quinta-feira, 8 de dezembro de 2005

Elvis Presley - Os Anos Finais - Parte 16

Ninguém queria se indispor com alguém que, no fim das contas, era o único meio de renda e sobrevivência deles. Vernon vivia às custas de Elvis há muitos anos e por isso não tinha a independência necessária para confrontá-lo. Parker era um sanguessuga astuto que vivera toda a vida explorando ao máximo o talento de Elvis. Que moral tinham essas pessoas para confrontar Elvis? Com seus amigos e amores a coisa era bem pior. Os caras da Máfia de Memphis eram uns inúteis que ganhavam apenas para serem “amigos” de Elvis. Como Parker bem resumiu, a vida deles se limitava a simplesmente puxar o saco do cantor e nada mais. E as garotas que Elvis se relacionava na época eram, na maioria das vezes, bonecas vazias de beleza. A última mulher com inteligência que passou na sua vida, aquela que poderia exercer alguma força, Linda, estava fora do jogo.

Havia várias garotas que eram rainhas da beleza ao seu redor mas era só. Segundo algumas pessoas mais próximas a Elvis elas nunca gostaram de Elvis de verdade. Não raras vezes, quando Elvis afundava em torpor químico, muitas simplesmente se levantavam e iam embora, dormir em suas casas. No fundo as garotas apenas queriam ganhar seu naco do tesouro real e quem sabe garantir seu futuro. Para muitos as beldades nunca demonstraram carinho verdadeiro por Elvis, que na época era, em resumo, apenas um homem muito mais velho do que elas, com sérios problemas pessoais e de saúde. Elvis percebeu a situação e tentou ganhar (ou melhor comprar) seus afetos mas nunca conseguiu. Tudo soava falso.

De vez em quando Elvis as presenteava com um anel de diamantes. A beldade aceitava, mas não mudava sua conduta em relação a ele. Ficava esperando por outro mimo. Um dos membros da Máfia de Memphis resumiu tudo: “Nenhuma daquelas jovens garotas amava Elvis de verdade, isso era até óbvio para todos. Em seu estado elas não queriam ficar ao lado dele, na verdade ninguém queria, ninguém queria presenciar aquele tipo de situação, era muito triste!”. O próprio Elvis também não aceitava qualquer sugestão de que estaria precisando de ajuda. Ele encarava os remédios apenas como um meio de superar problemas de saúde que ele imaginava ter. Não se pode negar que de fato Elvis sofria de vários problemas e que eles foram indiretamente os responsáveis por seu vício, mas o fato é que a partir do momento em que se percebe que há um problema de dependência química é hora de procurar por ajuda médica e psicológica urgentemente. Elvis porém se recusava a pensar dessa forma e agia com extrema raiva com quem sugerisse algo nesse sentido.

Nesse quadro tenebroso Elvis ficou sozinho. De um lado seus fãs mais abobados que simplesmente o endeusavam e esqueciam (ou preferiam ignorar) que ele era antes de tudo um ser humano com um sério problema particular. Ficar aplaudindo com os olhos arregalados e o sorriso escancarado não iria lhe ajudar em nada! Do outro lado a coisa era bem pior, pois a imprensa marrom estava sempre massacrando Elvis. As manchetes, principalmente dos jornais das grandes cidades, praticamente versavam sobre os mesmos assuntos quando queriam atacar o cantor: "Elvis aos 40, apavorado por ter perdido seu sex appeal!", "A misteriosa doença de Elvis Presley!", "Elvis: lenda decadente em sua própria era?", "Um Elvis sem inspiração satisfaz Vegas!" ou então "Elvis, gorducho e preguiçoso, se apresenta no Los Angeles Forum". Em sua vida reclusa Elvis se recusava a ler críticas negativas, mas algumas escapavam e ele tomava conhecimento. Nesses momentos tinha acessos de fúria, dando tiros para o alto!

Nesse jogo de empurra empurra não havia sobrado ninguém para tirar Elvis dessa situação deprimente, nenhum amigo, nenhuma amante, nenhum parente que lhe dissesse numa conversa franca: "Elvis, você está totalmente dependente de seu vício em drogas, chegou a hora de lhe ajudar, vamos internar você em uma clínica para que você se recupere dessa fase em que entrou. Vamos lhe ajudar!" Como essa mão amiga nunca surgiu porque todos resolveram lavar mesmo suas próprias mãos, Elvis simplesmente foi afundando cada vez mais... sozinho em seu drama pessoal...

Pablo Aluísio.

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