sábado, 13 de abril de 2013

Wall Street

Depois do grande sucesso de “Atração Fatal” o ator Michael Douglas resolveu unir forças com o polêmico diretor Oliver Stone. Ambos sempre foram ideologicamente muito próximos, seguindo a linha mais liberal e essa sincronia de pensamentos os levou a trabalhar juntos nesse “Wall Street”. O filme obviamente soava como uma crítica nada sutil aos executivos de Wall Street, o centro financeiro de Nova Iorque. Lá, onde fortunas eram ganhas praticamente da noite para o dia, convive uma série de "tubarões" do sistema capitalista americano, entre eles um dos mais agressivos é justamente Gordon Gekko (Michael Douglas), um sujeito sem qualquer escrúpulo que está mais interessado em especular e ganhar rios de dinheiro a todo custo, mesmo que de modo fraudulento, do que qualquer outra coisa. Do outro lado surge um recém chegado naquele mundo, o jovem Bud Fox (Charlie Sheen), que não demora a entender as regras do jogo naquele ambiente hostil e realmente selvagem.

Por falar em Charlie Sheen o ator era na época de “Wall Street” um dos mais promissores astros da nova geração de Hollywood. Ele havia estrelado o sucesso “Platoon” com o mesmo diretor Oliver Stone e na época era apontado, ao lado de Tom Cruise, como um dos grandes mega astros do futuro. O problema é que enquanto Cruise fazia de tudo para manter sua vida pessoal e imagem na linha, Sheen seguia o caminho oposto se envolvendo em escândalos com esquemas de prostituição e drogas, afundando suas pretensões de virar realmente uma estrela de cinema de primeira grandeza. Já Oliver Stone encontrou aqui um palco adequado para dar mais uma vez seu recado. Profundo contestador do sistema americano ele aqui centra fogo contra o lado mais desumano do capitalismo ianque, criticando dentro de sua estória um regime onde muitos não possuem quase nada e pouquíssimos se esbaldam em luxos e riqueza (muitas vezes sem nada terem feito de concreto para isso). Com sua visão política apurada Oliver Stone logo virou alvo de muitas críticas mas isso no fundo não importa pois o que sobressai no final é o fato de que o filme “Wall Street” é realmente muito bom, se tornando ainda hoje muito atual.

Wall Street – Poder e Cobiça (Wall Street, Estados Unidos, 1987) Direção: Oliver Stone / Roteiro:  Stanley Weiser, Oliver Stone / Elenco: Michael Douglas, Charlie Sheen, Tamara Tunie, Franklin, Martin Sheen / Sinopse: No mundo de Wall Street um velho e um novo especulador tentam enriquecer dentro do milionário mercado de ações da economia americana.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

O Novato

Um ator do nível de Al Pacino certamente coleciona em sua filmografia clássicos absolutos da história do cinema que ficam lado a lado com filmes que em pouco tempo são esquecidos pelo público. Não que tais produções sejam ruins ou desprovidas de valor, apenas não conseguem se firmar com o status que alguns outros filmes de Pacino alcançaram com o passar dos anos. Esse “O Novato” é exatamente o tipo de película estrelada por Pacino que acabou caindo no esquecimento até mesmo de seus fãs. O curioso é que se trata de um roteiro bem trabalhado, com situações interessantes. Na trama acompanhamos a chegada do jovem James Clayton (Colin Farrell) na famosa agência de inteligência dos EUA, a CIA. Sua presença logo chama a atenção do veterano instrutor de agentes, Walter Burke (Al Pacino). Em pouco tempo Clayton se transforma no pupilo de Burke que começa a enxergar no novato uma extensão de si próprio quando começou sua carreira.

Como acontece em todo filme sobre espionagem fica logo óbvio que nada é realmente o que aparenta ser. Um dos maiores perigos dentro de uma agência de inteligência, seja de que país for, é a infiltração dos chamados agentes duplos. É dentro dessa perspectiva que as coisas começam a realmente complicar dentro de seu treinamento. “O Novato” foi dirigido por Roger Donaldson. Sempre considerei esse cineasta muito eficiente e competente, basta lembrar de seus filmes ao lado de Kevin Costner (“Sem Saída” e “Treze Dias Que Abalaram o Mundo”) para perceber que Donaldson transita muito bem nesse mundo de filmes sobre espionagem e política internacional. Aqui porém se percebe um certo clima de preguiça por parte dele em avançar mais nas possibilidades do roteiro. O que poderia desbancar para uma intrigada e complexa rede de inteligência acaba trilhando o caminho da acomodação pura e simples, se rendendo a clichês batidos do gênero. Mesmo com esses problemas o filme não pode ser considerado ruim, em absoluto, as presenças de Pacino e Farrell conseguem manter o interesse, só não espere nada excepcional em cena.

