terça-feira, 2 de junho de 2015

Terremoto - A Falha de San Andreas

Título no Brasil: Terremoto - A Falha de San Andreas
Título Original: San Andreas
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Austrália
Estúdio: Village Roadshow Studios
Direção: Brad Peyton
Roteiro: Carlton Cuse, Andre Fabrizio
Elenco: Dwayne Johnson, Carla Gugino, Paul Giamatti

Sinopse:
Piloto de um helicóptero de resgate do Corpo de Bombeiros de Los Angeles, Ray (Dwayne Johnson) se vê diante do maior desafio de sua profissão ao ter que encarar um mega terremoto que atinge o Arizona e a Califórnia. Um tremor de proporções épicas causada pela conhecida falha de San Andreas, um enorme fenda geológica que atravessa diversos estados americanos na costa oeste do país. No meio do caos ele fará de tudo para salvar sua família.

Comentários:
Roteiros explorando um grande terremoto causado pela falha de San Andreas não é novidade nenhuma no cinema americano. Dezenas de filmes já foram realizados usando esse argumento. Só para citar um exemplo basta lembrar do filme "Superman" de 1978. A falha era justamente o que convinha ao vilão Lex Luthor naquele momento. Ele queria que um grande terremoto literalmente afundasse metade da Califórnia no mar! Ficção à parte, o fato é que ela existe e segundo inúmeros estudos e pesquisas um dia irá dar causa a um evento catastrófico naquela região dos Estados Unidos. Milhões de pessoas provavelmente morrerão pois na sua linha existem grandes cidades como Los Angeles e San Francisco. Como um dos personagens do filme mesmo afirma não há dúvidas que esse terremoto um dia acontecerá, a única questão a responder é quando ele virá! Definitivamente não queria morar na Califórnia quando isso viesse a acontecer. Enquanto esse dia não vem (e esperamos que não venha mesmo) o cinema vai explorando o terrorismo psicológico que advém de sua existência. Esse "San Andreas" vai direto ao ponto. Após uma breve apresentação dos personagens principais (o pai bombeiro, a filha que o ama e a ex-esposa que quer o divórcio para se casar com um milionário empresário do ramo imobiliário), a falha finalmente entra em colapso, atingindo as grandes cidades, causando destruição e morte por onde passa.

Em filmes assim, que bebem diretamente do chamado cinema catástrofe dos anos 70, não há muito o que se esperar. São cenas e mais cenas de tragédias acontecendo ao mesmo tempo, desde prédios vindo ao chão até avenidas inteiras que se abrem do nada, engolindo todas as pessoas ao redor. Morte e destruição por todos os lados! Obviamente que tudo é muito bem feito, haja visto o avanço tecnológico que os efeitos digitais alcançaram nos dias de hoje. Pena que não exista mesmo um roteiro mais bem escrito que procure desenvolver melhor todos os personagens. Para piorar ainda mais o personagem central, o bombeiro Ray (interpretado pelo "The Rock"), que deveria ser um herói acima de qualquer crítica, toma uma decisão pouco ética e moralmente condenável, ao largar as pessoas morrendo lá embaixo enquanto usa seu helicóptero (que pertence ao poder público, ao povo da Califórnia, feito para salvar vidas da população em geral) para ajudar única e exclusivamente seus familiares e ninguém mais! Ou seja, o sujeito pensa: "Vou salvar minha filha e minha ex-esposa e o resto do povo que se dane!". Que coisa feia, que vergonha! Um belo exemplo do que um servidor público não deve fazer em suas funções públicas, em prol da sociedade. Isso porém seria exigir demais de um produto tão pop e descartável como esse. Afinal de contas "San Andreas" não passa de puro cinema chiclete, feito para ser exibido em escala industrial nas salas de exibição de grandes shoppings.

Pablo Aluísio.

Noite Sem Fim

Título no Brasil: Noite Sem Fim
Título Original: Run All Night
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Vertigo Entertainment
Direção: Jaume Collet-Serra
Roteiro: Brad Ingelsby
Elenco: Liam Neeson, Ed Harris, Joel Kinnaman, Vincent D'Onofrio, Boyd Holbrook, Common, Nick Nolte
  
Sinopse:
Assassino profissional da máfia irlandesa em Nova Iorque, Jimmy Conlon (Liam Neeson), sente agora o peso dos anos. Durante décadas ele conseguiu escapar das garras da justiça, mas envelhecido e solitário, começa a se questionar se tudo valeu realmente a pena. Sua quase aposentadoria é colocada de lado após seu próprio filho Mike (Joel Kinnaman) testemunhar por acaso um assassinato. O autor do crime é justamente o filho do chefão de Jimmy, o que o coloca numa situação muito delicada. Para piorar o jovem mafioso é morto, colocando Jimmy de uma vez por todas em rota de colisão com seu chefão Shawn Maguire (Ed Harris), que não deixará a morte dele passar em vão.

Comentários:
Já faz um bom tempo que o ator Liam Neeson resolveu direcionar sua carreira para os filmes de ação. Nesse meio tempo ele fez alguns filmes meramente medianos e alguns realmente bem ruins. Entre erros e acertos, ele aos poucos vai acertando o rumo certo. Dessa nova safra "Run All Night" provavelmente seja o melhor que ele tenha estrelado até agora. O filme tem uma história simples, diria até básica, mostrando um enorme acerto de contas entre mafiosos. Até aí nada de muito original. O diferencial vem principalmente da forma como esse enredo é contado e da excelente atuação de todo o elenco. Esse, por sua vez, é realmente acima da média. Ed Harris é um dos meus atores preferidos. Veterano, sempre surge com algo interessante a cada ano. Não pensa em se aposentar e não importa a produção, sempre dá o melhor de si. Aqui ele interpreta o chefão mafioso Shawn Maguire. Ele é um criminoso da velha guarda, um sujeito que não quer mais se envolver no tráfico de drogas pesadas como heroína. Sua recusa em ajudar no tráfico de um grande carregamento chegando a Nova Iorque acaba desencadeando uma série de eventos que farão tudo a perder. Seu mais fiel e constante aliado em suas atividades criminosas desde sua juventude é justamente o assassino profissional Jimmy Conlon (Neeson).

