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terça-feira, 17 de outubro de 2017

Renegado Heróico

Título no Brasil: Renegado Heróico
Título Original: Springfield Rifle
Ano de Produção: 1952
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: André De Toth
Roteiro: Charles Marquis Warren, Frank Davis
Elenco: Gary Cooper, Phyllis Thaxter, David Brian
  
Sinopse:

O Major Alex 'Lex' Kearney (Cooper) é um oficial do exército da União durante a Guerra Civil americana que se torna agente duplo no serviço de contraespionagem do governo americano. Agora ele terá que descobrir todos os planos dos inimigos para que os nortistas consigam vencer um dos conflitos históricos mais sangrentos da história dos Estados Unidos. Sua primeira missão é descobrir quem realmente estaria roubando os cavalos da União no território do Colorado.

Comentários:
Gary Cooper foi um dos grandes astros do cinema americano. Ele conseguiu transitar bem em praticamente todos os gêneros cinematográficos, mas é certo que se destacou muito nos filmes de western. Cooper tinha o tipo ideal. Era alto, passava integridade com o olhar e também se notabilizava por interpretar personagens extremamente íntegros e honestos. Aqui temos um filme menos conhecido do ator, nada que se compare com seus grandes clássicos como "Matar ou Morrer" onde interpretou o lendário xerife Will Kane. Aliás é bom salientar que esse filme foi justamente o faroeste que sucedeu aquela grande obra prima, lançada apenas alguns meses antes. Isso criou uma grande expectativa no público e crítica o que acabou causando uma certa decepção depois, durante o lançamento desse novo filme de Cooper. Acontece que as expectativas estavam altas demais. A verdade é que "Springfield Rifle" passa longe de ser marcante como o filme anterior. Aquele tinha um roteiro genial e uma brilhante direção do grande cineasta Fred Zinnemann; nada que se possa comparar com o trabalho "feijão com arroz" do apenas confiável André De Toth. A diferença de talento entre os diretores - diria até mesmo a diferença de nível - chega a ser covardia. Por isso assista ao filme com os pés no chão, procurando deixar de lado todas as comparações. Acaso pense e faça assim certamente conseguirá apreciar bem mais esse faroeste, vendo suas reais qualidades, entre elas a de ser um entretenimento mediano e bem realizado, honesto naquilo que se propõe a disponibilizar ao público. Não é uma obra prima da sétima arte e para falar a verdade essa nunca foi mesmo a intenção de seus realizadores. De qualquer forma tem Gary Cooper no elenco, o que convenhamos já é uma razão e tanto para assisti-lo.

Pablo Aluísio.

sábado, 14 de outubro de 2017

Jardim do Pecado

Título no Brasil: Jardim do Pecado
Título Original: Garden of Evil
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos, México
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Frank Fenton, Fred Freiberger
Elenco: Gary Cooper, Susan Hayward, Richard Widmark, Hugh Marlowe
  
Sinopse:
Dois americanos, Hooker (Cooper) e Fiske (Richard Widmark), acabam parando em um vilarejo mexicano à beira-mar chamado Puerto Miguel, após o navio em que viajavam apresentar problemas. Eles estão de viagem para a Califórnia para participarem da corrida do ouro. Enquanto esperam o tempo passar em um bar local são procurados por Leah Fuller (Susan Hayward). Ela está disposta a pagar uma quantia absurda, mil dólares, a cada homem que se propuser a lhe ajudar. Seu marido está preso numa mina da região e precisa de ajuda para sobreviver. Como a proposta é tentadora, Hooker e Fiske acabam aceitando a oferta. O que eles não poderiam imaginar é que a mina se localiza em território Apache, uma região infestada de guerreiros selvagens prontos a matar qualquer homem branco que se atrever a cruzar suas fronteiras.

Comentários:
Aqui temos mais um clássico western estrelado pelo astro Gary Cooper. O filme foi realizado apenas dois anos após seu grande sucesso no gênero, "Matar ou Morrer", uma verdadeira obra prima, imortal. Talvez por essa razão os roteiristas resolveram criar um passado de ex-xerife para o protagonista interpretado pelo ator. Ele como sempre está perfeito em cena. Seu personagem faz um contraponto com o de Richard Widmark. Enquanto Cooper é equilibrado, contido e cauteloso, Widmark dá vida a um impulsivo e inconsequente jogador de cartas do velho oeste, sempre com uma ironia maldosa na ponta da língua. Ele é cinicamente mordaz e deixa claro para todos que só está naquela jornada por causa do dinheiro e nada mais. O interessante desse faroeste é justamente isso. O argumento tem um viés psicológico inesperado para esse tipo de filme. Todos os personagens, por essa razão, são bem construídos pelo roteiro. Um exemplo claro vem com a Leah de Susan Hayward. Longe das heroínas indefesas dos filmes de faroeste americano ela interpreta uma mulher com um semblante de mistério no ar. Acusada pelo próprio marido de só pensar no ouro das minas e não nas pessoas ela jamais pensa em se defender das acusações que lhe são feitas, talvez por serem verdadeiras. 

Misoginia do roteiro? Provavelmente.... quem poderia saber? Deixando um pouco de lado essa complexidade dos personagens no roteiro, o filme apresenta ainda ótimas sequências de ação, as melhores delas passadas em um desfiladeiro traiçoeiro cheio de falhas e abismos pelo meio do caminho. Imagine galopar em alta velocidade em um lugar como esse! Por isso a equipe de cowboys e dublês que realizaram essas cenas estão de parabéns pois fica claro que todos eles correram perigo real de vida ao se arriscarem naquelas locações íngremes. Filmar naqueles rochedos definitivamente não deve ter sido fácil para ninguém. Para complicar ainda mais a tal mina para onde se dirigem os personagens do filme se localiza numa região de rochas vulcânicas, criando um clima bem peculiar ao filme em si por causa desses cenários naturais. A poeira levantada pelos cavalos é negra e espessa, algo que não se vê muito nesse tipo de produção. Em suma, pelos cuidados dispensados aos papéis que os atores interpretaram, pelas ótimas cenas no alto do desfiladeiro e pelo seu viés psicológico, só temos que elogiar "Garden of Evil". Esse é um faroeste diferente, muito bem desenvolvido em suas premissas básicas.