O Novato (The Recruit, Estados Unidos, 2002) Direção: Roger Donaldson / Roteiro: Roger Towne, Kurt Wimmer, Mitch Glazer / Elenco: Al Pacino, Eugene Lipinski, Colin Farrell, Bridget Moynahan, Brian Rhodes, Gabriel Macht / Sinopse: Jovem novato dentro da Agência de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) se tornar o preferido de veterano instrutor que parece ter algo muito sério a esconder de todos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

As Cores da Violência

Os brasileiros reclamam com muita razão da violência extrema que impera em suas grandes cidades mas a verdade é que isso se tornou um problema mundial há muitos anos. As chamadas metrópoles não conseguem suprir as necessidades de uma coletividade enorme, com mais de um milhão de habitantes. Entre os problemas mais complicados está justamente a violência urbana. Para o jovem que mora em subúrbios, sem educação adequada e sem meios de sobrevivência, muitas vezes a única saída acaba sendo o mundo do crime, principalmente quando ele encontra um meio social que o aceita, geralmente grandes gangues formadas por outros jovens sem perspectivas como ele. Essa realidade foi muito bem captada por esse “Colors – As Cores da Violência” que mostra, sem amenizações, a criminalidade latente de uma grande cidade americana infestada de gangues de delinqüentes, geralmente identificadas por cores, formadas principalmente por jovens pobres e excluídos que se unem para dominar uma determinada região, impondo seus próprios códigos de condutas, baseados em violência e intimidação.

Sean Penn brilha ao lado do veterano (e excelente ator) Robert Duvall. É curioso ver o jovem Penn já muito preocupado em desenvolver um personagem socialmente consciente, que também parece caminhar numa fina linha que separa o crime da lei. Em um mundo tão selvagem não é de se admirar que os próprios policiais, forjados na guerra das ruas, incorporem muitos dos comportamentos dos próprios criminosos que perseguem. O filme na época de seu lançamento chocou o público por causa de sua crueza. A equipe de filmagem filmou toda a produção nas periferias mais violentas. Ao melhor estilo “câmera na mão” o elenco e o diretor Dennis Hopper saíram percorrendo becos, ruas sujas e locais perigosos para dar todo um realismo ao filme em si. O resultado é certamente dos melhores e mostra sem paleativos o problema do jovem pobre das grandes cidades. Não importa se é Rio ou Los Angeles, São Paulo ou Nova Iorque, o desafio segue anos após ano mostrando que Colors certamente está mais atual do que nunca!

As Cores da Violência (Colors, Estados Unidos, 1988) Direção: Dennis Hopper / Roteiro: Michael Schiffer / Elenco: Sean Penn, Robert Duvall, Maria Conchita Alonso / Sinopse: Dois policiais, um veterano e um novato, combatem gangues pelas ruas mais pobres de Los Angeles. Há uma guerra em curso entre os Crips e os Bloods, e os policiais tentarão evitar que tudo não acabe em uma grande explosão de violência e ódio racial.

Pablo Aluísio.

Amigos Inseparáveis

Al Pacino é como vinho, quanto mais envelhecido fica, mais valioso se torna. O ator que vem marcando a história do cinema desde a década de 70 está cada vez mais à vontade na arte de atuar. Quando não está esbanjando sua arte em filmes marcantes se dedica a pequenas produções, algo que definitivamente lhe dá grande satisfação pessoal e profissional já que nunca perdeu seu espírito independente. Um exemplo desse segundo tipo de filme é esse “Amigos Inseparáveis”. Com orçamento bem modesto, Pacino se uniu aos colegas (e amigos) Alan Arkin e Christopher Walken para contar uma estória das mais singelas. A trama começa após a saída da prisão de Valentine (Pacino). Ele ficou 28 anos cumprindo pena mas não se dobrou e nunca entregou seus comparsas de criminalidade.