Depois de se dedicar anos à eliminação de inimigos de sua clã, ele sente um enorme vazio existencial em sua vida. Não tem mais laços ou relacionamentos pessoais e se dedica a viver cada dia de uma vez, sem qualquer esperança no futuro, geralmente em algum bar das redondezas. Joel Kinnaman, da série "The Killing" e do novo "RoboCop", interpreta seu filho. Um sujeito que odeia o pai e seu passado de assassinatos. Ele quer levar uma vida honesta, para criar seus filhos com paz e tranquilidade, mas acaba engolido por um evento do destino que o envolve inesperadamente em um jogo mortal dentro do mundo do crime. Nick Nolte também está em cena, em um pequeno papel. Com longa barba ele mais parece uma versão de Móises dos tempos modernos. Outro destaque digno de nota vem com o ator Common. Ele já vinha chamando bastante a atenção desde que surgiu na série de sucesso "Hell on Wheels". Nesse filme ele mostra seu lado mais perturbador, ao trazer à tona um assassino profissional obcecado por seu novo contrato, justamente o de eliminar Jimmy Conlon (Neeson), uma lenda em seu ramo de atividade. Duelos entre assassinos profissionais costumam ser o ponto alto desse tipo de produção. O roteiro conseguiu ótimas soluções dentro de um enredo que poderia soar bem banal nos dias de hoje. O diretor espanhol Jaume Collet-Serra conseguiu imprimir um ritmo muito bom no desenrolar da trama, valorizando ótimas sequências de ação ao mesmo tempo em que procura desenvolver as personalidades de cada personagem envolvido nesse jogo de vida ou morte. A ideia de rodar toda a trama do filme como se passasse apenas em uma noite também traz uma excelente agilidade em cima de tudo o que está acontecendo. "Noite Sem Fim" se torna assim a prova concreta de que ainda há espaço para se realizar bons filmes de ação que não sejam nem entediantes e nem repetitivos, basta ter talento para isso.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Um Santo Vizinho

Título no Brasil: Um Santo Vizinho
Título Original: St. Vincent
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: Sony Pictures
Direção: Theodore Melfi
Roteiro: Theodore Melfi
Elenco: Bill Murray, Melissa McCarthy, Naomi Watts
  
Sinopse:
Vincent (Bill Murray) passa longe de ser um exemplo. É um sujeito ranzinza, cínico e mal-humorado que vive em bares, é viciado em apostas de corridas de cavalos e esporadicamente sai com uma stripper que se prostitui e que está grávida, sem saber direito o que fará de sua vida. Seu estilo de vida vai mudando aos poucos quando sua nova vizinha resolve lhe pagar alguns dólares para que ele tome conta de seu filho, após ele voltar da escola. A convivência com o garoto aos poucos vai mudando a visão de mundo do velho Vincent. Filme indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Ator - Comédia ou Musical (Bill Murray). Também indicado ao Screen Actors Guild Awards na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante (Naomi Watts).

Comentários:
Bill Murray se notabilizou desde os tempos do SNL em interpretar tipos mais cínicos. Essa persona nunca deixou o ator. Provavelmente seu próprio jeito de ser contribuiu muito para isso. Depois de alguns anos vivendo desse tipo de papel ele mudou os rumos de sua carreira e estrelou filmes que foram bastante elogiados pela crítica. Produções como "Encontros e Desencontros", "Sobre Café e Cigarros" e "Viagem a Darjeeling" trouxeram um status cult para sua filmografia. De comediante gaiato ele começou a ser respeitado como grande ator. Chegou inclusive a ser premiado em festivais importantes de cinema. Agora o ator deixa essa fase mais pretensiosa de lado para fazer algo mais simples, ameno. Apesar de algumas indicações no Globo de Ouro a verdade é que não existe nada demais nesse "St. Vincent". O roteiro é simples, tem um enredo que poderíamos até qualificar como banal e mesmo as reviravoltas da trama não soam como algo muito importante ou relevante. Bill Murray parece brincar o tempo todo com sua própria imagem, a do sujeito que pouco está se importando com o que pensam dele. Ele não tem família, laços emocionais ou relacionamentos duradouros. Ao invés disso prefere pagar para ter a companhia de Daka (Naomi Watts), uma jovem que ganha a vida tirando a roupa em bares de strip tease de quinta categoria. Ao ter que cuidar de um estudante colegial, o impassível Vincent resolve apresentar ao garoto parte de sua vida, o levando a bares, corridas de cavalos e ao lado menos turístico da cidade. O filme basicamente gira em torno disso, um homem que não tem a menor vocação com crianças tendo que conviver com um jovem estudante de escola católica. Há uma ou outra coisinha mais interessante, porém no geral "St. Vincent" parece ter sido realmente superestimado um pouco além da conta. É ver para crer.

Pablo Aluísio.

Sem Direito a Resgate

Título no Brasil: Sem Direito a Resgate
Título Original: Life of Crime
Ano de Produção: 2013
País: Estados Unidos
Estúdio: Constantin Film
Direção: Daniel Schechter
Roteiro: Daniel Schechter, baseado no livro de Elmore Leonard
Elenco: Jennifer Aniston, Tim Robbins, Will Forte, John Hawkes, Isla Fisher, Mark Boone Junior, Yasiin Bey
  
Sinopse:
Um grupo de criminosos decide sequestrar Mickey Dawson (Jennifer Aniston), esposa do figurão do ramo imobilário Frank Dawson (Tim Robbins). Para libertar e poupar a vida dela pedem 1 milhão de dólares de resgate. O problema é que Frank definitivamente não parece muito disposto a pagar essa bolada, uma vez que já estava pensando em se divorciar dela para ficar com sua jovem amante, a ruivinha Melanie (Isla Fisher). Se Mickey sumisse de sua vida agora seria bem melhor para ele, que afinal de contas se livraria da pensão milionária que a esposa certamente lhe exigiria em caso de divórcio! E agora, o que os sequestradores farão para que seu plano criminoso venha a dar algum resultado?