Pablo Aluísio.

sábado, 26 de agosto de 2017

A Casa das Amarguras

Título no Brasil: A Casa das Amarguras
Título Original: Ten North Frederick
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Philip Dunne
Roteiro: Philip Dunne, baseado no romance de John O'Hara
Elenco: Gary Cooper, Diane Varsi, Suzy Parker, Geraldine Fitzgerald, Ray Stricklyn
  
Sinopse:
Joseph B. 'Joe' Chapin (Gary Cooper) é um advogado bem sucedido, paí de uma família tradicional, que começa a ter ambições políticas. Ele pretende se candidatar a um alto cargo público. Suas pretensões porém acabam esbarrando em problemas familiares diversos. Sua filha fica grávida de um músico trompetista de uma banda de jazz. Ele é pobre, descendente de italianos e não condiz com os requisitos de Joe para se tornar o marido de sua filha. Seu outro filho, Joby (Ray Stricklyn), também não quer seguir os passos do pai, preferindo estudar música ao invés de ser enviado para Yale para se formar em Direito. Para piorar Joe descobre estar apaixonado por uma jovem que poderia ser sua filha. Tantos conflitos de uma só vez acabam minando sua vida política e familiar. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Revelação (Ray Stricklyn). Vencedor do Locarno International Film Festival na categoria de Melhor Filme.

Comentários:
Drama familiar estrelado pelo astro Gary Cooper. Já em fase final de carreira, beirando os 60 anos de idade, o bom e velho Cooper acabou realizando uma de suas melhores atuações nesse filme ao velho estilo. A carga dramática é o seu grande atrativo. O roteiro mostra a vida de um homem que vê a ruína e o fracasso se instalarem em sua vida profissional e familiar. Ao se deparar com problemas ele acaba escolhendo os caminhos errados, se desvirtuando do que seria certo. As coisas começam a andar mal quando sua filha fica grávida de um músico de jazz band. O sujeito é um pobretão, filho de imigrantes italianos e sem grande futuro pela frente. Como se isso não fosse ruim o bastante Ann Chapin (interpretada pela doce e elegante Diane Varsi) está grávida dele. Um escândalo que coloca em risco até mesmo as ambições políticas de Joe Chapin (Cooper) em se tornar um figurão do mundo da política. Tentando abafar a situação ele suborna o músico e o manda sumir de vista, destroçando emocionalmente a vida sentimental de sua própria filha. 

Depois força a barra para que seu único filho homem, Joby (Stricklyn), vá para Yale estudar Direito contra sua vontade. Manipulando a vida dos filhos, causando frustrações e infelicidades neles, tentando controlar a tudo e a todos, a vida de Joe começa a entrar em um ciclo de fracassos e planos que nunca dão certo. Ele também termina se apaixonando pela colega de quarto de sua própria filha, a bela Kate Drummond (Suzy Parker, sensual e apaixonada na medida certa), mas a diferença de idade entre ambos torna tudo praticamente impossível. O diretor Philip Dunne era um hábil cineasta na realização desse tipo de drama mais pesado, com tintas excessivas. Curiosamente ele tentaria três anos depois da realização dessa produção trazer um pouco mais de carga dramática para a carreira do roqueiro Elvis Presley no filme "Coração Rebelde". Não foi tão bem sucedido. Já ao lado do veterano Cooper as coisas funcionam muito bem. O filme tem densidade dramática adequada, ótimas atuações de todo o elenco e o toque final mostrando e explorando a hipocrisia que reina dentro da sociedade como um todo. Um pequeno clássico que anda esquecido e que merece ser redescoberto pelos admiradores do cinema clássico americano.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Sublime Tentação

Mais um clássico de faroeste estrelado pelo mito Gary Cooper. Esse aliás é considerado um dos melhores filmes da carreira do ator. E se formos pensar sobre a riqueza da filmografia de Cooper, isso definitivamente não é pouca coisa. Ele interpreta um patriarca de uma família Quaker. Essa é uma religião muito austera e rígida em sua disciplina interna. Esse aspecto talvez leve você a pensar logo de antemão que esse é um drama pesado, com gente religiosa e fanática, mas isso é um equívoco sem tamanho. Na verdade "Sublime Tentação" passeia muito bem em diversos gêneros, apresentando inclusive divertidas cenas, onde o humor está em destaque. Pois bem, Cooper é um fazendeiro que tenta criar sua família da melhor forma possível, mas sem muitos exageros no quesito religiosidade (apesar dele ser um Quaker). Ele tem uma ótima esposa (interpretada por Dorothy McGuire) e filhos igualmente valorosos (um deles feito pelo ator Anthony Perkins, ainda bem jovem e distante de se consagrar como o psicopata Norman Bates em "Psicose" de Alfred Hitchcock). A vida no campo é dura, mas também tranquila. Aos domingos ele vai com sua família até o culto, onde aproveita para também apostar algumas corridas de charrete com um fazendeiro vizinho (algo que rende cenas bem engraçadas para o filme).

Sua vida bucólica porém chega ao fim quando explode a guerra civil americana. Exércitos da União e da Confederação começam uma grande carnificina. Como Quaker, o rancheiro Jess (Cooper) se recusa a lutar, mas isso se torna impossível a partir do momento em que a guerra vem até sua fazenda. Tropas rebeldes do sul estão chegando em suas terras e isso definitivamente não seria uma boa notícia pois eles costumavam queimar tudo por onde passavam. Como agora ele conseguirá proteger seus bens e sua família sem que para isso tenha que usar da violência? Passará por cima de suas convicções religiosas para se proteger e aos seus entes queridos? Essas perguntas parecem estar no centro de tudo. O roteiro testa os limites da família de Jess para ver até que ponto eles estariam dispostos a ir, seguindo os ensinamentos de sua religião. Com ótima produção, excelente elenco e roteiro rico e detalhista, esse western é certamente um dos melhores estrelados pelo genial Cooper que inclusive está em seu tipo habitual, a do homem simples, mas profundamente ético e honesto, que se vê diante de uma situação excepcional. A direção ficou a cargo do cineasta William Wyler, o mesmo diretor do maior clássico épico de todos os tempos "Ben-Hur". Claro que uma comparação entre as duas obras seria equivocada sob qualquer ponto de vista. Mesmo assim vale para lembrar ao fã de cinema de que esse também não é um filme qualquer. Muito pelo contrário, é um ótimo clássico western dos anos 50. Imperdível.

