sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

Elvis Presley - Os Anos Finais - Parte 17

Já que o ser humano Elvis era totalmente preso ao Elvis mito então ele teria que tirar algum proveito dessa situação. Talvez a fama o ajudasse de alguma forma na busca da satisfação de suas necessidades químicas mais urgentes. O fato de ser uma celebridade iria certamente lhe abrir muitas portas! O que importava para Elvis nesse período nebuloso de sua vida era suprir seu vício! Ele não se importava mais, nessa altura dos acontecimentos, com o que as pessoas próximas a ele pensavam de tudo o que estava acontecendo. Enquanto houvesse medicação suficiente para sua satisfação pessoal e enquanto tudo estivesse encoberto de seus fãs e imprensa, para ele tudo estaria bem. Elvis nunca reconheceu para si mesmo que estava perdido, que precisava urgentemente de um tratamento de desintoxicação. Em sua forma de ver as coisas ele era apenas uma pessoa doente que precisava desses remédios para se curar. Ele não se considerava um viciado em drogas, mas sim uma pessoa enferma.

Infelizmente só ele pensava dessa forma. Era fácil perceber que ainda estava na fase de negação. Por essa razão, para continuar firme em sua jornada insana de hedonismo químico travestido de ciclo de auto destruição, Elvis precisaria de alguma ajuda externa e facilmente ele a teria. Para quem dependia de sua fama para viver seria fácil. Em relação e eles Elvis não teria com o que se preocupar. Mas havia também as pessoas que não eram subordinadas diretamente a ele. Para essas a antiga solução ao velho estilo "Tom Parker": muito dinheiro vivo, em cash! Segundo a peça de acusação que foi elaborada contra um dos médicos de Elvis, para contornar essa delicada situação ele simplesmente os comprava de forma indireta. Isso não era uma coisa feita de forma ostensiva, nada disso, era tudo muito bem simulado entre eles. Em troca de presentes caros como carros de alto luxo, por exemplo, os médicos receitavam as drogas que Elvis tanto queria.

Era uma simulação muito bem orquestrada, uma peça de teatro macabra! O cantor simulava estar seriamente doente e os médicos fingiam que ele realmente precisava de uma quantidade absurda de medicamentos e os receitava. Claro que Elvis sofria de alguns problemas de saúde, como glaucoma, lesões no cólon e no aparelho digestivo e depressão, muitos deles agravados inclusive pelo uso abusivo de remédios, mas nada poderia justificar um abuso tão grande de drogas por uma só pessoa! Elvis podia até estar doente, mas não em proporções tão alarmantes que justificassem o uso constante de enormes doses de drogas tão diferentes entre si. A verdade pura e simples é que Elvis havia perdido totalmente o controle da situação, principalmente em meados dos anos 70. As coisas ficaram mais claras em 1981, quando a justiça norte americana provou que só um de seus médicos receitou mais de dezenove mil doses de narcóticos e barbitúricos diversos para Elvis em seus dois últimos anos e meio de vida.

Isso dava uma média de mais ou menos 25 ou 30 diferentes remédios por dia, entre pílulas e injeções! No seu receituário diário havia Quaalude (conhecida como "Wall Banger", que traduzindo significa "Bater a cabeça na parede"), Amytal, Dexedrine, Biphetamine, Percodan, Demerol, Valium, Codeína, Dilaudid, a preferida de Elvis, enfim... uma diversidade absurda e mortal. Foi com base nessas informações que o Dr. Nick, médico particular de Elvis, foi a julgamento no começo dos anos 80. Para os promotores do caso, mesmo correndo o risco de ser investigado um dos médicos não se fez de tímido e prescreveu uma quantidade mais do que excessiva para seu cliente famoso! Em troca Elvis comprou uma casa para ele no valor de 350 mil dólares, deu carros importados e financiou um centro clínico no valor de 5.5 milhões de dólares. Como se isso não bastasse, ainda investiu em negócios de seu médico particular, como a construção de um complexo esportivo!

Mas isso era apenas uma peça dentro do complexo mosaico de médicos fornecedores de que Elvis se utilizava. Não raro ele pegava seu avião e atravessava o país em busca de uma nova fonte de medicamentos, pois a anterior já havia se esgotado. Todos esses fatos só servem para termos uma idéia de como era grave o estado de Elvis Presley em seus últimos meses de vida! No final das contas, apesar da promotoria ter demonstrado com amplo material probatório a má fé do médico em receitar tantos remédios em troca de favores, um dos médicos foi inocentado na esfera penal alegando que as drogas eram consumidas por todo o pessoal envolvido nas turnês e não apenas por Elvis, fato que foi negado por vários membros da máfia de Memphis e da própria banda do cantor. Lamar Fike afirmou: "Eu nunca tomaria coisas como Demerol ou Quaalude na minha vida!" Já Red West foi mais incisivo e disse depois do julgamento: "Aquilo foi o médico que inventou uma história sem pé, nem cabeça! Eu não sou e nunca fui um usuário desse tipo de substância, se quiserem me submeto até a exames para provar o que digo!".

Pablo Aluísio.

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