Elisabeth Amalie Eugenie von Bayern ou como ficou conhecida na história, a imperatriz Sissi, é uma das figuras históricas mais interessantes do século XIX. Ela foi imortalizada pelo cinema numa série de três filmes estrelados pela atriz Romy Schneider. Os filmes são marcantes, belíssimos de se assistir, com produção classe A e muito glamour, mas na verdade apenas tangenciam a história da verdadeira Sissi. De fato ele foi uma das mais belas imperatrizes da Europa, foi um marco no mundo da moda e da elegância, sua corte foi seguramente uma das mais luxuosas da história, porém havia também seu lado humano com diversos dramas pessoais.
Sissi era extremamente paranoica com sua aparência pessoal, a tal ponto de muitos dentro do palácio chamarem ela de louca. A imperatriz não comia comidas sólidas, com medo de engordar e perder sua fina cintura. Embora fosse alta para os padrões femininos da época, com mais de 1.70m de altura, ela mal passava dos 50kg. Não comia carne, nem doce. Para não ficar sem as proteínas necessárias para sobreviver ela mandava que pedaços de carne fossem triturados para que então ele tomasse apenas o caldo extraído desses pedaços. Também experimentou estranhos tratamentos de beleza para sua pele e seu longo cabelo, que era tratado por damas da corte especializadas em cuidar dele.
Na época pessoas depressivas eram ditas como pessoas melancólicas. Sissi, apesar de todo o luxo e riqueza que tinha era muito depressiva, passando por fases em que seu marido Francisco José I da Áustria pensou seriamente em levá-la para algum tratamento psicológico. Só não o fez para não causar escândalo nas monarquias da época. Para compensar e superar esses momentos de depressão Sissi se dedicou aos esportes. Primeiro comprou cavalos e passava horas cavalgando. Depois inaugurou a moda entre as realezas das longas caminhadas. Ela passava horas caminhando e para não ser reconhecida usava roupas discretas, de camponesas da época.
Sissi também tinha uma obsessão em viajar e navegar. Para falar a verdade nada era tão aborrecido em sua vida do que ficar em Viena. Assim ela pediu ao marido um barco para velejar mundo afora. O imperador, sempre preocupado com sua saúde mental, deu esse presente para ela e depois disso ela nunca mais parou de navegar. Como já havia dado herdeiros ao trono decidiu também "terceirizar" o próprio marido, dando de "presente" a ele uma atriz que admirava. Sissi foi franca com ela, queria que a atriz se tornasse amante do imperador, para que ela pudesse se ver livre das obrigações matrimoniais. Ao que tudo indica Sissi não queria mais ir para a cama com Francisco José. Achava aquilo tudo aborrecido, não gostava mesmo de sexo. Também não queria mais ter filhos pois isso iria estragar seriamente sua silhueta impecável.
Um aspecto interessante em Sissi é que ela tinha verdadeira obsessão não apenas pela beleza, mas pela juventude também. Conforme os anos foram passando ela foi ficando apavorada por perder sua juventude. A filha deu a luz ao seu neto quando Sissi tinha apenas 32 anos de idade, algo que a deixou enfurecida. Nada poderia ser mais longe do ideal de juventude eterna do que se tornar uma avó, principalmente naquele tempo. E foi justamente nessa idade, aos 32 anos, que ela decidiu que não mais iria ser vista em público, nem iria deixar ser retratada em pinturas ou quadros. Não queria ser lembrada com sua imagem de mulher madura. Também parou de sorrir. Numa época em que não havia pastas e nem escovas de dentes, a imperatriz teve inúmeros problemas dentários. E isso tirava a harmonia do conjunto da beleza de seu rosto.
Sissi morreu aos 60 anos de idade, assassinada por um anarquista enquanto caminhava em Genebra. O assassino pegou uma peça que era usada por ferreiros, afiou suas pontas e apunhalou a imperatriz em plena luz do dia, no meio da rua. Ela realmente havia se descuidado de sua segurança pessoal. Queria levar a vida de uma pessoa comum, o que era impossível para uma mulher que era imperatriz do império austro-húngaro. Depois que foi atacada, Sissi ainda foi levada para um hospital, mas chegou morta ao local. A arma branca do assassino acertou seu coração em cheio, colocando fim na vida de uma das nobres mais famosas da história.
Panlo Aluísio.
domingo, 31 de dezembro de 2023
sábado, 30 de dezembro de 2023
Vespasiano - O Imperador General
Depois de Calígula e Nero, Roma ficou com um vácuo de poder. Esses foram imperadores terríveis, depravados, alucinados e cruéis. Verdadeiros tiranos na mais restrita acepção da palavra. Quando Nero finalmente morreu uma sucessão de líderes surgiram em Roma. Homens como Otão e Vitélio, o Glutão, ficaram pouco tempo no poder. Eram medíocres demais para liderarem um vasto e grandioso império como o Romano. Coube a um general chamado Vespasiano, colocar as mãos no poder para que Roma não sucumbisse.
Vespasiano foi forjado dentro da disciplina militar. Ele foi um brilhante oficial das legiões romanas. Mesmo sob ordens de imperadores obtusos como Nero ele conseguiu ainda se destacar nas fileiras do exército. Participou de inúmeras campanhas bem sucedidas por todo o império e começou a ficar conhecido e respeitado pelos cidadãos de Roma. Quando a situação se tornou insustentável ele reuniu as legiões sob seu comando e marchou de volta a Roma. Disse a um de seus oficiais que a situação havia chegado a um limite sem volta e que apenas o exército romano poderia colocar ordem em todo aquele caos.
Vespasiano foi um homem pragmático. Ele fazia o que tinha que fazer. As finanças do Estado estavam arruinadas. Assim ele mandou reorganizar o sistema tributário de Roma. Novos tributos foram criados e aos poucos o império foi saindo da crise. De origem militar rechaçava todo o luxo que havia marcado a corte dos imperadores anteriores. O povo ficava surpreso ao descobrir que ele calçava suas próprias botas e cuidava de suas roupas. Não havia dezenas de escravos para isso, como acontecia com Nero. Vespasiano também mandou construir grandes obras, como o Coliseum, que seria terminado por seu filho Tito. Também mandou reconstruir os bairros romanos que tinham sido consumidos pelo fogo nos tempos de Nero. Com uma administração competente e honesta, ganhou as simpatias do povo, tanto da plebe como dos patrícios.
