sexta-feira, 2 de dezembro de 2005

Elvis Presley - Os Anos Finais - Parte 4

Elvis de Calças Curtas - O local? Pontiac. A data? Ano novo de 1975. Essa seria a primeira vez que Elvis trabalharia durante os feriados de inverno. Durante os anos 60 seus contratos sempre vinham com uma cláusula expressa imposta pelo próprio Elvis que determinava que ele não trabalharia no período compreendido entre as festas de fim de ano e seu aniversário, celebrado no dia 8 de janeiro. Mas agora lá estava Elvis, em pleno réveillon pronto para mais um concerto. Por que ele quebrou a tradição? Por que se sujeitou a executar um show de ano novo em Pontiac no último dia de 1975? A razão era simples de se explicar: Elvis estava quebrado financeiramente (mais um vez!) Suas finanças estavam novamente no vermelho. Mesmo ganhando enormes somas de dinheiro em suas infinitas e intermináveis excursões, Elvis não conseguia colocar sua vida financeira nos eixos!

Sua capacidade de ganhar enormes somas só era superada por sua também inesgotável capacidade de jogar dinheiro fora como se fosse um bilionário ou um dono de poços de petróleo do Oriente Médio. Mas ele não era. Seus gastos tinham um limite, que nem Elvis admitia existir. Por pensar dessa forma, Elvis muitas vezes se via obrigado a aceitar shows realizados em cidades insignificantes no meio do deserto ou então em locais nada apropriados para um superstar como ele colocar os pés. Agora suas contas bancárias estavam praticamente zeradas e Elvis tinha que se virar para conseguir ganhar mais dinheiro. Em vista disso, antigas condições visando seu bem estar, como não trabalhar nas festas de fim de ano, tinham que ser deixadas de lado.

Logo no começo de novembro o Coronel Parker espalhou a notícia de que Elvis iria pela primeira vez fazer um show de despedida de ano e que por essa razão estava aberto a ofertas das cidades que tinham interesse em levá-lo para animar uma festa de réveillon com o Rei do Rock. Prontamente um grupo de empresários do Michigan se interessou pelo evento e foi feita uma proposta muito interessante para Elvis: se apresentar em Pontiac, no grande estádio da cidade, com capacidade para mais de 80.000 pagantes. Seria uma salvação para o cantor. Ele já tinha esgotado seu crédito junto aos grandes bancos e chegou ao ponto de dar como garantia e fiança futuros cachês que receberia em shows que só realizaria no ano que viria.

O Coronel Parker já tinha também acertado com Elvis a venda dos direitos autorais de mais de 350 canções gravadas por ele até 1972 para a RCA. Parker não acreditava mais na possibilidade desse material antigo trazer ainda algum retorno e acertou a venda de mais de 50 álbuns do cantor para a gravadora, além de passar para a multinacional americana o controle das duas grandes editoras musicais que gerenciavam o catálogo do cantor, a Elvis Presley Music e a Gladys Music. O valor da venda foi acertada em seis milhões de dólares (hoje o catálogo de Elvis vale seguramente mais de 200 milhões, o que demonstra como o negócio feito pelo Coronel foi realmente uma péssima idéia!) . Apesar do volume de dólares chegando, isso ainda era pouco.

A verdade era que Elvis estava tão endividado que nem com essa enorme venda, de praticamente tudo o que produziu em sua carreira, iria trazer sossego para sua debilitada vida econômica. Por isso o show em Pontiac poderia ser finalmente sua salvação. Elvis mostrou total desinteresse pela apresentação. Ele foi aconselhado a conhecer o palco e a acústica do local antes do show, mas não quis saber de ensaiar. Ficou trancado em seus aposentos até a hora do concerto. A venda de ingressos demonstrou logo que a apresentação seria um sucesso. Rapidamente 80.000 entradas foram vendidas em poucas horas. Elvis agora podia relaxar. Ele iria embora de Pontiac com os bolsos cheios, sem dúvida.

O Coronel ignorou a cobrança de um cachê e foi ousado, fazendo com que Elvis recebesse parte da renda do espetáculo. Como as vendas foram mais do que satisfatórias, todos estavam tranqüilos e calmos - ou pelo menos quase todos! Os caras da TCB Band tinham visitado o palco do estádio e logo constataram que a acústica era muito ruim, que a temperatura estava muito baixa e que a posição dos músicos não seria do agrado de Elvis, que gostava de ver todo o grupo junto a ele. O pior de tudo era que Elvis não estava sabendo de nada disso, pois ele não quis ensaiar e nem checar tudo antes da apresentação. Caso tivesse feito uma pequena vistoria tudo poderia ter sido sanado rapidamente. Mas ele preferiu passar o dia dormindo mesmo. Erro fatal!

Pablo Aluísio.

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