinema. Que a força esteja com todos os envolvidos na nova trilogia que vem por aí.

Star Wars: Episódio III - A Vingança dos Sith (Star Wars: Episode III - Revenge of the Sith, Estados Unidos, 2005) Direção: George Lucas / Roteiro: George Lucas / Elenco: Ewan McGregor, Natalie Portman, Hayden Christensen,  Ian McDiarmid, Samuel L. Jackson, Jimmy Smits, Frank Oz, Anthony Daniels, Christopher Lee / Sinopse: Uma luta de poder se instala dentro da República. De um lado um chanceler com poderes ilimitados, do outro a ordem Jedi e no meio um jogo político entre democracia e ditadura, república ou império.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Star Wars: Episódio II - Ataque dos Clones

Dez anos depois dos acontecimentos mostrados no Episódio I a estória de Anakin Skywalker (Hayden Christensen) continua. Ele agora é o jovem aprendiz do Jedi Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor). Após a senadora Amidala (Natalie Portman) sofrer uma tentativa de assassinato os dois são designados para cuidar de sua segurança pessoal. A República sofre uma séria crise, principalmente por causa da formação de uma liga separatista que deseja se desligar da federação interplanetária. O voto da senadora se torna assim um ponto vital naquilo que pode significar o colapso republicano. Enquanto Obi-Wan Kenobi procura descobrir quem realmente deseja matar a jovem senadora, Anakin acaba se envolvendo romanticamente com sua protegida, começando um romance que terá sérias consequências para o futuro do universo. Começa assim "Star Wars - Episódio II - O Ataque dos Clones". Pelo visto George Lucas absorveu todas as criticas que lhe foram feitas no Episódio I e resolveu fazer uma sequência mais redonda, mais eficaz e com menos enrolação e chatice. Infelizmente o que começa de certa forma até promissor logo desanda pois Lucas parece perder o fio da meada da estória que está contando, resolvendo a partir de determinado momento apostar todas as suas fichas em ação incessante e toneladas de efeitos digitais!

Mesmo assim há bons momentos, não há como negar. E como não poderia deixar de ser eles surgem em dois momentos de duelos Jedi: a luta entre Obi-Wan Kenobi e o caçador de recompensas Jango Fett (Temuera Morrison) e a cena final em que o Mestre Yoda enfrenta o Conde Dooku (interpretado pelo sempre ótimo Christopher Lee), um Jedi traidor que começa a jogar politicamente para dar inicio a chamada Guerra dos Clones (o exército separatista é todo formado por clones criados em um distante e isolado planeta que foi devidamente riscado dos arquivos e mapas do universo). Revisto hoje em dia, exatos onze anos depois de seu lançamento, podemos perceber que muitos dos efeitos especiais que deixaram admiradas as plateias da época envelheceram bastante. Alguns personagens são completamente digitais, obviamente muito bem feitos, mas a tecnologia avança a um ritmo tão frenético que eles já não causam mais tanto impacto como antes (para falar a verdade qualquer game mais avançado dos dias atuais consegue rivalizar com o que é visto nesse filme). Já entre os momentos fracos é impossível não citar a quebra de ritmo que surge quando Lucas tenta colocar romance na tela (de forma pouco convincente aliás). O elenco é um pouco irregular. O ator Hayden Christensen, por exemplo, deixa bastante a desejar. A salvação acaba vindo na presença carismática de Natalie Portman. Enfim, é um filme não tão decepcionante quanto o Episódio I mas ainda assim com alguns problemas. Ah e antes que me esqueça: E o Jar Jar Binks?! Sim, ele ainda está lá, como um birra pessoal de Lucas! Vai entender...

Star Wars: Episódio II - Ataque dos Clones (Star Wars: Episode II - Attack of the Clones, Estados Unidos, 2002) Direção: George Lucas / Roteiro: George Lucas / Elenco: Ewan McGregor, Natalie Portman, Hayden Christensen,  Christopher Lee, Samuel L. Jackson, Frank Oz, Ian McDiarmid / Sinopse: Um exército de Clones é criado para destruir as forças da República por separatistas rebeldes. Para deter o avanço deles um grupo de Jedis tenta manter a República a salvo de ataques.