Chegou até mesmo a ser comparado com Augusto. O Senado lhe ofereceu todos os tipos de títulos, mas Vespasiano os recusou. Não era de sua índole. Na política externa o Imperador General precisou lidar com rebeliões na província da Judeia. Uma nova religião estava se espalhando pelo império. Ela tinha a crença que Jesus, um homem que havia vivido na Galiléia, havia ressuscitado após ser crucificado pelos romanos em Jerusalém. Segundo relatórios enviados ao imperador até mesmo membros do exército romano na região estavam se convertendo ao cristianismo. Vespasiano era um homem sem nenhuma fé religiosa. Nem mesmo acreditava nos deuses romanos e por isso avaliou essa nova crença como um problema político para o império Romano.
Ele encarregou seu filho Tito para combater os sentimentos de revolta do povo judeu. No ano de 79 da era cristã o imperador começou a sentir-se mal. O velho general começava a sentir o peso dos anos. Alguns historiadores modernos acreditam que o imperador começou a sofrer problemas relacionados ao Mal de Parkinson, além de doenças do coração. Quando descobriu que estava em seus últimos dias de vida mandou e ordenou que o Estado não deveria gastar fortunas com seu funeral. Queria algo simples. Chegou a dizer que jogassem seu velho corpo de militar nas águas do Rio Tibre. Queria morrer como um soldado. No dia de sua morte mandou seus soldados o levantarem da cama, para que morresse de pé, como um bom legionário. Ele faleceu de um provável câncer de intestino. Acabou dando origem a uma nova dinastia de imperadores denominada Flaviana.
Pablo Aluísio.
Vespasiano foi forjado dentro da disciplina militar. Ele foi um brilhante oficial das legiões romanas. Mesmo sob ordens de imperadores obtusos como Nero ele conseguiu ainda se destacar nas fileiras do exército. Participou de inúmeras campanhas bem sucedidas por todo o império e começou a ficar conhecido e respeitado pelos cidadãos de Roma. Quando a situação se tornou insustentável ele reuniu as legiões sob seu comando e marchou de volta a Roma. Disse a um de seus oficiais que a situação havia chegado a um limite sem volta e que apenas o exército romano poderia colocar ordem em todo aquele caos.
Vespasiano foi um homem pragmático. Ele fazia o que tinha que fazer. As finanças do Estado estavam arruinadas. Assim ele mandou reorganizar o sistema tributário de Roma. Novos tributos foram criados e aos poucos o império foi saindo da crise. De origem militar rechaçava todo o luxo que havia marcado a corte dos imperadores anteriores. O povo ficava surpreso ao descobrir que ele calçava suas próprias botas e cuidava de suas roupas. Não havia dezenas de escravos para isso, como acontecia com Nero. Vespasiano também mandou construir grandes obras, como o Coliseum, que seria terminado por seu filho Tito. Também mandou reconstruir os bairros romanos que tinham sido consumidos pelo fogo nos tempos de Nero. Com uma administração competente e honesta, ganhou as simpatias do povo, tanto da plebe como dos patrícios.
Chegou até mesmo a ser comparado com Augusto. O Senado lhe ofereceu todos os tipos de títulos, mas Vespasiano os recusou. Não era de sua índole. Na política externa o Imperador General precisou lidar com rebeliões na província da Judeia. Uma nova religião estava se espalhando pelo império. Ela tinha a crença que Jesus, um homem que havia vivido na Galiléia, havia ressuscitado após ser crucificado pelos romanos em Jerusalém. Segundo relatórios enviados ao imperador até mesmo membros do exército romano na região estavam se convertendo ao cristianismo. Vespasiano era um homem sem nenhuma fé religiosa. Nem mesmo acreditava nos deuses romanos e por isso avaliou essa nova crença como um problema político para o império Romano.
Ele encarregou seu filho Tito para combater os sentimentos de revolta do povo judeu. No ano de 79 da era cristã o imperador começou a sentir-se mal. O velho general começava a sentir o peso dos anos. Alguns historiadores modernos acreditam que o imperador começou a sofrer problemas relacionados ao Mal de Parkinson, além de doenças do coração. Quando descobriu que estava em seus últimos dias de vida mandou e ordenou que o Estado não deveria gastar fortunas com seu funeral. Queria algo simples. Chegou a dizer que jogassem seu velho corpo de militar nas águas do Rio Tibre. Queria morrer como um soldado. No dia de sua morte mandou seus soldados o levantarem da cama, para que morresse de pé, como um bom legionário. Ele faleceu de um provável câncer de intestino. Acabou dando origem a uma nova dinastia de imperadores denominada Flaviana.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 29 de dezembro de 2023
Ameaça Profunda
Título Original: Underwater
Ano de Lançamento: 2020
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: William Eubank
Roteiro: Brian Duffield, Adam Cozad
Elenco: Kristen Stewart, Vincent Cassel, Mamoudou Athie, T.J. Miller, John Gallagher Jr, Jessica Henwick
Sinopse:
Um grupo de trabalhadoras de uma empresa especializada em mineração de águas profundas se vê numa situação trágica e no limite após perceber que os mecanismos de sobrevivência estão falhando. Pior do que isso, parece haver uma criatura lá fora tentando destruir tudo! Depois disso, tudo o que importa é sobreviver e sair daquela fossa oceânica o mais rapidamente possível...
