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sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Marilyn Monroe - Adorável Pecadora

Esse foi o penúltimo filme de Marilyn Monroe. O estúdio Fox queria realizar mais um grande musical, só que numa levada mais moderna, deixando de lado as plumas e paetês dos antigos filmes de Marilyn nesse gênero. Era para ser algo mais moderno, mais de acordo com a época. Para tanto a Fox não mediu esforços e nem dinheiro. Contratou o diretor George Cukor para a direção e importou o galã francês Yves Montand para ser o par romântico de Marilyn. Como coadjuvante o sempre bom e correto Tony Randall também foi escalado.

Tudo estava bem organizado e pronto para se tornar um novo clássico do cinema, só que Marilyn não estava bem. Por essa época ela havia perdido o controle sobre as pílulas que tomava. Se antes isso já lhe causava problemas no set de filmagens, agora a situação piorou. Marilyn não conseguia chegar na hora certa para filmar suas cenas e esquecia completamente seus diálogos. Era uma bomba relógio. Logo pela manhã, para se levantar, ela tomava uma grande taça de champanhe que misturava com remédios. Uma péssima combinação.

A vida pessoal da atriz também vinha mal. Seu casamento com Arthur Miller estava por um fio. Ela havia se cansado dele, de sua personalidade tímida e introvertida, além do estado de submissão que havia entrado em seu relacionamento. Segundo pessoas próximas Arthur Miller havia se transformado em um carregador de malas de Marilyn. Cansada dele ela decidiu ter outros casos amorosos, o traindo de forma ostensiva e pública. O próprio Yves Montand se tornou um de seus amantes. Ele também era casado, mas para Marilyn isso tinha pouca importância. Ela queria ainda se provar como mulher, de que podia ter o homem que quisesse como bem entendesse.

No meio de tantos problemas o filme não ficou bom. Os atrasos e os problemas de produção se refletiram na tela. Marilyn estava fora de forma o que levou o diretor a optar que ela usasse um figurino que escondesse suas gordurinhas a mais. Longos casacos de lã na cor escura foram usados. Tudo para esconder o fato de que também ela estivesse grávida durante as filmagens. Seria mais uma gravidez mal sucedida da atriz? Até hoje os biógrafos discutem isso, já que Marilyn deixou tudo escondido, longe da imprensa. De qualquer forma Adorável Pecadora segue importante por afinal trazer Marilyn Monroe em um dos seus últimos papéis no cinema. Como puro musical porém deixa inegavelmente a desejar.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

O Primeiro Casamento de Marilyn Monroe

Marilyn tinha apenas 16 anos quando sua mãe adotiva resolveu que era hora de se livrar dela. A questão é que tinha se apaixonado por um novo homem e queria se mudar, ir viver em outra cidade. Não havia assim mais espaço para a jovem Norma Jean em seu novo lar. Sem consultar Marilyn ela entrou em acordo com a vizinha amiga que tinha um filho que já estava com 21 anos e até aquele momento não mostrava interesse em se casar. Seu nome era James Dougherty. As duas mães então chegaram na conclusão que um casamento arranjado entre os seus jovens iria resolver os problemas das duas. Marilyn era muito jovem, uma adolescente ainda, e não tinha a menor ideia do que aquilo significava. Ela conheceu Jim em um fim de semana e o casamento foi marcado, meio que às pressas mesmo. Não havia tempo para romance e nem bobagens desse tipo.

Assim numa tarde de sábado de um dia quente de 1942 Norma Jean se casou com Jim Dougherty. Com o casamento Marilyn se tornava emancipada e não haveria mais necessidade de ficar indo de lar adotivo em lar adotivo, morando com pessoas desconhecidas em lugares que ela nem sabia que existia. Como tinha apenas 16 anos ela não tinha consciência do que era ser casada e nem das obrigações que isso implicava. Em relação a ter uma vida sexual com o marido as coisas eram ainda mais complicadas pois Marilyn, por ser uma adolescente dos anos 1940, nunca havia falado sobre sexo antes com quem quer que seja. Anos depois lembrando de seu primeiro casamento ela dizia ironicamente que era "como viver em um zoológico".

Sua sorte foi que seu marido Jim logo se alistou na marinha mercante e começou a fazer longas viagens. Na pior das hipóteses Norma ficava livre da obrigação de conviver diariamente com um quase estranho que agora tinha que chamar de marido. Para matar o tédio de uma vida sem objetivos (ela também tinha largado a escola após se casar), começou a ir ao cinema todos os dias. Os filmes eram naquela época a escolha natural de diversão para os mais pobres pois os ingressos custavam barato, principalmente nas matinês, uma quantia realmente irrisória que nem chegava a 1 dólar.

Marilyn ficou deslumbrada com todas aquelas atrizes bonitas, vivendo vidas nas telas que para ela mais pareciam um sonho distante. Como era jovem e inocente ainda, Norma foi aos poucos alimentando o sonho de ir para Hollywood para ser atriz. Quando contou para uma amiga que queria virar atriz de cinema ela riu e disse que isso era algo impossível de se conseguir. Norma porém não aceitou essa realidade. Assim quando seu jovem marido voltou de viagem tudo o que encontrou foi sua casa vazia e um bilhete de Marilyn dizendo que ela tinha indo embora para sempre e que mandaria os papéis de divórcio pelo correio. Emancipada, livre e dona do próprio destino, Norma nem pensou duas vezes e foi embora atrás de seus sonhos. No total o casamento sequer durou dois anos. O marido ficou para trás, literalmente a ver navios.

Pablo Aluísio.

sábado, 23 de janeiro de 2021

O Mundo da Fantasia

Belo musical da Fox com Marilyn Monroe. Temos aqui aquele tipo de produção em que todos os talentos foram reunidos pelo estúdio em apenas um filme. Basta analisar a ficha técnica para entender bem isso. As canções foram escritas por um dos maiores compositores da história da música americana, Irving Berlin. A direção foi entregue a Walter Lang, um verdadeiro artesão da sétima arte. A produção ficou a cargo do célebre Sol C. Siegel, uma pessoa tão importante na história de Hollywood que virou até nome de prêmio e para completar temos Marilyn Monroe dançando, cantando e atuando, tudo de forma simplesmente magistral. É muito interessante quando vejo alguém falando que Marilyn não tinha talento e que o segredo de seu sucesso se resumia unicamente ao fato de ter sido uma bela mulher! Será que uma pessoa que emite uma opinião dessas realmente conhece os filmes da estrela? Acredito que não, já que basta assistir a esse filme para compreender totalmente a extensão do talento da atriz. Ela está, repito, simplesmente fenomenal nesse filme!
 
Marilyn Monroe interpreta Vicky Parker, uma simples chapeleira de uma casa noturna que sonha um dia ser uma estrela da Broadway. Para isso ela não mede esforços. Quando descobre que um famoso produtor está no local onde ela trabalha, pede uma chance ao dono do estabelecimento para apresentar um número, cantando e dançando ao velho estilo. A partir daí as portas vão se abrindo para ela no mundo do Show Business. Claro que o grande atrativo desse musical hoje em dia provém do fato de Marilyn estar no elenco, mas é bom salientar que ela não é o ponto central da trama que gira mesmo em torno de uma família de artistas, os Donahues.

Eles vivem no mundo do Vaudeville e sonham também um dia com as marquises dos grandes espetáculos dos EUA - entenda-se Broadway em Nova Iorque. O filme em si é maravilhoso, lindas canções, coreografias de alto nível e uma direção de arte e musical de encher os olhos. De certa forma a produção tentava resgatar o clima dos grandes musicais das décadas de 30 e 40 que naquele momento já sofriam bastante com uma acentuada queda de bilheteria. De uma forma ou outra, não há como negar o charme e o carisma desse filme. É aquele tipo de musical que deixará você mais leve e feliz no final da exibição.

O Mundo da Fantasia (There's No Business Like Show Business, Estados Unidos, 1954) Direção: Walter Lang / Roteiro: Phoebe Ephron, Henry Ephron / Elenco: Ethel Merman, Marilyn Monroe, Donald O'Connor / Sinopse: Uma família de artistas cresce sob as luzes dos grandes espetáculos musicais nos Estados Unidos, enquanto uma humilde chapeleira de uma casa noturna sonha em um dia se tornar uma grande estrela da Broadway. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Roteiro, Melhor Figurino (Charles Le Maire, Travilla e Miles White) e Melhor Música (Alfred Newman e Lionel Newman).

