quinta-feira, 1 de dezembro de 2005

Elvis Presley - Os Anos Finais - Parte 1

Era um tempo ruim para Elvis. Tudo parecia estar se desmoronando ao seu redor. Seu pai e a sua madrasta, Dee, estavam se separando depois de dez anos. "Vernon me tratou como uma criança; ele me manteve presa em uma gaiola" - afirmaria Dee depois. Mas esse era apenas um dos muitos problemas familiares enfrentados por Elvis naquele período. Priscilla também havia declarado que tinha se sentido sufocada e restringida em sua relação com Elvis. Agora, com Dee fazendo as malas e deixando a casa de Vernon ao lado de Graceland, Elvis tinha que dar todo o apoio ao seu pai. Mas se Vernon tinha problemas, Elvis não ficava atrás em sua conturbada vida amorosa. Ao mesmo tempo em que via Dee ir embora, Elvis ia percebendo que Linda aos poucos ia levando suas coisas para Graceland, se instalando lá! Elvis não disse nada, isso era uma coisa que Linda tinha decidido fazer por conta própria, pois essa ideia nunca havia sido sequer sugerida por ele. A relação entre ambos era muito passional pois tinham gênios parecidos.

No campo profissional Elvis também tinha perdido o seu pianista preferido, que estava com ele há um longo tempo. David Briggs, mesmo recebendo U$3000 por semana como membro da banda de Elvis, preferiu voltar à Nashville para se tornar um músico de estúdio. A saúde de Elvis também não ia nada bem. O cantor tinha grandes variações de peso ao longo dos meses. Em alguns shows Elvis conseguia se apresentar esbelto e em boa forma, para logo depois voltar a comer muito e aparecer muito obeso e cansado nos concertos seguintes, suando excessivamente. Um caso que retrata bem as dificuldades que Elvis estava enfrentando aconteceu na Universidade de Maryland no dia 27 de setembro de 1974, durante uma de suas inúmeras excursões. Quando ele chegou para se apresentar em Maryland, naquela manhã, ficou evidente que ele estava muito doente novamente, obeso e desnorteado. Quando as novas medidas da roupa de Elvis chegaram para os figurinistas logo se constatou que não havia uma só jumpsuit do guarda roupa de sua equipe que lhe caberia para fazer a apresentação! Foi feita uma às pressas naquela tarde, para Elvis fazer o show durante à noite. Ele estava tão mal, que alguns amigos daquela cidade, que não o tinham visto ultimamente nem sequer o reconheceram ao encontrá-lo pessoalmente no hotel. Elvis ficou visivelmente embaraçado com a reação deles!

O pior aconteceu depois quando Elvis foi para o ginásio fazer o show. Tony Brown, que estava no lugar de Briggs, se lembrou de ter visto Elvis caindo no chão, ao sair de seu carro, lá atrás, nos bastidores do concerto. Os guardas costas logo correram para acudir Elvis caído no chão, mas quando ele enfim se levantou empurrou cada um deles, gritando: “Não me ajudem! Saiam daqui!” Atrás do palco era óbvio que alguma coisa estava acontecendo com Elvis. Todos iam e vinham, entrando e saindo dos camarins do Rei. A agitação era enorme e o medo de cancelar a apresentação era visível. O Coronel e o médico particular de Elvis tentavam acima de tudo ressuscitar Elvis atrás do palco. Ele estava muito mal, não conseguia nem sequer falar! Os caras da banda comentaram entre si, baixinho: “Como é que ele vai se apresentar desse jeito?” Quando a banda deu os primeiros acordes do show, Elvis perdeu sua deixa e entrou atrasado. Na verdade ele mal conseguia caminhar em direção ao microfone. Olhou para frente, tentou visualizar para onde deveria ir e entrou, sendo ovacionado pelo público. Segurou o microfone como se estivesse se segurando nele para não cair!

Durante os trinta primeiros minutos Elvis ficou ali, parado, segurando o microfone como se fosse um poste em que ele se encostava para não cair. Todo mundo da banda ficou assustado. James Burton saiu de sua posição original para ficar mais perto de Elvis, para socorrê-lo, caso ele caísse para trás, por exemplo. Ficou a uns dois passos dele, esperando qualquer coisa e preparado para o pior. Percebendo a situação, John Wilkinson também foi para perto de Elvis. Era óbvio que alguma coisa estava muito errada com Elvis naquele dia. Havia algo terrivelmente errado com seu corpo. John relembra aquela factível noite: “Ele tinha problemas de intestino, entre outros males, e estava em um estado tão ruim que mal conseguíamos entender o que ele cantava ou dizia. As canções eram pouco inteligíveis. Apenas torcíamos para que ele terminasse as músicas! Era óbvio que Elvis estava muito medicado. Dessa vez era óbvio que os remédios estavam atrapalhando sua coordenação motora. Os músicos da banda estavam em estado de choque com o estado deplorável de Elvis” - relembrou Wilkinson. Elvis percebeu as coisas, fazendo uma apresentação curta e encerrou rapidamente o concerto. O resto da excursão foi uma montanha-russa, com muitos altos e baixos. Um dia tudo ia bem e no seguinte era um desastre.

Durante três noites em Detroit e em St Paul Elvis parecia sob controle, ainda havia vida em seus olhos nesses concertos, ele estava animado e os shows eram enérgicos, dando esperanças ao grupo de que as coisas iriam melhorar. Mas no último dia de Elvis em Detroit, quando ele voltou para a cidade para uma última apresentação, o cantor deslizou novamente. O mesmo guitarrista relembra: “Eu o encontrei no camarim, praticamente comatoso em cima de uma cadeira, incapaz de mover um único músculo de seu corpo. Fiquei muito assustado. Quando me viu ao seu lado Elvis fez um sinal de positivo para mim. Resolvi perguntar a ele: ‘Chefe, porque não cancela a excursão e tira um ano de férias?’ Elvis me deu um tapinha nas costas e disse: ‘Não se preocupe com isso. As coisas vão se acertar...” As coisas não melhoraram. Sempre havia muita confusão e tumulto em seus concertos. . Dayton, Wichita, San Antonio, Abilene... Limusines, quartos de hotel, gente gritando não deixando ninguém dormir, auditórios enormes e o jato da revista Playboy reservado para que o levassem de cidade em cidade. Isso se tornou o único ambiente em que ele vivia naqueles tempos. Era infernal e altamente estressante. Foi quando o próprio Elvis resolveu dar um tempo. Ele parou e por cinco meses não retornou aos palcos. Estava mesmo exausto, fisicamente e psicologicamente falando.

Pablo Aluísio.

3 comentários:

  1. Elvis Presley
    Os Anos Finais 1
    Pablo Aluísio e Erick Steve.

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  2. ". Limusines, quartos de hotel, gente gritando não deixando ninguém dormir, auditórios enormes e o jato da revista Playboy reservado para que o levassem de cidade em cidade" o estranho é como isso poderia ser ruim para um caipira de Tupelo, ou pra qualquer homem da terra. O ser humano nunca está satisfeito.

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  3. Quem vai lhe dar a resposta é o George Harrison. Certa vez ele disse: "As turnês são muito empolgantes no começo quando você é jovem e quer fazer sucesso. Depois se tornam uma chatice, uma canseira, um tormento! Por isso os Beatles deixaram de fazer shows ao vivo!"

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