Hoje me peguei ouvindo esse Bootleg de Elvis Presley, um título de que gosto bastante. Aliás eu sempre fui particularmente interessado nas turnês que Elvis realizou em 1977. Durante muitos anos ouvimos falar dos últimos shows de Presley, de que ele estaria caindo pelo palco, dando ataques e coisas do tipo. Tudo bobagem. Claro que ele não era mais o garotão de 1956 mas sim um homem de 42 anos, então seria mais do que óbvio que havia diferenças de performances entre seus primeiros anos e agora. De qualquer modo ouvindo o cantor em registros como esse não há como negar que dentro de suas condições físicas e emocionais Elvis ainda era capaz de produzir e trabalhar com qualidade e respeito aos seus fãs.
Eu certamente já ouvi centenas e centenas de registros como esse e sempre admiro a capacidade de Elvis em trabalhar sem trégua, atravessando os EUA de costa a costa para se apresentar nas mais distantes cidades (uma pena que não tenha saído do país para visitar outros povos mundo afora, pois certamente seria um sucesso sem precedentes, até porque estamos falando de Elvis Presley um dos maiores ícones da música mundial). Pois bem, aqui está Elvis se apresentando nas cidades de Charlotte e Montgomery em fevereiro de 1977. Ouvir essas faixas é fascinante pois podemos até mesmo visualizar o grande cantor trabalhando com a dignidade que lhe era peculiar. E como disse há muitas preciosidades aqui. Das faixas eu destaco logo uma divertida versão de “Are You Lonesome Tonight?” onde Elvis mais uma vez erra a letra e dialoga de forma muito engraçada com uma mulher na plateia que tenta lhe ensinar os versos certos da canção. Aqui temos uma prova do bom humor do astro que não perdia a chance de fazer uma piada.
Em seus concertos Elvis usava um repertório básico que estava sempre à mão mas em algumas circunstâncias ele procurava inovar trazendo canções novas para os shows.. É justamente isso que ocorre aqui quando Elvis resolve apresentar sua nova música, “Moody Blue”, recentemente gravada em estúdio (na verdade em Graceland), que inclusive daria nome ao seu último disco. Como a canção era muito recente em seu repertório Elvis logo trata de pedir desculpas ao público, avisando de antemão que vai ler a letra da música. “Moody Blue” como todos os fãs sabem era uma verdadeira raridade ao vivo e esse registro – em boa qualidade sonora – é uma preciosidade que não pode faltar em nenhuma coleção de fãs de Elvis. Inicialmente meio perdido, tentando se encontrar na melodia, Presley logo encontra o caminho certo e disponibiliza uma bela interpretação (não perfeita, não impecável, mas uma delicia para seus fãs). Outra raridade é o blues “Reconsider Baby” que aqui surge com ótimo arranjo, lembrando bastante a versão do disco "Elvis Is Back!" de 1960. James Burton inova em pequenos trechos em seu solo de guitarra mas isso em momento algum chega a descaracterizar esse blues que sempre foi um dos mais relevantes da discografia do cantor.
Outra preciosidade é "Where No One Stands Alone", gospel muito raro em concertos ao vivo. É de conhecimento geral que Elvis amava gospel, provavelmente mais do que qualquer outro estilo musical, e isso se revelava completamente em suas inspiradas interpretações. Esse era o tipo de música em que Elvis não abria espaços para performances medianas, fazendo de tudo para dar o melhor de si no palco. Cada sílaba, cada frase era entoada com o coração. Simplesmente emocionante. "Unchained Melody" com Elvis no piano também é de arrepiar. Nessa canção o cantor sempre conseguia atingir notas que até hoje impressionam os analistas. Mas afinal esse era o Elvis Presley destruído que tanto se canta em prosa e verso por aí? Ah os leigos e suas impressões apressadas e equivocadas... Enfim, esse era Elvis Presley cantando sua fé em seus momentos finais ao lado de seu amado e querido público. Nada a ver com um artista desmaiando no palco como tanto se fala por aí aos quatro ventos. O que ouço aqui é um artista plenamente consciente de sua importância e seu talento, se apresentando muito bem em respeito a todos os admiradores de sua música que foram aos seus shows. Simplesmente essencial.
Moody Blue & Other Great Performances (1995)
Are You Lonesome Tonight?
Reconsider Baby
Love Me
Moody Blue
You Gave Me a Mountain
Jailhouse Rock
O Solo Mio / It's Now Or Never
Little Sister
Teddy Bear / Don't Be Cruel
My Way
Release Me
Hurt
Why Me Lord
Polk Salad Annie
Where No One Stands Alone
Unchained Melody
Can't Help Falling in Love
Elvis Telephone Conversation
Pablo Aluísio.
NÃO CONHEÇO NENNHUM ARTISTA QUE REALMENTE AME OU AMASSE SEUS FANS COMO ELVIS...ELE AMAVA MESMO.
ResponderExcluirGRANDE HOMEM, UM SER HUMANO INIGUALÁVEL, DEFEITO
S TODAS AS PESSOAS POSSUEM, PORÉM ELVIS É SUPREMO, UM SEMIDEUS.
EU, VOCÊ E TODOS OS DEMAIS PASSAREMOS, MAS ELVIS PERMANECERÁ ETERNO.
