"Velharias, mas de ouro!", foi assim que John Lennon uma vez se referiu a algumas antigas canções dos Beatles. Sem dúvida essa frase se encaixa perfeitamente para definir essas músicas deste CD especial. Depois de anos ouvindo tudo sobre Elvis como takes alternativos, shows, bootlegs, versões inéditas, voltar para ouvir essas canções foi antes de tudo um momento de nostalgia. Todo fã de Elvis deve ter começado a gostar do cantor ouvindo justamente essas faixas, as mais conhecidas, as oficiais. E também as de maior sucesso. O público brasileiro vai sentir a ausência de músicas que fizeram enorme sucesso no Brasil e que não estão aqui, como "Kiss me Quick" ou "Sylvia". Mas acontece que esse CD traz apenas as mais tocadas nos EUA e Inglaterra. Um artista como Elvis, de fama internacional, não poderia e jamais poderá ser resumido em um único CD. Cada país tem suas faixas preferidas, cada povo elegeu músicas diferentes para amar e isso, é óbvio, aconteceu com o mais internacional de todos os cantores, Elvis Presley. Provavelmente o fã médio de Elvis no Brasil (digo o mais comum, não o mais ligado ao Rei, nem muito menos o expert) não conheça, nem nunca tenha ouvido "Cryng in The Chapel" ou "In the Guetto". Mas, sentiu a falta daquela ou de outra que não está aqui entre as trinta. Mas isso é inevitável. De qualquer forma, poderíamos imaginar mais uns dez CDs de Elvis apenas com seus momentos imperdíveis, pois o legado de Elvis Presley é imenso, nunca será resumido em uma caixa de CDs, ainda mais em apenas um título. Ouvir novamente Elvis, trazido de novo à tona pela tecnologia só vem confirmar uma coisa: Elvis é ótimo, seja em um vinil cheio de chiados, em um 78 RPM de cera ou em um CD tinindo de novo. A Arte de Elvis é que é relevante, em qualquer tempo e de qualquer forma. Mas chega de papo, vamos dissecar agora para você o CD "Elvis number one Hits" ou "As velharias douradas de um Rei":
Heartbreak Hotel (Axton / Durden / Presley) — O primeiro grande sucesso de Elvis em nível nacional foi lançado em Janeiro de 1956 com "I was the one" no lado B alcançando o primeiro lugar na parada americana e européia. A música foi escrita especialmente para ele e se tornou uma de suas marcas registradas. Foi gravada em 10 de janeiro de 1956 no estúdios da RCA em Nashville. Foi gravada na primeira sessão de Elvis na RCA. Para tentar reproduzir o som das gravações da Sun Records, o engenheiro Bob Ferris construiu uma câmara no prédio do novo estúdio, buscando eco de telhas e vidro. Inacreditáveis as guitarras acústica e elétrica de Chet Atkins e Scotty Moore na gravação. A companhia de discos a considerou "um desastre", imprópria para tocar no rádio. Cinco semanas depois, tornava-se seu primeiro hit número 1 Como ficou: A gravação ficou muito mais "limpa". Alguns fãs mais antigos afirmaram que o "eco da Sun", marca registrada das primeiras músicas de Elvis, também foi eliminado, de forma equivocada. Mas, de qualquer forma a canção ganhou mais nitidez, sem sombra de dúvida. (Nota 8,5)
Don't be Cruel (Presley / Blackwell) - Lançado em um single juntamente com "Hound Dog". Elvis em diversas entrevistas nos anos cinqüenta afirmou ser esta a sua música preferida. Seu produtor na Sun Records, Sam Philips, declarou: "...Não gostei de Heartbreak Hotel, mas quando ouvi Don't be Cruel eu pensei comigo mesmo: Agora eles descobriram o que fazer com o talento de Elvis". Foi lançada em julho de 1956 atingindo o primeiro lugar rapidamente. Foi durante a apresentação desta música que Elvis foi censurado no Ed Sullivan Show pois os produtores do programa resolveram só o mostrar da cintura para cima! Sem dúvida este ato simbolizou todo o moralismo da sociedade americana dos anos 50. "Don't be Cruel" foi gravada em 2 de julho de 1956 em Nova Iorque. Finalmente o single Hound Dog / Don´t Be Cruel foi lançado em 13 de julho de 1956 e ganhou ouro quase na mesma semana Como ficou: A nova mixagem não acrescentou muito, pois a gravação original sempre foi muito boa, felizmente eles não mexeram no equilíbrio Elvis x banda. (Nota 9,0)
