domingo, 4 de dezembro de 2005

Elvis Presley - Os Anos Finais - Parte 8

O contrato de Elvis com a RCA afirmava que ele tinha que colocar no mercado pelo menos três álbuns inéditos por ano. Para cumprir essa meta de gravar tanto material novo, muitas vezes eram lançados discos ao vivo. Isso era uma comodidade para o cantor porque ele cumpria duas obrigações com apenas um evento. Matava dois coelhos com uma cajadada só. Mas a RCA não aceitava mais essa solução, digamos “fácil” por parte de Elvis. As coisas iriam mudar. Ele teria sim que cumprir o contrato com discos de estúdio daqui pra frente. Depois do impasse inicial criado por Elvis a idéia de Tom Parker de levar os equipamentos de estúdio para dentro da casa de Elvis vingou.

E lá foi a RCA Victor instalar equipamentos de última geração no valor de 200 mil dólares dentro da mansão de Elvis. Tudo com o objetivo de colocar o cantor na frente de um microfone para ele gravar material novo e inédito. O Primeiro local escolhido pelo produtor da RCA Felton Jarvis foi a quadra de raquetebol. Elvis riu e comentou baixinho com os caras da máfia de Memphis: “Felton vai quebrar a cara, a acústica da quadra é péssima! (risos) mas vou ficar calado. Deixa ele instalar tudo lá, depois eles terão que desinstalar tudo de novo e assim ganho mais tempo! Além disso ganho uma história divertida para contar depois (risos)”.

Desse ponto em diante Elvis decidiu que queria se divertir com os técnicos da RCA. Quando tudo foi finalmente instalado na quadra, Elvis foi chamado ao “estúdio” improvisado. Ele chegou e se sentou bem no meio do equipamento. Estava mortalmente silencioso. Felton lhe mostrou onde ficariam os engenheiros de som e o equipamento principal, estava empolgado e quando finalmente perguntou o que Elvis achava, ele disparou: “Não, cara... tá tudo errado! Aonde estão os captores? Ali? Péssima localização! O que é aquilo ali? Aquele microfone está mal posicionado, vai vazar para o microfone vizinho! Tire isso daí! Qual é marca dessas caixas de retorno? Puxa! Elas são péssimas! Desmontem tudo! Coloquem tudo abaixo! Substituam o equipamento técnico, liguem para Nashville, Nova Iorque, sei lá... falem com os caras da RCA... Esse é o som mais fdp que eu já ouvi”.

Felton estava completamente atônico! Elvis piscou o olho para Felton e disparou: “Você já ouviu a acústica daqui? Impossível gravar nesse ambiente, as gravações vão ficar horrorosas! Coloquem tudo abaixo! Estarei dormindo em meu quarto, depois discutiremos um lugar melhor para montar toda essa parafernália. Não se preocupe, não é algo assim tão importante para ficar de cabeça quente, já tenho minha própria cabeça vermelha em meu grupo (Elvis estava se referindo a Red West, o ruivo da turma da máfia de Memphis)”. Felton Jarvis mal conseguia respirar de tanto desapontamento, decepção e raiva!

- “Elvis, vamos tentar gravar algo aqui! Vamos tentar uma vez só! Se der certo pouparemos um trabalho imenso de levar tudo para outro local!” sugeriu Jarvis. O cantor virou-se para ele e lhe deu seu famoso “Sorriso Elvis”, por fim disse : “Não eu, não irei desperdiçar minha voz aqui sabendo que tudo vai terminar por água abaixo. Tenho shows agendados, tenho que me preservar”. Dito isso, retirou-se da quadra. Mas não perdeu tempo em ir assistir a irritação de Felton Jarvis pelo circuito interno de Graceland instalado em seu quarto. Em sua suíte Elvis podia observar todos os cômodos de sua mansão por causa de um sistema de segurança instalado por ele.

Elvis se divertiu como nunca nessa noite: ele ria e ria ao lado dos caras da máfia de Memphis ao observar o pobre produtor Felton Jarvis coçar a cabeça antes de mandar desmontar todo o equipamento. Os problemas de Jarvis estavam apenas começando. RCA, discos, ameaças de processo, nada disso estava na realidade preocupando Elvis. Ele já tinha problemas aos montes em sua vida pessoal para ocupar seus pensamentos. Na verdade o foco principal de suas dores de cabeça nas duas últimas semanas tinha um nome: Rise Smith. Ela era uma garota que Elvis havia conhecido alguns dias atrás durante um de seus rotineiros passeios ao parque de diversões ao lado de sua filha Lisa Marie

Enquanto Lisa se divertia na roda gigante, Elvis ficou lá embaixo e acabou conhecendo Rise, que fazia um bico no parque para ajudar a pagar seus estudos. Rise era uma garota muito correta, católica, descendente de imigrantes irlandeses, extremamente bonita, alta e com vastos cabelos loiros. Era uma beleza, uma verdadeira simpatia, uma flor de pessoa. Nõo demorou muito e logo a espevitada Rise caiu nas graças de Elvis, que literalmente gamou por ela. “Ficou completamente apaixonado. Foi conhecer a família dela. Deu-lhe presentes. Era alta, tinha espesso cabelo louro e uma voz muito sexy. Foi a última grande aventura dele!”, relembrou David Stanley (filho de Dee, a madrasta de Elvis). Mas havia um problema sério nesse caso: Rise Smith tinha apenas 16 anos!

Quando o Coronel Parker soube por Joe Esposito que Elvis estava caindo de amores por uma ninfetinha de 15 anos ficou preocupadíssimo. Já imaginou o que aconteceria com Elvis, caso a imprensa descobrisse que o Rei do Rock, no alto de seus 41 anos, estava tendo um casinho com uma menina de quinze anos, uma mera debutante? Uma colegial que nem tinha ao menos completado o ginasial? Seria o fim da imagem pública dele. Tom Parker procurou agir. As coisas estavam começando a ficar sérias, principalmente depois que Elvis convidou Rise para jantar e passar a noite em sua mansão Graceland.

O Coronel Tom Parker sabia muito bem o que acontecia com astros que se envolviam com garotinhas, o caso de Jerry Lee Lewis era bem fresco ainda na mente do velho empresário. Segundo Albert Goldman em artigo publicado, o Coronel contratou os serviços de um detetive particular de Memphis chamado apenas de “Ted” para fazer um servicinho sujo para ele. Esse detetive teria que entrar em contato com a garota e lhe oferecer dinheiro para se afastar de uma vez por todas de Elvis. Parker sabia que Elvis nunca iria seguir suas ordens de terminar o romance com a ninfeta, então o último recurso que encontrou foi mesmo comprar a menina.

Por 5 mil dólares Rise, relutante e assustada demais com o acontecido, acabou aceitando o dinheiro de Ted. Quando soube que seu plano tinha tido êxito o Coronel ficou extasiado, chegando a comentar com seu assistente pessoal Tom Diskin: “Virtuosa, honesta ou não, essa garota não e burra! No fundo todos têm seu preço”. Quando Elvis a procurou no fim de semana e telefonou para sua casa notou que ela não queria mais falar com ele. Nem ao menos quis lhe encontrar pessoalmente novamente. Elvis tentou insistir, mas logo percebeu que tudo estava acabado. Ele logo notou que seu tão sonhado romance com a garota ideal de seus sonhos, tinha naufragado mais uma vez.

Pablo Aluísio.

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