Comentários:
A premissa, a ideia original, até que poderia render um bom filme. Há no começo do filme um jogo de suspense interessante, onde os personagens tentam entender o que estaria acontecendo naquela estação de águas profundas, mas assim que o mistério se resolve o filme perde muitos pontos. Vira um filme de monstro gigante, com tudo de bom e ruim que isso possa significar. Aqui com mais ênfase no lado ruim mesmo. E o próprio monstrengo, quando se revela em sua inteireza, não assusta e nem causa impacto. Talvez pelo fato de que os efeitos digitais não tenham ficado muito bons, resolveram colocar a criatura em um ambiente aquático super escuro, onde o espectador não acaba vendo muita coisa. Além disso a tentativa de ser um filme da franquia Aliens também causa constrangimentos. Pelo menos deveriam ter optado por algum tipo de originalidade. Mas enfim, não foi dessa vez que fizeram um filme sobre fossas oceânicas que ficasse legal, realmente bom.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 28 de dezembro de 2023
Rebel Moon - Parte 1: A Menina do Fogo
Título Original: Rebel Moon - Part One: A Child of Fire
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: Netflix
Direção: Zack Snyder
Roteiro: Zack Snyder, Kurt Johnstad
Elenco: Sofia Boutella, Djimon Hounsou, Charlie Hunnam, Anthony Hopkins (narração), Ed Skrein, Michiel Huisman,
Sinopse:
Uma poderosa nave de guerra espacial chega em um pequeno satélite de um planeta gasoso onde vive um pequeno grupo de pessoas simples, que vivem da agricultura e do que retiram da terra. Só que esses imperialistas violentos querem toda a sua produção, caso contrário os nativos daquele pequeno mundo serão eliminados sumariamente. Uma jovem então parte em busca de ajuda nos confins de sua galáxia.
Comentários:
Esse filme é lixo reciclado de "Star Wars". O diretor Zack Snyder queria dirigir um dos próximos filmes da famosa franquia criada por George Lucas e escreveu esse roteiro meio às pressas. Apresentado na Disney, o estúdio recusou. Não os censuro. A coisa é ruim mesmo. Uma imitação mal feita de alguns grandes filmes do passado como "Os Sete Samurais" e seus derivados como "Sete Homens e um Destino" e até mesmo "Mercenários das Galáxias". Um grande cocktail batizado e estragado sem imaginação e sem originalidade. O roteiro tem tantos clichês batidos que poderíamos definir a história com uma única e simples palavra: Previsível. Tudo que acontece não vai lhe surpreender em nada. E esse excesso de computação gráfica também é algo enjoativo. Nada parece ser real ali em cenários, figurinos, ambientes, extras, etc. É tudo gerado por tecnologia digital. Filme feito em PC. Assim não dá mesmo para gostar de algo assim, nada original e totalmente fake!
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 27 de dezembro de 2023
O Mundo Depois de Nós
Título Original: Leave the World Behind
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: Netflix
Direção: Sam Esmail
Roteiro: Rumaan Alam, Sam Esmail
Elenco: Julia Roberts, Mahershala Ali, Ethan Hawke, Kevin Bacon, Farrah Mackenzie, Alexis Rae Forlenza
Sinopse:
Uma típica família norte-americana decide passar o fim de semana em uma casa alugada, numa região mais afastada do stress do dia a dia das grandes cidades. Assim que chegam a internet cai e eles ficam isolados do resto do mundo e isso em um momento em que parece estar acontecendo algo grave dentro dos Estados Unidos. E para piorar surgem pessoas estranhas, que eles nunca viram antes, se dizendo ser os verdadeiros donos daquele lugar.
Comentários:
Filme que foi lançado com destaque pela Netflix nesse final de ano. Despertou reações meio polarizadas, do tipo ame ou odeie. De minha parte achei um filme apenas morno. De ponto positivo posso citar o fato de que o roteiro mais sugere do que explica. Sinal de roteiro inteligente que não precisa ficar explicando tudo nos menores detalhes. O elenco também está, de maneira em geral, muito bem em cena, embora os personagens não sejam assim tão bem construídos e elaborados. De negativo posso dizer que a história realmente apresenta algumas falhas de lógica e mais do que isso, não demora muito e o filme cai em um incômodo marasmo. Para quem gosta de histórias mais agitadas, com cenas de ação, não recomendaria esse filme. As coisas vão acontecendo lentamente, em seu próprio ritmo. Não é um filme que vá empolgar. E o final? Bom, eu teria algo melhor a fazer do que ver o episódio final de Friends! Essa seria uma opção um tanto boboca, mas cada um é cada um! Então é isso, um filme meramente regular que acerta ao não tentar explicar tudo, mas erra por ser muitas vezes lento demais para o ritmo dos espectadores dos dias atuais.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 26 de dezembro de 2023
Gary Cooper e a Árvore dos Enforcados
A corrida ao ouro levou ao surgimento de inúmeras pequenas vilas de mineradores, algumas delas localizadas bem no alto das montanhas rochosas. O enredo desse filme se passa justamente nesse contexto histórico.Gary Cooper interpreta o médico Joseph Frail que chega em um desses lugares. O que um médico tão distinto estaria fazendo ali, naquela montanha esquecida por Deus? Claro que um passado pouco recomendável, algo que ele gostaria de esquecer.
"A Árvore dos Enforcados", western americano lançado nos cinemas em 1959, com direção de Delmer Daves, trazia no elenco um Gary Cooper já veterano, maduro, talvez até um pouco cansado de trabalhar tantos anos no cinema. Isso não o impediu de encarar locações complicadas, em uma região distante do conforto dos grandes estúdios de Hollywood.
A direção acabou sendo feita a duas mãos. Por problemas de saúde o cineasta Delmer Daves precisou se afastar do trabalho, sendo que em sua ausência o filme acabou sendo dirigido pelo ótimo ator Karl Malden que se saiu muito bem. Outro ponto positivo do filme vem na presença da atriz Maria Schell que fez o parte romântico ao lado de Cooper. Descendente de alemães, dona de uma beleza rara, além de boa atriz, ela suavizou em muitos momentos o lado mais violento do roteiro. Um faroeste clássico que a despeito de ser pouco lembrado nos dias de hoje, foi um dos momentos mais marcantes da fase final da filmografia do ator Gary Cooper.
A Árvore dos Enforcados (The Hanging Tree, Estados Unidos, 1959) Direção: Delmer Daves / Roteiro: Wendell Mayes, Halsted Welles / Elenco: Gary Cooper, Maria Schell, Karl Malden / Sinopse: O médico Joseph Frail (Cary Cooper) chega em um campo de mineração durante a corrida ao ouro tentando fugir de eventos do passado que ele prefere manter na escuridão. Lá conhece a bonita Elisabeth (Maria Schell) pela qual se apaixona, ao mesmo tempo em que tenta defendê-la dos criminosos locais.
Pablo Aluísio.
"A Árvore dos Enforcados", western americano lançado nos cinemas em 1959, com direção de Delmer Daves, trazia no elenco um Gary Cooper já veterano, maduro, talvez até um pouco cansado de trabalhar tantos anos no cinema. Isso não o impediu de encarar locações complicadas, em uma região distante do conforto dos grandes estúdios de Hollywood.