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 30 de junho de 2020

Adorável Pecadora

Esse foi o penúltimo filme de Marilyn Monroe. Ela já caminhava para seu trágico fim. Apenas dois anos depois ela seria encontrada morta em sua casa. Também foi um dos mais complicados de se produzir pois Marilyn já demonstrava todos os seus problemas emocionais durante as filmagens. Ela sempre chegava atrasada, faltava dias e dias ao trabalho e quando aparecia não conseguia decorar seu texto. Havia muito abuso no consumo de pílulas e bebidas, o que tornava impossível para ela atuar ou aparecer saudável em cena. Isso obviamente trouxe muita tensão entre ela e os produtores e foi mais um dos inúmeros problemas que foram se acumulando, o que acabaria resultando em sua demissão dos estúdios Fox, que não conseguiam mais lidar com tanto caos em seus filmes. O curioso é que quando o filme finalmente ficou pronto, acabou se revelando um bom entretenimento. No simpático enredo, Marilyn Monroe interpretava Amanda Dell, uma cantora e dançarina que acabava caindo nas graças de um francês extremamente rico, chamado Jean Marck Clement (Yves Montand). Confundido com um aspirante, a ator acabava entrando na peça onde Amanda se apresentava e começava a investir romanticamente na colega, mas sem conseguir muito sucesso. A personagem de Marilyn parecia estar apaixonada mesmo por Tony Danton (Frankie Vaughan), o protagonista da peça. Sem contar a ela que seria um milionário, ele começa então um novo plano para conquistar a linda loira de olhos azuis.

“Adorável Pecadora” é uma comédia romântica que investe bastante nas tomadas musicais e nos relacionamentos divertidos e complicados dos personagens principais. Seu resultado nas bilheterias foi apenas mediano, mas o filme se notabilizou mesmo por causa das deliciosas histórias de bastidores. O casamento entre Marilyn Monroe e Arthur Miller estava em frangalhos e assim que começaram as filmagens Marilyn se apaixonou por Yves Montand. Era uma atração muito previsível. Montand, como todo bom francês, era também um conquistador nato. Para Marilyn ele era antes de tudo um europeu exótico. Como não perdia a chance de ter uma nova aventura sempre que ela surgisse pela frente, nem pensou duas vezes antes de cair nos braços do ator. O problema era que o colega e companheiro de cena também era casado com Simone Signoret, que se considerava amiga de Marilyn, o que acabou resultando em um incômodo e complicado triângulo amoroso tão ou mais problemático do que o próprio roteiro do filme! Marilyn também passava por um momento muito conturbado em sua saúde, com abuso constante de medicamentos e álcool. Ela quase sempre misturava suas pílulas para dormir com champagne francês a qualquer hora do dia ou da noite, uma combinação perigosa e potencialmente fatal que atrapalhava muito também em seu desempenho. No filme ela aparenta estar meio desnorteada, muito pálida e com o semblante perdido. Mesmo assim ainda consegue encantar, inclusive ao cantar muito bem a divertida “My Heart Belongs To Daddy”.

Assistindo a atriz soltando a voz em cena não podemos deixar de elogiar seu estilo sensual e diria até mesmo seu bonito timbre vocal. Ela certamente não era uma cantora profissional, mas sempre se saía muito bem nos números musicais de seus filmes. Isso era resultado e fruto de muitos anos de aulas de canto pagos pelos estúdios Fox. Marilyn também passava dias ouvindo em seu quarto a sua cantora preferida, Ella Fitzgerald. O próprio estilo vocal que desenvolveu inclusive é uma bonita variação dessa fabulosa diva do jazz. Assim “Adorável Pecadora” foi salvo pela bonita voz de Marilyn Monroe, pelos talentosos números musicais e pelas ótimas histórias de alcova de sua produção. Um bom momento na carreira da musa Marilyn Monroe que merece ser redescoberto por fãs e amantes de musicais da década de 1960. Não deixe de conhecer.

Adorável Pecadora (Let´s Make Love, Estados Unidos, 1960) Direção: George Cukor / Roteiro: Norman Krasna, Hal Kanter / Elenco: Marilyn Monroe, Yves Montand, Tony Randall / Sinopse: Bilionário francês (Yves Montand) se apaixona por linda corista (Marilyn Monroe) que não se mostra muito interessada em seus avanços românticos. Filme indicado ao Oscar na categoria de Melhor Música Original. Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme - Musical ou Comédia.

Pablo Aluísio.  

segunda-feira, 18 de maio de 2020

O Pecado Mora ao Lado

Título no Brasil: O Pecado Mora ao Lado
Título Original: The Seven Year Itch
Ano de Produção: 1955
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Billy Wilder
Roteiro: Billy Wilder, baseado na peça de George Axeroid
Elenco: Marilyn Monroe, Tom Ewell, Evelyn Keys, Sonny Tuftis, Robert Strauss, Oskar Homolka

Sinopse:
Richard Sherman (Tom Ewell) é um maridão que fica sozinho em seu apartamento após sua esposa e filho irem passar as férias de verão fora de Nova Iorque. Adorando sua provisória liberdade ele começa a soltar a imaginação. A nova vizinha do andar de cima, uma linda e sensual loira (Marilyn Monroe), atiça ainda mais seus pensamentos eróticos. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor ator (Tom Ewell).

Comentários:
Esse pode ser considerado tranquilamente o filme mais conhecido de Marilyn Monroe. A imagem dela nesse filme, o seu figurino, a cena da saias ao vento, tudo entrou definitivamente dentro da cultura pop. Tanto isso é verdade que quando se lembra de Marilyn Monroe se lembra imediatamente da sua imagem nesse filme. É o auge de popularidade da atriz em sua carreira no cinema. E o curioso de tudo é que sua personagem sequer tinha nome, era apenas identificada no roteiro como "The Girl" (a garota). Isso porque ela representou mesmo um símbolo de sensualidade que estaria na imaginação daquele homem casado já há alguns anos, entediado totalmente com o casamento, que conhece a loira bonita e tem fantasias sobre ela, como se fosse ter um caso furtivo com a gostosona que mora ao lado. O roteiro (e a peça original) aliás foi escrito em cima de um artigo de um psicólogo que afirmava que quando um casamento completava sete anos, era sinal de que uma crise conjugal estaria para chegar. Esse filme fez muito sucesso de bilheteria, mas também trouxe problemas pessoais para Marilyn. A cena das saias levantadas, com as calcinhas à mostra, despertou a fúria ciumenta de Joe DiMaggio. Mal sabia ele que aquela seria a cena mais famosa e lembrada de toda a filmografia de La Monroe.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Torrente de Paixão

Título no Brasil: Torrente de Paixão
Título Original: Niagara
Ano de Produção: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Charles Brackett, Walter Reisch
Elenco: Marilyn Monroe, Joseph Cotten, Jean Peters, Max Showalter, Denis O'Dea, Richard Allan

Sinopse:
A jovem e bonita Rose Loomis (Marilyn Monroe) viaja com o marido George (Joseph Cotten) para passar um fim de semana nas famosas cataratas do Niágara, um ponto turístico na fronteira entre Estados Unidos e Canadá. Ele é um veterano de guerra, traumatizado e impotente. Ela quer se livrar desse marido o mais rapidamente possível.

Comentários:
Esse é um dos melhores filmes da carreira de Marilyn Monroe. Tecnicamente é um thriller de suspense, com Marilyn interpretando uma típica femme fatale. Uma mulher jovem, muito bonita e com sensualidade à flor da pele. Aqui a atriz não mediu esforços e colocou toda a sua sexualidade natural na tela. O diretor Henry Hathaway entendeu bem isso, criando cenas que são puro deleite visual nas curvas exuberantes da atriz. Na cena mais famosa o diretor deixou a câmera filmar um longo caminhar de Marilyn Monroe, onde ela rebola à vontade para os espectadores. São dois minutos e meio de sequência, algo inédito no cinema até então. Imagine algo assim sendo lançado em plenos anos 1950 com todo aquele moralismo. Claro, os fãs de Marilyn Monroe adoraram. E sua personagem, uma mulher maravilhosa que não estava nem aí para os problemas do marido impotente, procurando sempre por um novo amante de ocasião, ferviam ainda mais o clima de despudor do filme. Assim temos aquele que para muitos é o melhor momento de Marilyn Monroe no cinema, aqui usando e abusando de sua imagem de loira gostosa e sem nenhuma vergonha disso. Uma aula de cinema sutilmente erótico em uma época que isso era considerado um verdadeiro pecado no cinema.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 24 de março de 2020

Quanto Mais Quente Melhor

“Ninguém é Perfeito!” – a última linha de diálogo de uma das comédias mais maravilhosas já realizadas, fechava com chave de ouro esse delicioso momento da carreira de Marilyn Monroe. Curiosamente a frase também poderia ser usada para se referir também a ela! Afinal Marilyn não era perfeita! Longe disso! Em “Quanto Mais Quente Melhor” ela mostrou todas as suas imperfeições. Chegava atrasada nas filmagens, não sabia suas falas, criava confusões com seus colegas de trabalho e enlouquecia Billy Wilder que já não sabia mais o que fazer com ela! Chegou a declarar a um jornalista que lhe perguntou como iam as filmagens: “É como estar dentro de um avião caindo, com uma louca entre os tripulantes!” Wilder como se percebe não era apenas um grande cineasta, mas também um criador de frases espirituosas! 

