terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

As Vidas de Marilyn Monroe - Parte 16

"Quanto Mais Quente Melhor" é considerado por muitos críticos de cinema como a melhor comédia já feita por Hollywood. É incrível que o filme tenha dado tão certo, uma vez que suas filmagens se deram em meio ao caos. O diretor Billy Wilder diria depois que nunca havia sofrido tanto para concluir um filme. Marilyn Monroe bateu todos os recordes de problemas que poderia se imaginar. Ela atrasava suas cenas, não decorava as falas e geralmente chegava atrasada por 3, 4 horas nos estúdios. Era um completo caos.

Ao mesmo tempo a estrela colecionou atritos e brigas com o resto do elenco ao ponto de Tony Curtis soltar uma frase infeliz para a imprensa. Ele declarou que beijar Marilyn era a mesma coisa que beijar Hitler! Muitos anos depois em seu livro de memórias o ator se diria completamente arrependido do que havia dito, porém justificava seu comentário mordaz dizendo que estava na época completamente farto de Marilyn e sua falta de profissionalismo. Numa das cenas, irritada com Curtis, ela teria inclusive jogado um copo de vinho em sua cara, o que era completamente impensável para uma atriz de seu porte. E isso tudo era apenas a ponta do iceberg.

O único que manteve a paciência, servindo como um pacificador durante as filmagens foi Jack Lemmon. Ele tinha mesmo essa personalidade amigável e bonachona, o que ajudou a aliviar o clima de tensão durante a produção do filme. Geralmente bem no meio de um bate boca ou de um quebra pau ele sentava-se tranquilamente ao piano do estúdio e começava a tocar, sem preocupação com as cadeiras que voavam ao seu redor. Era um sujeito completamente boa praça e gente fina, não importando o que acontecesse.

E o filme se tornou um clássico absoluto, apesar de tudo. Billy Wilder diria que não conseguia entender. Marilyn Monroe poderia ser considerada a pior profissional que ele já tinha trabalhado, mas ao mesmo tempo quando as cenas eram reveladas ela parecia perfeita na tela de cinema. Melhor do que seus dois parceiros de filme, melhor do que qualquer um. Era pura mágica na opinião de Wilder. Como uma pessoa tão neurótica, caótica e estranha como Marilyn conseguia parecer tão perfeita nos filmes? O velho Billy morreu sem saber dar a resposta. Apenas constatava que isso acontecia mesmo, sem a menor dúvida. Um mistério dos deuses da sétima arte.

Pablo Aluísio. 

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