Hound Dog (Jerry Leiber / Mike Stoller) — Sem dúvida uma das mais conhecidas músicas de Elvis. Originalmente foi lançada por Willie "Big Mama" Thornton em 1953. A Versão de Elvis surgiu como lado B do single "Don't Be Cruel" alcançando o primeiro lugar nas paradas em julho de 1956. Foi uma das mais difíceis de gravar levando Elvis e seu grupo a produzir mais de trinta takes!. Finalmente Elvis se deu por satisfeito escolhendo uma das versões como definitiva. Elvis a apresentou no programa de Milton Berle na TV americana numa das melhores performances de sua vida. Foi gravada em 2 de julho de 1956 nos estúdios da RCA em Nova Iorque. Anos depois Stoller se manifestou: "Hound Dog foi feita para ser cantada por uma mulher...mas a versão de Elvis ficou tão legal que ninguém se tocou sobre isso. Elvis conhecia a versão original de Big Mama Thornton, mas só optou por cantá-la após ouvir a versão de Freddie and The Bellboys em Las Vegas, em maio de 56. Antes de gravar a canção, Elvis já a havia cantado duas vezes na TV. Quando chegou a hora de gravá-la, precisaram executá-la 31 vezes para obter a versão perfeita" Como ficou: O mesmo comentário feito a "Don't be Cruel" se aplica aqui, até mesmo porque ambas as canções foram gravadas nas mesmas sessões. A Master original foi respeitada, enfim. (Nota 9,0)
Love Me Tender (Presley / Matson) - Música título de seu primeiro longa Metragem que no Brasil recebeu o nome de "Ama-me Com Ternura". O titulo original do filme era "The Reno Brothers" mas com a ascensão do Rei resolveu-se mudar o titulo para aproveitar o sucesso do cantor. A estória se passa durante o final da guerra civil norte americana e trata da delicada disputa de uma mulher por dois irmãos. A trilha foi lançada em um compacto duplo com "We're Gonna Move", "Let Me" e "Poor Boy" todas de autoria de Elvis Presley e Vera Matson. Era o inicio de uma carreira cinematográfica que iria contar com mais de trinta filmes. "Love Me Tender" foi gravada em Agosto de 1956 nos estúdios I da 20th Century Fox em Hollywood. Ele não contou com sua banda tradicional e sim músicos determinados pelo estúdio cinematográfico da Fox. Elvis produziu Love me Tender durante sua primeira sessão de gravações na Costa Oeste, em agosto de 1956. Ele apresentou a canção no The Ed Sullivan Show, em 9 de setembro. Provavelmente, este foi o primeiro disco da história a ter 1 milhão de cópias pré vendidas, graças à expectativa gerada em torno de seu lançamento. Como ficou: Para falar a verdade esperava muito mais de "Love Me Tender" neste CD. Eles não conseguiram deixar a música 100% límpida. Um incômodo chiado permanece, o mesmo de todas as outras versões anteriores. A música é clássica, acima de todas esses percalços, mas sua média cai por causa das expectativas não realizadas. (Nota 7,0)
Too Much (Rosenberg / Weinman) - Música título de um single lançado em janeiro de 1957 com "Playing for Keeps" alcançando o primeiro lugar nas paradas americanas. O disco foi lançado num momento em que Elvis estava sendo muito visado pela mídia norte americana por causa das polêmicas apresentações dele no Ed Sullivan Show e nos programas de Milton Berle e Steve Allen. Foi gravada em 2 de setembro de 1956 juntamente com as músicas que fizeram parte do segundo disco do cantor "Elvis". Como ficou: Melhora sensível, mas sem surpreender. Felizmente novamente não colocaram a voz de Elvis na frente de sua banda, o que é muito errado com essas remixagens. Elvis queria que sua voz fosse envolvida pelo conjunto e não que fosse destacada. Pelo respeito leva uma boa nota. (Nota 9,0)