ABRAÇO
Pablo:
ResponderExcluirEu tive a sorte de comprar um LP Moody Blue na época do seu lançamento. Eu quase furei o coitado de tanto ouvi-lo dia e noite. Alguns anos depois possuindo um maior sendo crítico, comecei e pensar. Se o Elvis soubesse que morreria pouco depois de gravar esse disco seria esse o tipo de música que ele preferiria deixar como último registro pra posteridade. Eu sou fã e adoro o Elvis cantando até "atirei o pau no gato", mas convenhamos; o Moody Blue é quase um disco caipira e o Elvis era o Rei do Rock, o cara que cantou Jailhouse Rock, Long Tall Saly e Hard Headed Woman como um demônio heavy metal, na década de '50.
Seria esse o seu último disco se soubesse que seu fim estava ali?
Na realidade Moody Blue e From Elvis Presley Boulevard são discos que nasceram juntos e são sem dúvida trabalhos com sabor country. As músicas foram selecionadas por ele e de certa forma retratavam o tipo de sonoridade que fazia sua cabeça na época. Sua pergunta é bem complicada porque apesar dos problemas Elvis não tinha a menor noção de que essas canções seriam as últimas de sua carreira. De qualquer modo gosto muito dessa fase dele, de certa forma ele tinha se tornado muito mais autêntico e honesto consigo próprio, cantando aquilo que sentia e pensava. São registroa maravilhosos. Penso que ele próprio acharia um belo legado final.
ResponderExcluirBonitas palavras Mariangela. Elvis de fato amava e respeitava muito seus fãs. Histórias dele dando toda a atenção e carinho aos fãs estão em todos os livros e artigos. Era um artista que tinha enorme respeito por seus admiradores. Abraços, Pablo Aluísio.
ResponderExcluirSabe Pablo; qundo você diz "de certa forma ele tinha se tornado muito mais autêntico e honesto consigo próprio" eu não tenho como discordar, pois, apesar de ser consagrado como o "Rei do Rock" parece que o Elvis nunca se sentiu muito confortável neste "trono" e que ele realmente era um cara simples que preferia cantar música country e gospel.
ResponderExcluirNa verdade o Rock era apenas uma parte da personalidade musical de Elvis. Era o tipo de música ideal para seus shows ao vivo, com o objetivo de animar o público, etc, mas nos estúdios, onde o ambiente era mais intimista, Elvis gostava mesmo era de cantar baladas românticas, gospel e country music. Seus últimos discos eram bem mais centrados nesse tipo de música e por isso algumas pessoas estranhavam pois havia pouco (ou nada) de rock na seleção musical desses LPs. Já para o fã de longa data isso não soava diferente ou estranho. Elvis era assim, o seu estilo era aquele que ouvimos em "Moody Blue", "Today", "Promised Land" etc. É o seu lado mais verdadeiro e pessoal. O curioso de tudo no final das contas é que essa fase final hoje se tornou bem mais popular para os jovens fãs do que a fase roqueira da década de 50. O tempo acabou dando razão a Elvis nesse ponto. Os anos lhe fizeram justiça. Abraços, Pablo Aluísio.
ResponderExcluirPablo:
ResponderExcluirEu acabo de assistir um show do Elvis em Nebraska feito em 19/06/1977 e te digo que realmente a coisa não estava boa.
Eu já vi você defender o Elvis dos que o acusam de ter shows muito ruins no final da sua vida, porem este show de Nebraska, em especial, é indefensável. Até a parte do canto do Elvis, que costuma ser irrepreensível, está duvidosa, o Elvis desafina em algumas canções, está sem energia, a voz está presa (acho que por conta das cintas que ele usava para conter a barriga), mas se isso já não fosse ruim o bastante o show é muito esquisito, por exemplo: na apresentação dos músicos cada um faz um solo insuportavelmente grande e o maior , pasme, é o do baterista (você já iui coisa pior do que solo de bateria?), ainda mais num show do Elvis em que o único que interessa é ele.
Cara, eu nunca tinha visto o Elvis tão mal e um show seu tão fraco. Se você ainda não viu esse , por favor, de uma conferida, é de arrepiar.
Serge, claro que existem shows fracos e ruins em 1977, afinal estamos falando de um artista com problemas de saúde, aos 42 anos e cumprindo uma agenda absurda de compromissos. Mesmo assim lhe digo: a imensa maioria dos shows que Elvis realizou em seu último ano são bons. Obviamente que não vou comparar com as apresentações em que ele era jovem, esbelto e cheio de energia. Tem que haver uma adaptação mas partindo do que já ouvi desse ano (posso dizer que ouvi praticamente todos os registros que sobreviveram de 77) afirmo que Elvis estava mesmo muito digno em seus concertos. Isso aliás só me fez mais admirador dele. Abraços, Pablo Aluísio.
ResponderExcluirEu também sou um fã ardoroso do Elvis Pablo. Foi só uma constatação da ruindade deste show em especial, porque eu como fã tenho difuculdades em achar o Elvis ruim, nem que seja por um dia sequer.
ResponderExcluirRealmenre Moody Blue é o melhor da Voz de Elvis. Madura, firme, poderosa!! E as músicas muito bem selecionadas. Adoro!
ResponderExcluirAvaliação:
ResponderExcluirProdução: ★★★
Arranjos: ★★★
Letras: ★★★
Direção de Arte: ★★★
Cotação Geral: ★★★
Nota Geral: 7.9
Cotações:
★★★★★ Excelente
★★★★ Muito Bom
★★★ Bom
★★ Regular
★ Ruim