De volta às ruas ele reencontra Doc (Christopher Walken) e Hirsch (Alan Arkin). O problema é que Doc está contratado para liquidar Valentine a mando de um poderoso chefão da máfia local. O mais interessante é que Valentine, bastante experiente, logo toma consciência disso. Afinal são negócios, nada pessoal. Assim ele parte para aqueles que são seus últimos momentos. Aproveitar o pouco tempo que lhe resta de vida. Junto aos colegas acaba se envolvendo em diversas situações, esperando com isso curtir suas últimas horas. “Amigos Inseparáveis” até que começa muito bem, afinal ver um trio de atores tão talentoso é ótimo para qualquer cinéfilo. O problema é que conforme o filme avança ele perde o foco, não mais se decidindo em ser um drama, uma comédia ou um filme policial. A única coisa que parece sobreviver a essa indecisão toda é o carisma imbatível de Al Pacino. Ele realmente parece estar se divertindo como nunca ao lado de Arkin e Walken, o que acaba salvando o filme do desastre completo. É lógico que com um elenco desses “Amigos Inseparáveis” poderia ser muito melhor, quase uma obra prima do cinema, mas não parece ter sido essa a escolha dos realizadores. De qualquer maneira é Pacino – o que já torna o filme obrigatório para qualquer fã de cinema. Afinal bons vinhos nunca devem ser desperdiçados.

Amigos Inseparáveis (Stand Up Guys, Estados Unidos, 2012) Direção: Fisher Stevens / Roteiro: Noah Haidle / Elenco: Al Pacino, Christopher Walken, Alan Arkin, Julianna Margulies, Katheryn Winnick, Vanessa Ferlito / Sinopse: Após sair da prisão por onde esteve por 28 anos, Valentine (Al Pacino) reencontra seus velhos amigos de criminalidade. O que parecia ser apenas um encontro amigável porém logo se revela um complicado acerto de contas.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Oblivion

Está chegando nas telas o novo filme do astro Tom Cruise. Desde que rompeu com a Paramount o ator vem tentando colocar sua carreira nos eixos novamente. Depois do sucesso de seu último “Missão Impossível” ele finalmente voltou a cair nas graças dos grandes estúdios, se tornando novamente um nome forte nas bilheterias. Agora mira no público Sci-Fi nessa nova ficção futurista passada no distante ano de 2077. A Terra está devastada após anos de guerras e tragédias, o que sobrou do planeta são apenas resquícios de matéria prima ao qual cabe a Jack Harper (Tom Cruise) dar a devida segurança para que sejam extraídos e levados até uma colônia lunar. Tudo corre relativamente bem até que Jack encontra uma sobrevivente (Olga Kurylenko) dentro de uma nave em ruínas após um acidente. Estranhamente essa desconhecida consegue criar um vínculo sensorial, de complicada explicação, com ele. Aos poucos Harper vai percebendo que nem tudo é o que aparenta ser naquele ambiente hostil e devastado.

Esse “Oblivion” não deixa de ser um filme muito bem produzido, interessante, com uma inovadora direção de arte, realmente inspirada, tudo intercalado com algumas ótimas cenas de ação (a Terra devastada também é habitada por alienígenas que percorrem o planeta em busca de recursos vitais). Tom Cruise parece bem à vontade na pele de um misto de soldado e engenheiro que tem que garantir segurança enquanto os últimos recursos da Terra são extraídos. O que complica "Oblivion" é querer se passar por algo que definitivamente não é. O problema é que em determinado ponto do filme o argumento se torna pretensioso, querendo criar um subtexto que chega a lembrar até mesmo grandes clássicos do cinema como “2001”. Essa pretensão sem sentido acaba tornando a trama extremamente confusa (e chata, para dizer a verdade). Obviamente que o diretor Joseph Kosinski passa longe de ser um Stanley Kubrick e por isso tudo acaba indo por água abaixo. Sem saber direito para onde ir o cineasta, depois de promover uma “reviravolta forçada”, tenta consertar o estrago alongando a estória além do necessário, quebrando seu ritmo e cansando o público, que aqui obviamente é aquele que consome “blockbusters” em série, ou seja, nada interessado em roteiros “cabeças” ou profundos demais. A solução de tudo também soa tão decepcionante, quase bobo! Assim “Oblivion” perde a ótima oportunidade de ser apenas uma ficção eficiente, bem realizada, para se tornar um produto que afundou por causa de suas próprias pretensões sem cabimento. Faltou mesmo talento para ir até onde o argumento exigia.