Pablo Aluísio. 

domingo, 28 de abril de 2013

O Hobbit

Com o sucesso espetacular da trilogia “O Senhor dos Anéis” era de se esperar que mais cedo ou mais tarde Hollywood fosse em busca de material dentro dos escritos deixados pelo autor J.R.R. Tolkien para produzir novos filmes baseados em seus livros. A solução encontrada foi adaptar, em uma nova trilogia, o romance “O Hobbit”. Adaptado pela primeira vez em 1977 para um telefilme inglês, “O Hobbit” trazia os acontecimentos que antecediam em muitos anos as aventuras que acompanhamos em “O Senhor dos Anéis”, a obra prima definitiva do escritor. A trama de “O Hobbit” é mais singela e menos pretensiosa do que a de outros textos de Tolkien. De certa forma é até um ensaio da grande obra que marcaria para sempre sua bibliografia. Todos os elementos que fizeram de “O Senhor dos Anéis” tão marcante já podem ser encontrados nesse texto, embora em menor escala. Aqui acompanhamos a rotina de Bilbo (Martin Freeman), um hobbit que leva uma vida mansa e pacifica em seu condado. Sua existência bucólica porem sofre uma completa reviravolta quando o mago Gandalf (Ian McKellen) chega em seu jardim para lhe perguntar se ele estaria interessado em viver uma grande aventura. Mesmo não mostrando nenhum entusiasmo na idéia, pelo contrário, a rejeitando completamente, Gandalf não desiste e em pouco tempo começam a chegar vários anões em sua pequenina casa! Todos fazem parte de uma pretensa companhia ou irmandade que tem como objetivo adentrar o antigo reino dos anões, Erebor, que agora se encontra dominado por um dragão feroz e milenar. Em jogo há inúmeras riquezas e a oportunidade de trazer de volta o antigo lar dos anões.

Muito se falou sobre “ O Hobbit” desde que o projeto foi anunciado. A internet ferveu com especulações e ataques de ansiedade, o que deve ter deixado o diretor Peter Jackson duplamente atarefado (realizando o filme e desmentindo muitos dos boatos sem fundamento que surgiam a cada semana). Todos queriam reencontrar nas telas os seus personagens preferidos. A conclusão pura e simples que chegamos após assistir a esse “O Hobbit” é que se trata realmente de mais um belo exemplar do talento de Jackson atrás das câmeras. Embora o livro original em que se baseia seja bem mais simples do que “O Senhor dos Anéis” Peter Jackson conseguiu novamente realizar um trabalho bonito de se ver, tecnicamente perfeito, onde tudo se encaixa maravilhosamente bem. “O Hobbit” tem excelentes seqüências e um roteiro redondinho que não cansa o espectador apesar de suas quase três horas de duração. Além disso marca a volta aos cinemas de personagens queridos dos fãs como o Mago Gandalf, Gollum (em ótima seqüência ao lado de Bilbo nas profundezas escuras de uma montanha) e claro todo o restante do universo muito rico e carismático da Terra Média com seus elfos, hobbits, anões e orcs! Claro que não se pode comparar ao impacto da trilogia original pois naqueles primeiros filmes tudo soava como novidade mas é inegável que Jackson conseguiu novamente entregar um filme muito bom, que não passa uma sensação de desgaste ou esgotamento sobre todo esse material. Dito isso não teria muito o que criticar aqui – achei o resultado acima das expectativas para falar a verdade. Embora não seja especialista nessa mitologia sempre gostei bastante desses filmes. Penso que Peter Jackson é um cineasta honesto que está trabalhando com algo que realmente gosta, e isso faz toda a diferença do mundo. Que venham os novos filmes dessa nova trilogia. Os fãs da Terra Média certamente agradecem.

O Hobbit – Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey, Estados Unidos, 2012) Direção: Peter Jackson / Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Peter Jackson, Guillermo del Toro, baseados no livro “O Hobbit” escrito por J.R.R. Tolkien / Elenco: Ian McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage, Christopher Lee,  Ken Stott / Sinopse: Um grupo formado por anões, um mago e um hobbit tentará adentrar uma montanha isolada onde em um passado glorioso os anões construíram seu último grande reino na Terra Média. Agora dominado por um feroz dragão o lugar guarda muitos perigos e aventuras para todos aqueles que se atrevem a entrar em seus domínios.