Apesar de todos os problemas enfrentados nas filmagens, o resultado final entrou para a história do cinema. Os bastidores da produção aliás são tão saborosos quanto o próprio filme. Quando o filme ficou pronto após as caóticas filmagens e Wilder conferiu o resultado pela primeira vez na sala de exibição do estúdio, ele ficou simplesmente maravilhado. Era incrível, mas Marilyn, a mesma que causou todos os tipos de problemas no set, era a mesma que aparecia linda e com fantástico talento cômico em cena. Monroe tinha essa qualidade única – ela conseguia transpor para as telas momentos raros, excepcionais, mesmo estando emocionalmente abalada, psicologicamente perturbada e fisicamente esgotada. Como o próprio diretor disse, a câmera de cinema amava Marilyn Monroe! Era um fenômeno da natureza. Se isso não era talento natural, nada mais poderia ser! O próprio Wilder reconheceu isso publicamente em diversas entrevistas e numa delas explicou: “Marilyn Monroe é uma amadora profissional. Ela tem dois pés esquerdos e espero que isso nunca seja corrigido. Não quero que ela vá a uma analista para sair de lá ‘consertada’. O que faz Marilyn esse mito é justamente essa característica dela!”

Ao lado da eterna Monroe temos em “Quanto Mais Quente Melhor” dois atores igualmente excepcionais. Tony Curtis e Jack Lemmon. Curtis vinha de uma sucessão de excelentes produções que tinham se tornado grandes sucessos de bilheteria. Cria da Universal Studios, ele finalmente alcançava o auge em sua carreira. Era um ator com raro timing de comediante (embora não fosse um) e conseguia como poucos interpretar o tipo mais esperto, beirando a malandragem. Como tinha ótimo visual enlouquecia o público feminino. Era um dos galãs mais populares de sua época. Aqui ele esbanjou carisma e química ao lado de Marilyn, isso apesar dos problemas que teve com a atriz. Infelizmente cometeu algumas grosserias com ela depois afirmando numa entrevista que “Beijar Marilyn era como beijar Hitler”! Uma frase infeliz que magoou bastante a atriz.

Já Jack Lemmon foi um poço de tranquilidade e calma mesmo nas conturbadas filmagens. Esse foi seguramente um dos melhores comediantes de todos os tempos em Hollywood. Seu humor era muito sofisticado, delicado, fino mesmo e não havia espaço para vulgaridades. Além de ótimo ator, era um pianista de mão cheia, que chegou inclusive a gravar alguns excelentes discos instrumentais. Um talento raro. Assim não é de se espantar que mesmo com o caos reinante na produção do filme tenhamos hoje um dos grandes clássicos do cinema americano, eleito por vários críticos como a “melhor comédia da história”. Marilyn Monroe, Tony Curtis, Jack Lemmon e Billy Wilder em um só filme não poderia resultar em outra coisa. O filme recebeu cinco indicações ao Oscar, inclusive de direção (Billy Wilder) e ator (Jack Lemmon), mas só foi premiado por figurino, uma injustiça! Deveria ter sido consagrado já em sua época e não anos depois como aconteceu. Infelizmente a Academia também não era perfeita! 

Quanto Mais Quente Melhor (Some Like a Hot, Estados Unidos, 1959) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Robert Thoeren, Michael Logan / Elenco: Marilyn Monroe, Tony Curtis, Jack Lemmon, George Raft / Sinopse: Joe e Jerry (Lemmon e Curtis) são dois músicos que casualmente acabam testemunhando um crime cometido por gangsters perigosos. Para escapar da máfia, resolvem fugir vestidos de mulher num grupo musical formado apenas por garotas, dentre elas a cantora loira Sugar (Marilyn Monroe) que começa a desconfiar da dupla!

Pablo Aluísio. 

Almas Desesperadas

Esse foi um filme feito pela atriz Marilyn Monroe antes dela se tornar uma das maiores estrelas da história de Hollywood. Na época Marilyn era apenas uma garota bonita com um certo potencial. Uma starlet. E o mais interessante de tudo é que ela se saiu muito bem como atriz, sem apelar tanto para seu Sex Appeal. Claro, sua beleza e sensualidade natural sempre iriam chamar a atenção, mas esse não foi o foco do filme em si. A trama é engenhosa. Um casal deixa sua pequena filha aos cuidados da sobrinha do ascensorista do hotel onde estão hospedados. O problema é que a nova babá, chamada Nell Forbes (Marilyn Monroe), sofre de graves problemas psicológicos e mentais. A aproximação de um outro hóspede, Jed Towers (Richard Widmark), na vida de Nell só piora ainda mais a situação. Com isso a situação que já era delicada, se torna explosiva e altamente perigosa.

"Almas Desesperadas" foi o primeiro filme em que Marilyn Monroe realmente se destacou, surgindo com um papel importante. Até aquele momento ela se resumia a fazer papéis pequenos, sem grande importância. A maioria deles apenas aproveitando de sua beleza. Tudo muda aqui. Marilyn Monroe está em praticamente todas as cenas de um roteiro que se passa quase em tempo real, todo em uma só noite, dentro de um quarto de hotel. Muitos biógrafos e críticos afirmam que o papel da babysitter mentalmente perturbada era muito forte para uma Marilyn Monroe ainda tão jovem e inexperiente. De fato, não deve ter sido nada fácil interpretar um personagem assim com apenas 26 anos de idade, mas sinceramente discordo dos que criticam a atuação da atriz nesse filme. Achei sua atuação muito digna e correta. Marilyn, em nenhum momento, cai no exagero ou na caricatura. Para uma jovem estrela, sem muita experiência dramática, devo dizer que ela se saiu extremamente bem. O filme só funcionaria se Marilyn atuasse de forma satisfatória - e ela fez isso, com muita garra e sensibilidade, tenham certeza.

E como poderíamos definir esse filme? "Almas Desesperadas" é, em essência, um drama com toques de suspense e tensão. Quase cinema noir. A estrutura narrativa inclusive lembra uma peça de teatro. Os personagens estão concentrados em um ambiente fechado, dentro de uma situação limite. Poderia ter ficado pesado e chato, mas não, o filme se desenvolve muito bem em seus curtos 76 minutos. Richard Widmark segue a trilha da boa atuação de Marilyn Monroe e desfila elegância e charme durante as cenas. Aliás seu figurino chama bem a atenção pois revela a moda masculina na primeira metade dos anos 1950 com ternos enormes, folgadões, que alguns anos depois viriam a virar moda novamente. E ele era certamente o ator ideal para atuar nesse tipo de papel. Geralmente interpretava personagens que eram anti-heróis ou vilões assumidos. Nunca foi um ator de papéis de sujeitos bonzinhos ao longo de toda a sua carreira.

Para uma produção B da Fox, achei tudo de bom gosto. O hotel onde se passa a estória foi bem recriado e os demais figurinos são bonitos. E por falar em beleza, Marilyn estava linda, maravilhosa na época. Ainda com o frescor da juventude ela fotografou muito bem nas cenas. Com cabelos mais escuros que o normal, os fãs da atriz foram presenteados com vários closes de seu rosto inesquecível. Mesmo fazendo papel de maluquinha sua sensualidade acabou explodindo em cada tomada. Não foi à toa que ela se tornou um dos grandes símbolos sexuais do século XX. Embora seu papel não fosse essencialmente sensual, ela o tornava assim naturalmente. A Fox inclusive investiu bem nisso, a começar pelo poster do filme explorando a sensualidade de Marilyn de forma bem ostensiva e descarada. Em conclusão podemos afirmar que "Almas Desesperadas" não decepciona. É um registro histórico da ascensão de um dos maiores mitos da história do cinema! Só isso já o torna obrigatório.