Oblivion (Oblivion, Estados Unidos, 2013) Direção: Joseph Kosinski / Roteiro: Joseph Kosinski, William Monahan / Elenco: Tom Cruise, Morgan Freeman, Nikolaj Coster-Waldau, Olga Kurylenko / Sinopse: No ano de 2077 a Terra está devastado. Participando de uma missão no planeta Jack Harper (Tom Cruise) acaba encontrando uma sobrevivente de uma nave espacial acidentada. Esse encontro mudará completamente os rumos de sua vida.

Pablo Aluísio.

Anna Karenina

O livro “Anna Karenina” é uma das obras mais famosas do autor Lev Nikolayevich Tolstoi (1828 - 1910). Publicado originalmente em 1875 o romance não é o mais expressivo do escritor (papel que cabe a “Guerra e Paz” de 1865) mas certamente sempre foi um dos preferidos da sétima arte onde já se contam seis adaptações ao longo dos anos (a primeira data de 1935 e a última de 1997). Agora chega às telas brasileiras mais uma versão, dessa vez dirigida pelo excelente cineasta Joe Wright de “Orgulho e Preconceito” e “Desejo e Reparação”, ambos filmes realizados ao lado de sua atriz preferida, a talentosa Keira Knightley, parceria que se repete mais uma vez aqui. O cinema de Wright é elegante, charmoso e muito sofisticado. Ele havia tentando entrar na indústria americana com seus dois filmes anteriores, “O Solista” e “Hanna”, mas agora volta para sua zona de conforto, onde realmente brilha, em adaptações de obras literárias famosas como esse “Anna Karenina”.

O enredo mostra a paixão que uma aristocrata, Anna Karenina (Kiera Knightley), nutre por um oficial da cavalaria, o Conde Vronsky (Aaron Taylor- Johnson). Ele é filho de uma condessa de alta estirpe. O problema é que Karenina é casada com outro homem, o alto funcionário imperial Karenin (Jude Law), que acaba vendo seu bom nome ser envolvido em um verdadeiro escândalo na corte por causa das aventuras extra-conjugais de sua esposa. Numa Rússia Czarista onde a nobreza vivia em luxos exuberantes enquanto a imensa massa da população sobrevivia na mais absoluta miséria, Anna Karenina toca, mesmo que superficialmente, em questões sociais, morais e políticas. A produção abraça esse ambiente de luxo e ostentação e cada cena logo se torna um colírio aos olhos. Essa adaptação não é extremamente fiel (seria muito complicado levar toda a riqueza de detalhes do livro para as telas) mas mantém um bom nível, muito digno. Já como romance e entretenimento funciona muito bem. Para os que desejam conhecer a obra que lhe deu origem mais a fundo fica a sugestão de ler o texto de Tolstoi que certamente é riquíssimo.

Anna Karenina (Anna Karenina, Estados Unidos, 2012) Direção: Joe Wright / Roteiro: Tom Stoppard / Elenco: Keira Knightley, Jude Law, Aaron Taylor-Johnson, Kelly Macdonald, Matthew Macfadyen / Sinopse: O filme narra o amor extraconjugal que a aristocrata Anna Karenina acaba tendo por um oficial da cavalaria. Casada, seu romance logo se torna um escândalo na corte czarista da Rússia imperial. Vencedor do Oscar de Melhor Figurino. Indicado aos Oscars de Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Direção de Arte.

Pablo Aluísio.

Elektra

Elektra Natchios foi criada por Frank Miller no começo da década de 80 para contracenar com o Demolidor na ótima série de quadrinhos produzido por ele naquele período. Era uma assassina profissional Ninja, que também serviria como interesse romântico do herói nas estórias. De certa forma seria uma versão para a mitologia do Demolidor daquilo que já conhecíamos bem em Batman com seu sempre inacabado e indefinido romance com a Mulher Gato. Um herói interessado romanticamente por uma vilã, uma mulher fatal em essência. Nesse aspecto não havia muitas novidades, a diferença é Miller acabou criando um carinho especial pela personagem, muitas vezes se concentrando mais nela do que no próprio Demolidor. Essa atitude do escritor acabou despertando ainda mais o interesse dos fãs de quadrinhos a ponto de Elektra ganhar seu próprio espaço. Ela também acabou sendo utilizada em títulos de outros heróis da Marvel como os X-Men. Assim quando surgiu a idéia de se criar um filme solo com a personagem no cinema a atriz Jennifer Garner logo comprou a idéia, afinal poderia ser o começo de uma nova franquia tendo ela como estrela principal.