Comentários:
Esse roteiro já circulava há muito tempo por Hollywood. Já estava tudo certo inclusive para que a atriz Diane Keaton interpretasse o papel de Mickey Dawson, mas depois de um tempo de pré-produção o projeto foi cancelado. De certa maneira o argumento lembra bastante outro filme chamado "Por Favor, Matem Minha Mulher" com Danny DeVito. Basicamente é a mesma situação, uma esposa é sequestrada e o marido quer mesmo é que ela suma de sua vida, desapareça! Assim os sequestradores estariam no fundo fazendo um favor para ele! Claro que em "Sem Direito a Resgate" as coisas não são tão escrachadas como naquela comédia dos anos 80, mas passa bem perto disso. Embora casados há muitos anos, Mickey e Frank só continuam unidos por interesses financeiros. Tanto um como o outro já não suporta mais a presença do cônjuge! Tudo acaba virando uma mera fachada para a sociedade, com muita hipocrisia e falsidade. Ele mantém uma amante jovem e bonitinha escondida em um quarto luxuoso de hotel à beira mar e a visita frequentemente.

Também esconde seus negócios da mulher, criando com golpes e corrupção no mercado imobiliário uma polpuda poupança que vira alvo dos sequestradores. Ela, por sua vez, também mantém um flerte com outro homem casado, Marshall Taylor (Will Forte), um sujeito meio bobalhão, pai de uma família numerosa, que não está nada disposto a assumir seu caso extraconjugal publicamente. Em suma, o ápice da hipocrisia na sociedade! Por fora se mostram casados e felizes, por dentro se odeiam e só estão juntos por causa da grana. O enredo do filme se passa em 1978, o que dá margem para o surgimento de uma bela trilha sonora, além dos figurinos estranhos daquela época. Jennifer Aniston está muito atraente, apesar de sua personagem ser em essência apenas uma dona de casa frustrada e infeliz. Tim Robbins está muito diferente, com muitos quilos a mais e aparência bastante envelhecida, o que se mostra perfeito para seu papel. Outro destaque do elenco vem com o ator Mark Boone Junior (o Bobby Elvis da popular série "Sons of Anarchy"). Ele dá vida a um sujeito esquisito, adorador do nazismo, que topa emprestar sua casa para servir de cativeiro do sequestro. Então é basicamente isso, um bom filme, divertido, sem exageros e com boa reconstituição de época, que diverte e entretém de uma maneira bem amena. Vale a pena a curtição.

Pablo Aluísio.

domingo, 31 de maio de 2015

Dick Tracy

O personagem é um dos mais clássicos do mundo dos quadrinhos. Criado pelo desenhista Chester Gould em 1931 para ser publicado em jornais, em tirinhas seriadas, o detetive logo virou um ícone entre a garotada. Esse personagem acabou também sendo um dos mais influentes da história, basta lembrar de suas bugigangas eletrônicas e tramas para salvar o mundo, algo que anos depois iria inspirar até mesmo o escritor Ian Fleming na criação de seu famoso James Bond. Durante décadas se cogitou uma adaptação das aventuras de Dick Tracy para o cinema, mas muitos produtores consideraram que seria extremamente caro a realização de um filme como esse. Além do mais naquela altura o personagem já não era mais tão conhecido e querido pelo público jovem (muitos até desconheciam sua existência). O quadro mudou quando o ator Warren Beatty adquiriu os direitos de Dick Tracy no final da década de 1980. Usando de seu prestígio pessoal ele conseguiu levantar o financiamento necessário para a produção do filme com um grande estúdio de Hollywood. Além disso usando de sua rede de amigos na indústria conseguiu trazer para o elenco grandes nomes como Al Pacino para interpretar o vilão Big Boy Caprice e Dustin Hoffman como o esquisito Mumbles. Com tudo pronto Warren, que tinha interesse apenas em atuar, foi atrás de Steven Spielberg para dirigir a produção, mas esse, alegando estar com agenda cheia, declinou do convite. Para não perder milhões de dólares em investimento e nem o controle sobre o projeto que ele tanto adorava, o próprio Warren Beatty resolveu dirigir o filme, algo que ele só tinha feito duas vezes na carreira antes, com "O Céu Pode Esperar" em 1978 e "Reds" três anos depois.

Um dos movimentos mais corajosos de Warren Beatty foi optar por escolher a estética dos quadrinhos, dando um tom naturalmente cartunesco ao seu universo. Tudo muito puro e até inocente. Nada de tentar trazer Dick Tracy para o mundo atual e nem lhe dar uma estética realista (como tem acontecido ultimamente em adaptações de quadrinhos no cinema). Sua coragem em realizar um filme que se parecesse completamente com o mundo dos quadrinhos, inclusive com o elenco usando forte maquiagem, se mostrou bem certeira. Na verdade o que ele quis mesmo foi resgatar o detetive de seus tempos de infância. E para quem achava que ele não estava apostando alto o próprio Warren resolveu escalar sua namorada na época, ninguém menos do que a cantora popstar Madonna, para ser uma coadjuvante de luxo na pele da sensual e perigosa Breathless Mahoney. O resultado de tudo é certamente uma das mais criativas transições do universo comics para a sétima arte. Tudo muito colorido, excessivo até, mas com um belo sabor de nostalgia. O filme foi sucesso de público e crítica e agradou tanto ao próprio diretor que ele resolveu deixá-lo sem continuações, mesmo com a boa bilheteria arrecadada. Para Beatty foi uma maneira de preservar essa pequena obra prima que lhe trouxe tanto orgulho pessoal e artístico.