Sublime Tentação (Friendly Persuasion, Estados Unidos, 1956) Direção: William Wyler / Roteiro: Michael Wilson, baseado no livro de  Jessamyn West / Elenco: Gary Cooper, Dorothy McGuire, Anthony Perkins / Sinopse: Fazendeiro Quaker (Cooper) tenta defender e proteger sua família e sua fazenda durante a sangrenta Guerra Civil Americana. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Som, Melhor Música e Melhor Ator Coadjuvante (Anthony Perkins). Filme premiado com o Globo de Ouro na categoria de revelação masculina (Perkins). 

Pablo Aluísio.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

A Tortura da Suspeita

Título no Brasil: A Tortura da Suspeita
Título Original: The Naked Edge
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Michael Anderson
Roteiro: Joseph Stefano, Max Ehrlich
Elenco: Gary Cooper, Deborah Kerr, Peter Cushing, Eric Portman
  
Sinopse:
George Radcliffe (Gary Cooper) se torna a única testemunha de um assassinato na empresa em que trabalha. Durante uma noite seu patrão é morto com uma facada. Além disso o criminoso foge com mais de 60 mil libras. Para George o autor do assassinato é Donald Heath (Ray McAnally), também funcionário da empresa. Ele é preso, julgado e condenado com a ajuda do testemunho de George. O dinheiro roubado porém desaparece. Pouco tempo depois desse crime a sorte muda para George. De simples empregado ele consegue montar sua própria empresa que cresce a cada ano. Em pouco tempo se torna um homem rico e bem sucedido. Sua esposa Martha (Deborah Kerr) começa a desconfiar que George teria algo a ver com o crime, principalmente após receber uma carta denunciando sua participação na noite da morte de seu patrão. Além disso fica a dúvida: como conseguiu se tornar um homem rico da noite para o dia? Seria George inocente ou culpado pelas acusações?

Comentários:
Thriller de suspense que se notabiliza por dois aspectos. O primeiro é que foi o último filme da carreira do grande ator Gary Cooper. Ele viria a falecer no mesmo ano de lançamento dessa sua última produção. O segundo vem do fato do filme ter sido produzido pela companhia de Marlon Brando, uma empresa que ele havia fundado para a realização de filmes que fugissem um pouco do lado mais comercial de Hollywood. O ator chamou sua nova companhia cinematográfica de Pennebaker Productions e colocou seu próprio pai como presidente. Por essa razão nos créditos desse filme você encontrará a indicação de Marlon Brando Sr como produtor. No geral é um bom filme de suspense que segue em certos momentos o estilo do gênio Alfred Hitchcock. O diretor Michael Anderson deixa isso bem claro em vários momentos, seja nas tomadas ousadas de câmera, seja no uso de uma trilha sonora bem marcante (que em determinados pontos me fez lembrar até mesmo do clássico "Psicose"). O enredo se aproveita de uma linha básica, as suspeitas de Martha (Kerr) em relação ao seu marido George (Cooper). Ele testemunha em um caso de assassinato ocorrido em sua empresa onde uma pequena fortuna foi roubada. O dinheiro desapareceu. 

Algum tempo depois o próprio George, que era apenas um empregado, surge endinheirado o suficiente para fundar sua própria companhia. Tudo muito suspeito. Para piorar ele começa a apresentar um comportamento suspeito, meio paranoico, com o passado que ressurge para lhe atormentar. Em determinado ponto a própria Martha começa a temer por sua vida pois George deixa claro que não deixará nada atrapalhar seu recém conquistado sucesso empresarial. Seria George o verdadeiro assassino ou apenas um bom homem envolvido numa rede de coincidências que o incriminariam pelo crime? Teria ele mandado com seu testemunho no tribunal um homem inocente para a prisão perpétua por um crime cometido por ele mesmo? Como conseguiu ficar rico tão rapidamente após o crime e o roubo do dinheiro na empresa em que trabalhava? As respostas a todas essas perguntas só surgem na última cena, deixando o espectador o tempo todo tentando decifrar o enigma. Tudo muito bem realizado e montado. O roteiro manipula o tempo todo a situação, ora dando margem para suspeitarmos mesmo do personagem de Cooper, ora nos convencendo a deixarmos de lado esse tipo de suspeita. Curiosamente no final, quando os créditos finais já foram exibidos, um pedido dos realizadores do filme pede aos que já assistiram que não contem a identidade real do assassino para ninguém. Um conselho mais do que adequado para que a surpresa não seja estragada. Em suma, "A Tortura da Suspeita" foi uma bela despedida do mito Gary Cooper ao cinema, bem à altura de sua importância. 

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Gary Cooper - A Casa das Amarguras

Muito bem, se você é fã de cinema e procura conhecer a era de ouro de Hollywood é importante fugir do lugar comum. Veja o caso do ícone Gary Cooper. Muitos o conhecem por obras primas como "Por Quem os Sinos Dobram", "Sargento York" ou "Matar ou Morrer". São filmes maravilhosos, não restam dúvidas sobre isso, porém Cooper foi muito além desses filmes mais conhecidos. Ao longo da carreira ele desfilou seu talento em 119 filmes! Infelizmente a maioria deles esquecidos hoje em dia. Assim abro um pequeno espaço aqui para escrever sobre um drama familiar da filmografia de Cooper que poucos comentam, mesmo em fóruns de cinema. Estou me referindo ao drama familiar "Ten North Frederick" (que no Brasil recebeu o título de "A Casa das Amarguras").

