quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

Elvis Presley - Os Anos Finais - Parte 14

Elvis à Venda Sob Prescrição Médica - O homem Elvis era agora mais do que nunca prisioneiro do Elvis mito. Sem oportunidade de crescer e evoluir como um ser humano normal, Elvis se via no meio de um cabo de guerra entre a imprensa e seus fãs mais exaltados. A primeira sempre estava aumentando consideravelmente qualquer deslize ou acontecimento negativo em sua vida e os fãs também pecavam, mas pelo lado oposto, pois estavam convencidos de que Elvis não seria capaz de fazer nenhum ato condenável ou censurável. Afinal, onde estava o tal falado equilíbrio que Elvis tanto tinha procurado em suas leituras de religiões orientais? O cantor nem mais sabia quem era de verdade, um ser humano real ou a capa de seu último disco? A perda de contato com a realidade foi o primeiro sinal de que Elvis estava entrando de vez num labirinto de verdades e mentiras do qual não conseguiria mais sair. Nem queria ser massacrado e nem muito menos ser endeusado por fãs que não tinham o menor conhecimento do que ele passava em sua vida íntima. Toda aquela história de rei pra lá, rei pra cá, já tinha lhe esgotado a paciência. Em um dos shows Elvis já havia inclusive chegado a se indispor pessoalmente com um grupo de fãs que havia estendido uma grande faixa o chamando de Rei. Elvis parou a música, olhou para aquilo e disse em tom de censura: “O único Rei que conheço é Jesus Cristo!”. As fãs ficaram tão sem graça que recolheram a faixa no mesmo minuto. Todos queriam que ele fosse perfeito e Elvis sabia que não era nada disso!

Ele tinha problemas e muitos! Seu maior problema agora era a forte dependência de medicamentos a que estava preso. Os primeiros remédios que tomou foram receitados ainda na adolescência para que ele superasse um velho mal que sempre o acompanhara ao longo da vida: a insônia contumaz. Os Presley eram caipiras e achavam que o fato de Elvis não dormir mais do que uma ou duas horas por noite era natural, seria uma característica normal que Elvis herdara de seus parentes paternos e que não haveria nada a fazer sobre isso. Ele teria que se acostumar com a situação e se adaptar a ela, segundo Gladys. Mas Elvis não agüentava mais ficar a noite em claro e passar o dia seguinte sentindo-se exausto e sem energia para nada. Foi por essa razão que numa manhã, antes das aulas começarem, ele próprio resolveu procurar o médico do colégio em que estudava para pedir ajuda, talvez o Doutor pudesse lhe receitar algo que o fizesse dormir melhor durante à noite. Depois desses primeiros comprimidos receitados e de seus efeitos mais do que satisfatórios, ele se convenceu que a solução de todos os seus problemas poderia ser encontrada numa simples pílula.

Pouco tempo depois Elvis foi ficando cada vez mais confortável com a situação de ele mesmo tomar as pílulas que achava que lhe seriam úteis e necessárias. O consumo desses remédios agora seria parte de sua vida até os seus últimos dias. Durante seus anos na estrada, nos anos 50, Elvis acabou sendo apresentado a outras drogas, principalmente aquelas que eram populares entre os músicos. Havia muitos estimulantes para esses profissionais segurarem o pique durante os shows e inibidores de apetite entre as excursões, pois essas eram as drogas populares entre os artistas que faziam as famosas turnês de Hank Snow. Durante uma dessas noites Elvis sentiu-se mal após tomar um milk shake estragado e ficou com receio de fazer a apresentação nessas circunstâncias, foi nesse momento que um músico da banda de Slim Whitman lhe deu um estimulante para que ele se apresentasse bem. O mal estar desapareceu rapidamente e logo após tomar o remédio Elvis sentiu-se ótimo, maravilhoso! Não tardou para ele resolver adotar o uso desse comprimido também, principalmente quando ficasse muito tempo longe de casa, na estrada, durante as jamborees.

Tomar esse tipo de droga para Elvis era complicado, pois ele não conseguia dormir direito nem se estivesse sem tomar nenhum estimulante, imagine com eles! Quando tomava esse tipo de droga Elvis ficava totalmente elétrico e não conseguia mais dormir depois dos shows de jeito nenhum! Para combater isso então ele tomava mais remédios para dormir e assim começava a roleta russa química que iria marcar toda sua vida. Nessa primeira fase de uso de drogas simples, não havia ainda o risco desses comprimidos trazerem maiores danos à saúde do cantor. O pior estava por vir. No exército Elvis foi estimulado pelo sargento de seu batalhão a ingerir uma nova geração de pílulas desenvolvidas exclusivamente para os soldados agüentarem a dura rotina de treinamentos no rigoroso inverno alemão. Aquele tipo de droga que Elvis tomava antes, nos anos 50, era brincadeira de criança perto do poder e dos efeitos dessas bolinhas do U.S. Army. Quando Elvis voltou aos Estados Unidos de seu serviço militar ele estava totalmente dependente e viciado nesse tipo de medicamento. Uma de suas maiores preocupações naquele momento era se ele teria como manter o uso dessas drogas após deixar o exército!

Pablo Aluísio.

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