Dick Tracy (Dick Tracy, Estados Unidos, 1990) Direção: Warren Beatty / Roteiro: Warren Beatty, Jim Cash, baseados nos personagens criados por Chester Gould / Elenco: Warren Beatty, Madonna, Al Pacino, Dustin Hoffman, Charles Durning, Kathy Bates, Henry Silva, James Caan. / Sinopse: Na década de 1930, em uma cidade infestada de gangsters e criminosos de todos os tipos, o detetive Dick Tracy (Warren Beatty) precisa deter o infame vilão Big Boy Caprice (Al Pacino) de colocar em prática um ardiloso plano de dominação. Filme vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Direção de Arte, Melhor Maquiagem e Melhor Música Original - "Sooner or Later (I Always Get My Man)" de Stephen Sondheim. Também indicado nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Al Pacino), Fotografia, Figurinos e Som. Indicado ao Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Ator Coadjuvante (Al Pacino).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Osso Duro

Título no Brasil: Osso Duro
Título Original: Pound of Flesh
Ano de Produção: 2015
País: Canadá
Estúdio: ACE Film Company, ACE Studios
Direção: Ernie Barbarash
Roteiro: Joshua James
Elenco: Jean-Claude Van Damme, Darren Shahlavi, Charlotte Peters 
  
Sinopse:
Deacon (Jean-Claude Van Damme) é um estrangeiro hospedado em um hotel de Manila, nas Filipinas, que acorda no meio de uma banheira de gelo. Morrendo de frio e tentando entender o que teria lhe acontecido ele descobre que sua cama está encharcada de sangue. Tudo o que ele consegue se lembrar é que na noite anterior esteve em uma animada balada, ao lado de uma maravilhosa mulher, mas agora ele começa a entender que caiu como um pato em uma cilada! As coisas vão ficando cada vez mais claras e... sinistras!

Comentários:
Se trata de um filme canadense de baixo orçamento rodado nas Filipinas cujo roteiro brinca com aquela velha lenda urbana do "rim roubado". Após conhecer uma bela mulher numa balada o personagem de Jean-Claude Van Damme acaba sendo enganado, caindo numa grande armadilha. A garota o havia dopado na noite anterior e um grupo de médicos e traficantes de órgãos acabaram extraindo seu rim. A trama assim vai girar totalmente na luta de Van Damme em busca de seu órgão roubado. Por falar no astro da pancadaria ele me pareceu bem mais velho do que sua idade poderia ostentar. Ele surge com um semblante cansado e uma estranha maquiagem (que colocou esquisitas sombras em seus olhos!). Para piorar o roteiro passa longe de ser grande coisa. Nem as brigas cuidadosamente coreografadas, algo que sempre foi o forte das produções de Van Damme, conseguem empolgar. Ao que tudo indica o ex-astro está mesmo passando por um momento complicado na carreira, principalmente depois que foi divulgado que ele enfrenta uma grande luta pessoal, não contra lutadores profissionais, mas contra a dependência química. Agora, justiça seja feita, ele ainda consegue fazer uma cena com aquele seu conhecido e famoso abrir de pernas em 180 graus. O bizarro é que ele se utiliza disso ao tentar desarmar um bandido que está em um carro em movimento! Ficou meio bizarro, mas também divertido. No geral "Pound of Flesh" (literalmente "Meio quilo de carne", uma referência ao seu próprio rim roubado) é apenas um filme B de ação. Não há nada de muito excepcional ou digno de nota a não ser a luta de Jean-Claude Van Damme em tentar salvar o que restou de sua carreira.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Vida Privada

Título no Brasil: Vida Privada
Título Original: Vie privée
Ano de Produção: 1962
País: França, Itália
Estúdio: CCM, CIPRA
Direção: Louis Malle
Roteiro: Jean-Paul Rappeneau, Louis Malle
Elenco: Brigitte Bardot, Marcello Mastroianni, Nicolas Bataille
  
Sinopse:
Jill (Brigitte Bardot) é uma jovem dondoca que mora com a mãe em uma bela propriedade em Genebra, na Suíça. Sua vida despreocupada e sem maiores problemas vira de cabeça para baixo quando começa a perceber que está ficando apaixonada pelo novo namorado de sua mãe, o editor de revistas de moda Fabio Rinaldi (Marcello Mastroianni). Tentando superar essa paixão Jill decide se mudar para Paris para viver como modelo. Seu êxito no mundo da moda acaba abrindo as portas para a carreira de atriz de cinema. Em pouco tempo ela acaba virando um mito de popularidade da indústria cinematográfica francesa. O sucesso  porém não ameniza o fato de ainda sentir-se muito atraída por Rinaldi, uma situação que a acaba jogando em uma terrível crise existencial e emocional.

Comentários:
Brigitte Bardot foi um dos maiores símbolos sexuais do cinema internacional na década de 60. Considerada uma das atrizes mais belas da história ela, assim como a personagem que interpreta nesse filme, acabou virando um ícone de seu tempo. O cineasta Louis Malle acabou assim escrevendo um roteiro que era de certa maneira uma biografia romanceada da estrela. Uma maneira de entender seu sucesso e fama incomparáveis. Tirando a parte em que Jill se apaixona perdidamente por um homem mais velho que se relaciona com sua mãe, todo o resto do filme mais parece ser um documentário sobre a vida de Bardot naquela época. Inclusive Malle resolveu adotar um certo tom documental em seu filme, fazendo com que BB passeasse pelas ruas de Paris para filmar a reação das pessoas ao encontrá-la, da forma mais espontânea possível. Assim tudo o que se vê nessas cenas é a pura realidade, onde a estrela caminha pelos cartões postais da cidade-luz ao mesmo tempo em que atende a centenas de pedidos de autógrafos dos fãs, que obviamente vão ficando histéricos com a oportunidade de a conhecer pessoalmente. Para os jovens de hoje em dia a linguagem de "Vie privée" pode soar um pouco fora dos padrões, nada convencional. Malle optou por grandes saltos narrativos e cortes que parecem abruptos na edição. Não, não é um defeito do filme, mas sim uma característica da linguagem narrativa daquela época. Dessa forma deixo a dica para conhecer esse pouco comentado filme de Bardot, onde ela desfila toda aquela beleza deslumbrante de sua juventude. Um filme cult e visualmente muito agradável.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

DUFF

Título no Brasil: DUFF: Você Conhece, Tem ou É!
Título Original: The DUFF
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: CBS Films
Direção: Ari Sandel
Roteiro: Josh A. Cagan, Kody Keplinger
Elenco: Mae Whitman, Bella Thorne, Robbie Amell
  
Sinopse:
Bianca Piper (Mae Whitman) é um colegial que nunca se sentiu muito bem consigo mesma. Ela tem gostos diferentes, como velhos filmes de terror, além de jamais ter sido uma garota popular no colégio. Sua vida muda depois que um vizinho e amigo, Wesley 'Wes' Rush (Robbie Amell), resolve abrir o jogo e dizer na cara dela que ela não passaria de uma DUFF na escola. Essa é um gíria entre os jovens americanos para designar aquela típica garota que não é muito bonita (para não dizer feia) e que só anda acompanhada de suas amigas gatas, essas sim as populares entre a turma. Assim tudo em sua vida escolar, as amizades, os conhecidos, seu status pessoal, tudo giraria apenas em torno de suas amigas bonitas e desejadas e não dela própria. Depois que toma consciência disso sua vida começa finalmente a mudar.