Gary Cooper interpreta Joe Chapin. Aparentemente um homem bem sucedido. O roteiro começa a contar sua vida  justamente pelo seu funeral. Os familiares e amigos vão chegando em sua bonita mansão enquanto a imprensa cobre todos os eventos. Os elogios a ele são os melhores possíveis, porém dentro de sua família, entre quatro paredes, todos lamentam alguns aspectos sobre o verdadeiro Chapin. Ele deixou esposa e um casal de filhos. Ao que tudo indica, por baixo da fachada de família rica, bonita e feliz, existe uma série de traumas psicológicos, amarguras e tristezas. A partir do momento que sua filha começa a relembrar o passado, em seu quarto, ao lado do irmão, o roteiro recua no tempo, em um grande flashback, para mostrar os cinco últimos anos da vida de Chapin e todos os acontecimentos que o levaram a ter uma morte relativamente precoce.

Nesse caso o título nacional até que foi bem adequado. Realmente aquela seria uma casa de amarguras. Embaixo da hipocrisia reinante do funeral vamos entendendo os erros e tropeços de Chapin, tanto em sua vida pública como na familiar. Ele tem aspirações políticas e impulsionado pela esposa, uma mulher fria, calculista e ambiciosa, entra no jogo partidário para conseguir a nomeação a uma disputa por um importante cargo público. Para ser escolhido vale tudo, até subornos e propinas (pelo visto a corrupção não é exclusividade tão brasileira como muitos pensam!). Nesse processo o próprio Chapin vai perdendo sua honra e sua dignidade. Em pouco tempo perceberá que está entrando em um jogo extremamente sujo.

Dentro de casa, na vida familiar, tudo também começa a ruir. A filha mais velha, sua preferida, se apaixona por um músico pobre, de origem italiana. Ele certamente não cumpre os requisitos para fazer parte da família Chapin. Joe usa da pior artimanha para afastá-lo de sua filha, o comprando para ficar longe. Pior é que ela está grávida e Joe precisa evitar o escândalo a qualquer preço. Um aborto seria bem-vindo, apesar da degradação moral que traria. O outro filho também tem problemas. Ele sonha ser músico, entrar para a prestigiada Juilliard School em Nova Iorque, algo que Chapin abomina. Ele acaba colocando o filho em Yale para estudar Direito para se tornar advogado no futuro (embora o rapaz odeie essa ideia). Enfim, muitos problemas causados principalmente pelo excessivo controle dos pais sobre a vida dos filhos, praticamente os sufocando, o que só resulta no final das contas em suas próprias infelicidades. Aliás a grande lição do roteiro é justamente essa: há limites para a interferência dos pais sobre a vida dos filhos. O excessivo controle, a opressão e a imposição de vontades só levam a família para o choque e o confronto, nada de bom saindo de tudo isso.

Com a vida ruindo sobra a bebida. Joe Chapin (Cooper) começa a beber excessivamente para afogar as mágoas, ainda mais depois que se apaixona por uma jovem que teria a idade para ser sua filha! Como se pode perceber esse é um drama ao velho estilo, como já não se faz mais como antigamente. Parece que Hollywood perdeu a sensibilidade e o bom gosto para produzir filmes desse estilo. Em termos de elenco todos estão muito bem, mas como não poderia deixar de ser o destaque vai mesmo para Cooper. Bastante envelhecido, com cabelos grisalhos e costas arreadas pelo peso dos problemas da vida, o ator dá um show de interpretação. Seus momentos finais, com a mão trêmula e o aspecto doentio, deveriam ter lhe dado um Oscar pelo precioso trabalho de atuação. Definitivamente Cooper deixou um vazio no cinema americano que jamais foi ocupado depois.

Pablo Aluísio.

domingo, 27 de maio de 2012

O Homem do Oeste

Link Jones (Gary Cooper) foi criado em uma família de ladrões, assassinos e bandidos. Após cometer alguns crimes ao lado de seu tio e mentor Dock Tobin (Lee J. Cobb) ele foge e tenta reconstruir sua vida numa distante e pequenina vila do velho oeste. Anos depois durante um assalto ao trem onde viajava Link acaba descobrindo que seu tenebroso passado está de volta para atormentar sua vida! "O Homem do Oeste" é seguramente um dos melhores faroestes psicológicos da história do cinema americano. O filme tem uma carga de tensão absurda durante toda sua duração. O espectador não consegue desgrudar os olhos dos acontecimentos e o roteiro escrito pelo expert Reginald Rose joga excepcionalmente bem com toda a situação. A trama toda se passa em menos de 24 horas - desde o momento em que o trem que leva Link é assaltado até sua chegada com o bando de Dock Tobin numa fantasmagórica e abandonada cidade no meio do deserto de Mojave (um dos locais mais hostis dos EUA).

Godard considerava "O Homem do Oeste" um dos melhores westerns já feitos. Não discordo em nada de sua opinião. Gary Cooper está excelente no papel de um homem que busca redenção mas que não consegue se livrar de uma vida de balas e mortes. Embora esteja excepcionalmente bem em cena temos que admitir que no quesito interpretação o filme pertence mesmo a Lee J. Cobb. No papel do malvado e cruel tio do personagem de Cooper, Cobb contrói uma magnífica caracterização. Um velho ladrão, pistoleiro, transpirando maldade e ruindade por todos os poros. Sua atuação realmente impressiona e fica marcada para os fãs de western. Perfeita. Por fim vale a pena lembrar que "O Homem do Oeste" não foi dirigido por qualquer um mas sim pelo genial cineasta Anthony Mann de tantos westerns excepcionais como "Winchester 73" e "Um Certo Capitão Lockhart". Um craque no estilo. Enfim recomendo "O Homem do Oeste", um faroeste brilhante que não deve faltar na coleção de nenhum cinéfilo fã do gênero.

