segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Elvis Presley - Os Anos Finais - Parte 9

No fundo, ao se envolver com uma adolescente, Elvis estava mesmo procurando exorcizar de uma vez por todas o fantasma da traição de Priscilla de sua vida. De qualquer forma não seria dessa vez. Ele nunca descobriu o que o Coronel Parker fez pelas suas costas e ficou pensando erroneamente que a garota não tinha mais interesse nele. A história deprimiu muito Elvis e jogou sua auto estima no chão. O amante lendário não conseguia nem mais conquistar uma garotinha, uma colegial qualquer? Esse pensamento foi mais um a adormentá-lo e assombrá-lo em seus momentos de solidão. Mas Elvis não ficaria sozinho por muito tempo.

“Ele sempre tinha dois tipos de estoques em sua vida: de pílulas e de garotas! Quando uma ia embora, ele a substituía por outra”, resumiu a situação Billy Smith, anos depois. Para curar sua depressão Elvis mandou chamar outra de suas “garotas de estoque” (apelido dado pelos caras da máfia de Memphis para as garotas de Elvis nessa época). Se antes ele tinha se envolvido com uma virgenzinha de 15 anos, agora sua companheira constante não seria nada pura. Tratava-se de Minde Miller, modelo profissional e segundo alguns boatos, uma concorrida companhia em Los Angeles

Pular de uma adolescente para uma garota de luxo demonstrava bem a roleta russa emocional que Elvis vivia naqueles dias. Minde era uma das antigas paixões de Elvis, uma garota que ia e vinha na vida dele, conforme sua vontade. Ela era uma mulher extremante atraente, morena, com uma beleza exótica que logo despertou admiração e desejo em Elvis. Na ocasião ela tentava se tornar atriz, mas enquanto não conseguia se firmar uma carreira sólida, fazia companhia a figurões e milionários (Após a morte de Elvis ela chegou a aparecer no famoso filme de Brian de Palma, “Dublê de Corpo”). Era em suma uma mulher de fazer padre abandonar a batina. Extremamente ativa sexualmente,

Minde veio para apaziguar e aliviar a constante fossa de Elvis por causa de Rise. Mas quem pensa que a vida afetiva e sexual de Elvis se resumia na época a essas duas beldades (fora aquelas que desempenhavam o papel de sua “namorada oficial” como Linda e Ginger) está muito enganado. Havia uma terceira garota na vida de Elvis chamada Alicia Gerwin. Essa última acabou sendo a mais regular “garota de estoque” de Elvis em seus últimos anos. Em seu último vôo para Las Vegas, por exemplo, Alicia foi a garota designada para acompanhar o cantor, aonde ficou todo o tempo ao lado de sua cama, cuidando dele, enquanto o avião cruzava os céus dos EUA.

Porém ao contrário de Linda, Alicia não se sentia confortável servindo de amante e enfermeira de Elvis ao mesmo tempo. Ela procurou enfrentar a situação e confrontou Elvis em relação aos remédios que enchiam o quarto de cantor em Memphis e em Las Vegas. O cantor se enfureceu: “Quem não está contente com o que está acontecendo aqui pode ir embora agora!”. Alicia foi embora, mas voltou depois de alguns dias, após Elvis lhe enviar um pequeno presentinho: um caríssimo colar de diamantes. Ela sabia que era considerada uma “garota de estoque” de Elvis, mas depois de um certo tempo resolveu aceitar sua posição. Esse constante vai e vem de mulheres na vida de Elvis causava um sério transtorno para todos à sua volta. Chamar também uma mulher de "garota de estoque" era algo cruel mas para os caras da máfia de Memphis as mulheres que rondavam Elvis por aquela época eram bem isso mesmo, meras mercadorias usadas para o seu bel prazer.

Os caras da Máfia de Memphis sempre estavam em aeroportos trazendo e levando “garotas de estoque” para Elvis. Não era raro o Rei dizer a um de seus valetes: “Leve essa garota daqui, mas não a perca de vista, pode ser que eu queira encontrá-la mais tarde”, ou então “Onde está aquela ruivinha que veio aqui na sexta? Qual era mesmo o nome dela? Enfim... não importa... Achem a garota, seus incompetentes!”. Enquanto Elvis se envolvia em suas incontáveis histórias de alcova, a banda TCB ficava o tempo todo hospedada em Graceland, esperando ele resolver descer para finalmente gravar o tal disco. “Ficávamos o dia todo na piscina de Graceland, nadando e comendo frango frito e batatas, aquilo começou a nos aborrecer!” - relembra James Burton.

Elvis nunca aparecia para gravar e isso aumentava a insatisfação, levando o grupo até mesmo a bolar um plano de “motim” para ver se Elvis dava o ar de sua graça no estúdio. O primeiro dia programado para o começo das gravações foi caótico. Elvis não apareceu na hora certa e Felton Jarvis e os músicos ficaram três horas a postos na sala de Graceland travestida de estúdio esperando o cantor descer para gravar. Elvis informou que estava doente e sendo atendido por médicos e que por isso todos deveriam esperá-lo mais ainda. Mentira. Elvis estava novamente assistindo pelo circuito interno de TV as reações nervosas de Felton Jarvis, que acendia um cigarro atrás do outro, testava os equipamentos pela milésima vez e resmungava com a banda e com os engenheiros de som, reclamando da “total falta de profissionalismo de Elvis”. Para Presley gravar novas músicas era um aborrecimento e tanto. Mas com medo de levar um processo milionário nas costas ele sabia que mais cedo ou mais tarde teria que gravar novas canções.

Pablo Aluísio.

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