Almas Desesperadas (Don't Bother to Knock, Estados Unidos, 1953) Direção: Roy Ward Baker / Roteiro: Daniel Taradash baseado na novela de Charlotte Armstrong / Elenco: Richard Widmark, Marilyn Monroe, Anne Bancroft, Donna Corcoran, Jeanne Cagney / Sinopse: Casal que vai a um jantar de gala contrata jovem babá chamada Nell Forbes (Marilyn Monroe) para cuidar de sua filhinha. A babá é sobrinha do ascensorista do hotel e desde que seu namorado morreu na guerra sofre de crises mentais. E esse se torna o grande problema daquela noite.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 20

Conforme ia ficando cada vez mais popular e famosa, mais Marilyn Monroe ia criando problemas dentro e fora dos estúdios. Assim que conhecia um jornalista que poderia lhe ajudar com alguma divulgação, reportagem ou até quem sabe uma capa de revista, Marilyn o levava para conhecer o rancho onde supostamente seu pai vivia! Ela dizia que ele não queria vê-la mais, que fosse embora dali. Era uma encenação! Tudo era feito como uma forma de ganhar a pena ou a gratidão do jornalista que estivesse ao seu lado. Assim Marilyn sempre acabava ganhando mais publicidade grátis. A tática da "garotinha órfã e indesejada" lhe rendeu muito em termos de divulgação nas principais revistas de moda e cinema da época.

Quando começaram as filmagens de "Bus Stop" (Nunca Fui Santa, no Brasil) Marilyn avisou ao estúdio que estaria acompanhada da instrutora de atuação Paula Strasberg. Ela era esposa do grande Lee Strasberg, fundador do Actors Studio. Inicialmente Paula iria ajudar Marilyn a melhorar suas atuações, mas logo descobriu-se que ela na verdade era uma espécie de assistente pessoal de Marilyn. Andando com uma bolsa cheia de remédios ao lado, estava sempre se trancando com Marilyn em seu camarim. Os diretores logo descobriram que teriam problemas com ela. Paula estava sempre vestida de preto, suando muito (pois era muito obesa), criando dificuldades ainda maiores para os filmes. Suas instruções de atuação eram exageradas, demoradas e geralmente atrasavam ainda mais o cronograma de filmagens.

Paula também passou a desempenhar um papel bem estranho dentro dos estúdios. Antes de Marilyn entrar no set de filmagens ela mandava Paula fazer uma lista das pessoas que estavam lá. Essa lista então era mostrada para Marilyn e ela mandava algumas pessoas irem embora antes que começasse a trabalhar. Marilyn começou a implicar com técnicos, roteiristas e operadores de câmera. Assim quando Marilyn mandava eles embora do filme criava-se um problema extra para a produtora Fox que tinha que arranjar substitutos, e isso bem no meio das filmagens. Também começou a criar problemas com as atrizes com quem trabalhava. Certo dia ao entrar no estúdio se deparou com a atriz Hope Lange usando a mesma cor de cabelo dela. Isso bastou para Marilyn se retirar e avisar ao estúdio que não voltaria a atuar até que Lange escurecesse seus cabelos! O mesmo aconteceu com Cyd Charisse, cuja demissão Marilyn exigiu justamente pelo mesmo motivo.

Marilyn também começou a piorar seus atrasos. Se antes ela chegava duas, três horas atrasada para atuar, agora ela nem mais aparecia no estúdio. Geralmente dizia que estava doente, mas era tudo mentira. O excesso de pílulas estava destruindo sua capacidade de memorizar as falas, além de a torná-la incapaz de se levantar pela manhã para trabalhar. Isso levou com que a Fox contratasse uma pessoa apenas para bater na sua porta no dia seguinte, a tirar da cama, dar um banho e colocá-la em condições de aparecer na frente de uma câmera. A Fox também decidiu que a equipe de maquiagem deveria ir para a casa de Marilyn, para maquiá-la lá, já que a atriz levava horas para aparecer no departamento de maquiagem. O drama da Fox é que não podia demiti-la pois Marilyn significava muitos milhões de dólares na bilheteria - na verdade ela tinha se tornado em pouco tempo a estrela mais lucrativa de todo o estúdio. Uma verdadeira mina de ouro!

O período em que estudou no Actors Studio também colaborou para que Marilyn criasse ainda mais problemas. Ela havia aprendido lá que o elenco sempre tinha que discutir aspectos de roteiro e direção. Assim qualquer cena - até mesmo as mais banais - levavam horas para ficarem prontas, pois antes Marilyn tinha que discutir com roteiristas a razão daquela sequência existir. Era exaustivo e cansativo para todos. Ela também chegou na conclusão de que todos os membros das filmagens de que iria participar tinham que passar por seu crivo antes. Seus contratos com a Fox iriam trazer cláusulas de que Marilyn escolheria a dedo todos os profissionais que iriam trabalhar ao seu lado. E que tinha direito de demiti-los quando bem quisesse. Em certos aspectos ela iria ter o mesmo poder que um produtor executivo, algo até então inédito em Hollywood. Nas palavras da atriz ela nunca mais queria ser manipulada pelos estúdios.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 19

Marilyn Monroe teve muitos relacionamentos amorosos em sua vida. Vários deles foram intensos, frutos de grandes paixões, mas ao mesmo tempo eram fugazes demais. A personalidade de Marilyn parecia ter essa característica: ela se apaixonava perdidamente, em paixões fulminantes, porém assim que começava a se relacionar com seu novo companheiro ia perdendo gradualmente o interesse por ele. Marilyn tinha tendência a desenvolver paixões platônicas e como todos sabemos essas sempre se transformavam em fumaça quando eram realizadas no mundo real. Essa forma de viver acompanhou Marilyn por toda a sua vida e não era restrita aos seus namorados, mas também aos seus maridos.

Marilyn não foi apaixonada pelo primeiro marido,  James Dougherty. Esse seu primeiro casamento foi arranjado por sua mãe adotiva. Ela não queria mais Marilyn em casa e fez de tudo para que ela se casasse com aquele rapaz simpático da vizinhança. Ele era marinheiro e assim durante uma viagem em 1946 recebeu um telegrama de Marilyn pedindo o divórcio. Ela nunca chegou realmente a gostar dele, em nenhum nível. Em 1954 ela se casou com o jogador de beisebol Joe DiMaggio. Foi outro casamento sem paixão. Joe era muito mais apaixonado por ela do que Marilyn poderia imaginar. Ela, por sua vez, parecia mais interessada na publicidade que aquele casamento iria trazer para sua carreira. Da parte dela houve quase nenhuma paixão ou sentimento verdadeiro. O relacionamento chegou ao fim após Joe agredir Marilyn durante uma discussão acalorada. Com seu jeito italiano, estilo dominador, não conseguia conviver com o sucesso dela, com seu jeito de ser independente. Foi demais para o machão com sangue latino. Ao longo dos anos, mesmo após a separação, Joe DiMaggio iria se comportar como um cachorrinho em busca de atenção de sua antiga dona. Só que Marilyn após o fim do casamento só queria dar ao ex-marido uma amizade até sincera, mas ao mesmo tempo distante.

Uma das grandes paixões platônicas de Marilyn Monroe se deu com o escritor Arthur Miller. Em uma época em que Marilyn lutava desesperadamente para adquirir cultura, lendo livros e estudando, Miller representava um ideal de homem culto e respeitado que ela almejava conquistar. Naquela altura de sua vida Marilyn já tinha se cansado dos galãs apaixonados por si mesmos que lotavam os estúdios de Hollywood. Beleza física já não era tão importante para ela. Assim Monroe mudou seus paradigmas e começou a se interessar por homens intelectuais, que pudessem trazer algo de novo para sua vida. Um deles foi seu próprio professor de música na Fox. Um sujeito elegante, com educação primorosa e cultura erudita. Marilyn ficou loucamente apaixonada por ele, mas não foi correspondida. Ele já era casado naquela altura e não queria jogar tudo fora em prol de uma aventura ao lado da atriz.

Isso devastou Marilyn e ela cultivou uma paixão platônica em relação a ele que durou anos e anos. Pela primeira vez em sua vida Marilyn começou a correr atrás de um homem, que ela considerava perfeito, ao invés de ser cortejada e seduzida. O fato de Marilyn ter que ir atrás dele, de sua paixão, ao invés de ficar esperando o tal sujeito se jogar aos seu pés, fez com que ela ficasse ainda mais apaixonada - loucamente apaixonada. Mesmo com todos os esforços realmente não deu em nada e Marilyn experimentou uma das grandes desilusões amorosas de sua vida.

Já com Arthur Miller as coisas foram diferentes. O escritor acabou se apaixonando por Marilyn, colocando fim em seu casamento, jogando seu juízo pela janela. O caso entre Monroe e Miller porém não acabou bem. Ela inicialmente parecia muito apaixonada por ele, a ponto de colocar um retrato do escritor ao lado de sua cama. Ela amava a cultura do marido e seu estilo intelectual, mas não demorou muito para tudo ruir. Miller, compreensivelmente, tinha hábitos moderados, típicos de um escritor. Isso significava que passava horas em seu escritório, escrevendo seus romances e peças em sua velha máquina de escrever. Assim Marilyn começou a se sentir sozinha. Pior do que isso, começou a achar o marido um chato. Em pouco tempo ela começou a desenvolver uma antipatia nada saudável por ele. O divórcio não demorou e ganhou tintas públicas quando ela começou a tomar atitudes humilhantes para com ele, inclusive nos sets de filmagens. O sonho, a paixão, estava novamente morta na vida de Marilyn Monroe. Para muitos autores e biógrafos, o fato inegável é que uma das maiores divas do cinema, talvez o maior símbolo sexual do século XX, a rainha da beleza de sua época, a mulher que ditava moda, acabou tendo uma vida amorosa bem infeliz. Uma grande ironia do destino.