All Shook Up (Elvis Presley / Blackwell) — Esta canção alcançou tamanho sucesso quando lançada que se tornou parte do vocabulário da juventude norte americana da época. Elvis alcança uma das mais brilhantes interpretações de sua vida resultando num dos singles mais vendidos de sua carreira. A canção chegou a Elvis através de Steve Sholes, seu produtor na RCA Victor. O single alcançou o primeiro lugar da parada da revista Billboard em março de 1957 tendo sido gravada em 12 de janeiro do mesmo ano nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. Esta canção foi gravada primeiramente como I´m All Shook Up por David Hill, na Aladdin Records. Elvis gravou fazendo percussão na parte de trás do violão. O single ficou durante nove semanas no topo das paradas dos EUA, seu maior tempo consecutivo como número 1. Também foi seu primeiro número 1 na Inglaterra. Como ficou: A melhora aqui é bem sentida, pois a gravação de All Shook Up sempre foi problemática, com muito "abafamento". É sem dúvida a melhor mixagem dessa canção, a equalização foi mantida e os chiados retirados. A melhor do disco, nos faz redescobrir toda a beleza da música. (Nota 10)
Teddy Bear (Mann / Lowe) - No auge do sucesso de Elvis correu um boato que ele adorava ursinhos de pelúcia, apesar de não ser verdade o boato ganhou força e de um momento para o outro o cantor se viu num mar de bichinhos dados pelos seus fãs. Para aproveitar esta história foi composto este grande sucesso que alcançou o primeiro lugar da parada de singles da Revista Billboard com "Loving You" no lado B. Este compacto simples foi lançado em junho de 1957. "Teddy Bear", por sua vez, foi gravada nos estúdios Radio Recorders em 24 de janeiro de 1957. O "Teddy" do ursinho é uma homenagem ao presidente americano Theodore Roosevelt. Ainda é uma das mais queridas músicas de Elvis principalmente pelas mulheres. É a representante no CD da trilha do filme "Loving You" (a mulher que eu amo, 1957). Como ficou: A master sempre foi muito bem gravada, por isso nem toda a tecnologia do mundo iria melhorá-la. Não se melhora o que por si já é perfeita. No mais é outro bom momento desse CD. (Nota 9,0)
Jailhouse Rock (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Música título do terceiro filme estrelado por Elvis que no Brasil recebeu o nome de "O Prisioneiro do Rock", sendo que sua trilha foi lançada em um Compacto Duplo em outubro de 1957. Foi ainda lançada como single em setembro de 1957 com "Treat Me Nice" no lado B. O Sucesso foi imediato e o single chegou ao primeiro lugar na parada americana. A cena do filme em que Elvis apresenta esta canção é considerado o melhor momento do cantor no cinema. Leiber e Stoller afirmaram posteriormente que sua intenção era "...imitar o som de pedras quebrando" o que de certa forma foi conseguido. Foi gravado em 30 de abril de 1957 nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. Assim Elvis ignorou a intenção satírica dos autores (Jerry Leiber e Mike Stoller) e interpretou a canção com fúria. Jailhouse Rock foi o primeiro single da história a ir direto para o topo das paradas no Reino Unido. Como ficou: Ficou bem melhor com essa nova "roupagem". As melhoras foram sensíveis e em muitos casos imperceptíveis, mas que no conjunto se revela superior às anteriores. (Nota 9,0)
Don't (J.Leiber/M.Stoller) - Esta é especial! Uma das melhores baladas românticas de todos os tempos escrita pelos maravilhosos Leiber e Stoller. Elvis sem dúvida se superou nestas sessões pois ao lado de seus músicos gravou os maiores sucessos da época. "Don't" foi gravada em 6 de Setembro de 1957 nas mesmas sessões que deram origem ao disco "Elvis Christmas Album". Foi lançada como título de um single em Janeiro de 1958 atingindo rapidamente o primeiro lugar nas paradas. É desta forma considerada uma das grandes baladas de Elvis, com temática adolescente. Como ficou: Outra canção que sempre trouxe problemas, principalmente por ser muito mal equalizada. Mas aqui eles melhoraram todas as nuances e corrigiram seus defeitos. Novamente a tecnologia veio para melhorar outra obra prima. Destaque que vale o preço do CD. (Nota 10)
