Quando começaram as filmagens de "Bus Stop" (Nunca Fui Santa, no Brasil) Marilyn avisou ao estúdio que estaria acompanhada da instrutora de atuação Paula Strasberg. Ela era esposa do grande Lee Strasberg, fundador do Actors Studio. Inicialmente Paula iria ajudar Marilyn a melhorar suas atuações, mas logo descobriu-se que ela na verdade era uma espécie de assistente pessoal de Marilyn. Andando com uma bolsa cheia de remédios ao lado, estava sempre se trancando com Marilyn em seu camarim. Os diretores logo descobriram que teriam problemas com ela. Paula estava sempre vestida de preto, suando muito (pois era muito obesa), criando dificuldades ainda maiores para os filmes. Suas instruções de atuação eram exageradas, demoradas e geralmente atrasavam ainda mais o cronograma de filmagens.
Paula também passou a desempenhar um papel bem estranho dentro dos estúdios. Antes de Marilyn entrar no set de filmagens ela mandava Paula fazer uma lista das pessoas que estavam lá. Essa lista então era mostrada para Marilyn e ela mandava algumas pessoas irem embora antes que começasse a trabalhar. Marilyn começou a implicar com técnicos, roteiristas e operadores de câmera. Assim quando Marilyn mandava eles embora do filme criava-se um problema extra para a produtora Fox que tinha que arranjar substitutos, e isso bem no meio das filmagens. Também começou a criar problemas com as atrizes com quem trabalhava. Certo dia ao entrar no estúdio se deparou com a atriz Hope Lange usando a mesma cor de cabelo dela. Isso bastou para Marilyn se retirar e avisar ao estúdio que não voltaria a atuar até que Lange escurecesse seus cabelos! O mesmo aconteceu com Cyd Charisse, cuja demissão Marilyn exigiu justamente pelo mesmo motivo.
Marilyn também começou a piorar seus atrasos. Se antes ela chegava duas, três horas atrasada para atuar, agora ela nem mais aparecia no estúdio. Geralmente dizia que estava doente, mas era tudo mentira. O excesso de pílulas estava destruindo sua capacidade de memorizar as falas, além de a torná-la incapaz de se levantar pela manhã para trabalhar. Isso levou com que a Fox contratasse uma pessoa apenas para bater na sua porta no dia seguinte, a tirar da cama, dar um banho e colocá-la em condições de aparecer na frente de uma câmera. A Fox também decidiu que a equipe de maquiagem deveria ir para a casa de Marilyn, para maquiá-la lá, já que a atriz levava horas para aparecer no departamento de maquiagem. O drama da Fox é que não podia demiti-la pois Marilyn significava muitos milhões de dólares na bilheteria - na verdade ela tinha se tornado em pouco tempo a estrela mais lucrativa de todo o estúdio. Uma verdadeira mina de ouro!
O período em que estudou no Actors Studio também colaborou para que Marilyn criasse ainda mais problemas. Ela havia aprendido lá que o elenco sempre tinha que discutir aspectos de roteiro e direção. Assim qualquer cena - até mesmo as mais banais - levavam horas para ficarem prontas, pois antes Marilyn tinha que discutir com roteiristas a razão daquela sequência existir. Era exaustivo e cansativo para todos. Ela também chegou na conclusão de que todos os membros das filmagens de que iria participar tinham que passar por seu crivo antes. Seus contratos com a Fox iriam trazer cláusulas de que Marilyn escolheria a dedo todos os profissionais que iriam trabalhar ao seu lado. E que tinha direito de demiti-los quando bem quisesse. Em certos aspectos ela iria ter o mesmo poder que um produtor executivo, algo até então inédito em Hollywood. Nas palavras da atriz ela nunca mais queria ser manipulada pelos estúdios.
Pablo Aluísio.
Cinema Clássico
ResponderExcluirMarilyn Monroe: Bus Stop
Pablo Aluísio.