Pablo Aluísio.

domingo, 11 de novembro de 2012

Frankenweenie

Tim Burton é um diretor sem meio termo. A maioria dos cinéfilos ou o adoram às raias da insanidade ou o odeiam com força total. Eu sou da minoria, nunca fui fã a ponto de amar tudo o que o diretor fez durante esses anos e nem odiei seus trabalhos menos inspirados. Mesmo assim confesso que andava muito decepcionado com ele. Achei sinceramente "Alice" e principalmente "A Fantástica Fábrica de Chocolates" duas enormes bobagens, no mau sentido da palavra mesmo. Filmes sem alma, sem propósitos claros. Mas ei que surge esse pequeno conto, quase uma fábula chamada  Frankenweenie. Para quem estava sentindo falta do lado mais autoral do cineasta essa animação é certamente um prato cheio. É o que chamo de obra com coração. Longe dos interesses comerciais de um "Alice", Burton finalmente reencontra o caminho do bom cinema. Impossível realmente não se encantar com o lirismo de Frankenweenie. Cada cena é caprichosamente preparada, cada diálogo está muito bem escrito, cada nuance fica em seu lugar adequado. Sem favor nenhum digo que é desde já um dos melhores trabalhos do diretor que estava realmente devendo nesse aspecto. A cereja do bolo é a técnica em stop motion que nos remete imediatamente aos filmes da infância. Se fosse digital perderia certamente parte de seu encanto.

Na verdade Frankenweenie é um velho projeto, realizado quando Burton ainda era um aspirante à cineasta. O curta original foi rodado em 1984 mas recusado pelo estúdio que o qualificou como "sombrio demais" e com "tintas que lembram em demasia produções trash". É até fácil compreender esse tipo de coisa pois na época ninguém ainda conhecia o estilo de Tim Burton, estilo esse que em poucos anos cairia no gosto popular e renderia excelentes bilheterias mundo afora. Agora, consagrado e podendo ter o controle criativo, Burton resolveu resgatar essa velha idéia que realmente não envelheceu, ainda cativando quem a assiste, mesmo agora nessa releitura tardia. A trama é simples mas comovente até. Victor Frankenstien (Charlie Tahan) é um garotinho que se vê sozinho após a morte de seu grande amigo e companheiro, o cãozinho Sparky. Como é um pequeno gênio consegue através de uma técnica toda especial trazer seu animal de estimação de volta à vida. O problema é que seu feito se espalha na sua comunidade, o que lhe trará muitas confusões. É óbvio que após ler esse pequeno resumo o leitor vai se lembrar da trama do clássico de terror. Frankenstein de Mary Shelley.. É isso mesmo, Tim Burton fez uma alegoria da famosa estória e uma homenagem ao cinema da década de 30. O resultado é charmoso, comovente e cativante. Uma pequena obra prima da filmografia do diretor. Não deixe de conferir.

Frankenweenie (Frankenweenie, Estados Unidos, 2012) Direção: Tim Burton / Roteiro: John August / Elenco (vozes): Winona Ryder, Catherine O'Hara, Martin Short, Conchata Ferrell, Tom Kenny, Martin Landau, Atticus Shaffer, Charlie Tahan, Robert Capron, James Hiroyuki Liao, Christopher Lee / Sinopse: Após perder seu cachorrinho de estimação um garoto resolve lhe trazer de volta á vida, o que lhe trará sérios problemas depois. 