Hard Headed Woman (Claude DeMetrius) - Esta foi lançada em single junto com "Dont Ask me Why" em Junho de 1958 atingindo o segundo lugar na parada da revista Billboard e o primeiro na Inglaterra. Trata-se de um Rock'n'Roll rápido com um acompanhamento de metais que se sobressaem no conjunto. Foi gravada no dia 15 de janeiro de 1958. Aqui está um caso raro no mundo da música, um exemplo perfeito de "Jazz-Rock". Como ficou: Como faz parte de "King Creole" (Balada sangrenta, 1958) o número de instrumentos é bem maior que o normal. Mas a remixagem foi bastante correta. Nem mexeu e muito menos a estragou. Ficou básica e na média o que em se tratando de algumas outras versões aqui é um mérito respeitável. (Nota 8,5)
One Night (Bartholomew/King) - A Versão original desta canção foi lançada por Smiley Lewis em 1956 pelo selo Imperial. A Versão de Elvis se tornou um grande sucesso. Ele a utilizou também dez anos depois no memorável NBC Special em 1968 (Comeback Special). A letra mais uma vez foi considerada ofensiva o que fez a produção mudá-la de forma a torná-la mais aceitável. A versão com a letra completa foi lançada muitos anos depois como "One Night a Sin". "One Night" chegou ao quarto lugar nas paradas em Outubro de 1957 nos EUA e ao topo na terra dos Beatles. Para aplacar a sanha dos censores, essa música teve um verso mudado. Em vez de "One night of sin is what I´m not praying for" (Uma noite de pecado é para o que não estou pagando), ele cantou "One night with you is what I´m now praying for" (Uma noite com você é pelo que estou rezando agora). Ainda assim, foi considerada escandalosa. Como ficou: Não era bem o que eu esperava, esperava bem mais na verdade. Mas ficou ok. Nada demais e no geral seguiu as diretrizes básicas da master. (Nota 8,5)
A Fool Such As I (B.Trader) - Lançada originalmente em 1952 por Hank Snow pela RCA. Balada romântica excepcional que marcou toda uma época! A vocalização dos Jordanaires se faz presente de forma maravilhosa pois ecoa em harmonia com a voz do Rei. Elvis chegou a concorrer a um Grammy de "Melhor canção do ano" por esta música. Ela foi gravada no dia 10 de junho de 1958 contando com as preciosas colaborações de Chet Atkins na guitarra (Ele iria se tornar o produtor de Elvis nos anos sessenta), Floyd Cramer no piano e Buddy Harmon nos bongôs. Como ficou: Houve uma mudança significativa aqui, e não para melhor. Para falar a verdade a nova mixagem pode ser classificada como "desastrosa". A primeira versão foi produzida pelo próprio Elvis, com clara intenção de instrumentos e voz bem misturados, sem predominar nenhum deles sobre os demais. E o que fizeram? colocaram a voz de Elvis em destaque, os instrumentos, principalmente a guitarra de Scotty Moore sobressair sobre o resto da banda e o acompanhamento vocal dos Jordanaires praticamente sumiu, o que na versão original era destaque aqui simplesmente ficou inaudível. Exemplo de como não se mexer em algo que não se domina. (nota 2,0)
A Big Hunk O'Love (Schroder/Wyche) - Primeiro lugar em Junho de 1959. Esta acabou se tornando parte do repertório fixo do cantor nos anos setenta, porém como sempre a sua versão "anos 50" é bem superior a seu arranjo "70s", ouça a versão no LP "Aloha From Hawaii" de 1973. Elvis Presley a gravou em 10 de junho de 1958 em Nashville. Gravada durante o engajamento de Elvis na campanha militar, na Alemanha, quando estava de passagem por Nashville de licença. Como ficou: Não entendo. Porque detonaram "A Fool Such As I" e fizeram tudo certo aqui? As gravações foram das mesmas sessões e no entanto aqui foi respeitado a versão "clássica" e na anterior simplesmente destruíram o equilíbrio vocal x banda. Vai merecer boa nota por ter mantido o devido respeito. (nota 9,0)
Stuck On You (Schroder/McFarland) - Canção título do primeiro single lançado por Elvis após seu retorno aos Estados Unidos em 1960. Elvis a apresentou no especial de TV "welcome Elvis" apresentado por Frank Sinatra, mais conhecido como "the voice". Na ocasião Presley fez um dueto com Mr.Sinatra no medley "Witchcraft / Love Me Tender". Interessante salientar que nos anos 50 Sinatra afirmara "O Rock'n'Roll é um ritmo cantado e escutado por cretinos". Bem, Sinatra nunca foi conhecido por sua eloqüência mesmo, mas pelo talento dele a gente perdoa. Na volta a Nashville, em 1960, ele gravou essa canção num estilo diferente, mas que, em apenas alguns dias vendeu 1,4 milhão de discos. Como ficou: Esse é um caso em que a nova mixagem melhorou e muito a versão master original. Ficou muito mais presente a parte instrumental, assim como o acompanhamento vocal dos Jordadnaires. Excelente. (Nota 10)