O Homem do Oeste (Man Of The West, Estados Unidos, 1958) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Reginald Rose baseado no livro de Will C. Brown / Elenco: Gary Cooper, Julie London, Lee J. Cobb / Sinopse: Link Jones (Gary Cooper) foi criado em uma família de ladrões, assassinos e bandidos. Após cometer alguns crimes ao lado de seu tio e mentor Dock Tobin (Lee J. Cobin) ele foge e tenta reconstruir sua vida numa distante e pequenina vila do velho oeste. Anos depois durante um assalto ao trem onde viajava Link acaba descobrindo que seu tenebroso passado está de volta para atormentar sua vida!

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Lanceiros da Índia

O filme enfoca a ocupação inglesa nos postos mais avançados da fronteira indiana. Para quem andou cabulando as aulas de história é bom relembrar que durante longos anos o império britânico dominou a Índia. O roteiro obviamente adota a visão do colonizador. Não é para menos, a produção é de 1935 então é lógico que os indianos não iriam aparecer como heróis ou virtuosos. Pelo contrário, os colonizados aqui são retratados como animais traidores e covardes. Já os ingleses são o supra sumo da honra, são à prova de torturas e chegam ao ponto de não revidar fogo inimigo para cumprir ordens dos superiores! Uma situação no mínimo esquisita, vamos convir. Luvas de pelica é pouco! O elenco é liderado por Gary Cooper em um figurino que hoje chama a atenção! Roupas espalhafatosas parecem ter sido a marca registrada das tropas coloniais inglesas. Tudo é muito exagerado e chamativo (e por incrível que pareça de acordo com o protocolo militar daquela época!). Cooper inclusive está muito parecido com Rodolfo Valentino nas cenas - até o famoso bigodinho de Valentino ele adotou!

A despeito de seus problemas ideológicos temos que admitir que "Lanceiros da Índia" tem uma bela produção. Há ótimas cenas de batalha, inclusive a explosão real de um paiol dos rebeldes da fronteira. Curiosamente apesar de passar uma extrema veracidade em termos de fotografia o filme não foi feito em terras indianas mas sim no americaníssimo Alabama. De qualquer forma não fez muita diferença naquela época. O diretor Henry Hathaway teve com "Lanceiros da Índia" sua primeira oportunidade de dirigir um grande filme de estúdio. O êxito comercial de Lanceiros iria lhe proporcionar uma carreira longa e produtiva nos anos seguintes em Hollywood onde teria a oportunidade de dirigir grandes mitos do cinema como John Wayne e Marilyn Monroe. No final das contas "Lanceiros da Índia" é um boa aventura que diga-se de passagem não envelheceu tanto assim apesar de passados quase 80 anos de seu lançamento.

Lanceiros da Índia (The Lives of a Bengal Lancer, Estados Unidos, 1335) Direção: Henry Hathaway / Roteiro: Grover Jones baseado no romance de Francis Yeats-Brown / Elenco: Gary Cooper, Franchot Tone, Richard Cromwell, Guy Standing / Sinopse: O filme enfoca a ocupação inglesa nos postos mais avançados da fronteira indiana.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Sargento York

Roteiro e Argumento: O filme é baseado na história real do soldado Alvin York. Ele era um simples fazendeiro do Estado rural do Tennessee que foi convocado para lutar na I Guerra Mundial. Religioso passou por uma crise de consciência por ter que ir lutar e matar inimigos na Europa. O interessante é que sua vida no campo foi vital para seu sucesso no conflito pois era exímio atirador. Acabou se tornando conhecido nacionalmente e virou herói após ter matado vários atiradores alemães na França e ao lado de apenas sete homens de seu batalhão ter conseguido a façanha de render quase 140 soldados inimigos. O feito lhe valeu uma medalha do congresso americano e uma notoriedade sem precedentes entre o povo americano. O roteiro explora a vida pacata de York antes do conflito e depois na sua chegada nas trincheiras do front. Em ambas as situações o filme é extremamente bem realizado e sucedido. Provavelmente a riqueza de detalhes do roteiro se deva ao fato dele ter sido adaptado do diário pessoal de York que ele escreveu durante o conflito.

Elenco: O grande destaque do elenco de "Sargento York" é a ótima interpretação de Gary Cooper no papel principal. Aqui ele consegue com grande êxito captar a personalidade simplória do personagem. Um sujeito caipira, sem estudo, que tinha como único objetivo maior na vida comprar uma pequena faixa de terras em sua cidade para se casar com Gracie Williams (interpretada pela bela e simpática Joan Leslie). O fato de Cooper ter nascido em outro Estado interiorano (Montana) certamente lhe ajudou muito nessa caracterização. A excelente atuação de Cooper acabou lhe valendo o Oscar de melhor ator daquele ano. Mais do que merecido, é bom frisar.

Produção: A produção da Warner não mediu esforços para que contar bem a história do famoso Alvin York. Como o clima de patriotismo estava na ordem do dia em razão da II Guerra Mundial o estúdio sabia que tinha um potencial grande sucesso nas mãos e por isso caprichou na produção, investindo nos melhores profissionais disponíveis no mercado. Isso se vê bem nos detalhes da produção, figurino, cenários, equipamentos militares, tudo recriado de acordo com o contexto histórico da I Guerra Mundial.. Embora grande parte do filme tenha sido realizada em estúdio (principalmente nas cenas no Tennessee) o resultado é no final das contas excepcional. Nas cenas de batalha tudo é extremamente bem feito. As trincheiras típicas da I Guerra Mundial foram recriadas com extrema veracidade e fidelidade histórica.

Direção: O filme foi dirigido pelo excelente cineasta Howard Hawks. O que mais chama atenção nesse diretor era sua extrema versatilidade. Hawks passeava com grande êxito pelos mais diferentes gêneros cinematográficos. Realizava ótimas comédias musicais (como "Os Homens Preferem as Loiras") ao mesmo tempo em que revisitava lendas do velho oeste (sua parceria ao lado de John Wayne foi longa e produtiva). Nesse "Sargento York" ele volta a dirigir uma cinebiografia, algo que havia conseguido com grande sucesso na década de 30 com "Scarface, a Vergonha de uma Nação". Sua boa técnica e precisão podem ser conferidas nas duas partes básicas em que "Sargento York" se divide. Na primeira parte, quando York é apenas um caipirão do interior e o filme tem mais toques dramáticos. Já na segunda quando York vai para o front temos nitidamente um filme de guerra. Em ambas as divisões Hawks se sai extremamente bem sucedido, o que reforça bem sua versatilidade na direção. O resultado final é de alto nível.