A direção acabou sendo feita a duas mãos. Por problemas de saúde o cineasta Delmer Daves precisou se afastar do trabalho, sendo que em sua ausência o filme acabou sendo dirigido pelo ótimo ator Karl Malden que se saiu muito bem. Outro ponto positivo do filme vem na presença da atriz Maria Schell que fez o parte romântico ao lado de Cooper. Descendente de alemães, dona de uma beleza rara, além de boa atriz, ela suavizou em muitos momentos o lado mais violento do roteiro. Um faroeste clássico que a despeito de ser pouco lembrado nos dias de hoje, foi um dos momentos mais marcantes da fase final da filmografia do ator Gary Cooper.
A Árvore dos Enforcados (The Hanging Tree, Estados Unidos, 1959) Direção: Delmer Daves / Roteiro: Wendell Mayes, Halsted Welles / Elenco: Gary Cooper, Maria Schell, Karl Malden / Sinopse: O médico Joseph Frail (Cary Cooper) chega em um campo de mineração durante a corrida ao ouro tentando fugir de eventos do passado que ele prefere manter na escuridão. Lá conhece a bonita Elisabeth (Maria Schell) pela qual se apaixona, ao mesmo tempo em que tenta defendê-la dos criminosos locais.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 25 de dezembro de 2023
A Jovem que Tinha Tudo
Título Original: The Girl Who Had Everything
Ano de Lançamento: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Metro-Goldwyn-Mayer (MGM)
Direção: Richard Thorpe
Roteiro: Art Cohn, Adela Rogers St. Johns
Elenco: Elizabeth Taylor, Fernando Lamas, William Powell, Gig Young, James Whitmore, Robert Burton
Sinopse:
Jean Latimer (Elizabeth Taylor) é uma jovem rica e privilegiada, filha de um renomado advogado de Los Angeles, que resolve dar um passo bem errado em sua vida. Ela se envolve com um criminoso, o gangster Victor Y. Ramondi (Lamas), que é inclusive cliente de seu próprio pai. O romance proibido terá sérias consequências para todos os envolvidos.
Comentários:
Nesse filme Elizabeth Taylor chocou Hollywood pela coragem de interpretar esse papel, considerado muito escandaloso para a época. E foi um passo ousado porque nos anos 50 ela era considerada uma estrela adolescente, admirada pelas jovens americanas em idade escolar. Por essa razão o filme quase esbarrou no código de moralidade que os estúdios seguiam naqueles tempos de conservadorismo hipócrita. Um fato curioso é que até mesmo uma cena na piscina, com Liz e Lamas em trajes sensuais, teve que sofrer autocensura por parte da MGM por ter sido considerado sexualmente "atrevido" demais! Vejam que coisa tola! E o filme nada mais era do que um remake de uma antiga produção estrelada por Clark Gable. Ou seja, o que era aceito antes de forma natural agora passava por uma série de problemas de ordem moral para chegar nas telas. Prova que a Hollywood dos anos 30 e 40 era muito mais ousada e livre do que a dos anos 50. Por fim vale a citação de que o diretor Richard Thorpe iria dirigir, pouco tempo depois, outro ídolo jovem polêmico dos anos 50 no filme "O Prisioneiro do Rock". O nome do rapaz? Sim, ele mesmo, Elvis Presley!
Pablo Aluísio.
domingo, 24 de dezembro de 2023
Joana D'arc
Assim Joana D'arc ingressou no exército francês. Cortou seus cabelos no estilo militar dos homens e aprendeu técnicas de combate. A época não poderia ser mais violenta pois vivia-se a terrível guerra dos cem anos entre franceses e ingleses. As cidades estavam destruídas, o povo passava fome e a peste negra dizimava milhões de pessoas no continente europeu. Os quatro cavaleiros do apocalipse pareciam estar soltos, cavalgando pelo solo francês, completamente manchado de vermelho do sangue derramado de seus compatriotas. Joana era apenas mais uma pessoa a engrossar as fileiras militares, mas sua presença parecia significar vitórias e mais vitórias para os franceses. Em pouco tempo ela começou a ser venerada pelos soldados e se transformou em um precioso símbolo para o Rei francês CharlesVII.
Não tardou também que ela se tornasse alvo de perseguição por parte dos ingleses. Eles queriam colocar as mãos na santa guerreira de todas as maneiras. Sua sorte mudou para pior quando foi capturada por borgonheses após perder uma batalha. Era 1430. Com apenas 18 anos de idade ela foi então vendida aos inimigos ingleses. Em pouco tempo foi condenada por bruxaria, acusada de ter visões com demônios. Era obviamente um ato político de perseguição. Não havia nenhum fundamento religioso em sua condenação. Os ingleses apenas queriam destruir um símbolo muito precioso para os combatentes franceses. Algumas tentativas de salvar sua vida foram feitas, mas foi tudo em vão. Joana foi queimada viva em uma fogueira numa praça de Rouen, na Normandia (norte da França), que naquela época estava sob dominação da coroa da Inglaterra.
A vida de Joana D'arc foi muito breve, intensa e violenta. Ela viveu praticamente toda a sua vida em campanhas militares, mas ao mesmo tempo procurou cultivar sua fé em Deus. Muitos historiadores discordam da informação amplamente divulgada de que Joana teria sido queimada por ordem de líderes religiosos católicos. Na verdade sua morte foi encomendada, até com certa pressa, pelo Rei da Inglaterra que definitivamente não queria enfrentar uma mulher que era considerada santa pelo exército francês. Assim foi uma decisão realmente puramente política. Em 1920 a Igreja Católica finalmente reconheceu a santidade de Joana e ela foi canonizada pelo Vaticano. No lugar onde foi queimada, onde antes era uma praça pública em Rouen, foi erguida uma bela igreja em sua homenagem, com arquitetura magnífica. Joana assim subiu finalmente aos altares de Deus.
Pablo Aluísio.
O Cavaleiro Medieval
O cavaleiro medieval era altamente motivado. Embaixo de sua armadura havia um ser humano que acreditava piamente nas palavras da escritura sagrada, na Bíblia. Por isso ele deixava praticamente tudo para trás para se juntar às fileiras das cruzadas. Muitas foram as motivações que moveram os cruzados ao longo dos séculos, porém todas elas sempre tinham praticamente o mesmo motivo principal: livrar a terra santa dos infiés muçulmanos que aquelas paisagens distantes ocupavam.