It's Now Or Never (Schroder/Gold) - Versão em língua inglesa para a conhecida canção napolitana "O Sole Mio" (que fez parte da trilha da novela "Terra Nostra"). "O Sole Mio" foi gravada por inúmeros artistas ao longo da história, sendo que em 1899 ela ganhou o festival Napolitano Piedigrota, considerado um dos mais importantes da Europa. A Primeira versão em língua inglesa foi gravada por Tony Martin em 1949 com o título de "There's no Tomorrow". Em 1960 Elvis Presley gravou sua versão que se tornou um de seus maiores sucessos alcançando o primeiro lugar em Agosto de 1960. Gravada pouco mais de uma semana após Stuck on You, vendeu 10 milhões de discos do single mundo afora. É um dos maiores sucessos do cantor. Como ficou: It's Now or Never sempre foi uma gravação muito boa. Como regra geral as melhoras daqui em diante são altamente relevantes, até porque desse ponto em diante as masters originais foram produzidas nos anos 60, com melhor qualidade técnica. (Nota 10)
Are You Lonesome Tonight? (Turk/Handman) - Outra versão de Presley para uma música do início do século XX. "Are you Lonesome Tonight ?" foi grande sucesso na era do cinema mudo com o cantor Al Jolson (Que iria estrelar o primeiro filme falado da história "O Cantor de Jazz") em 1926. Em 1959 surgiria outra versão com Jaye P. Morgan pela própria RCA. Finalmente a versão de Presley foi gravada no dia 4 de Abril de 1960 e lançada em Novembro do mesmo ano se tornando mais uma música de "the pelvis" a atingir o Primeiro lugar entre os mais vendidos. Bela balada gravada originalmente por Vaughn DeLeath, em 1927, cuja versão definitiva e mais famosa acabou sendo mesmo a de Elvis. Como ficou: A voz de Elvis realmente recebeu um tratamento altamente digno. As mais significativas mudanças são percebidas na parte falada, onde realmente se nota a grande qualidade técnica realizada pela RCA BMG. (Nota 10)
Wooden Heart (adapt:Kaempfert/Wise/Weisman) - A melhor música de todo o disco "G.I.Blues". É baseada na canção folclórica Alemã "Muss I Denn". A cena que Elvis a apresenta no filme (com as marionetes) é a melhor parte de toda a película. A canção foi lançada em compacto na Alemanha e no restante da Europa alcançando um tremendo sucesso. O Single norte-americano com "Wooden Heart" só foi lançado no final de 1964, ou seja, quatro anos depois!!! É digno de nota a ótima adaptação do maestro alemão Bert Kaempfert e o acordeonista Jimmie Haskiell. Ela foi gravada no dia 27 de Abril nos estúdios Radio Recorders em Hollywood. Como ficou: Que Pena! O que fizeram com Wooden Heart? A versão do CD da trilha de "G.I.Blues" (saudades de um pracinha, 1960) é bem melhor, sem nenhuma mixagem nova. Aqui se nota, com tristeza, a má qualidade desta versão, abaixo de qualquer expectativa, esperava mais, bem mais. Em uma palavra: decepção. (Nota 2,0)
Surrender (Pomus/Schuman) - Outra versão de uma canção italiana vencedora do Festival Napolitano de Piedigrotta no ano de 1909. "Torna a Sorriento", seu título original, foi gravada pelo cantor Mario Lanza em 1951 pela RCA. Presley era grande Fã de Lanza o que justifica a gravação desta música. Assim como aconteceu com "It's Now or Never" esta canção se tornou líder das paradas quando foi lançada em Fevereiro de 1962. Elvis aqui esbanja seu poderio vocal numa interpretação que deixaria o velho Lanza orgulhoso. Assim como It´s now or never, foi reescrita de uma canção italiana para um grande sucesso, Torna a Sorrento, que até Dean Martin havia gravado. Como ficou: "Surrender" está linda, acima de qualquer crítica. Altamente bem equilibrada, principalmente na parte final onde Elvis Lanza nos brinda com seu poderio vocal. (Nota 10)
