quinta-feira, 8 de dezembro de 2005

Elvis Presley - Os Anos Finais - Parte 15

Como todas essas drogas não eram vendidas em farmácias normais Elvis começou a pesquisar em livros e guias médicos algum tipo de substância que poderia servir como substituta daquelas que eram privativas do exército americano. Foi assim que começou um de seus maiores hobbies: ler e pesquisar sobre remédios novos no mercado. Durante anos Elvis brincou de tomar drogas, muitas vezes se auto medicando, usando um guia de remédios disponíveis no mercado escrito para leigos em medicina. Este livro acabou se tornando sua leitura preferida depois da Bíblia. Elvis estava sempre querendo conhecer as novas drogas, experimentá-las e sentir seus efeitos. Muitos desses medicamentos eram produtos químicos fortíssimos que causavam forte dependência, quando não receitadas de forma adequada por médicos ou usado para combater doenças para as quais eram prescritos. Muitos deles também só podiam ser comprados por receita médica, o que fazia com que Elvis sempre procurasse travar amizade com o maior número de médicos que pudesse. Até porque ninguém saberia ao certo quando ele precisaria deles. Por essa época Elvis começou a incluir em sua lista de assalariados vários doutores de Memphis e de outras regiões. Nunca se sabia ao certo quando ele precisaria da próxima dose. Precavido, Elvis começou a prezar da companhia desses profissionais e de vez em quando jogava um carro zero KM nas mãos deles.

Todos esses profissionais de saúde sabiam que estavam na presença de uma pessoa com sérios problemas com drogas e que todos os presentes dados por Elvis só tinha um objetivo: facilitar o acesso, o caminho para a aquisição dessas substâncias. Com uma receita prescrita nas mãos, Elvis teria sinal verde para saciar seu vício, que agora o estava consumindo totalmente, dia e noite. Conforme a dependência de Elvis ia atingindo níveis absurdos, os próprios médicos começaram a temer pela excessiva quantidade de comprimidos receitados. Para driblar uma possível investigação policial, os médicos de Elvis começaram a receitar as drogas em nomes de terceiros, para algum membro da máfia de Memphis ou então até mesmo para parentes dele. Não era raro haver um frasco de remédios no criado mudo de Elvis, com os nomes de Red e Sonny West ou até mesmo de Lisa Marie na caixa de drogas. Nos frascos era possível se ler: “Droga rigorosamente controlada, seguindo normas federais de saúde, com venda permitida apenas sob prescrição médica” e abaixo: “Droga prescrita para Lisa Marie Presley”.

Apesar dos nomes diversos, toda o estoque químico era consumido apenas por uma só pessoa: Elvis. Os demais, citados nas embalagens, muitas vezes, até ignoravam a existência desses remédios. Era uma farsa macabra. Os médicos sabiam que Elvis tinha problemas de dependência, mas faziam vista grossa, principalmente se estivessem com uma Mercedes recém dada de presente por ele, estacionada na entrada de seus consultórios. Qualquer estudante de medicina do 1º ano de curso sabe reconhecer um dependente: olhos vermelhos e lacrimejantes, olhar vidrado, conversação desconexa, desinteresse pela vida pessoal, confusão mental. Para um viciado tudo o que importa é a próxima dose. Nem a família, nem o trabalho, nem questões particulares, nada mais lhe despertava interesse. Aos poucos os seus freios morais e éticos foram sendo perdidos no labirinto químico em que se afundara. Elvis sabia que as pessoas ao seu redor conheciam o seu real estado de forte dependência química. Mas para superar e abafar tudo, ele se utilizava de dois artifícios: a sua autoridade pessoal e o seu poder financeiro.

Muitos hoje afirmam que Elvis teria que sofrer uma interdição pessoal, uma intervenção da família para, de forma forçada, se internar em uma clínica de recuperação. Com isso teriam salvado sua vida. Para os defensores dessa teoria Elvis morreu também por omissão de seus parentes e amigos, que nada fizeram para reverter seu quadro lastimável. Mas isso era muito improvável nos anos 1970. Na época isso nem era comum e ninguém tinha força moral para liderar uma coisa dessas! Para aqueles que viviam às suas custas, era muito complicado iniciar qualquer forma de censura ou interdição pessoal em relação a Elvis Presley. Mesmo as pessoas mais influentes na vida dele, como o seu pai Vernon e o Coronel Parker, só conseguiam ir até um certo limite.

Pablo Aluísio.

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