Pablo Aluísio.

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 18

Um aspecto que poucos fãs de Marilyn Monroe conheciam na época em que ela fazia sucesso no cinema era que na intimidade dos sets de filmagens Marilyn demonstrava ter verdadeiro pavor de entrar em cena. Isso se tornou um verdadeiro martírio para praticamente todos os diretores que trabalharam ao seu lado. Chegar na hora das filmagens, declamar seu texto sem erros, atuar bem - esses pontos, essenciais para qualquer ator ou atriz, eram barreiras imensas para Marilyn.

Marilyn nunca chegava na hora certa. Todos os cineastas sabiam disso. Billy Wilder foi informado sobre os problemas de Marilyn, mas não chegou a perceber o tamanho do problema. Anos depois de ter trabalhado ao seu lado, Wilder confessou em uma entrevista: "As filmagens eram marcadas para começarem às nove da manhã, mas Marilyn aparecia no set às duas da tarde! Era um tormento. Geralmente eu usava as manhãs para gravar todas as cenas em que ela não estava. Mas isso ainda era insuficiente. Assim comecei a gravar com os atores que contracenariam com ela. Apenas closes de seus rostos falando suas falas! Lá pela tarde Marilyn finalmente aparecia no set. Ela não parecia ter decorado nenhuma linha de suas falas! Insegura, geralmente se trancava no trailer! Olha, era um verdadeiro inferno!"

Até diretores que eram reconhecidamente ótimos cavalheiros perderam a paciência com Marilyn. Um deles foi Laurence Olivier. Quando Marilyn foi para a Inglaterra para trabalhar ao seu lado em um novo filme ele mal sabia os problemas que o esperavam. Novamente Monroe voltou ao seu habitual. Não aparecia na hora certa, mostrava muitos problemas para memorizar suas falas - alguns diziam que os problemas vinham do fato dela tomar muitas pílulas que embaralhavam sua mente - e ataques de raiva e fúria na frente da equipe técnica. Depois de mais um atraso de quatro horas, o antes polido e educado Olivier explodiu, gritando com Marilyn, dizendo: "Você não tem o menor senso de profissionalismo?" - disse exacerbado,  ao que Marilyn respondeu, também gritando: "Vá se danar! Se você não me pedir desculpas na próxima meia hora vou pensar seriamente em pegar o primeiro avião de volta aos Estados Unidos!".

Alarmado e preocupado em perder milhões caso o filme não fosse feito, Laurence engoliu todo o seu orgulho pessoal e pediu desculpas a Marilyn. Depois chegou até mesmo a elogiar a atriz publicamente: "Trabalhar com Marilyn não foi fácil. Depois de cada cena eu pensava que ela havia atuado muito mal, mas quando assistia as gravações via que ela havia se saído melhor do que todos os demais atores do elenco! A câmera amava Marilyn!". O auge dos problemas de Marilyn levaria ela a ser demitida pela Fox naquele que seria seu último filme, uma comédia romântica rodada ao lado de Dean Martin. A produção, cara e problemática, ficou inacabada pois Marilyn não conseguia mais sequer chegar no estúdio para fazer suas cenas. Sem outra opção os executivos da Fox a demitiram. Claro, foi um grande escândalo em Hollywood. A mais popular estrela do mundo sendo demitida não era algo que se via todos os dias. A nota triste é que Marilyn nunca mais faria um filme depois disso pois em poucos meses ela morreria em circunstâncias até hoje nebulosas.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 17

No começo da década de 1960 o cantor Frank Sinatra comprou um hotel em Lake Tahoe. Essa pelo menos era a informação oficial que passava para a imprensa. Boatos em Hollywood porém diziam que o hotel na verdade pertencia ao chefão mafioso Sam Giancana. Sinatra na verdade seria apenas seu testa de ferro. O objetivo era transformar Lake Tahoe numa segunda Las Vegas, que inclusive era também quase toda da máfia italiana. De uma maneira ou outra Frank Sinatra ficaria anos se apresentando ali, tudo na tentativa de transformar o lugar em uma estação de turismo de sucesso. Até Elvis Presley cantaria no hotel alguns anos depois.

De uma maneira ou outra o hotel de Sinatra acabou se tornando um dos lugares preferidos de Marilyn Monroe. Sempre que ela terminava um filme ia embora de Los Angeles e ficava semanas ali hospedada. Durante as tardes jogava no cassino, nas noites desfrutava dos shows que eram realizados. Usando de sua influência no mundo artístico Frank Sinatra levou muitos astros de Hollywood para se hospedarem por lá. Era algo que trazia publicidade grátis para seu grande hotel.

Quem ficou furioso com essas viagens de Marilyn Monroe foi seu ex-marido Joe DiMaggio. Durante anos ele considerou Sinatra como seu amigo pessoal. Não apenas pelas origens - eles eram de família de imigrantes italianos - mas também pelo fato dele ser considerado um bom amigo de sua esposa. Só que os anos passaram e Joe descobriu que Sinatra também tinha interesses amorosos com Marilyn. Como se isso tudo não bastasse para acabar com qualquer amizade, Joe ficou sabendo por fofocas que Sinatra estava dando drogas para Marilyn em Lake Tahoe. Achou que isso era ruim? Joe também ficou sabendo que numa dessas ocasiões Frank Sinatra havia dado drogas a Marilyn para ela participar de uma orgia. Era o fim da picada. Joe queria matar Frank Sinatra.

Se era verdade ou não, era complicado saber. Porém que houve abusos de drogas por Marilyn Monroe em Lake Tahoe isso era confirmado por várias pessoas que também estavam hospedadas no hotel de Sinatra. Muitos lembram da atriz completamente desnorteada no piscina ou no restaurante do hotel, sempre parecendo estar bêbada ou drogada. E pensar que Marilyn ia para lá para supostamente descansar e relaxar do stress das filmagens de suas produções em Los Angeles. Outro ponto que magoava bastante Joe DiMaggio era saber que aquele era um reduto de mafiosos, de pessoas ligadas ao crime organizado. Marilyn jamais havia se envolvido com esse tipo de gente antes. Era algo ruim e perigoso para sua ex-esposa. Porém como o casamento havia acabado ele já não tinha mais o que fazer a não ser lamentar bastante tudo o que estava acontecendo.

Pablo Aluísio.

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 16

"Quanto Mais Quente Melhor" é considerado por muitos críticos de cinema como a melhor comédia já feita por Hollywood. É incrível que o filme tenha dado tão certo, uma vez que suas filmagens se deram em meio ao caos. O diretor Billy Wilder diria depois que nunca havia sofrido tanto para concluir um filme. Marilyn Monroe bateu todos os recordes de problemas que poderia se imaginar. Ela atrasava suas cenas, não decorava as falas e geralmente chegava atrasada por 3, 4 horas nos estúdios. Era um completo caos.

Ao mesmo tempo a estrela colecionou atritos e brigas com o resto do elenco ao ponto de Tony Curtis soltar uma frase infeliz para a imprensa. Ele declarou que beijar Marilyn era a mesma coisa que beijar Hitler! Muitos anos depois em seu livro de memórias o ator se diria completamente arrependido do que havia dito, porém justificava seu comentário mordaz dizendo que estava na época completamente farto de Marilyn e sua falta de profissionalismo. Numa das cenas, irritada com Curtis, ela teria inclusive jogado um copo de vinho em sua cara, o que era completamente impensável para uma atriz de seu porte. E isso tudo era apenas a ponta do iceberg.

O único que manteve a paciência, servindo como um pacificador durante as filmagens foi Jack Lemmon. Ele tinha mesmo essa personalidade amigável e bonachona, o que ajudou a aliviar o clima de tensão durante a produção do filme. Geralmente bem no meio de um bate boca ou de um quebra pau ele sentava-se tranquilamente ao piano do estúdio e começava a tocar, sem preocupação com as cadeiras que voavam ao seu redor. Era um sujeito completamente boa praça e gente fina, não importando o que acontecesse.