Sargento York (Sergeant York, EUA, 1941) / Direção: Howard Hawks / Roteiro: John Huston, Howard Koch, Abem Finkel, Harry Chandlee e Tom Skeyhill / Com Gary Cooper, Walter Brennan e Joan Leslie / Sinopse: Cinebiografia de Alvin Cullum York (Gary Cooper) , condecorado soldado americano na I Guerra Mundial. O filme foi vencedor dos Oscar de Melhor Ator (Gary Cooper) e Melhor Montagem, sendo indicado a nove outras categorias.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

O Grande Segredo

Gary Cooper foi um dos grandes astros de Hollywood nos anos dourados do cinema americano. Como cinéfilo sempre me interessei em assistir filmes antigos e clássicos e Cooper sempre despertou minha atenção em especial. Isso é fácil de explicar porque quanto mais raro se torna a filmografia de um ator do passado mais me interesso em sua carreira e em conhecer seus filmes. Gary Cooper se enquadra perfeitamente nessa situação. Embora tenha feito mais de cem filmes em sua longa carreira em Hollywood raros são os títulos disponíveis do ator para assistir no Brasil. Como todo grande astro ele tinha grande prestígio entre os fãs de cinema no passado, porém o que se percebe é que o fato de ter morrido há quase cinquenta anos dificulta e muito o acesso aos seus filmes. Tirando seus grandes sucessos (como o clássico do Western Matar ou Morrer ou então Sargento York), que foram regularmente lançados por aqui, nada mais se encontra. 

A realidade é que existe uma lacuna enorme de títulos pois quase 90% de sua obra cinematográfica permanece inédita em nosso país. Então foi com grande satisfação que recentemente tive a oportunidade de assistir um de seus filmes menos conhecidos. Trata-se de O Grande Segredo, filme de espionagem de 1946, lançado logo após o final da II Grande Guerra Mundial. O interessante dessa película é que aqui Cooper foi dirigido por um dos grandes diretores da história do cinema, Fritz Lang. Só por essa razão o filme já seria extremamente curioso, para não dizer obrigatório. Confesso que pouco sabia sobre o roteiro, a repercussão ou a importância desse momento de Cooper no cinema, que para minha surpresa foi quase que completamente esquecido.

O astro, que sempre se dava melhor em filmes de Western aqui faz um papel bem atípico em sua carreira, interpretando um cientista recrutado pelo órgão governamental de inteligência norte-americano. Sua missão é tentar resgatar uma importante cientista que poderia ser usada pelos alemães para a construção da bomba atômica nazista. O filme tem ótimo desenvolvimento e diálogos. Cooper está bem contido em sua interpretação. Geralmente ele interpretava o tipo caladão e tímido, porém virtuoso ao extremo. Aqui ele troca o rifle pelo giz. Não deixa de ser engraçada a cena em que ele aparece fazendo cálculos para "passar o tempo"! O filme é pura diversão e deve ter empolgado bastante os militares recém chegados na volta ao lar depois do fim da Guerra. 

Se tenho uma crítica a fazer em relação ao filme é em razão de seu final, que lembra bastante o epílogo do clássico Casablanca. Mas isso é de menor importância. O que realmente importa é que isso em nada comprometeu a ótima experiência de conhecer mais um filme da extensa - e bastante desconhecida - filmografia do mito Gary Cooper. Agora com o surgimento do Blu Ray bem que as produtoras poderiam olhar com mais atenção a quase completa ausência de filmes de Cooper no mercado brasileiro. Os admiradores da época de ouro de Hollywood agradeceriam bastante.

O Grande Segredo (Cloak and Dagger, Estados Unidos, 1946) Direção: Fritz Lang / Roteiro: Albert Maltz, Ring Lardner Jr./ Elenco: Gary Cooper, Robert Alda, Lilli Palmer / Sinopse: Gary Cooper interpreta um cientista recrutado pelo órgão governamental de inteligência norte-americana. Sua missão é tentar resgatar uma importante cientista que poderia ser usada pelos alemães para a construção da bomba atômica nazista.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

O Grande Segredo

Faltando alguns meses para terminar a Segunda Guerra Mundial, o Serviço Secreto Americano (OSS) liderado pelo Coronel Walsh, recebe notícias de agentes da própria OSS que vivem clandestinamente numa França ainda ocupada pelos nazistas dando conta de que os alemães estão transportando, direto para a Alemanha, enormes cargas de minério dentro de dezenas de vagões de trens. Preocupado que os alemães possam estar usando todo esse minério para construir a tão sonhada bomba atômica nazista, o Coronel Walsh procura um antigo amigo de faculdade e membro do Projeto Manhattan, o físico americano, Alvan Jesper (Gary Cooper).

A conversa entre os dois é franca e Walsh pressiona Jesper para que ele diga, baseado nas informações sobre o roubo das cargas de minério, se realmente os alemães podem estar perto de construir a bomba atômica. Jesper fica atordoado com a notícia, mas para ter certeza daquilo que os alemães estão planejando viaja até a Suíça para encontrar-se com a cientista húngara Katerin Lodor, sua mentora e inspiradora que encontra-se internada num hospital e trabalha forçadamente para os nazistas. Durante o encontro, Lodor promete ajuda ao cientista americano no sentido de atrasar os planos nazistas de construir a bomba.