Comentários:
Filmes sobre adolescentes se tornaram febre na década de 1980. Depois, aos poucos, esse tipo de produção foi sumindo de cartaz. A boa notícia é que esse "The DUFF" é bem legal, bem escrito e provavelmente vai agradar aos mais jovens. A protagonista é uma DUFF, uma garota considerada feinha se comparada com suas amigas, todas lindas e maravilhosas. Ela assim serviria, na maioria das vezes, apenas como um meio para que os caras conseguissem chegar junto de suas amigas. Uma ponte, alguém mais acessível, vamos colocar desse modo. Dessa forma todos os seus supostos amigos e conhecidos só estariam interessados de verdade em suas amigas bonitas e não nela! Afinal de contas todos estão atrás das populares e não das DUFFs. Quando Bianca começa a perceber esse seu verdadeiro status dentro da escola, ela resolve mudar tudo. Rompe com suas amigas gostosas e começa a tentar impor sua própria personalidade, por si mesma. Ela tem um amor platônico por um carinha que gosta de tocar violão e cantar, mas fica tão nervosa na presença dele que mal consegue falar duas palavras. Seu vizinho Wes tenta então ajudar a amiga, mas ela aos poucos vai entendendo melhor sua cabeça e descobre que está apaixonada pela pessoa errada. O filme é estrelado pela talentosa atriz Mae Whitman. Se você curte séries rapidamente vai reconhecê-la por causa de seu personagem Amber Holt em "Parenthood". Se na série ela interpretava uma jovem que via seus sonhos fracassarem após ser recusada nas universidades onde queria estudar, aqui ela acaba dando vida a uma papel bem mais humorístico, embora esse filme não possa ser considerado apenas uma comédia adolescente. Há boas sacadas e diálogos espertos que valorizam bastante a produção como um todo. Dessa nova safra de filmes nesse estilo é sem dúvida um dos melhores. Inteligente e criativo, cumpre todas as suas promessas, embora você obviamente vá encontrar alguns clichês pelo meio do caminho. Releve isso tudo e procure apenas se divertir.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de maio de 2015

Uma Longa Jornada

Título no Brasil: Uma Longa Jornada
Título Original: The Longest Ride
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: George Tillman Jr
Roteiro: Nicholas Sparks, Craig Bolotin
Elenco: Scott Eastwood, Britt Robertson, Alan Alda
  
Sinopse:
Sophia (Robertson) e Luke (Eastwood) não poderiam ser mais diferentes. Ele é um cowboy de rodeios, nascido e criado no estado rural de North Carolina, um sujeito que deseja ser o maior campeão de montarias de touros bravos de sua região. Ela é uma garota universitária e estudiosa de New Jersey que sonha em ir para Nova Iorque para trabalhar no ramo que mais ama, a das artes plásticas. Mesmo sendo tão diferentes entre si, assim que se encontram surge uma atração irresistível entre eles. Um caso de amor como nos velhos tempos.

Comentários:
Filme romântico que aposta na máxima de que os opostos se atraem. Se isso vale para as leis do universo certamente vale também para os relacionamentos humanos. Sophia é uma jovem sofisticada que adora artes e deseja ter uma carreira em Nova Iorque. Luke é um sujeito rústico, que vive de rodeio em rodeio, um cowboy dos tempos modernos. Nem precisa explicar que o rapaz é meio chucro, um matutão mesmo. Pessoas tão diferentes assim poderiam dar certo juntos? O filme não se contenta em contar apenas uma história de amor, mas duas. Isso acontece porque quando retornam de seu primeiro encontro Sophia e Luke acabam salvando um senhor idoso da morte no meio da estrada. Seu carro havia perdido a direção e ele estava prestes a morrer após o acidente. Após salvar sua vida, Sophia começa a se interessar pela história do senhor e assim através de flashbacks o roteiro volta ao passado para mostrar como ele teria conhecida sua esposa na década de 1940, os primeiros encontros, o namoro e as dificuldades de um casamento problemático pelo fato deles não poderem ter filhos. Ao mesmo tempo em que vai lendo as antigas cartas de amor de Ira (em boa atuação do ator veterano Alan Alda) ela vai tentando se acertar com seu namorado vaqueiro. No geral se trata de um bom romance, valorizado por uma trilha sonora com muita country music. Talvez seu único grande defeito seja a excessiva duração. Como precisa contar duas histórias de amor ao mesmo tempo a coisa toda acaba ficando um pouco alongada demais. Além disso a história do senhor Ira nem é tão interessante assim para se perder tanto tempo. Um corte mais enxuto faria muito bem ao filme como um todo. Mesmo assim não chega a se tornar enfadonho, tedioso ou nada parecido. No fundo é uma boa fita romântica para se assistir ao lado da namorada, entre beijinhos e pipoca. Vale pela diversão e pelos bons momentos a dois.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Golpe Duplo

Título no Brasil: Golpe Duplo
Título Original: Focus
Ano de Produção: 2015
País: Estados Unidos, Argentina
Estúdio: Warner Bros
Direção: Glenn Ficarra, John Requa
Roteiro: Glenn Ficarra, John Requa
Elenco: Will Smith, Margot Robbie, Rodrigo Santoro
  
Sinopse:
Nicky (Smith) é um sujeito que vive de aplicar golpes nos desavisados. Geralmente usando de grande astúcia e esperteza, ele engana quem cruzar com seu caminho. Assim acaba formando seu próprio grupo de criminosos cujo objetivo é obter a maior quantia possível, seja em furtos, seja com estelionatos. Casualmente acaba conhecendo a linda Jess (Margot Robbie) que deseja aprender seus truques. A relação que começa como mentor e pupila logo vira algo mais, despertando uma grande paixão entre eles, que só cresce entre um novo golpe e outro. Isso porém deve ser deixado em segundo plano na visão de Nicky, uma vez que o mais importante mesmo é manter o foco na próxima jogada ilegal.