(Marie's the Name) His Latest Flame (Pomus/Schuman) - Priscilla Presley relata em seu livro "Elvis & Eu" (Elvis and Me, Ed. Rocco, 1985) que pensou seriamente que Elvis estava envolvido com uma garota chamada "Marie" quando esta canção foi lançada. Isto reflete bem o pensamento juvenil da garota de 14 anos que se apaixonou por Presley em 1958 e que iria se casar com ele em 1967. Priscilla, que era filha de um oficial da Força Aérea, conheceu Elvis quando ele servia o exército Americano na Alemanha. Foi uma paixão avassaladora entre ambos, tanto que Elvis nunca iria se recuperar de seu divórcio em 1973 quando Priscilla o abandonou. Foi o lado A de um single com Little Sister e as rádios dos EUA tiveram problemas em promover as duas canções, que competiam entre si e acabaram alcançando apenas as 4ª e 5ª posições, respectivamente, nas paradas americanas. Mas alcançou o topo no Reino Unido. Como ficou: Outra que sempre foi muito bem gravada. É o típico caso em que tudo o que os engenheiros da gravadora deveriam fazer é nada fazer. "Se mexer piora". (Nota 10)
Can't Help Falling In Love (Peretti/Creatore/Weiss) -- Canção baseada em "Plaisir d'Ámor" do compositor francês de origem alemã Jean Paul Martini. A versão de Presley foi muito feliz pois foi muito bem adaptada. O maior sucesso do filme. Quando foi lançada em Single em Novembro de 1961 alcançou um enorme sucesso de vendas. Nos anos setenta ela seria utilizada como desfecho de todos os seus shows. Nos anos 90 o grupo UB40 faria uma nova versão de grande sucesso. Parte da trilha sonora do filme Blue Hawaii. O álbum ficou durante incríveis 20 semanas no nº 1 e vendeu mais de 2 milhões de exemplares. Como ficou: Linda, dispensa maiores comentários, muito superior a qualquer outra versão. Essa é a versão oficial da trilha de "Blue Hawaii" (Feitiço Havaiano, 1961) em minha opinião sempre foi insuperável, principalmente por seu arranjo primoroso. (Nota 10)
Good Luck Charm (Schroder/Gold) - Esta canção foi a última de Elvis até "Suspicious Minds" a alcançar o primeiro lugar entre os singles mais vendidos da parada americana. Isto reflete de certa forma a dificuldade no qual Elvis iria passar até 1969 quando ele voltaria de novo ao topo. Entre as causas desta "maré baixa" enfrentada por Elvis estavam a má qualidade de suas trilhas de filmes aliados à crescente concorrência da invasão britânica (Beatles e Rolling Stones). Gravado em Nashville, este pop típico dos 60 foi finalizado em apenas quatro tentativas. A última tornou-se um single, com Anything That´s Part of You no lado B Como ficou: Exemplo de boa mudança. A guitarra de Scotty Moore, antes bastante ofuscada, aqui se faz mais presente. Os vocais idem. Em suma, mudança para melhor. (Nota 8,0)
She's Not You (Pomus/Stoller/Leiber) - Uma rara parceria entre Leiber & Stoller e o compositor Pomus. O Resultado infelizmente não fez jus ao talento das partes envolvidas. Esta é uma canção de Presley que envelheceu o que de certa forma não aconteceu com a maioria das canções de Elvis. Ela foi lançada em Agosto de 1962 com "Just tell Her Jim Said Hello" no lado B. Como ficou: Interessante. Essa música sempre foi considerada mal gravada. Mas agora ganha sua chance de ter uma versão melhor. E é o que acontece, renasceu de anos de descuido. Agora está bastante modificada e melhorada. (Nota 8,0)
Return To Sender (Blackwell / Scotty) - O grande sucesso do filme "Girls, Girls, Girls" (Garotas e mais garotas, 1962). Foi lançado como lado principal de um single de grande sucesso. Chegou ao segundo lugar nas paradas americanas e ao topo nas britânicas. Aqui Elvis homenageia o estilo do cantor de soul Jackie Wilson. Inclusive na cena em que ele canta esta música ele faz questão de usar os mesmos movimentos de Wilson. Um fato curioso e engraçado: Uma vez em Las Vegas um sujeito jogou um sapato no palco, Elvis que não perdia uma piada, pegou o sapato e jogou de volta cantando "Return to Sender" (de volta ao remetente). A plateia foi ao delírio. Em tempo: a música é de autoria do guitarrista Scotty Moore. Como ficou: Dançante, essa é a prova de falhas. A voz de Elvis ficou um pouco destacada demais, mas não chega a comprometer o resultado final. (Nota 8,5)