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Mestres do Passado: Vincent Price e Christopher Lee

Recentemente tive a oportunidade de assistir a dois filmes clássicos de terror estrelados por dois dos maiores símbolos do gênero no passado: Christopher Lee e Vincent Price. Sempre fui fã de filmes de terror desde a minha adolescência. Naqueles anos acompanhava os filmes que passavam pelas madrugadas nos canais abertos de TV. Estou falando da segunda metade dos anos 80 onde tive a oportunidade de assistir alguns dos grandes filmes que Hollywood produziu nesse estilo. Entre os que mais gostava estavam os filmes estrelados por Christopher Lee onde ele interpretava o ícone maior dos vampiros: o Conde Drácula. Em tempos de Crepúsculo, True Blood e The Vampire Diaries, fica complicado para um jovem dos dias atuais conhecer a vasta filmografia de um dos grandes estúdios de terror da História: A Hammer.

A Hammer era uma produtora inglesa que não contava com muitos recursos financeiros mas compensava isso com muita imaginação e estilo. Um exemplo é "Drácula: O Perfil do Diabo" que assisti essa semana. O filme é um dos menos conhecidos da longa linhagem que foi estrelada por Christopher Lee, mas traz todas as características que fizeram da Hammer uma das produtoras mais cultuadas pelos fãs de terror até hoje. O roteiro é simples e mostra Drácula, renascido novamente após ser destruído no filme anterior (pensou que era apenas o Jason que não morria em seus filmes?) e que agora tem que retornar ao seu castelo o mais rápido possível mas é impedido porque um padre teria exorcizado sua entrada. O argumento nesse caso é o que menos importa. O interessante é admirar a direção de arte dos estúdios Hammer e o capricho que eles tinham na produção. Até mesmo a falta de efeitos especiais conta a favor. Como não havia técnica desenvolvida naquela época tudo era superado com ideias bem boladas e imagens bem editadas.

A interpretação de Christopher Lee no papel de Drácula é outro destaque. Longe dos vampiros românticos da atualidade o Drácula da Hammer não tinha nada de cavalheiresco ou nobre, era apenas um monstro de capa, que nem pensava duas vezes em puxar o cabelo das mulheres quando achava necessário! Também não era de muito bate papo, Lee inclusive mal fala durante toda a projeção, apenas o mínimo necessário, geralmente dando ordens aos seus servos. Pois é, quem te viu e quem te vê, os vampiros do passado não davam moleza nenhuma para as suas partners em cena. Embora ele novamente vá atrás de sua "amada imortal" também nesse filme, o faz sem nenhum gesto de romantismo ou galanteio. Simplesmente a enfeitiça e tenta levar a donzela para seu castelo no alto da montanha, demonstrando que o velho conde de bobo não tinha nada...

E por falar em interpretação não poderia deixar de citar um dos grandes mestres do terror: Vincent Price. Ontem assisti um de seus clássicos: "A Casa dos Maus Espiritos"! Ao contrário do Drácula monossilábico de Lee, o personagem de Vincent Price nesse filme esbanja elegância e sofisticação. Fazendo o papel de um milionário que convoca um estranho grupo para passar a noite em uma casa assombrada ao preço de dez mil dólares, Price demonstra como era um ótimo ator, mesmo nas produções mais simples. O filme, que foi dirigido pelo ótimo William Castle, tem um roteiro cheio de humor negro. Para quem gosta certamente encontrará um prato cheio, inclusive em seu próprio título pois ao final descobrimos quem são realmente os tais "maus espíritos"! Com desenvolvimento rápido e esperto o filme fez grande sucesso de bilheteria e inspirou vários clássicos que viriam, como o próprio Psicose de Hitchcock. Seu roteiro é tão interessante que o filme acabou ganhando um remake intitulado "A Casa na Colina", que não chega nem aos pés do original. Também convenhamos o mestre Vincent Price carrega o filme nas costas e é responsável direto por seu grande êxito. Enfim, duas amostras de uma época em que os filmes de terror tinham um charme inigualável. Morra de inveja Robert Pattinson...

Pablo Aluísio.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

10 Curiosidades Sobre o Vampiro da Noite

1. O Script de Christopher Lee no filme não era exatamente longo! Na verdade ele só tinha treze linhas de diálogo para dizer durante todo o enredo. Sobre isso Lee diria que o seu Drácula era na essência um monstro e monstros não são muito de bate papo. O Conde do filme só troca diálogos com um único personagem durante todo o filme, Jonathan Harker.

