sábado, 24 de dezembro de 2005

Elvis Presley - Divórcio e Depressão - Parte 8

Um dos dramas da vida de Elvis foi que ele não teve a oportunidade de se tratar adequadamente de seu problema de depressão. O Coronel Parker não queria que sua imagem pública fosse maculada com o estigma de ser depressivo. Havia muito preconceito sobre isso na época. Assim na ânsia de esconder tudo na imprensa o próprio Elvis acabou ficando sem o tratamento adequado. O que havia no lugar disso eram meros paliativos, como as pílulas receitadas pelo Dr. Nick. O problema é que ele não era um médico especialista em depressão, longe disso.

Sem consultar um médico especializado em depressão, sofrendo todos os tipos de stress por causa de sua profissão e sem passar pelo tratamento certo, Elvis foi afundando cada vez mais na doença. Ele tinha problemas de insônia desde quando era apenas um adolescente, mas com seu estado depressivo a coisa piorou. Elvis passava dias sem dormir, mesmo quando tomava as drogas receitadas pelo Dr. Nick. A ausência de sono, a estafa de viver viajando para cumprir agendas puxadas de show e a própria melancolia que ia se instalando em seu espírito justamente por causa da depressão o foram deixando cada vez mais com um aspecto doentio. O aumento de peso também se tornou visível. Elvis muitas vezes procurava consolo na comida. Sozinho em seu quarto, ele era capaz de comer três, quatro ou cinco grandes pratos de uma refeição que geralmente não era nada saudável. Era claramente uma forma dele em amenizar sua tristeza.

A carreira também deixava Elvis frustrado. Depois do NBC Special ele teve um novo fôlego em seus discos e a volta aos palcos trouxe novamente a alegria do contato com os fãs. Porém depois de 1973 a carreira de Elvis voltou a estagnar. Não havia mais novos desafios. Elvis tinha esse velho sonho de fazer uma turnê internacional como havia feito os Beatles nos anos 60, mas o Coronel Parker sabotava toda tentativa dele nesse sentido. Ao invés de ir para Londres, Paris ou até mesmo ao Japão, Elvis ficava preso em apresentações de temporadas realizadas em hotéis cassinos ou em pequeninas cidades do interior dos Estados Unidos. Não era nada desafiante para quem já tinha passado por tudo isso desde os anos 50.

Curiosamente esse estado depressivo de Elvis também começou a se refletir na escolha do repertório de seus discos nos anos 70. Elvis não era um compositor, por isso escolhia músicas que tinham letras em que ele pudesse de alguma forma se identificar. Geralmente baladas românticas bem tristes contando histórias de rompimento, decepções e desilusões. Algo que ele havia sentido com o fim de seu casamento com Priscilla Presley. Fora isso Elvis encheu seus álbuns de muita country music e gospel. O Rock, o gênero que o havia consagrado, o levando a ser chamado de "Rei do Rock" no passado, foi deixado para trás. Isso intrigou a imprensa. Durante uma de suas raras entrevistas, um jornalista perguntou a Elvis porque ele não gravava mais rocks! Tentando se sair Elvis apenas desculpou-se, dizendo que não havia mais bom material nesse estilo musical para gravar. Não era verdade, era apenas uma questão de falta de identificação, uma vez que Elvis não se sentia mais jovem, nem rebelde e nem muito menos roqueiro. Ele estava, no fim das contas, apenas se sentindo muito depressivo.

Pablo Aluísio.

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