O uso de drogas prescritas aumentou e Elvis passou dias em torpor. Era óbvio que estava sofrendo uma grande depressão. Nem seus amigos mais próximos lhe tiveram acesso. Elvis foi taxativo: "Não quero ver ninguém". Uma das poucas pessoas a entrar no bunker de Elvis foi Joe Esposito. Numa conversa franca em seu quarto Elvis lhe disse o que pensava de fazer 40 anos: "Joe, estou acabado. Quem vai ligar para um velho rebolando por aí?" Esposito tentou acalmar e lembrou o exemplo de Frank Sinatra, "Elvis, não é motivo para se preocupar tanto assim, veja o caso do Frank Sinatra, foi ídolo adolescente e hoje é mais popular do que nunca!"
Elvis não se convenceu. Vinte dias depois, Elvis entrou no hospital para se internar e se tratar de, entre outros problemas, um cólon inchado e paralisado, muito provavelmente causado pelo abuso de drogas a que se submeteu após seu aniversário de 40 anos de idade, mas esse fato foi escondido da imprensa. Uma versão bem mais amena foi divulgada para a mídia. Ao grande público foi informado que Elvis havia se internado para tratar de stress e pequenos problemas clínicos e de saúde. Ele estava com estafa após tantos shows e compromissos. Nada sério. A informação que foi ocultada da imprensa era que Elvis estava lá também para outra desintoxicação. Isto também seria confirmado anos depois por Dr. Nick [George Nichopoulos].
No julgamento que sofreu após a morte de Elvis, aonde era acusado de receitar doses excessivas de medicamentos, o Dr Nick relembrou esse dia. Ele afirmou que estava há muitos dias tentando convencer Elvis a se internar, pois ele estava relutante em ir para o hospital. Há dias ele estava doente em casa e se recusava a se internar. Finalmente no dia 28 de janeiro, às cinco horas da manhã o Dr Nick finalmente conseguiu levar Elvis para o décimo oitavo andar do hospital. Elvis entrou escondido da imprensa, usando pijamas azul marinho com barba de dias, se parecendo com o pai dele. Uma verdadeira operação de guerra foi montada para que os jornalistas não descobrissem nada. Ele entrou pela porta dos fundos, escondendo o seu rosto para não ser reconhecido por ninguém. Ao dar entrada no hospital Elvis estava péssimo, cambaleante e se segurando em seus guarda costas. Não falava coisa com coisa e parecia alheio ao que estava acontecendo.
Ao seu lado Joe Esposito, Linda Thompson e seus guarda-costas. Parecia muito doente e deprimido. O cólon aumentado e desintoxicação eram dois problemas sérios que teriam de ser tratados durante sua permanência. Elvis ficou três semanas hospitalizado. A imprensa ficou louca, queria saber de todos os detalhes. Funcionários foram subornados para revelar os exames sobre os verdadeiros males que atingiam Elvis. O Coronel Parker não deixou por menos. Montou uma verdadeira rede de segurança em torno de Elvis. Ninguém entrava ou saía do andar em que Elvis estava internado sem passar por um interrogatório. Todos os exames eram rastreados e os homens de Parker começaram a intimidar os funcionários que poderiam revelar alguma coisa. Os caras da máfia de Memphis estavam armados, andando pelos corredores, como se fossem da máfia italiana. A chegada de Elvis mudou a rotina do hospital. De uma hora para outra era fácil esbarrar em um guarda-costas do cantor pelo hospital.
Finalmente depois de três semanas, Elvis simplesmente se levantou e decidiu que já bastava para ele. Vestiu sua roupa, colocou suas armas debaixo do paletó e nas suas botas e caiu fora, sem autorização médica. Mais uma vez ele deixava um tratamento pelo meio do caminho. Mas dessa vez ele tinha deixado algo mais sério para trás. Foi diagnosticado um sério problema em seu cólon causado pelo abuso de drogas e por seus péssimos, péssimos mesmo, hábitos alimentares. Um dia antes de ir embora Elvis foi submetido a uma biópsia com tecido vivo retirado de seu cólon. A agulha que lhe enfiaram era tão grande que Elvis ficou assustado. Depois até brincou com o tamanho da agulha, mas não esperou para ver. Não pagou para ver. Ao sair da sala de exames ele decidiu que tinha que ir embora.
- “Ta louco! Vocês viram aquela agulha? Que se danem esses médicos!” - Griou Elvis aos seus guarda costas quando se dirigia para fora do hospital. O Dr Nick ficou desapontado com a atitude de Elvis. Ele sugeriu uma dieta nova para o cantor, longe de frituras e comidas gordurosas. Elvis prometeu seguir as prescrições médicas, mas nunca o fez. Também se recusou veementemente a receber qualquer tipo de crítica sobre o uso de drogas. Definitivamente Elvis não iria mudar seu estilo de vida. Uma semana depois ele estava na estrada novamente, ou melhor, na montanha russa. Ele sempre gostou mesmo de jogos perigosos, mesmo aqueles em que a sua vida estava na roleta.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley
ResponderExcluirOs Anos Finais - Parte II
Pablo Aluísio.
O Elvis era um suicida, talvez involuntário, mas ainda um suicida. Não queria viver sem ser o jovem Elvis de outrora.
ResponderExcluirO próprio argumento do Joe Esposito para animá-lo é por si só um absurdo pois, o Frank Sinatra, apesar de ser, talvez, o melhor cantor do mundo, em termos estéticos nunca foi grande coisa e mesmo quando era um ídolo adolescente já parecia um velho e não o jovem fantástico que havia sido o Elvis.
O jovem Elvis dos anos 50 virou uma sombra para o Elvis de 40 anos. Uma pena, porque ninguém fica jovem para sempre. Tem que aceitar a idade e tentar levar tudo da melhor forma possível, algo que não estava mesmo nos planos de Elvis porque ele não se cuidava. Comia Junk Food e não cuidava de sua alimentação. Isso sem falar das drogas que ajudaram a destrui-lo. O resultado disso tudo não poderia ser bom, claro.
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