2. Depois de 30 anos desaparecida a capa que Christopher Lee usou no filme apareceu numa loja de fantasias de Londres. Uma relíquia para a história do cinema inglês ela seria vendida em um leilão por 50 mil dólares. Antes da ser colocada à venda porém a casa de leilões contratou Lee para reconhecer a peça e marcar sua autenticidade.

3. Houve um acidente durante as filmagens. Numa cena que deveria ser ao mesmo tempo aterrorizante e sensual o ator caiu em um buraco no set de filmagens, atingindo a dublê da personagem Mina. Apesar do constrangimento e da dor não houve ferimentos mais graves.

4. Em sua autobiografia o ator confessou que recebeu apenas 750 libras por sua atuação como Drácula no filme. A Hammer alegou não ter maiores recursos para pagar um cachê melhor. Lee, por outro lado, estava precisando de trabalho e aceitou o pouco que lhe ofereceram. Nos filmes seguintes ele iria endurecer o jogo, pedindo cachês cada vez mais altos a cada sequência, além de privilégios que não havia tido, como um camarim próprio, por exemplo.

5. O filme foi dirigido por Terence Fisher, veterano cineasta inglês que morreu em 1980. Ele iria dirigir ainda "As Noivas do Vampiro" (1960) e "Drácula, o Príncipe das Trevas" (1966). Também assinaria outros clássicos do terror com monstros famosos como Frankenstein em produções como "A Vingança de Frankenstein" (1958) e "Frankenstein Tem que Ser Destruído" (1969).

6. O Vampiro da Noite recebeu três prêmios do Hugo Awards nas categorias de Melhor Direção (Terence Fisher), Melhor Roteiro Adaptado (Jimmy Sangster) e Melhor História (dado como homenagem a Bram Stoker, autor do livro original).

7. Quando o filme foi lançado no mercado americano a distribuidora daquele país resolveu mudar o título do filme para "Horror of Dracula" por questões envolvendo direitos autorais. Também pesou em favor da decisão o fato de que os americanos responsáveis pela distribuição tinham receios que o filme fosse confundido com o clássico estrelado por Bela Lugosi, que inclusive estava para ser exibido pela primeira vez na TV americana pelo canal CBS.

8. Uma sequência do filme ficou perdida por anos até que finalmente foi reencontrada do outro lado do mundo, no Japão. Uma cópia original preservada pela National Film center de Tóquio conseguiu salvar essa cena da destruição pois ela não era mais encontrada em cópias na Inglaterra.

9. As filmagens duraram praticamente três meses, começando em 11 de novembro de 1957 e terminando em 3 de janeiro de 1958. Curiosamente o filme estreou antes nos Estados Unidos numa exibição em Milwaukee, Wisconsin. Só uma semana depois é que o filme iria finalmente surgir nas salas de cinema britânicas (apesar do filme ser inglês)!

10. O filme foi incluído na lista "Os 1000 Filmes Que Você Precisa Assistir Antes de Morrer" escrita por Steven Schneider.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Drácula, O Príncipe das Trevas

Mais uma produção da Hammer, famoso estúdio inglês de filmes de terror. Esse aqui é a sequência do sucesso "Drácula" de 1958 dirigido pelo mesmo diretor nessa mesma produtora com o mesmo Christopher Lee no papel título, aqui fazendo o Conde pela segunda vez em sua carreira. Curiosamente logo no começo de "Drácula - O Príncipe das Trevas" há uma colagem de cenas do filme anterior. Tecnicamente foi uma forma encontrada pelo diretor para situar os espectadores sobre a estória do primeiro filme (que havia sido lançado oito anos antes). A questão é que o Conde havia sido destruído por Van Helsing na cena final daquele, virando pó. Então como trazer de volta o famoso vampiro de volta para essa continuação? Certamente não vou falar aqui para não estragar mas podemos entender bem de onde veio a ideia que fez o psicopata Jason ressuscitar em tantos "Sexta Feira 13" na década de 80. Se deu sucesso e lucro porque não encontrar um jeito de trazer o monstro de volta?