No enredo do filme o espectador acaba acompanhando as origens da personagem, desde o começo até sua transformação em uma máquina assassina das artes marciais. A atriz Jennifer Garner ficou bastante empolgada com o filme esbanjando simpatia e otimismo nas entrevistas de promoção. O estúdio também acreditou na produção e fez um lançamento de porte, ocupando mais de três mil salas em sua semana de estréia. Os resultados porém não foram nada animadores. A critica de uma maneira em geral detestou o filme, achando seu roteiro básico demais, com uma sucessão de cenas que não empolgavam o espectador. A atriz também foi considerada inadequada, pouco convincente nas seqüências de luta. Com tantas criticas ruins o filme acabou afundando nas bilheterias, rendendo pouco e virando uma decepção completa. Revisto hoje em dia “Elektra” realmente deixa a sensação de algo de fato não deu muito certo. É uma fita bem vazia para falar a verdade, onde muitas vezes se tenta criar todo um clima para esconder suas falhas de roteiro. Assim como o Demolidor, sua parceira de HQs também ainda não encontrou seu espaço no mundo do cinema. Quem sabe um dia isso venha a acontecer.

Elektra (Idem, Estados Unidos, 2005) Direção: Rob Bowman / Roteiro: Zak Penn, Stuart Zicherman, Raven Metzner, baseados na personagem criada por Frank Miller / Elenco:  Jennifer Garner, Goran Visnjic, Will Yun Lee, Cary-Hiroyuki Tagawa, Terence Stamp / Sinopse: O filme narra as origens e lutas da personagem Elektra (Jennifer Garner), uma famosa assassina Ninja criada pelo renomado escritor e desenhista Frank Miller na Marvel.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Um Homem Bom

Muitas pessoas que se debruçam sobre a história da ascensão do nazismo ficam intrigadas em entender como um dos países mais modernos, cultos e democráticos da Europa seguiu o discurso de Hitler e seu regime de ódio racial e intolerância. Um excelente exemplo para entender como o homem comum da Alemanha se deixou seduzir pelo nacional socialismo pode ser encontrado nesse “Um Homem Bom”. Na trama acompanhamos as mudanças que ocorrem na vida de um pacato professor universitário, John Halder (Viggo Mortensen). Bom pai de família, procurando sempre fazer o melhor para todos ao seu redor, ele acaba caindo nas graças do regime nazista quando escreve um livro sobre os benefícios da eutanásia. De cunho ficcional a obra acaba sendo adotada como instrumento de propaganda do sistema nazista que naquela ocasião começava a adotar um procedimento de “eutanásia forçada” contra pessoas chamadas “indesejadas”, a saber, doentes mentais, deficientes físicos e todos aqueles que não se enquadravam no ideal de modelo ariano da ideologia nazista.

A partir daí o antes pacato e pacifico professor se vê envolvido na escolha entre abraçar o novo regime nazista e ascender cada vez mais na carreira, calcando cada vez mais postos dentro do poder ou então ouvir sua consciência sobre os crimes cometidos pelo regime. Infelizmente como era de se prever ele acaba optando pela primeira opção perdendo a partir daí sua alma ao enveredar pela ideologia de raça superior dos alemães. Em pouco tempo o “homem bom” se torna mais um seguidor do regime de Hitler, mostrando de forma muito clara que basta algumas promessas de poder e riqueza para dobrar a consciência até mesmo de pessoas de boa índole. A vaidade e a ganância levam o personagem principal a até mesmo ignorar o destino de um de seus melhores amigos, Jason Issacs como “Maurice, o judeu”, que vê seu destino traçado apenas por sua origem e crença. Dessa forma o papel desempenhado por Viggo Mortensen surge como uma metáfora do próprio povo alemão que ao que parece ignorou anos de civilização e cultura para abraçar um regime brutal que levou o mundo para o maior conflito armado da história. Assista e entenda como se deu esse processo devastador.

Um Homem Bom (Good, Estados Unidos, 2008) Direção: Vicente Amorim / Roteiro: John Wrathall / Elenco: Viggo Mortensen, Mark Strong, Jason Isaacs, Steven Mackintosh, Jodie Whittaker, Gemma Jones / Sinopse: Professor universitário honesto, ético e decente cai nas graças do regime nazista e muda completamente de personalidade, tudo para ascender cada vez mais na carreira.

Pablo Aluísio.