O típico cavaleiro medieval que conhecemos é muito parecido com essa gravura ao lado. Montado em seu cavalo, com um grande espada e uma armadura complexa que o protegia da cabeça aos pés. Essas armaduras eram caras, pesadas e nada confortáveis. Apenas os nobres ricos e os Reis tinham condições econômicas de ostentar algo assim.
Talvez a única exceção tenha sido os cavaleiros templários, porém seus elmos e armaduras eram fornecidos pela Igreja Católica, a mais rica e influente instituição da era medieval. Depois com o passar dos séculos os templários foram ficando imensamente ricos e eles próprios compravam suas armaduras. Os templários não eram apenas guerreiros como os demais cavaleiros das cruzadas. Eles eram também monges e faziam parte da hierarquia da Igreja. Os Templários faziam parte de uma ordem religiosa, tal como os Jesuítas, Franciscanos, etc. A diferença básica é que essa era uma ordem guerreira, feita para ir para a guerra. Eles eram guerreiros em essência, prontos para tudo, para defender suas crenças, mesmo em territórios estrangeiros. Deles provavelmente nasceu o lema de se ter a cruz em uma das mãos e uma espada em outra.
As mulheres medievais idolatravam os cavaleiros. Por onde eles passavam havia dezenas de mulheres dispostas a tudo para conquistá-los. Por isso logo se criou toda uma arte em volta dessas figuras metálicas. Os trovadores criavam canções e poemas, sempre mostrando o errante cavaleiro conquistando o coração das donzelas. Isso criou toda uma literatura também. Vem daí a figura do "Príncipe encantado" que iria aparecer em muitos contos infantis, chegando até nós pelas adaptações desses contos em filmes da Dinsey, por exemplo. E de fato o cavaleiro medieval era um nobre, seja um prínicipe, um rei ou um membro da chamada nobreza menor. Casar com um deles na Idade Média era tirar a sorte grande entre as mulheres, principalmente as camponesas, que viviam em uma escala social bem menor do que a dos guerreiros medievais.
Pablo Aluísio.
O típico cavaleiro medieval que conhecemos é muito parecido com essa gravura ao lado. Montado em seu cavalo, com um grande espada e uma armadura complexa que o protegia da cabeça aos pés. Essas armaduras eram caras, pesadas e nada confortáveis. Apenas os nobres ricos e os Reis tinham condições econômicas de ostentar algo assim.
Talvez a única exceção tenha sido os cavaleiros templários, porém seus elmos e armaduras eram fornecidos pela Igreja Católica, a mais rica e influente instituição da era medieval. Depois com o passar dos séculos os templários foram ficando imensamente ricos e eles próprios compravam suas armaduras. Os templários não eram apenas guerreiros como os demais cavaleiros das cruzadas. Eles eram também monges e faziam parte da hierarquia da Igreja. Os Templários faziam parte de uma ordem religiosa, tal como os Jesuítas, Franciscanos, etc. A diferença básica é que essa era uma ordem guerreira, feita para ir para a guerra. Eles eram guerreiros em essência, prontos para tudo, para defender suas crenças, mesmo em territórios estrangeiros. Deles provavelmente nasceu o lema de se ter a cruz em uma das mãos e uma espada em outra.
As mulheres medievais idolatravam os cavaleiros. Por onde eles passavam havia dezenas de mulheres dispostas a tudo para conquistá-los. Por isso logo se criou toda uma arte em volta dessas figuras metálicas. Os trovadores criavam canções e poemas, sempre mostrando o errante cavaleiro conquistando o coração das donzelas. Isso criou toda uma literatura também. Vem daí a figura do "Príncipe encantado" que iria aparecer em muitos contos infantis, chegando até nós pelas adaptações desses contos em filmes da Dinsey, por exemplo. E de fato o cavaleiro medieval era um nobre, seja um prínicipe, um rei ou um membro da chamada nobreza menor. Casar com um deles na Idade Média era tirar a sorte grande entre as mulheres, principalmente as camponesas, que viviam em uma escala social bem menor do que a dos guerreiros medievais.
Pablo Aluísio.
sábado, 23 de dezembro de 2023
Carlos Magno
Carlos Magno foi um dos mais importantes monarcas medievais da história. Embora a França como nação ainda não existisse nos moldes modernos, ele é considerado um dos mais marcantes reis franceses da história, dando nome a sua própria dinastia, conhecida como Carolíngia. Tamanho era seu poder em vida que ele acumulava diversos títulos, entre eles o de Rei dos Lombardos e Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, uma tentativa tardia de restaurar os dias de glória do império romano. Carlos era filho de Pepino, o Breve. Quando esse morreu começou a luta pelo trono entre seus filhos. Como era costume na era medieval o verdadeiro sucessor iria se impor pela força de sua espada. O último que ficasse em pé, vivo, se consagraria monarca e imperador.
Após vencer a disputa pela coroa com seu irmão Carlomano, Carlos Magno começou seu projeto de expansão territorial. Ele foi efetivamente um Rei guerreiro que passou grande parte de sua vida em cima de um cavalo, com espada em punho, comandando seus exércitos reais por diversas nações. Suas campanhas militares foram extremamente bem sucedidas a ponto de Carlos Magno dominar praticamente todo o mapa da Europa, com terras conquistadas na Alemanha, na Itália, Áustria, Suíça, Bélgica e Bulgária (obviamente os países aqui nomeados não existiam na época de Carlos Magno, sendo essa apenas uma forma de localizar o leitor sobre os domínios desse Rei franco). De certa forma ele ajudou a redesenhar o mapa europeu ao seu bel prazer, como aconteceria séculos depois com Napoleão Bonaparte.
