A noite em que Elvis, abatido e deprimido, leu as últimas páginas de sua biografia não autorizada ficaram cristalizadas para a história através da memória de Rick Stanley, que compartilhou esses tensos momentos de agonia e profunda tristeza ao lado de Elvis. Foi justamente nesse momento crucial, na noite do dia 15 para 16 de agosto de 1977, que seu meio irmão Rick Stanley (filho de Dee, segunda esposa de Vernon Presley) entrou nos aposentos do cantor e o encontrou pensativo e complementado, absorvido em seus próprios pensamentos, com o olhar vago, impreciso, disperso. Segundo as memórias de Rick, Elvis pediu que ele se sentasse ao seu lado.
Com o famigerado livro em mãos Elvis fez duas perguntas cruciais, como bem relembra Rick: "Na última noite de sua vida, eu acabara de desligar o telefone. Falava com minha namorada, Robyn. Através dos anos ela me encorajava a largar as drogas, e, quando estava pendurado no telefone, ia dizer que alguma coisa precisava acontecer para trazer minha vida de volta. Subi as escadas e sentei na cama com Elvis. Ele puxou os óculos sobre o nariz - tinha aquela espécie de olhar que parece cortado ao meio - e encostou o canto dos óculos na boca. Realmente pareceu frio. Suas costeletas estavam ficando grisalhas. Estava muito maduro. Parecia estar muito, muito cansado, não fisicamente, mas emocionalmente gasto. Enquanto sentávamos e conversávamos um pouco, ele me entregou um pedaço de papel, uma parte do livro escrito por seus ex guarda costas. Falava do uso de drogas. Fez duas perguntas. Disse: "O que Lisa Marie vai pensar disso?" e eu não tive muito o que responder. Apenas disse: "Bem, ela é sua filha. Estou certo que ela te ama"
Então ele perguntou sobre os fãs. "O Que os fãs vão pensar disso tudo?", e mesmo sem pensar eu fui capaz de dizer: "Bem, eles te amam incondicionalmente". Conversamos um pouco mais e eu lhe falei sobre a conversa com Robyn. Como eu estava para me livrar das drogas, você sabe, endireitando minha vida, esse tipo de coisa. Devo dizer que ele iria querer sua pílulas, seus remédios para dormir, bem depressa. Uso a palavra remédio porque se você disser a palavra drogas as pessoas pensam em crack e heroína, que nós nunca usamos. Eu trouxe um embrulho de remédios, que estavam exatamente no caminho (para o quarto de dormir) no armário. Havia embrulhos que Elvis chamava de "pacotes de ataque", porque era o que ele queria fazer, atacar-se, nocautear-se. Nós estamos sentados lá e eu falando e contando a ele sobre Robyn e os conselhos que ela vinha me dando através dos anos. Elvis a tinha encontrado e gostado dela, pois era uma criança adorável.
"Eu penso realmente que ela está lhe dando um bom conselho, Rick", ele me disse. "Penso que ela é uma pessoa que realmente se importa". Ele falou muito tempo. Uma viagem começaria no dia seguinte e ele não estava exatamente excitado sobre isso. Quando eu ia embora, Elvis me disse: "Não quero ser aborrecido, não quero ser perturbado". Para qualquer um que trabalhasse com Elvis, você sabia que isso significava uma ou duas coisas. Queria passar algum tempo com a namorada Ginger, ou queria dormir. Mas ele me fez saber que não queria ser perturbado, e com Elvis aquilo era um firme comando. Sem maiores perguntas resolvi me retirar de seu quarto, fechei a porta e fui até os fundos de Graceland e desliguei completamente. Mal sabia que em poucas horas iria acontecer algo que mudaria minha vida para sempre".
Pablo Aluísio.
Elvis Presley
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