Algumas horas depois de conversar com a famosa cientista, Jesper recebe um telefonema de um agente da OSS dizendo que Lodor havia sido sequestrada do hospital pelos nazistas. Desnorteado, Jesper sai em missão para tentar resgatar a Doutora, mas fracassa. A sua última e decisiva cartada será então entrar na Itália de Mussolini para resgatar o Doutor Polda (Vladimir Sokoloff), cientista italiano e anti-fascista indicado pela Doutora Lodor, mas que se encontra também prisioneiro dos alemães. Jesper, fazendo-se passar por um cientista alemão, consegue visitar Polda. Os dois conversam e Jesper pede ajuda ao cientista prometendo resgatá-lo e levá-lo embora para os EUA. Aterrorizado de tanto medo, Polda só aceita colaborar com a OSS e fugir para os EUA, se sua filha, Maria, for libertada das garras dos nazistas onde se encontra como refém.

"O Grande Segredo" (1946), baseado na obra literária, "Cloak and Dagger: The Secret Story of OSS" - de Corey Ford e Alastair MacBain - foi dirigido de forma magistral por Fritz Lang que costurou o longa utilizando dois trunfos irresistíveis: O excelente Gary Cooper que aqui faz um dublê de cientista e agente secreto, e de um belo roteiro assinado pelo trio, Boris Ingster, John Larkin Jr. e Albert Maltz, e que teve como influência as operações da OSS durante a Segunda Guerra Mundial. Um filme excelente.


O Grande Segredo (Cloak and Dagger, EUA, 1946) Direção: Fritz Lang / Roteiro: Albert Maltz, Ring Lardner Jr.baseado no livro "Cloak and Dagger: The Secret Story of OSS" - de Corey Ford e Alastair MacBain / Elenco: Gary Cooper, Robert Alda, Lilli Palmer, Vladimir Sokoloff, J. Edward Bromberg / Sinopse: Um físico americano, Alvan Jesper (Cary Cooper) se envolve numa intrigada rede de espionagem e conspiração durante a Segunda Guerra Mundial.

Telmo Vilela Jr.

sábado, 10 de março de 2007

Gary Cooper

Gary Cooper
Ainda jovem, fazendo o papel de Marco Polo no filme "As Aventuras de Marco Polo. Cooper iria ter uma longa carreira. Já maduro, longe dos papéis de mero galã, sua filmografia deu um salto de qualidade enorme, onde ele brilharia em alguns de seus maiores clássicos como o faroeste "Matar ou Morrer", uma verdadeira obra-prima.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Gary Cooper / Kirk Douglas


Foto promocional do faroeste Only The Brave, de 1930, com Gary Cooper. Dirigido por Frank Tuttle o filme foi um dos primeiros grandes sucessos da carreira de Cooper. Em cena ele interpretava o galante Capitão James Braydon, oficial da cavalaria americana em expedição por um território selvagem do velho oeste. Em seu caminho surgem guerreiros sioux ávidos por vingança após o exército americano atacar as forças de um orgulhoso cacique da tribo. Para piorar a situação a nação está em guerra civil e Cooper interpreta esse bravo militar que decide ficar do lado da União. Depois de enfrentar os índios revoltosos ele é enviado para uma missão praticamente suicida, além das linhas inimigas do general Robert E. Lee, o grande comandante das tropas confederadas do sul.


Kirk Douglas em cena do clássico de western "Embrutecido Pela Violência" (1951). Dirigido pelo cineasta consagrado Raoul Walsh. Em busca de um maior realismo das cenas Walsh negou a pretensão da Warner, produtora do filme, em filmar tudo dentro dos grandes estúdios da companhia em Hollywood. Com várias cenas de montanhas e ao ar livre Raoul decidiu que iria levar toda a sua equipe para locações naturais no Alabama e Califórnia. As filmagens foram complicadas, principalmente pelo risco de acidentes dos atores e equipe técnica, porém o resultado final se revelou espetacular, com ótimas sequências nas colinas. Um dos grandes faroestes dos anos 50 e um dos melhores momentos de Kirk Douglas no gênero.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Vera Cruz

O western clássico "Vera Cruz" de 1954 foi um divisor de águas. Seu roteiro rompeu inúmeros dogmas dos tradicionais filmes de faroeste dos Estados Unidos. Além disso soube desconstruir com muito talento as imagens de dois ícones do cinema, Gary Cooper e Burt Lancaster. Cooper era um símbolo da virtude do pioneiro do velho oeste. Ele construiu sua imagem cinematográfica interpretando homens íntegros e de imensas virtudes, como o inesquecível xerife de "Matar ou Morrer", o homem da lei que era abandonado à própria sorte pela cidade que havia jurado defender.

Aqui Cooper dá uma guinada nessa imagem. Ele não é mais o herói, mas sim um mercenário, daquele tipo de lutará por quem lhe pagar mais, não importando a causa ou a ideologia que aceitaria defender. Nada mais longe de seus personagens de um passado recente. Mais desconcertante ainda para os fãs na época era encarar um Burt Lancaster bandido, sujo e malfeitor. Isso mesmo, ele interpretou nesse filme um ladrão de cavalos (um dos piores tipos do velho oeste), mentiroso, manipulador e sem muito caráter. Só por isso "Vera Cruz" já entraria na galeria dos grandes filmes americanos dos anos 1950.

O diretor Robert Aldrich também procurou optar pela ação e pela violência. A estrutura narrativa mostra um grupo de homens viajando com um carregamento de ouro cobiçado. Enquanto vão atravessando o deserto acabam cercados por todos os tipos de infames e facínoras. O destino final é justamente o porto de Vera Cruz, mas quem conseguirá chegar vivo no fim da viagem? Traições, emboscadas e tiroteios passam a ser rotina nessa travessia de vida e morte. Na época em que o filme foi lançado alguns críticos reclamaram do excesso de cenas de ação, mas penso que isso não foi um defeito do filme, muito pelo contrário, essa é sua principal característica.