Comentários:
Em um primeiro momento parece ser mais um daqueles filmes de ação genéricos que o ator Will Smith vem estrelando nos últimos anos. Assim que começa o filme porém você começa a perceber que existem algumas novidades. Uma delas é uma bem selecionada trilha sonora, cheia de clássicos de rock e da black music. Depois vamos percebendo que o roteiro, apesar de lidar com um casal de vigaristas que vivem de golpes, possui um argumento bem romântico, mais do que poderíamos esperar. Will Smith parece preocupado em trazer uma certa sofisticação e classe para seu personagem, embora ele seja, como já escrevi, um criminoso. A relação amorosa de seu personagem com Jess (Margot Robbie) é outro ponto que chama atenção pelo destaque que ganha ao longo da trama. O que parece ser um flerte habitual acaba ganhando dimensões de grande paixão, amor verdadeiro, por mais estranho que isso possa parecer em um filme como esse. A atriz Margot Robbie é inegavelmente muito bonita e sensual e ganha mais pontos ainda nesse aspecto ao desfilar na tela usando um figurino desenhado por figurões do mundo da moda. O conjunto certamente acaba se tornando um colírio para os nossos olhos. Curiosamente um dos vilões (se é que podemos dividir os personagens entre mocinhos e vilões, já que todos caminham pelo fio da navalha da criminalidade) é interpretado pelo ator brasileiro Rodrigo Santoro. Ele é dono de uma escuderia de Fórmula 1 que pretende destruir os concorrentes, mas não nas pistas, como era de se imaginar, mas sim usando Nicky (Smith) para lhes passar um aplicativo falso.

Santoro até que se sai bem, mesmo com um personagem meio vazio e unidimensional que não abre margem a maiores pretensões nesse sentido. De certa maneira não há muito o que falar sobre ele, a ponto inclusive do roteiro não explicar sequer se seu personagem é brasileiro ou argentino (grande parte do segundo ato do filme se passa em Buenos Aires). Por falar nisso o roteiro se divide em dois arcos narrativos bem delimitados. No primeiro, passado nos Estados Unidos, o personagem de Will Smith conhece e se apaixona por Jess (Robbie). Ela é uma loira bonita que vive de dar pequenos golpes, como a do "marido traído". No segundo ato, todo rodado na Argentina, já após uma breve separação, ele a reencontra na terra dos hermanos. Ambos estariam envolvidos mais uma vez em golpes. Por fim e não menos importante é bom salientar que o roteiro traz algumas situações que não consegui digerir, por serem pouco críveis. Entre elas a mais absurda acontece em um jogo de futebol americano, quando Will começa uma insana rodada de apostas com um milionário oriental - só vendo para crer mesmo! Então é isso, "Focus" é um filme de ação certamente, mas Will procura de todas as maneiras injetar um certo grau de sofisticação em cada cena, tal como fazia no passado o grande Steve McQueen em algumas produções de sua filmografia. Funcionou? Em termos. Não é uma maravilha cinematográfica, mas também consegue escapar de ser apenas mais um filme de ação derivativo e sem novidades.

Pablo Aluísio.

domingo, 24 de maio de 2015

Grace - A Princesa de Mônaco

Título no Brasil: Grace - A Princesa de Mônaco
Título Original: Grace of Monaco
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos, França, Bélgica, Itália, Suíça
Estúdio: Stone Angels
Direção: Olivier Dahan
Roteiro: Arash Amel
Elenco: Nicole Kidman, Frank Langella,Tim Roth, André Penvern
  
Sinopse:
O filme narra a história da famosa atriz e estrela de Hollywood Grace Kelly (Nicole Kidman). Em meados dos anos 1950 ela decidiu abandonar uma bem sucedida carreira no cinema americano para se casar com o príncipe Rainier III, de Mônaco. Suas convicções pessoais em viver um verdadeiro conto de fadas porém logo ficam abaladas quando o aclamado diretor Alfred Hitchcock a procura novamente para que ela faça parte de seu novo filme, "Marnie". Será que Grace deixaria sua vida de princesa para retomar sua vida de estrela nos Estados Unidos? Filme baseado em fatos reais.

Comentários:
Quando Nicole Kidman foi anunciada para viver Grace Kelly no cinema particularmente criamos boas expectativas, afinal de contas sempre consideramos Kidman uma espécie de sucessora do charme e glamour da princesa Grace. Esse roteiro vinha há tempos rodando em Hollywood e nenhum grande estúdio parecia interessado em o levar para as telas. O que desanimava os produtores eram os altos custos envolvidos e o fato de que o nome de Grace Kelly hoje em dia já não é mais tão conhecido entre o público jovem (que é o maior consumidor de cinema mundo afora). Assim, com bastante luta e força de vontade, se conseguiu investimento na Europa e o filme finalmente pôde ser realizado. Ao custo de 30 milhões de dólares (um orçamento considerado bem enxuto em termos de Hollywood) e com Kidman no papel principal tudo parecia bem promissor. A produção acabou inclusive abrindo o Festival de Cannes em 2014. O problema é que apesar de toda a boa vontade temos que reconhecer que o resultado final é bem fraco, abaixo das expectativas. O roteiro se concentra em um período bem delimitado da vida da atriz, exatamente alguns anos após ela abandonar sua carreira. Seus filhos já estão um pouco crescidos e ela começa a se sentir frustrada com a vida que leva. 