Tantos anos em um campo de batalha cobraram seu preço. Carlos Magno mal sabia ler e escrever, já adulto, quando era praticamente o monarca de toda a Europa continental, não conseguia entender nem uma frase simples escrita em um documento de seu reino. Um monarca analfabeto, como quase toda a Europa naqueles tempos medievais. Por essa razão o Rei teve o cuidado de disseminar e reformar o sistema educacional. Com o apoio da Igreja Católica o Rei sonhava com o dia em que todo menino europeu pudesse estudar em escolas mantidas pelo Estado - algo que iria se concretizar nos séculos seguintes. Esse aspecto também moldou seu modo de ajudar estudiosos, artistas e intelectuais. Para Carlos Magno nem o maior dos impérios teria futuro sem uma geração de pessoas instruídas e educadas. Até para comandar seus exércitos o Rei entendeu que era necessário que cada soldado e general pudesse se comunicar através de cartas escritas.
Carlos Magno também foi um dos fundadores do sistema feudal que iria predominar em praticamente toda a Idade Média. Os escravos da antiga Roma não teriam mais espaço em seus domínios. Ao invés disso ele determinou que cada escravo se tornasse servo, ligado a um feudo, dominado por um senhor feudal. O mais poderoso e rico senhor feudal seria o próprio Rei, ligado a uma rede de nobres que lhe deviam favores em tempos de paz e guerra. Os papas também condenavam a escravidão, pois seria anticristã. De certa forma a influência de Carlos Magno na história da Europa e do mundo ocidental foi ampla e duradoura. Ele fundou muitos aspectos que iriam dominar o mundo europeu, com influências até mesmo em nossa história.
Carlos Magno morreu de complicações pulmonares no campo de batalha. Ao invés de tentar se curar com a medicina da época ele optou por jejuar, o que piorou seu quadro, o levando à morte alguns dias depois. Corria o ano de 814 e o imperador de quase toda a Europa morria em um vilarejo lamacento em terras que hoje em dia pertencem à Alemanha. Foi obviamente enterrado com toda a pompa que um Rei tinha direito na Basílica de Saint-Denis, onde praticamente todos os reis franceses seriam enterrados, mas um fato sórdido ocorreu séculos depois. Seu túmulo foi profanado pela revolução francesa. Seu caixão foi aberto, roubaram as joias e as insígnias reais de seu corpo e depois do vandalismo seus restos mortais foram jogados no pântano. Só depois, quando a monarquia foi restaurada, já após o advento da queda de Napoleão Bonaparte é que o Rei Luís XVIII mandou que os corpos reais fossem recuperados e levados de volta para a catedral onde foram enterrados. Não foi algo fácil pois os restos mortais de todos os reis e rainhas estavam misturados, sendo impossível identificá-los. Dessa forma todos os ossos, crânios e restos mortais foram colocados em conjunto em urnas que atualmente estão em exposição para turistas que visitam a famosa igreja medieval.
Pablo Aluísio.
Após vencer a disputa pela coroa com seu irmão Carlomano, Carlos Magno começou seu projeto de expansão territorial. Ele foi efetivamente um Rei guerreiro que passou grande parte de sua vida em cima de um cavalo, com espada em punho, comandando seus exércitos reais por diversas nações. Suas campanhas militares foram extremamente bem sucedidas a ponto de Carlos Magno dominar praticamente todo o mapa da Europa, com terras conquistadas na Alemanha, na Itália, Áustria, Suíça, Bélgica e Bulgária (obviamente os países aqui nomeados não existiam na época de Carlos Magno, sendo essa apenas uma forma de localizar o leitor sobre os domínios desse Rei franco). De certa forma ele ajudou a redesenhar o mapa europeu ao seu bel prazer, como aconteceria séculos depois com Napoleão Bonaparte.
Tantos anos em um campo de batalha cobraram seu preço. Carlos Magno mal sabia ler e escrever, já adulto, quando era praticamente o monarca de toda a Europa continental, não conseguia entender nem uma frase simples escrita em um documento de seu reino. Um monarca analfabeto, como quase toda a Europa naqueles tempos medievais. Por essa razão o Rei teve o cuidado de disseminar e reformar o sistema educacional. Com o apoio da Igreja Católica o Rei sonhava com o dia em que todo menino europeu pudesse estudar em escolas mantidas pelo Estado - algo que iria se concretizar nos séculos seguintes. Esse aspecto também moldou seu modo de ajudar estudiosos, artistas e intelectuais. Para Carlos Magno nem o maior dos impérios teria futuro sem uma geração de pessoas instruídas e educadas. Até para comandar seus exércitos o Rei entendeu que era necessário que cada soldado e general pudesse se comunicar através de cartas escritas.
Carlos Magno também foi um dos fundadores do sistema feudal que iria predominar em praticamente toda a Idade Média. Os escravos da antiga Roma não teriam mais espaço em seus domínios. Ao invés disso ele determinou que cada escravo se tornasse servo, ligado a um feudo, dominado por um senhor feudal. O mais poderoso e rico senhor feudal seria o próprio Rei, ligado a uma rede de nobres que lhe deviam favores em tempos de paz e guerra. Os papas também condenavam a escravidão, pois seria anticristã. De certa forma a influência de Carlos Magno na história da Europa e do mundo ocidental foi ampla e duradoura. Ele fundou muitos aspectos que iriam dominar o mundo europeu, com influências até mesmo em nossa história.
Carlos Magno morreu de complicações pulmonares no campo de batalha. Ao invés de tentar se curar com a medicina da época ele optou por jejuar, o que piorou seu quadro, o levando à morte alguns dias depois. Corria o ano de 814 e o imperador de quase toda a Europa morria em um vilarejo lamacento em terras que hoje em dia pertencem à Alemanha. Foi obviamente enterrado com toda a pompa que um Rei tinha direito na Basílica de Saint-Denis, onde praticamente todos os reis franceses seriam enterrados, mas um fato sórdido ocorreu séculos depois. Seu túmulo foi profanado pela revolução francesa. Seu caixão foi aberto, roubaram as joias e as insígnias reais de seu corpo e depois do vandalismo seus restos mortais foram jogados no pântano. Só depois, quando a monarquia foi restaurada, já após o advento da queda de Napoleão Bonaparte é que o Rei Luís XVIII mandou que os corpos reais fossem recuperados e levados de volta para a catedral onde foram enterrados. Não foi algo fácil pois os restos mortais de todos os reis e rainhas estavam misturados, sendo impossível identificá-los. Dessa forma todos os ossos, crânios e restos mortais foram colocados em conjunto em urnas que atualmente estão em exposição para turistas que visitam a famosa igreja medieval.
Pablo Aluísio.