Por falar em monstro o público atual certamente vai estranhar a caracterização de Drácula nesse tipo de filme. Aqui ele não passa de um monstro, que apenas busca sua presa e nada mais. O Drácula interpretado por Christopher Lee entra mudo e sai calado de cena. Não existe nenhum tipo de herói romântico envolvido nas cenas em que aparece e nem muito menos os sinais de galanteio que vimos em tantos filmes sobre o famoso personagem. Para falar a verdade longe da sedução o Conde aqui é simplesmente brutal com as mulheres - quando chega perto delas é apenas para morder ou então dar uns sopapos! O diretor Terence Fischer foi um grande especialista do gênero terror e aqui consegue bons resultados em uma produção até modesta, sem grande orçamento. Na época as produções de terror não eram levados muito à sério e os filmes eram feitos sem grande preocupação com orçamentos de primeira linha. Mesmo assim o resultado se mostra satisfatório. Enfim, "Drácula, O Príncipe das Trevas" é bem interessante pois traz um vampiro que no final das contas é apenas um monstro - bem diferente dos dândis românticos que enchem as telas dos cinemas atualmente.

Drácula, O Príncipe das Trevas (Dracula Prince of Darkness, Inglaterra, 1966) Direção: Terence Fisher / Com Christopher Lee, Barbara Shelley, Andrew Keir, Francis Matthews, Suzan Farmer, Charles 'Bud' / Sinopse: Depois de sua destruição pelo Dr. Van Helsing no filme Vampiro da Noite (1958), a lenda do Conde Drácula ainda aterroriza a população local. Um grupo de turistas ingleses, apesar dos alertas, inclui em seu roteiro pelos Cárpatos a cidade de Carlsbad, nas cercanias do castelo de Drácula.

Pablo Aluísio

sexta-feira, 27 de abril de 2007

A Múmia

Título no Brasil: A Múmia
Título Original: The Mummy
Ano de Produção: 1959
País: Inglaterra
Estúdio: Hammer Film Productions
Direção: Terence Fisher
Roteiro: Jimmy Sangster
Elenco: Peter Cushing, Christopher Lee, Yvonne Furneaux

Sinopse:
Em 1895, uma equipe de arqueólogos descobre o túmulo da princesa Ananka, uma sacerdotisa egípcia. Eles são avisados ​​para não perturbarem o sono eterno dela, mas ao fazê-lo, despertam a múmia de Kharis, o sumo sacerdote que amava a princesa. Três anos depois, um egípcio, Mehemet Bey, transporta a múmia para a Inglaterra em busca de vingança contra aqueles que profanaram o túmulo de Ananka. É deixado ao filho do descobridor original desvendar o mistério e proteger sua esposa Isobel, que tem uma notável semelhança com a princesa.

Comentários:
Esqueça a moderna franquia da múmia, que mais parece um vídeo game de uma imitação de Indiana Jones. Estamos aqui na presença de mais uma pequena obra prima do estúdio inglês Hammer. O elenco já é de arrepiar os fãs do cinema clássico de terror com Peter Cushing e Christopher Lee. Essa dupla certamente fará os fãs se lembrarem dos filmes de Drácula da própria Hammer mas aqui a proposta é diferente. O roteiro procura explorar mais esse monstro, a múmia, que ao lado do conde vampiro da Transilvânia e do Lobisomem fizeram a alegria dos fãs em matinês lotadas dos anos 1950. Lee e Cushing estão impagáveis mas quem acaba roubando a cena é a direção de arte e a maquiagem do filme. O trabalho que foi feito em Christopher Lee até hoje me soa bem satisfatório. Poderia ser apenas um ator enrolado em panos de mumificação mas os maquiadores da Hammer optaram por fazer algo muito mais bem realizado. E mesmo sob fotografia colorida tudo sai muito convincente, mesmo nos dias atuais. A Hammer compensava muitas vezes orçamentos limitados com muita imaginação. Nos dias de hoje muitos irão obviamente reclamar da precariedade de certos efeitos visuais e dos figurinos do Egito Antigo mas isso deve ser deixado de lado pois a Múmia é de fato ainda muito divertido e até mesmo marcante, já que seu clima caprichado, muito bem trabalhado, compensa todas as limitações da produção do filme na época.

Pablo Aluísio.