Ser dona de casa com dois filhos pequenos para criar pode certamente deixar um sentimento bem decepcionante para uma mulher como ela, que viveu as glórias da fama. Para piorar o próprio principado de Mônaco vivia momentos turbulentos, causados pelos constantes atritos com a França. Grace assim tinha que conciliar suas obrigações como mãe e esposa com a vontade de protagonizar um retorno à Hollywood pelas mãos de Alfred Hitchcock e acima de tudo apoiar o marido em sua crise política com os franceses. O maior pecado desse filme é que ele se mostra polido e tímido demais ao contar sua história. A crua verdade é que após alguns anos casada com o príncipe, Grace Kelly começou a afundar em uma grande depressão e decepção com o que sua vida havia se transformado. Embora gostasse de Rainier ela nunca o amou de verdade. Foi mais um impulso para se tornar uma princesa e viver dias de nobreza na Europa do que qualquer outra coisa. Depois que vieram os filhos, ela acabou ficando presa nessa gaiola de ouro, que apesar da riqueza e luxo não deixava de ser uma gaiola. As coisas foram melancolicamente seguindo em frente até sua morte trágica em um acidente de carro (que o filme solenemente resolveu ignorar). Assim no final chegamos na conclusão de que além de medroso e fraco, o filme também perdeu a chance de contar uma grande história. O mito de Grace Kelly certamente merecia algo melhor.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de maio de 2015

Contra o Sol

Título no Brasil: Contra o Sol
Título Original: Against the Sun
Ano de Produção: 2014
País: Estados Unidos
Estúdio: American Film Company
Direção: Brian Falk
Roteiro: Brian Falk, Mark David Keegan
Elenco: Tom Felton, Garret Dillahunt, Jake Abel
  
Sinopse:
Baseado em fatos reais, o filme narra a história de três tripulantes de um avião militar americano durante a Segunda Guerra Mundial. Após perder a rota em que estavam, descobrem que estão completamente perdidos bem no meio da imensidão do Oceano Pacífico. Algumas horas depois finalmente acaba o combustível e a aeronave faz um pouso forçado na água. Assim ficam à deriva os três militares, sem água, comida ou esperança de resgate. Um jogo de sobrevivência começa para testar todos os limites do ser humano.

Comentários:
Muito boa essa reconstituição de um fato real ocorrido durante a guerra. Imagine três aviadores totalmente perdidos, tentando sobreviver em um pequeno bote, bem no meio do Oceano Pacífico. Não existe água potável, comida e nem qualquer sinal de civilização por perto. No começo os três tentam de todas as formas sobreviver e acabam tendo muita sorte, com a ajuda providencial da própria natureza. Passam dias sem água, mas felizmente numa noite finalmente são abençoados com a chuva para os livrar de uma morte certa. Depois tentam pescar, algo muito complicado de se fazer, pois eles não tinham os meios adequados para isso. Para piorar o pequeno bote, que acaba virando uma verdadeira cápsula de sobrevivência, começa a ser cercado por centenas de tubarões famintos. O roteiro é muito bom, não deixando o filme cair em um marasmo, o que seria de se esperar em um enredo que se passa totalmente dentro de um pequeno bote à deriva no mar, com três homens dentro. Lá eles acabam passando por um teste brutal de superação, mostrando que o ser humano consegue superar qualquer limite, desde que haja a devida força de vontade e a garra necessária para se vencer. Em termos de elenco o nome mais conhecido do grande público é o de Tom Felton, o Draco Malfoy da série "Harry Potter". Outro que se destaca é Garret Dillahunt, como o capitão do avião. Dentro do pequeno bote ele precisa manter a moral de seus homens alta, para evitar que todos caiam no desespero. Seus esforços nesse sentido são essenciais, como a confecção de um mapa praticamente imaginário com a rota que os levará para a ilha mais próxima! Enfim, uma produção muito boa para levantar e fortalecer sua capacidade de superação em momentos complicados da vida.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Calvário

Título no Brasil: Calvário
Título Original: Calvary
Ano de Produção: 2014
País: Inglaterra, Irlanda
Estúdio: Reprisal Films, Octagon Films
Direção: John Michael McDonagh
Roteiro: John Michael McDonagh
Elenco: Brendan Gleeson, Chris O'Dowd, Kelly Reilly
  
Sinopse:
Após se tornar viúvo, James Lavelle (Brendan Gleeson) decide seguir uma velha vocação e se torna Padre. Depois de ordenado é enviado para um pequeno vilarejo na costa da Irlanda. Sua missão evangelizadora não se torna nada fácil naquele lugar. As pessoas da região não estão mais dispostas a serem religiosas e alguns o tratam até mesmo com hostilidade. Mesmo assim o velho Padre James segue em frente com todas as dificuldades. As coisas porém saem do controle quando, em uma confissão, um homem lhe avisa que irá matá-lo em uma semana pois teria sido vítima de abuso quando era uma criança. O autor do crime teria sido um Padre. Agora ele deseja se vingar da Igreja, matando o Padre James, mesmo que ele nada tenha a ver com o que aconteceu no passado. Filme vencedor de diversos prêmios entre eles o Berlin International Film Festival, British Independent Film Awards, European Film Awards e ASCAP Film and Television Music Awards.

Comentários:
Grande filme. Seu roteiro toca em muitas questões importantes. A mais relevante delas é a crise de fé que vive a Europa nos tempos atuais. O roteiro acompanha os esforços, muitas vezes em vão, desse sacerdote católico em reviver a crença dos moradores de uma pequena vila na Irlanda (um dos países europeus mais tradicionais na fé católica). Seu rebanho é desanimador. Poucos ainda cultivam a fé e muitos levam uma vida desregrada, sem o menor sinal de arrependimento por isso. Há uma esposa que trai o marido ostensivamente e se orgulha disso, um médico ateu sempre pronto a zombar das crenças do Padre James e um sujeito perturbado, que deseja se matar por não encontrar mais nenhuma razão para continuar em frente com sua vida. Há ainda um rico financista que mora na cidade que está disposto a ajudar a Igreja, doando bastante dinheiro para a paróquia. Ele porém é um ser espiritualmente vazio, que pouco se importa com o caráter ilegal de seus atos no mercado financeiro. Como se tudo isso não fosse ruim o bastante, o Padre ainda precisa lidar com um sujeito que o ameaça constantemente e que deseja matá-lo em uma semana. 