Clóvis I - O Primeiro Rei da França
Esse Rei dos Francos é considerado o primeiro Rei da França. Isso porque seu território correspondeu quase que exatamente o que depois iria se tornar o país da França. Mesmo assim não podemos nos esquecer que Clóvis I reinou em um passado bem distante, há mais de 1500 anos. Seu reinado durou de 481 a 511. Nessa época o Império Romano do Ocidente entrava em colapso. Considerado um Rei Bárbaro pelos Romanos, Clóvis I logo impôs seu poder na região conhecida pelos romanos como Gália. Ali ele uniu sob um mesmo reino diversas tribos dos Francos. Por isso é considerado pelos historiadores o primeiro Rei francês.
Ele também é considerado o fundador da Dinastia merovíngia que iria reinar por dois séculos na França. Foi também o primeiro líder dos francos a se converter ao catolicismo. Isso se deu em razão da influência de sua esposa, Clotilde da Borgonha. Ela era uma devota cristã. Até esse momento Clóvis seguia a religião pagã, com seus diversos deuses e crenças. Tinha adoração por Júpiter e Mercúrio. Ele renegou todos eles adotando a cruz como símbolo de seu reinado. Essa conversão ao cristianismo também trouxe o apoio da Igreja cristã que crescia entre os francos convertidos.
Outro ponto marcante no reinado de Clóvis e que fez com que ele se tornasse o criador do que seria conhecido como França, é o fato de que ele escolheu Paris para ser sua capital. Até então o Reino dos Francos não tinha uma cidade como sua capital. Povo bárbaro e guerreiro, eles tinham capitais itinerantes, usando o lema de que a capital de seu reino era onde o Rei estava. Em Paris ele fundou uma abadia, chamada de São Paulo e São Pedro, nas margens do Rio Sena.
Clóvis I morreu com apenas 46 anos de idade, em 511 e foi sepultado na Basílica de Saint-Denis. Isso deu origem a outra tradição entre os reis franceses, pois praticamente todos eles seriam enterrados nessa mesma igreja, que se tornaria um símbolo da monarquia francesa. Por todas essas razões a indicação de historiadores de que ele foi o primeiro Rei da França, é plenamente justificável.
Pablo Aluísio.
Ele também é considerado o fundador da Dinastia merovíngia que iria reinar por dois séculos na França. Foi também o primeiro líder dos francos a se converter ao catolicismo. Isso se deu em razão da influência de sua esposa, Clotilde da Borgonha. Ela era uma devota cristã. Até esse momento Clóvis seguia a religião pagã, com seus diversos deuses e crenças. Tinha adoração por Júpiter e Mercúrio. Ele renegou todos eles adotando a cruz como símbolo de seu reinado. Essa conversão ao cristianismo também trouxe o apoio da Igreja cristã que crescia entre os francos convertidos.
Outro ponto marcante no reinado de Clóvis e que fez com que ele se tornasse o criador do que seria conhecido como França, é o fato de que ele escolheu Paris para ser sua capital. Até então o Reino dos Francos não tinha uma cidade como sua capital. Povo bárbaro e guerreiro, eles tinham capitais itinerantes, usando o lema de que a capital de seu reino era onde o Rei estava. Em Paris ele fundou uma abadia, chamada de São Paulo e São Pedro, nas margens do Rio Sena.
Clóvis I morreu com apenas 46 anos de idade, em 511 e foi sepultado na Basílica de Saint-Denis. Isso deu origem a outra tradição entre os reis franceses, pois praticamente todos eles seriam enterrados nessa mesma igreja, que se tornaria um símbolo da monarquia francesa. Por todas essas razões a indicação de historiadores de que ele foi o primeiro Rei da França, é plenamente justificável.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 22 de dezembro de 2023
Five Nights at Freddy's - O Pesadelo Sem Fim
Desesperado por um emprego, para manter a guarda da própria irmã mais jovem, menor de idade, um homem aceita um emprego daqueles que ninguém quer. Ele passa a trabalhar como vigilante noturno de um velho estabelecimento comercial que havia feito sucesso nos anos 80, mas que havia fechado as portas após a morte trágica de cinco crianças. O lugar está abandonado há anos e tem uns velhos bonecos que funcionavam através da velha tecnologia do animatronics. E vários vigilantes noturnos tinham pedido demissão após passar as madrugadas naquele lugar sombrio e assustador. E pelo visto o terror iria novamente retornar, numa série de eventos sobrenaturais que aos poucos seriam desvendados, não sem antes ter que enfrentar velhos fantasmas e traumas do passado.
Quando esse filme começou eu fiquei surpreso ao perceber que ele tem basicamente a mesma premissa de outro filme que vi recentemente com o Nicolas Cage chamado "Willy's Wonderland - Parque Maldito". É basicamente a mesma história, o mesmo cenário e até mesmo os mesmos monstrengos desengonçados. A diferença básica é que o filme do Cage foi recebido como um trash movie e esse aqui, muito mais bem produzido, acabou faturando uma bela bilheteria nos cinemas americanos, se tornando um dos filmes mais lucrativos do ano! De maneira em geral gostei do filme (ando muito receptivo para filmes de terror ultimamente!), embora tenha ficado com um pé atrás todo o tempo. É um daqueles filmes que ficam ali na beira do abismo da ruindade, mas que nunca caem de vez no buraco. É algo que agradou aos fãs americanos de horror e que certamente dará origem a uma nova franquia cinematográfica do gênero. Agora é esperar para ver o que virá nos próximos anos. Provavelmente muitos filmes ruins, mas isso também faz parte do jogo nesse tipo de produção!
Five Nights at Freddy's - O Pesadelo Sem Fim (Five Nights at Freddy's, Estados Unidos, 2023) Direção: Emma Tammi / Roteiro: Scott Cawthon, Seth Cuddeback, Emma Tammi / Elenco: Josh Hutcherson, Piper Rubio, Elizabeth Lail / Sinopse: Contratado para trabalhar como vigia noturno em um velho estabelecimento há muito fechado, homem descobre que o lugar apresenta estranhos e inexplicáveis eventos sobrenaturais nas noites sombrias em que trabalha por lá!
Pablo Aluísio.