(You're The) Devil In The Disguise (Giant / Baum / Kaye) - Sempre foi considerada meio bobinha e tal, foi gravada em uma sessão em 1963, como uma forma do cantor se afastar um pouco das trilhas sonoras. Apesar de tudo fez sucesso, chegando ao terceiro lugar nos Estados Unidos e ao primeiro na Inglaterra. Fez parte do disco "Elvis Gold Records vol.4". Foi usada este ano para o filme "Lilo & Stitch" e se adaptou muito bem aos planos da Disney. Um fato curioso sobre essa música: depois de 11 de setembro, um grupo de rádios dos EUA resolveu retirar certas canções de suas programações por serem ofensivas ao momento que o país enfrentava, por mais incrível que possa parecer essa estava na lista pela simples razão de ter "devil" em seu título! absurdo total. Como Ficou: Já havia sido restaurada antes e por isso não houve mudanças significativas, praticamente ficando na mesma. (Nota 8,0)
Crying In The Chapel (Artie Glenn) - Escrita por Artie Glenn em 1953 com apenas 16 anos de idade. Chegou ao primeiro lugar nas paradas R&B com o obscuro grupo Sonny Till and the Orioles. Em 1953 esta música explodiu nas paradas nas vozes de Rex Allen e June Valli. A versão de Elvis foi gravada em 1960. Se tornou um single de enorme sucesso em 1965. O sucesso foi tamanho que o single com "I believe in the man in the Sky" (canção do disco "His Hand In Mine") no lado B chegou ao primeiro lugar na parada britânica. Devido a toda esta repercussão a canção foi incluída no disco para ajudar em sua promoção. Como ficou: Ficou bom demais. Quem conhece a canção através do "His Hand In Mine" não sabe o que está perdendo. A voz de Elvis está excelente, dá para ouvir os mínimos detalhes. 10 com louvor! (Nota 10)
In The Guetto (Mac Davis) - Em meio ao furacão que foi os anos sessenta Elvis lançaria esta música que trazia um conteúdo político em sua letra. A Guerra do Vietnã, a revolução sexual e a luta dos negros contra o preconceito racial (luta pelos direitos civis) eram alguns dos fatos que estavam na ordem do dia. Elvis Presley não poderia ficar à margem de tudo isso. Em uma entrevista coletiva o repórter perguntou a Elvis: "Está tentando mudar sua imagem com temas tipo "In The Guetto"? Elvis respondeu: "Não. 'Guetto' é uma grande música e simplesmente não poderia dispensá-la após tê-la escutado". "In The Guetto" foi lançada em abril de 69 como single alcançando o terceiro lugar das paradas dos EEUU e topo no Reino Unido. Sem dúvida a mais política das canções de Elvis, escrita por Mac Davis. Como ficou: Melhorou muito, principalmente em sua introdução. O dedilhado do violão está mais presente e vivo, assim como o coro feminino. Destaque também para o arranjo de orquestra. (Nota 10)
Suspicious Minds (Mark James) - O grande sucesso de Elvis no final dos anos sessenta. O single "Suspicious Minds" ocupou a primeira posição no hit parade mundial quando foi lançado. A canção em si é muito bem arranjada e faz parte das maravilhosas sessões de Elvis em Memphis no American Studios. Elvis aqui conta com ótimo material composto por Mark James, que iria se tornar um de seus principais compositores nos anos 70 ao lado de Dennis Linde, Tony Joe White, Joe South, Jerry Reed e Mac Davis. Em 2001, depois de mais de 30 anos, esta canção voltou às charts da Inglaterra. Reconhecida como a mais bela balada de Elvis. O single estreou na 77ª posição e subiu 40 lugares em apenas uma semana. Depois de oito semanas, tornou-se o primeiro nº 1 de Elvis nos EUA, reconciliando-o com o sucesso. Como ficou: Essa, como todas as outras do CD é a versão oficial que saiu em single. "Suspicious Minds" é acima de qualquer juízo de valor que se possa fazer, é um desses momentos ímpares. Nada restou para melhorar, ela está aqui como foi concebida: simplesmente intocável e perfeita. (Nota 10)