O roteiro assim mostra justamente os sete dias dessa semana que antecede o encontro do Padre com o sujeito que o está ameaçando de morte. O que há por baixo de todo esse enredo é um retrato realmente devastador da falta de fé de certas regiões da Europa atualmente. Como se sabe a fé cristã passa por um momento delicado naquele continente, principalmente por causa do avanço do ateísmo entre a população mais jovem. Assim se torna cada vez mais complicado levar uma missão de fé e evangelização em lugares onde a palavra do Cristo já não é mais tão aceita e acolhida como antigamente. O próprio Padre James (interpretado de forma maravilhosa pelo ator veterano Brendan Gleeson) também em certo momento já não parece mais tão disposto em lutar contra toda essa situação. O cinismo e a falta de respeito dominante com que suas pregações são recebidas começam a minar sua força de vontade e energia. Até mesmo quando dá a extrema-unção a um homem que está prestes a morrer ele vira alvo de piadas do médico ateu e sarcástico que trabalha no hospital local. Uma lástima completa. Em suma, um belo retrato, embora triste, da questão religiosa nos tempos em que vivemos. Para assistir e refletir depois sobre toda essa situação desanimadora.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Exorcismo no Vaticano

Título no Brasil: Exorcismo no Vaticano
Título Original: The Vatican Exorcisms
Ano de Produção: 2013
País: Itália
Estúdio: Arturo and Mario Productions
Direção: Joe Marino 
Roteiro: Mauro Paolucci, Salvatore Scarico
Elenco: Piero Maggiò, Joe Marino, Anella Vastola
  
Sinopse:
Um diretor de documentários decide que seu próximo filme terá como tema o Diabo! Para isso ele resolve ir até o Vaticano atrás de padres exorcistas. Sua objetivo é ter contato direto com pessoas supostamente possuídas pelo próprio Satã. Uma vez lá descobre que, apesar de seu ceticismo inicial, começa a ter sintomas de que ele própria estaria sendo alvo de uma possessão demoníaca. Desesperado, ele percebe que está rapidamente perdendo o controle sobre o filme e sobre sua própria vida!

Comentários:
"The Vatican Exorcisms" é um mockumentary (falso documentário) italiano que investe na figura do diabo e do universo que gira em torno dos exorcismos realizados por sacerdotes católicos especialmente treinados para isso pelo Vaticano. Infelizmente esse tipo de estilo está dominando completamente os filmes de terror de baixo orçamento, afinal de contas são baratos, fáceis de filmar e não precisam de maior cuidado técnico em sua realização. Quanto mais tosco mais parecerá que se trata realmente de um documentários com imagens reais. Esse aqui começa com o diretor Joe Marino indo até o Vaticano. No começo há uma tentativa de caluniar a Igreja, a colocando como o lar do próprio Satã. Imagens de membros do clero são usadas de forma leviana, em especial do Papa Bento XVI e do cardeal Tarcisio Bertone, algo que daria margem a um pesado processo caso o Vaticano decidisse os acionar na justiça. A igreja porém resolveu sabiamente ignorar o filme, caso contrário iria trazer os holofotes da imprensa sobre ele e para falar a verdade essa obra B nem vale a pena o esforço. 

Pois bem, a primeira cena tenta recriar um ritual pagão em um cemitério de Roma. Supostamente membros do clero estariam envolvidos. Tudo é muito mal feito, desfocado e escuro. Uma piada. Depois o diretor parece desistir de atacar a Igreja Católica e parte finalmente para os exorcismos. São quatro no total. Até que são cenas interessantes, mas que em nada vão surpreender os que já assistiram inúmeros filmes de exorcismo. Há uma jovem possuída por um demônio que fica cantando músicas em louvor a Satã, uma freira católica que está possuída há mais de dez anos, um rapaz que se contorce ao declarar que está sob domínio de demônios como Mefistófeles e por fim uma garotinha de oito anos que completa a possessão do diretor do documentário. O filme é só isso, tem pouca duração, com meros 70 minutos e acaba rápido. Não há um roteiro digno de se elogiar. As coisas parecem acontecer realmente ao acaso. Por ser tão mal intencionado e fugaz passa longe de ser algo memorável para os apreciadores do gênero. Melhor fazer como a Igreja e ignorar completamente esse filmeco.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Te Pego Lá Fora

Eis a sinopse dessa comediazinha dos anos 80: Um nerd se mete em encrenca com o novo valentão, um bad boy quieto que o desafia a lutar no terreno de sua escola após o fim do dia. Pois é, naquela década havia mesmo uma boa quantidade de filmes bem ruinzinhos. Porém, é aquela coisa, com o mercado de vídeo, das locadoras, sempre havia mercado até mesmo para os filmes mais fraquinhos que eram produzidos. Essa comédia eu cheguei a alugar na época, em Betamax, e minhas lembranças não são boas. Tipo aquela sensação de ter locado um filme e ver seu dinheiro sendo jogado fora.

Anos depois o filme iria se tornar figurinha fácil na Sessão da Tarde. Por esse tempo até que fazia mais sucesso entre os jovens, até porque ninguém estava gastando dinheiro para ver, era tudo de graça na televisão. Em termos de elenco não há ninguém conhecido. E a direção também praticamente não existe. O roteiro se limita a explorar a exaustão de um carinha que vai ter que enfrentar um valentão quando as aulas terminarem. E é isso, apenas isso. Sem graça, vamos convir.

Te Pego Lá Fora (Three O'Clock High, Estados Unidos, 1987) Direção: Phil Joanou / Roteiro: Richard Christian Matheson, Tom Szollosi / Elenco: Casey Siemaszko, Annie Ryan, Richard Tyson / Sinopse: Na escola um valentão ameaça um nerd e deixa claro que vai pegar ele lá fora, quando as aulas terminarem.

Pablo Aluísio.