Vera Cruz (Vera Cruz, EUA, 1954) Direção: Robert Aldrich / Roteiro: Roland Kibbee, James R. Webb / Elenco: Gary Cooper, Burt Lancaster, Denise Darcel / Sinopse: Durante a revolução mexicana de 1866 um grupo de pistoleiros e aventureiros americanos são contratados pelo Imperador Maximiliano para escoltar uma condessa mexicana e um carregamento de ouro até o porto de Vera Cruz.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Vera Cruz - Curiosidades

1. Clark Gable alertou Gary Cooper para não trabalhar com Burt Lancaster. Ele disse que Lancaster era muito jovem e que iria ofuscá-lo em cena. "Aquele jovem vai fazer você sumir da tela" - teria dito. Curiosamente anos depois Gable ignorou seu próprio conselho e atuou ao lado de Lancaster no clássico filme de guerra O Mar é Nosso Túmulo (1958).

2. Gary Cooper não gostou muito do roteiro. Mostrou diversas contradições e erros históricos no texto. Numa das reuniões com o diretor e o roteirista disse: "Não faz sentido um ex-coronel confederado lutar ao lado de um mexicano contra um americano!". Para Cooper isso não tinha a menor lógica histórica.

3. O filme foi rodado todo no México. Durante as filmagens aconteceu algo inesperado. Charles Bronson e Ernest Borgnine foram presos pela polícia federal mexicana. Eles tinham ido até uma pequena mercearia nas redondezas para comprar cigarros. Acontece que ainda estavam vestidos com os figurinos do filme. Confundidos com bandidos só foram soltos após a interferência do estúdio de cinema que estava produzindo o filme.

4. Gary Cooper ficou gravemente ferido quando foi atingido por fragmentos de uma ponte que havia sido explodida, porque a equipe de efeitos especiais havia usado explosivos demais.

5. Embora representado por George Macready, de 54 anos, o verdadeiro imperador Maximiliano I, do México, tinha apenas trinta e quatro anos quando morreu.

6. Burt Lancaster lembrou muitos anos depois que seu colega de profissão, Gary Cooper, ficou muito incomodado durante as filmagens por causa do aspecto de vião de seu personagem. Para Cooper interpretar um ex-coronel confederado não poderia significar que ele fosse um vilão, mas sim um bom homem que acabou escolhendo o lado errado em sua carreira.

7. O filme "Vera Cruz" é geralmente chamado de o "primeiro western espaguete americano", devido à influência que absorveu de faroestes produzidos na Itália, em especial os dirigidos pelo mestre Sergio Leone, o mais popular cineasta nesse estilo.

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de outubro de 2006

O Passado Não Perdoa

Esse fim de semana aproveitei o tempo livre para assistir a dois clássicos que seguiam inéditos até o momento. Dois excelentes filmes, é bom frisar. O primeiro foi "A Tortura do Silêncio". É um thriller de suspense com um enredo que me lembrou muito os filmes de Alfred Hitchcock. O mitológico Gary Cooper interpreta um empregado de uma empresa em Londres que acaba supostamente testemunhando um assassinato. Seu próprio patrão é esfaqueado e 60 mil libras são roubadas. Mesmo na escuridão o personagem de Cooper acusa um outro funcionário do crime. O sujeito é preso e condenado à prisão perpétua.

Pouco tempo depois o próprio George (Cooper) surge com dinheiro suficiente para abrir sua própria empresa de navegação. O negócio prospera e ele fica rico. Sua esposa Martha (interpretada pela ótima Debora Kerr) começa a ficar desconfiada de tudo. Afinal o dinheiro roubado na empresa jamais fora encontrado. Teria sido ele o real assassino? O roteiro assim aproveita essa situação limite para desenvolver toda a sua trama. Um aspecto interessante é que até a cena final o espectador fica na dúvida sobre ser o personagem de Cooper inocente ou culpado. Extremamente bem escrito, é um ótimo momento da filmografia do ator. Infelizmente Cooper morreria naquele mesmo ano, sendo esse seu último filme.

O outro belo clássico que assisti foi "O Passado Não Perdoa". Esse é um faroeste dirigido por John Huston. Todo cinéfilo sabe que Huston foi um mestre da sétima arte. Ele nunca realizava filmes banais ou que caíssem no lugar comum. Era um cineasta dos mais constantes na realização de obras primas. Esse filme é uma delas. O roteiro começa mostrando o dia a dia de um clã familiar no velho oeste. Eles vivem em um rancho situado no deserto, em pleno território Kiowa. De tempos em temos os nativos guerreiros promovem massacres de colonos brancos na região. O patriarca da família Zachary foi morto em um desses ataques. Agora quem lidera o clã é Ben Zachary (Burt Lancaster), o irmão mais velho. Ele vive de transportar e vender gado pela região. A rotina familiar segue tranquila e feliz até que os Kiowas retornam.

Eles querem que Ben lhes dê a sua própria irmã, a jovem Rachel (interpretada por Audrey Hepburn, maravilhosa como sempre), para que ela seja levada para as montanhas onde vive a tribo. Para os Kiowas ela teria sido raptada de sua aldeia no passado. Um ataque feito pelo próprio patriarca Zachary. Claro que Ben (Lancaster) recusa de forma veemente a possibilidade de Rachel ser entregue de volta aos índios, o que acaba dando origem a uma verdadeira guerra entre brancos e indígenas. Huston mostra maestria na condução do filme. Ele não tem pressa, desenvolvendo cada personagem de forma bem caprichada. O elenco conta ainda com dois outros coadjuvantes bem interessantes para os cinéfilos: a presença da diva do cinema mudo Lilian Gish, como a velha matriarca e Audie Murphy, como o irmão do meio da família Zachary, uma pessoa que ainda não conseguiu superar seus preconceitos de natureza racial. Em suma, um belíssimo trabalho do mestre John Huston, um diretor que jamais me decepcionou.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Frank Sinatra, Gary Cooper e Randolph Scott


Uma foto rara e no mínimo estranha: o cantor Frank Sinatra vestido de índio ao lado do cowboy Gary Cooper. Nada poderia ser tão surreal e ao mesmo empo engraçado e divertido...Abaixo a mesma dupla encontra outro ícone do faroeste, o eterno cowboy Randolph Scott, aqui de terno e gravata, como mandava a etiqueta da época.