E o filme se tornou um clássico absoluto, apesar de tudo. Billy Wilder diria que não conseguia entender. Marilyn Monroe poderia ser considerada a pior profissional que ele já tinha trabalhado, mas ao mesmo tempo quando as cenas eram reveladas ela parecia perfeita na tela de cinema. Melhor do que seus dois parceiros de filme, melhor do que qualquer um. Era pura mágica na opinião de Wilder. Como uma pessoa tão neurótica, caótica e estranha como Marilyn conseguia parecer tão perfeita nos filmes? O velho Billy morreu sem saber dar a resposta. Apenas constatava que isso acontecia mesmo, sem a menor dúvida. Um mistério dos deuses da sétima arte.

Pablo Aluísio. 

domingo, 26 de janeiro de 2020

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 15

Marilyn Monroe poderia ter se poupado de muitos problemas pessoais se não tivesse se envolvido com homens errados, principalmente quando eles eram casados. Durante meses circulou em Hollywood que Marilyn poderia estar envolvida com John Kennedy, o presidente dos Estados Unidos. Se a história fosse verdadeira seria uma das notícias mais bombásticas de todos os tempos, porém Marilyn se recusava a assumir o romance mesmo para as pessoas mais próximas, seus jornalistas mais conhecidos.

Numa determinada tarde enquanto descansava de um dia de filmagens ela aceitou receber em seu camarim o colunista social do New York Times. Ele sondou o assunto de seu suposto namoro com JFK, mas tudo o que conseguiu arrancar da estrela foi uma declaração dúbia, cheia de mistérios onde reconhecia que estava mesmo namorado um homem importante, muito famoso e que por isso não poderia dar maiores detalhes.

Esse relacionamento tampouco foi ventilado pelo presidente a ninguém. John Kennedy era um notório mulherengo e tinha um óbvio interesse em Marilyn, porém mesmo para os amigos mais chegados se recusava a contar o que tinha acontecido entre ele e a maior estrela de Hollywood. Seu irmão Bob também estava interessado em Marilyn, só que ao contrário do presidente foi menos discreto, chegando várias vezes a ir até a casa de Marilyn para visitas até bem conhecidas da comunidade de Hollywood.

Marilyn porém não parecia interessada em Bob. Ele era casado e tinha um monte de filhos. Marilyn, experiente como era, sabia que seu namorico com Bob não iria dar em nada. Também não parecia nada apaixonada por ele. Bob Kennedy era o irmão mais feioso e menos poderoso do presidente, esse sim o grande prêmio que Marilyn Monroe esperava levar para casa algum dia, quem sabe. Isso era algo praticamente impossível de acontecer. John Kennedy era casado com a incrível Jackie. Uma mulher culta, pertencente a uma das famílias mais aristocráticas da América e que apesar de saber das infidelidades do marido também tinha plena consciência que ele jamais iria colocar seu casamento em segundo plano por qualquer uma de suas aventuras amorosas. No íntimo Marilyn sabia que não teria nenhuma chance nessa disputa por JFK. Ela, no máximo, iria conseguir ser a amante mais famosa e mais glamorosa do presidente. Nada mais do que isso.

Pablo Aluísio.

sábado, 25 de janeiro de 2020

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 14

A primeira grande chance de se tornar uma estrela para Marilyn Monroe apareceu em 1953 quando ela foi escalada para atuar em "Gentlemen Prefer Blondes" que no Brasil recebeu o título de "Os Homens Preferem as Loiras". Era uma comédia musical dirigida pelo excepcional cineasta Howard Hawks. O filme seria estrelado pela star Jane Russell e Marilyn estaria no enredo como uma espécie de escada para ela. Pelo menos foi isso que o estúdio disse a Monroe. Por baixo dos panos havia uma clara tentativa da Fox em testar a atriz para saber se ela poderia se tornar um novo chamariz de bilheteria para suas produções. O fato é que Marilyn conseguiu se tornar uma celebridade fora das telas, mesmo tendo participado na maioria das vezes como mera coadjuvante por anos e anos. Sem grandes chances nos filmes a atriz começou então uma bem sucedida campanha pessoal de auto promoção, se tornando amiga de jornalistas e produtores influentes, dando entrevistas, abrindo aspectos de sua vida pessoal e aparecendo em jornais, revistas e eventos promocionais.

O aparente desinteresse da Fox escondia uma pretensão bem mais ousada. Marilyn aos poucos foi percebendo que o estúdio finalmente parecia acreditar nela. Infelizmente isso não se refletia em seu salário que praticamente continuou o mesmo. Sua colega Jane Russell receberia quase vinte vezes mais do que ela pela atuação no filme. Isso logo chamou a atenção da imprensa e Marilyn resolveu brincar um pouco com a situação fazendo piada com o título do filme. A um jornalista amigo declarou: "Bom, eu deveria ganhar o mesmo que Jane, não acha? Até porque eu sou a loira do filme e ele se chama Os Homens Preferem as Loiras!". Depois disso arregalou seus grandes olhos azuis para a câmera, numa pose engraçada. Na verdade Marilyn iria provar no set de filmagens que ela tinha um maravilhoso timing para comédias e enredos engraçados, algo que ela não demonstrava tanto em dramas ou filmes mais melodramáticos. Em pouco tempo esse seu talento pelo cômico iria despertar a atenção da Fox que entenderia que finalmente havia descoberto o grande filão para explorar comercialmente o talento daquela loira. Dali em diante Marilyn seria escalada para brilhar em comédias românticas musicais.

Outro fato chamou bastante a atenção em Hollywood. Assim que o projeto do filme foi anunciado muitos entenderam que as duas atrizes não iriam se dar bem no set. Era um tanto tradicional haver brigas em filmes que fossem co-estrelados por duas atrizes. Geralmente uma tentava superar a outra, querendo roubar o filme para si, e isso terminava em longas brigas nos sets de filmagens. As colunas de fofocas da época esperavam por enormes brigas envolvendo Marilyn e Jane, mas no final das contas acabaram se decepcionando. Ao contrário do que muitos aguardavam Monroe se deu muito bem com Jane Russell. Ambas ficaram até mesmo bastante amigas durante as filmagens. Uma apoiando a outra, dando sugestões. Isso para Marilyn era mais do que bem-vindo. Sua insegurança nas filmagens era notória dentro do estúdio. Ela sempre ficava apavorada antes de entrar em cena. Contar com um ombro amigo atrás e na frente das câmeras foi algo maravilhoso para ela. Em troca ofereceu uma amizade sincera e muito carinhosa para com Jane. Essa amizade parece ter trazido muito para o resultado final da película.

 "Gentlemen Prefer Blondes" custou relativamente barato pois foi quase que todo rodado em estúdio em Los Angeles. Assim que chegou nas telas de cinema se tornou um sucesso de público e crítica. Também pudera, o roteiro era deliciosamente divertido com ótima trilha sonora e números musicais extremamente bem realizados. O papel de Marilyn foi um dos mais caricatos de sua carreira, o que não significa que tenha sido ruim, muito pelo contrário, foi excelente, captando um lado de comediante na atriz que pouca gente conhecia. Para não fazer feio nos números musicais Marilyn tomou aulas de canto e dança com o departamento de arte da Fox. Uma das primeiras regras que teria que cumprir era ser disciplinada e pontual nas aulas, algo que ela conseguiu a duras penas pois chegar na hora marcada era um problema e tanto para ela, sempre. Algo que iria piorar muitos nos anos seguintes. De qualquer maneira como almejava muito ser uma estrela de sucesso, Marilyn por essa época adotou o estilo "garota boazinha e obediente". Mal sabia a Fox no que estava se metendo.

Pablo Aluísio.

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 13

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 13
Quando o diretor Billy Wilder fechou com Marilyn Monroe para trabalharem juntos mais uma vez em Hollywood, ele sabia que iria ter muitas dores de cabeça. Ele já a conhecia muito bem e sabia como seria um verdadeiro caos! Marilyn não o decepcionaria nessa previsão. Assim que as filmagens começaram, Marilyn começou a aprontar das suas. Ela chegava em média com três horas de atraso ao estúdio para filmar suas cenas. Pior do que isso, ela não conseguia decorar suas falas. Quase sempre ficava trancada dentro do camarim ao lado de sua professora particular de atuação Paula Strasberg. Paula era uma mulher antipática, estranha, que só se vestia de preto e não falava com mais ninguém da equipe de filmagem.

Assim que Marilyn encerrava suas cenas ela procurava imediatamente por Paula, colocando as mãos sobre os olhos para localizá-la dentro do estúdio. Isso irritava muito Billy Wilder, afinal ele era o diretor do filme e não Paula. Durante um fim de semana Billy perdeu a paciência e assim que a tomada acabou ele virou-se para Paula, de forma irônica, para perguntar: "Você gostou dessa cena querida? Quer que repetimos?" Paula não gostou da piada e levou aquilo como se tivesse sido ofendida pelo cineasta. Ela não tinha nenhum senso de humor. Além dos atrasos, da presença nada simpática da instrutora de Marilyn e de seus problemas com pílulas misturadas com champagne, Billy Wilder também percebeu que não poderia mais contar com Marilyn para a sessão de fotos que iria produzir o material promocional do filme. Era um fato bizarro, mas a atriz que era considerada o maior símbolo sexual do cinema na época não servia mais para fotografar pois estava muito acima do peso!

