sábado, 10 de dezembro de 2005

Elvis Presley - Os Anos Finais - Parte 19

No meio de todo esse cochicho começaram a surgir os primeiros boatos. Já em 1972 os hóspedes e funcionários do Hilton comentavam baixinho pelos corredores que o problema principal de Elvis era um vício profundo em cocaína. Não era verdade, mas como ninguém sabia a realidade de seus problemas com remédios, todos chegaram a conclusão que Elvis estava daquele jeito por causa de seu vício na droga. Quando Elvis soube dos boatos explodiu! O cantor era muito sensível em relação à sua imagem. Elvis gritou para os caras da máfia de Memphis: "O que essas pessoas estão pensando? Quem usa drogas são os Beatles e não eu!"

A verdade porém era que antes de estourar com seus capangas, Elvis deveria ter feito uma auto-análise e verificar que seu estado era realmente deplorável. Alguns de seus últimos shows em Las Vegas tinham sido lamentáveis, causando uma repercussão tão negativa que a direção do Hilton chamou Tom Parker para uma reunião a portas fechadas. Naquela ocasião o conselho diretor da cadeia de hotéis comunicou, sem rodeios, a Tom Parker que a partir de agora tudo o que acontecesse nas apresentações de Elvis seria de sua exclusiva responsabilidade! Na realidade a rede deixou subentendido para o empresário que se Elvis não se endireitasse logo, eles muito provavelmente iriam cancelar todas as temporadas futuras do cantor em Las Vegas. A possibilidade de uma rescisão de contrato ficou na mente de todos!

Todos estavam temerosos pelas repercussões e eles tinham que manter a imagem da rede Hilton de qualquer forma. Parker ficou preocupado após essa reunião! A mensagem tinha sido clara. O Coronel ficou inquieto. O que ele iria fazer agora? Mesmo quando Elvis se apresentava bem, as pessoas só conseguiam reparar em sua imagem, em seu incrível aumento de peso! Também pudera, durante vinte anos Elvis Presley foi símbolo de beleza, sua imagem era conhecida nos quatro cantos do mundo! Ele sempre foi considerado pelas fãs como um dos homens mais belos do planeta! De repente ele aparecia muito mal na frente de todas essas pessoas que ainda idolatravam aquela imagem impecável! Só poderia causar um grande choque mesmo! Às vezes, porém, Elvis nem ao menos conseguia fazer um bom concerto, em certos momentos ele realmente mal conseguia cantar as músicas até o final.

Havia muita enrolação e piadas, mas musicalidade não. O pior de tudo é que sua vida na estrada e em Las Vegas era uma verdadeira montanha russa. Numa noite ele poderia cantar muito bem, se apresentar de forma excelente, mesmo estando fora de seu peso, mas poderia muito bem acontecer que na noite seguinte Elvis se apresentasse da pior forma possível, visivelmente alterado pelo abuso de drogas, deixando todos, da banda a platéia, constrangidos com sua presença! Na verdade ninguém poderia ter certeza absoluta do que iria acontecer no palco durante essa fase da vida dele. Era um jogo de dados e isso gerava muito stress e ansiedade em todos os que estavam envolvidos nas excursões. Não é por outra razão que muitos músicos da TCB Band estavam dispostos a deixar Elvis em seus últimos momentos. Além da falta de renovação musical, que os deixavam frustrados como artistas que eram, havia ainda a enorme ansiedade decorrente do que iria acontecer nos shows por causa dos problemas pessoais de Elvis!

Fora isso tinham ainda que lidar com a má remuneração paga por Tom Parker e a desorganização total das agendas de shows, que só eram lhes repassadas em cima da hora, fazendo com que eles perdessem a oportunidade de fazer outros trabalhos com outros artistas em estúdio. Com isso perdiam uma importante fonte de renda extra. Ser um músico da banda de Elvis não estava mais compensando para esses verdadeiros heróis anônimos! Muitos chegaram mesmo a comunicar pessoalmente a Elvis que estavam indo embora e só ficaram porque Elvis resolveu oferecer muito dinheiro para eles, muitas vezes pagando de seu próprio bolso para evitar a debandada. Caso contrário era certo que muitos deles teriam ido embora já em 1975 ou 1976.

Pablo Aluísio.

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