segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

A Tortura da Suspeita

Título no Brasil: A Tortura da Suspeita
Título Original: The Naked Edge
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Michael Anderson
Roteiro: Joseph Stefano, Max Ehrlich
Elenco: Gary Cooper, Deborah Kerr, Peter Cushing, Eric Portman
  
Sinopse:
George Radcliffe (Gary Cooper) se torna a única testemunha de um assassinato na empresa em que trabalha. Durante uma noite seu patrão é morto com uma facada. Além disso o criminoso foge com mais de 60 mil libras. Para George o autor do assassinato é Donald Heath (Ray McAnally), também funcionário da empresa. Ele é preso, julgado e condenado com a ajuda do testemunho de George. O dinheiro roubado porém desaparece. Pouco tempo depois desse crime a sorte muda para George. De simples empregado ele consegue montar sua própria empresa que cresce a cada ano. Em pouco tempo se torna um homem rico e bem sucedido. Sua esposa Martha (Deborah Kerr) começa a desconfiar que George teria algo a ver com o crime, principalmente após receber uma carta denunciando sua participação na noite da morte de seu patrão. Além disso fica a dúvida: como conseguiu se tornar um homem rico da noite para o dia? Seria George inocente ou culpado pelas acusações?

Comentários:
Thriller de suspense que se notabiliza por dois aspectos. O primeiro é que foi o último filme da carreira do grande ator Gary Cooper. Ele viria a falecer no mesmo ano de lançamento dessa sua última produção. O segundo vem do fato do filme ter sido produzido pela companhia de Marlon Brando, uma empresa que ele havia fundado para a realização de filmes que fugissem um pouco do lado mais comercial de Hollywood. O ator chamou sua nova companhia cinematográfica de Pennebaker Productions e colocou seu próprio pai como presidente. Por essa razão nos créditos desse filme você encontrará a indicação de Marlon Brando Sr como produtor. No geral é um bom filme de suspense que segue em certos momentos o estilo do gênio Alfred Hitchcock. O diretor Michael Anderson deixa isso bem claro em vários momentos, seja nas tomadas ousadas de câmera, seja no uso de uma trilha sonora bem marcante (que em determinados pontos me fez lembrar até mesmo do clássico "Psicose"). O enredo se aproveita de uma linha básica, as suspeitas de Martha (Kerr) em relação ao seu marido George (Cooper). Ele testemunha em um caso de assassinato ocorrido em sua empresa onde uma pequena fortuna foi roubada. O dinheiro desapareceu. 

Algum tempo depois o próprio George, que era apenas um empregado, surge endinheirado o suficiente para fundar sua própria companhia. Tudo muito suspeito. Para piorar ele começa a apresentar um comportamento suspeito, meio paranoico, com o passado que ressurge para lhe atormentar. Em determinado ponto a própria Martha começa a temer por sua vida pois George deixa claro que não deixará nada atrapalhar seu recém conquistado sucesso empresarial. Seria George o verdadeiro assassino ou apenas um bom homem envolvido numa rede de coincidências que o incriminariam pelo crime? Teria ele mandado com seu testemunho no tribunal um homem inocente para a prisão perpétua por um crime cometido por ele mesmo? Como conseguiu ficar rico tão rapidamente após o crime e o roubo do dinheiro na empresa em que trabalhava? As respostas a todas essas perguntas só surgem na última cena, deixando o espectador o tempo todo tentando decifrar o enigma. Tudo muito bem realizado e montado. O roteiro manipula o tempo todo a situação, ora dando margem para suspeitarmos mesmo do personagem de Cooper, ora nos convencendo a deixarmos de lado esse tipo de suspeita. Curiosamente no final, quando os créditos finais já foram exibidos, um pedido dos realizadores do filme pede aos que já assistiram que não contem a identidade real do assassino para ninguém. Um conselho mais do que adequado para que a surpresa não seja estragada. Em suma, "A Tortura da Suspeita" foi uma bela despedida do mito Gary Cooper ao cinema, bem à altura de sua importância. 

Pablo Aluísio.

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