Billy assim resolveu levar as demais garotas que estavam no filme, interpretando coristas e músicas da banda que acompanhava Marilyn, para tirar as fotos. Pois é, os posters promocionais do filme eram montagens, com os corpos das jovens atrizes e o rosto de Marilyn Monroe. Tudo criado dentro do departamento de publicidade da Fox. O fato era que Marilyn Monroe estava grávida quando rodou o filme. A fofoca entre todos os envolvidos nas filmagens era a de que Marilyn não estava grávida de seu marido, Arthur Miller, mas sim de Tony Curtis, que trabalhava com ela no elenco. Claro que tudo foi logo abafado pelo estúdio, pois isso poderia arruinar o filme nas bilheterias caso o público e a imprensa soubessem da verdade.

Anos depois Tony Curtis confidenciou que também acreditava que Marilyn estava grávida dele. Eles tinham um passado juntos, chegaram a morar sob o mesmo teto quando eram apenas jovens atores em Hollywood atrás de uma chance. Quando se reencontraram no set de filmagem a velha paixão reacendeu. Curiosamente durante uma cena de beijo, Tony Curtis soltou uma frase que pegou muito mal. Ele disse: "Beijar Marilyn é como beijar Hitler". Ao saber disso a imprensa correu e estampou a bombástica declaração, mas Curtis se apressou em negar que era uma ofensa em relação a Marilyn. Ele apenas estava sendo irônico com todos que perguntavam como era beijar Marilyn Monroe. "O que eles pensam? Ora, beijar Marilyn era maravilhoso! Por isso fui irônico!" - Disse Curtis tentando se explicar. A ironia porém foi mal entendida, inclusive por Marilyn, que ficou magoada, causando ainda mais atrasos e problemas para a finalização do filme. O mal estar foi geral.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 12

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 12
Billy Wilder teve a ideia de escrever o roteiro de "Quanto Mais Quente Melhor" após assistir a um velho filme alemão. No enredo dois músicos se vestiam de mulheres para escapar da máfia. Wilder mostrou seu projeto para o produtor David Selznick que não gostou nada do que leu. Misturar máfia com comédia, violência com humor, era algo perigoso e nada engraçado em sua forma de entender. Mesmo assim Wilder não desistiu e resolveu produzir ele mesmo o filme. O primeiro contratado foi o ator Tony Curtis, o que não deixou de ser curioso pois Curtis achava que Wilder não gostava dele pessoalmente.

Para o outro papel o estúdio queria muito Frank Sinatra. Um almoço de negócios foi marcado entre ele e o diretor, mas Sinatra não compareceu. Na verdade o cantor desistiu de fazer o filme por causa da ligação do roteiro com mafiosos. Ele já vinha sofrendo comparações por causa de seus amigos no submundo do crime e isso iria reforçar esse tipo de visão na imprensa. Com Sinatra fora, Wilder finalmente conseguiu contratar o ator que queria desde o começo: o comediante  Jack Lemmon.

A entrada de Marilyn Monroe no filme foi uma surpresa para todos. Ninguém estava pensando nela. Quando a atriz soube que Billy Wilder iria dirigir uma comédia com Curtis e Lemmon, decidiu ligar pessoalmente para Billy, se oferecendo para o papel de "Sugar", a bonita garota que tocava na banda só de mulheres! Wilder sabia que a entrada de Marilyn Monroe no filme mudaria tudo, já que ela era uma das maiores estrelas de Hollywood. O diretor sabia bem que Marilyn era complicada de se trabalhar, sempre chegava atrasada, não decorava suas falas e parecia sempre estar insegura. Mesmo com tantas coisas contra sua contratação, o diretor não podia ignorar também o fato de que Marilyn era um grande chamariz de bilheteria, a maior estrela de cinema da época!

O que Wilder não sabia era que Marilyn Monroe e Tony Curtis tinham um passado. Eles foram namorados anos antes. Quem recordou isso foi o próprio ator durante uma entrevista: "Eu cheguei a morar com Marilyn durante seis meses, antes que nos tornássemos famosos. Eu era apenas um jovem contratado pela Universal e Marilyn não conseguia muito trabalho na época. Eu estava apaixonado por ela, então resolvemos morar juntos. Não deu muito certo, mas guardei um certo carinho por ela, por todos aqueles anos. Quando descobri que Marilyn havia entrado no filme pensei que teríamos problemas pela frente! Algo que depois iria se mostrar verdadeiro, mas tudo bem, tudo era válido!".

Pablo Aluísio.

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 11

Na noite de natal de 1960 Marilyn Monroe subiu no parapeito da janela de seu apartamento em Nova Iorque e ficou lá, por alguns minutos, olhando para o vão abaixo de si. Vestindo apenas uma camisola branca, Marilyn estava disposta a pular. Ela queria acabar com tudo, dar um fim para a dor emocional que vinha sentindo. Quem a salvou do suicídio foi sua empregada, Lena Pepitone. Quando entrou na sala e viu Marilyn pendurada na moldura externa da janela do apartamento, Lena correu e se agarrou com Marilyn que, em prantos, começou a dizer: "Lena, não! Deixe-me morrer! Eu quero morrer! Eu mereço morrer! O que eu fiz da minha vida? Quem é que eu tenho? É natal!"

Marilyn estava passando por mais uma crise depressiva, fazendo com que ela tentasse o suicídio mais uma vez! A depressão havia se tornado insuportável justamente na noite de natal quando Marilyn se viu completamente sozinha em seu apartamento. A maior estrela do mundo do cinema, tão desejada, admirada e amada por milhões de fãs ao redor do mundo, não tinha ninguém para celebrar a ceia da noite de natal ao seu lado! Como entender tamanho paradoxo? Por que nenhuma pessoa próxima a Marilyn estava disposta a passar a noite de natal em sua companhia? Essa situação levou a atriz para um colapso nervoso. Ela que já vinha há semanas depressiva, chegou na conclusão que era hora de acabar com tudo.

Na verdade para entender isso é interessante saber como a vida de Marilyn estava na época. Em poucas palavras a vida pessoal e profissional da atriz estava completamente caótica. Ela havia decidido se divorciar de Arthur Miller depois de um casamento opaco, sem amor, marcado por muitas indiferenças e problemas de relacionamento. No final do casamento não é errado dizer que Miller não passava de um mero empregado de Marilyn, um carregador de malas da atriz. Ela o tratava mal, como a um capacho. Miller também não ajudava, demonstrando total servidão, sem personalidade, praticamente um homem sem pulso ou amor próprio. Com isso Marilyn simplesmente se cansou dele. Ela nunca gostou de homens fracos, manobráveis. Marilyn queria alguém que a tratasse pelo menos de igual para igual.

Como se isso não fosse problemático o suficiente, Marilyn resolveu se envolver com um homem casado, o ator e cantor Yves Montand com quem atuara no filme "Adorável Pecadora". O romance saiu das telas e invadiu o mundo real. A esposa de Montand, Simone Signoret, se considerava amiga pessoal de Marilyn até saber que ela estava tendo um caso com seu marido. Mulher culta, elegante e fina, Signoret resolveu enfrentar Marilyn face a face. De maneira polida e educada pediu que Marilyn não procurasse e nem se encontrasse mais com Montand. A forma como ela fez esse pedido acabou deixando Marilyn ainda mais depressiva. Afinal, pensou ela, que tipo de mulher ela era? Uma que nem ao menos respeitava os maridos das próprias amigas? Tomada por uma forte crise de consciência, Marilyn resolveu aceitar o pedido de Simone e encerrou o caso com Montand de forma definitiva.