The Wonder of You (Baker Knight) - Sucesso do cantor Ray Peterson em 1959. A versão de Elvis Presley foi título de um single lançado em Abril de 1970 junto com "Mama Like the Roses" (esta gravada em Memphis em 1969). O single chegou ao nono lugar nos EUA e primeiro na Inglaterra, resultando em mais um disco de ouro na carreira do cantor. Bela canção que representa muito bem o tipo de trabalho que Elvis Presley fazia em sua volta ao palcos no final dos anos 60 e começo dos anos 70. Foi muito utilizada em seus primeiros shows, mas depois foi deixada de lado pelo próprio Elvis, principalmente a partir de 1972. Como ficou: Essa é a versão do single, pouco conhecida no Brasil, onde todos tem mais afinidade com a versão do disco "On Stage". Prefiro também a versão do disco, mas aqui tudo está bem correto. (Nota 8,5)
Burning Love (Dennis Linde) - Um dos grandes sucessos de Elvis em sua carreira. Foi lançado inicialmente como single em agosto de 1972, com "It's a matter of Time" no lado B e se tornou o seu compacto simples mais vendidos dos anos 70. Tamanho o sucesso, que o coronel Parker, inventou o disco "Burning Love and Hits from his movies", que lançado em outubro de 72 se tornou também um êxito. Elvis, por sua vez, mandou confeccionar uma roupa especial, toda vermelha, chamada "Burning Love" que ele usou pela primeira vez na cidade de El Paso. O cantor estava na fossa, tinha acabado de se separar em março de 1972. Portanto, ele não queria gravar essa música alegre. Era o único a não acreditar no sucesso desse rock elétrico. Acabou virando o maior sucesso de Elvis nos anos 70. Como ficou: Ficou ótima, a mixagem deu uma geral e o resultado foi muito bom. A única diferença a se notar talvez seja em relação ao coro vocal, aqui mais discreto que nas outras versões. No mais é uma delícia queimar em seu embalo. (Nota 10)
Way Down (Martine) - Essa música fez parte do último disco de Elvis Presley, intitulado "Moody Blue". Gravada na "Sala das Selvas" em Graceland, quando Elvis já não tinha mais saco para ir para Nashville. Grande sucesso de Elvis que quando foi lançado como single em Julho de 1977 chegou ao primeiro lugar nas paradas britânicas. Conta com ótimo arranjo e maravilhoso acompanhamento do cantor J.D.Summer. Foi gravada no dia 29 de outubro de 1976 em Graceland. Como ficou: Rockabilly temporão, essa música foi gravada nos anos 70, em uma época já bastante avançada em termos técnicos, por isso nada a acrescentar, continua a mesma. Melhoraram um pouco no vozeirão de J.D. Summer. Divertida, acima de tudo. E pensar que ela foi gravada em Graceland... (Nota 8,0)
A Little Less Conversation (Mac Davis / Strange) - Uma canção obscura dentro da discografia de Elvis, fez parte do filme "Live a Little, Love a Little" (Viva um pouquinho, Ame um pouquinho, 1968) no final dos anos 60. No Brasil ela só foi lançada uma única vez, e mesmo assim em 1971 no também cavernoso disco "Almost in Love". Isso mudou radicalmente quando o DJXL resolveu fazer um remix em cima da música. Bingo! Com o apoio da Nike que a colocou em um de seus comerciais durante a Copa do Mundo 2002, a música se tornou um tremendo sucesso chegando ao primeiro lugar em inúmeros países. Foi a canção que comandou a verdadeira "Elvismania" que tomou conta do planeta em 2002. Como ficou: Um caso típico de "Frankestein Musical" no bom sentido. As alterações foram positivas, a canção apesar de não ter feito sucesso nenhum quando ela foi lançada em 1968, é muito boa. A essência básica foi mantida, ou seja, muita alegria e embalo. Mas, chega de papo, um pouco menos de conversa e um pouco mais de ação, por favor! Tá esperando o quê? Vai logo comprar o Elvis Number one Hits. Obs: As Notas dadas se referem às mudanças introduzidas pela nova tecnologia e não às canções em si.
Pablo Aluísio.
Avaliação:
ResponderExcluirProdução: ★★★
Arranjos: ★★★
Letras: ★★★
Direção de Arte: ★★★
Cotação Geral: ★★★
Nota Geral: 7.9
Cotações:
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★ Ruim