Uma das poucas pessoas que havia sobrado em sua vida pessoal era a assessora de imprensa Pat Newcomb. Pouca gente tinha conseguido se adaptar tão bem ao modo estranho de viver de Marilyn do que Pat. Ela acabou se tornando com os anos a verdadeira amiga da atriz. Sempre que Marilyn tinha que viajar, Pat seguia na frente para acertar tudo. Quando esteve na Inglaterra Marilyn exigiu que seu apartamento em Londres ficasse completamente igual ao que mantinha em Nova Iorque, com todos os móveis brancos, sem qualquer sinal de outra cor no ambiente. Além disso todas as janelas deveriam ser cobertas por espessas cortinas também brancas. Marilyn gostava de viver em ambientes completamente alvos, brancos ao extremo, como se estivesse no Polo Norte. Cabia justamente a Pat providenciar esse tipo de coisa. Provavelmente se não fosse a prestativa assistência de Newcomb na vida de Marilyn ela teria morrido muitos anos antes. Pode-se dizer que ela, ao lado da empregada doméstica de Marilyn, salvou a vida da atriz muitas e muitas vezes.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Marilyn Monroe - Verdades e Mentiras

Marilyn Monroe realmente teve um caso amoroso com o presidente Kennedy? Ao que tudo indica sim. Embora a família Kennedy desminta até hoje esse fato, a verdade parece ser a que Marilyn e Kennedy tiveram realmente um ardoroso caso amoroso. Eram amantes e em algumas ocasiões isso ficou bem nítido (como o famoso “Parabéns Para Você” que a atriz cantou para o presidente em um de seus aniversários). E não para por aí, pois Marilyn também se envolveu com o irmão de John, Bob Kennedy, que também era casado e tinha muitos filhos, todos menores de idade. John havia enviado seu irmão para falar com Marilyn para lhe dizer que tudo estava acabado entre eles, mas o feitiço virou contra o feiticeiro e Bob acabou se apaixonando pela atriz. Esses escandalosos romances aliás se tornaram a base de praticamente todas as teorias da conspiração sobre a morte de Marilyn Monroe através dos anos. Teria a família Kennedy algo a ver com sua morte? A verdade sobre tudo o que aconteceu? Provavelmente nunca saberemos...

Marilyn Monroe era lésbica? Marilyn costumava dizer que nunca conseguia ficar plenamente satisfeita do ponto de vista sexual com nenhum homem, mesmo tendo inúmeros amantes ao longo da vida. Em certo período ela pensou seriamente que era, na realidade, lésbica. Mesmo tendo dúvidas sobre sua sexualidade, nunca avançou demais nesse campo, sempre preferido mesmo homens ao seu lado. Uma de suas professoras de interpretação porém era lésbica e tinha plena consciência disso. Até tentou algo com Marilyn, mas apesar da curiosidade a atriz recusou gentilmente a possibilidade desse tipo de relacionamento. Até hoje não existem fontes seguras e certas de que ela, em algum dia de sua vida, tenha tido qualquer tipo de relacionamento homossexual.

Marilyn Monroe usava drogas? Sim e em grande quantidade. Marilyn começou a usar drogas prescritas por médicos para amenizar sua terrível insônia. Ela tinha enorme dificuldade em dormir, causada principalmente por sua ansiedade e ataques de pânico. A atriz também tinha uma baixa auto estima, que piorava ainda mais seu quadro. Para combater um quadro psicológico tão complicado ela começou a tomar remédios receitados por seus médicos e analistas. Em pouco tempo perdeu o controle sobre seu uso, abusando muito das medicações e as misturando perigosamente com bebidas alcoólicas, o que acabou prejudicando demais sua vida pessoal e profissional. Ao que tudo indica a causa mais provável de sua morte tenha sido justamente uma overdose acidental desses mesmos remédios, embora seu falecimento esteja até hoje encoberto por muitos mistérios não resolvidos.Em relação a drogas não prescritas há suspeitas que tenha fumado maconha ao lado do ator Robert Mitchum. Isso porém foi apenas uma experiência porque ela odiava fumo e cigarros em geral.

A atriz foi realmente espancada por Joe Di Maggio? A maioria das biografias afirma que sim. O triste acontecimento ocorreu após as filmagens de Marilyn com calcinhas à mostra no filme “O Pecado Mora ao Lado” (a famosa cena da saia levantada). No meio da multidão lá estava o marido Di Maggio, que ficou simplesmente escandalizado com o que viu. Depois ao encontrá-la em casa começou uma violenta discussão com ela. Descendente de italianos, machista, não admitia aquele tipo de situação. Segundo algumas fontes Di Maggio teria mesmo agredido Marilyn a ponto da atriz surgir no dia seguinte com uma grande faixa em seu braço. Os acontecimentos posteriores também parecem comprovar esse fato, pois não demorou muito para Marilyn pedir o divórcio do marido.

Marilyn Monroe se suicidou ou foi um acidente? Ao que tudo indica foi um terrível acidente. Deixando de lado todas as teorias alternativas sobre sua morte (que afirmam que ela na verdade foi assassinada), o que parece ter acontecido foi que Marilyn, por estar abusando de bebidas (ela adorava champagne) e drogas, perdeu o senso, misturando muitas pílulas para dormir prescritas por seu analista, com altas doses de bebida alcoólica. Quando ela morreu estava segurando o telefone que ficava ao lado de sua cama. Há duas hipóteses: Ou ela teria simplesmente apagado tentando pedir por socorro ou então perdeu a consciência enquanto tentava ligar para alguém. Em nenhum dos casos a situação parece com a de um suicídio. Além do mais ela não deixou qualquer tipo de bilhete em seu leito de morte. A verdade porém nunca saberemos ao certo.

Marilyn Monroe era religiosa? A única vez que se aproximou mais da religião foi durante seu casamento com Arhur Miller. Ele era judeu e Marilyn ficou particularmente interessada na doutrina e nos dogmas judeus, tanto que se converteu à religião. Depois desse interesse inicial porém a aproximação dela com assuntos religiosos decaiu bastante. Sua mãe lhe havia dado um pequeno livro com frases religiosas retiradas da Bíblia quando ela era apenas uma criança e de vez em quando Marilyn o consultava. Mesmo assim nunca se considerou uma praticante de qualquer tipo de religião.
 
Como era Marilyn Monroe fisicamente? Marilyn Monroe tinha 1.67 de altura, 94 centímetros de busto, 61 cm de cintura e 89 cm de quadril. Quando estava em boa forma pesava 64 Kgs e calçava sapatos número 36. Infelizmente os inúmeros abortos e problemas de saúde, além dos abusos envolvendo álcool e drogas, também cobraram seu preço o que fazia Marilyn perder a linha de vez em quando na forma física. Em casa não usava maquiagem e nem se importava em se vestir bem – geralmente ficava desleixada e desarrumada. Adorava andar nua pela casa e chegou até mesmo a receber visitas assim. Sua higiene era problemática, pois havia sido criada de forma negligenciada em diversos lares onde não foi ensinada adequadamente sobre esse tipo de questão. Para se transformar no mito sexual que o público conhecia sempre tinha a mão uma equipe de maquiadores e cabeleireiros que eram não apenas muito próximos dela do ponto de vista profissional, mas pessoal também.

Marilyn Monroe foi realmente garota de programa? Muitas biografias afirmam que assim que chegou em Hollywood atrás de um emprego na indústria, Marilyn começou a sair com homens bem mais velhos, mas bem situados no meio. O objetivo dela era claro pois esses figurões poderiam lhe arranjar papéis em filmes dos estúdios. Ela tecnicamente não era uma profissional do sexo, tudo era feito de forma muito mais sutil, na realidade uma troca de favores de conteúdo sexual. Marilyn se submetia a esses homens e em troca ganhava pequenos papéis em filmes menores. Sobre essa época em sua vida ela declarou: “Quando se é uma jovem em busca de um papel importante no cinema nada mais tem valor e ficamos dispostas a praticamente tudo, deixamos até mesmo de comer para conseguir entrar em um filme”. Marilyn Monroe certamente fez várias concessões ao longo da vida para subir na carreira. Porém a prostituição propriamente dita nunca foi praticada por Marilyn.
   
Qual era o maior medo de Marilyn Monroe? A atriz tinha muito medo de terminar como sua mãe, internada em um sanatório para pessoas com doenças mentais. A loucura vinha de longe dentro da genealogia de Marilyn com vários tios avôs que também tiveram diagnóstico de doença mental, por isso Marilyn tinha grande medo de um dia terminar do mesmo jeito. Outro medo recorrente em suas conversas com amigas próximas era o receio de terminar seus dias sozinha. Ela havia se casado várias vezes, mas nunca havia conseguido encontrar a verdadeira felicidade. A uma amiga atriz desabafou: “Parece que nasci para ser infeliz no amor!”.
   
Marilyn Monroe sofria de alguma doença mental? Ela esteve um período internada em um hospício e quem a tirou de lá foi seu ex-marido Joe Di Maggio. Seu diagnóstico médico sempre foi escondido do público. Oficialmente Marilyn dizia que foi internada por engano, mas existem fontes que afirmam que nesse período ela realmente perdeu a razão e o bom senso em sua vida mental. Era o velho fantasma da loucura de sua mãe que voltava a rondar a vida da atriz. Ela tinha consciência desse problema, tanto que ao longo da vida consultou inúmeros psiquiatras.

Pablo Aluísio.