Curiosidades sobre o filme Five Nights at Freddy's - O Pesadelo Sem Fim
1. Para criar os bonecos assustadores do filme o estúdio contratou a equipe que no passado havia trabalhado com o diretor e especialista em marionetes Jim Henson. Só que obviamente existe uma grande diferença entre esse filme de terror e aquelas produções infantis e de fantasia do Henson como Vila Sésamo e A História Sem Fim.
2. No começo o estúdio preferia o uso de computação gráfica na produção dos bonecos, mas depois foi finalmente convencido a usar grandes robôs reais para o filme. E não foi fácil pois muitos deles apresentaram problemas técnicos durante as filmagens, atrasando o cronograma do filme como um todo.
3. Esse terror foi um grande sucesso de bilheteria. Seu custo de produção foi de aproximadamente 20 milhões de dólares. E nas bilheterias o filme alcançou a marca dos 290 milhões de dólares! Um grande sucesso e um ótimo resultado comercial! Assim entrou na lista dos dez filmes mais lucrativos no cinema durante o ano de 2023.
4. O filme foi uma produção em regime de sociedade entre a Universal Pictures e a companhia cinematográfica Blumhouse Productions, especializada em filmes de terror. O roteiro circulava há anos sem que nenhum estúdio bancasse sua produção. Coube a Blumhouse acreditar inicialmente nessa história.
5. Após o sucesso do filme o presidente da Universal declarou: "O estúdio precisa urgentemente de mais filmes como esse!" Agora o estúdio planeja a produção e lançamento de mais dois filmes para compor uma trilogia inicial. Já se pensa até mesmo em um universo expandido... O que uma boa bilheteria não faz por um filme não é mesmo?...
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
9 1/2 Semanas de Amor 2
Título Original: Another 9 1/2 Weeks - Love in Paris
Ano de Lançamento: 1997
País: Estados Unidos, França, Reino Unido
Estúdio: M6 Films
Direção: Anne Goursaud
Roteiro: Elizabeth McNeill, Mick Davis
Elenco: Mickey Rourke, Agathe de La Fontaine, Angie Everhart, Steven Berkoff, Dougray Scott, Werner Schreyer
Sinopse:
John (Mickey Rourke), um turista norte-americano em Paris, acaba indo atrás de um amor de seu passado. Ele ainda tenta reviver aquele antigo sentimento, mas o coração lhe traz muitas surpresas, pois logo ele se vê atraído e apaixonado pela melhor amiga dela. Como poderá superar essa armadilha emocional?
Comentários:
Depois de um começo de carreira tão promissor, onde chegou a ser até mesmo comparado a Marlon Brando, o ator Mickey Rourke entrou em um círculo vicioso de filmes ruins que fracassaram completamente nos cinemas. Um pior do que o outro, sem reservas. Seu nome passou a ser associado a bombas cinematográficas. Em uma tentativa desesperada de emplacar algum sucesso em sua cambaleante carreira, Mickey Rourke aceitou fazer essa continuação de um de seus maiores sucessos. O projeto soava como oportunismo puro e tirando Rourke nenhum outro membro do filme original estava envolvido, todos queriam distância. Nenhum sinal de Kim Basinger ou Adrian Lyne. Como era de se esperar de um filme assim, tudo deu errado. Foi massacrado pela crítica e um tremendo fracasso de bilheteria. Mesmo que a produção procurasse ser de bom gosto, com finas locações em Paris, nada conseguiu salvá-lo do desastre completo. Rourke continuava sem sorte e com o nome associado a filmes que não conseguiam fazer nenhum sucesso nos cinemas.
Pablo Aluísio.
Jovens Bruxas
Título Original: The Craft
Ano de Lançamento: 1996
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Andrew Fleming
Roteiro: Peter Filardi, Andrew Fleming
Elenco: Fairuza Balk, Neve Campbell, Robin Tunney
Sinopse:
Uma jovem garota de Los Angeles se muda e vai parar em uma nova escola. Para seu azar é uma daquelas escolas católicas mais rígidas, só que para sua surpresa ela descobre que lá também estudam garotas como ela, que adora uma magia antiga.
Comentários:
Pois é, nos anos 90 surgiu essa modinha no cinema trazendo filmes de bruxas, mas calma aí que não é bem o que você está pensando. Não era mais aquela figura clássica das bruxas dos velhos filmes com mulheres idosas voando em suas vassouras. Nada disso. As bruxinhas agora eram todas gatas, adolescentes, jovens estudantes do ensino médio. Claro que tudo não passava de uma tremenda bobagem, mas que fazia sucesso a ponto de ter dado origem não apenas a filmes como esse, mas também a séries que também fariam sucesso naqueles anos. Numa era pré-Harry Potter parecia que tudo estava sendo preparado para a chegada dos bruxinho mais famoso da história do cinema, mas claro sem comparar os filmes pois produções como essa eram muito mais modestas!
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 20 de dezembro de 2023
Elvis Presley - On Stage, February 1970 - Parte 5
O vinil segue tocando na agulha e vamos chegando ao final do álbum, com suas duas últimas músicas. "Walk a Mile In My Shoes" sempre foi uma das minhas preferidas dessa fase da carreira de Elvis. Certa vez Elvis declarou: "Antes de criticar os outros, meu caro, se coloque no lugar deles!". A essência da letra dessa música é justamente essa. Coloque-se no lugar do outro, lute suas batalhas, vejas as dificuldades que cada um enfrenta na sua própria pele. Criticar é fácil, viver os problemas alheios, não! Elvis foi tão criticado ao longo dos anos 60 que ele sabia muito bem o que essa mensagem significava. "Caminhe uma milha em meus sapatos", ou seja, fique no meu lugar, veja como é difícil andar nessa jornada, como a vida definitivamente não é nada fácil para ninguém. Em um trecho a letra é clara sobre isso ao dizer: "Viva um pouco no meu lugar, antes de abusar, criticar e acusar, viva um pouco no meu lugar". Aliás se formos analisar bem a letra foi a chave, o fator determinante, que fez Elvis gravar essa canção. Elvis estava farto, cansado, exausto de ser tão criticado depois de tantos anos.
Em termos puramente musicais "Walk A Mile In My Shoes" não havia se destacado antes de Elvis gravar a sua própria versão. A canção foi lançada de forma bem obscura como Lado B de um single do cantor e compositor Joe South. O compacto, um tanto precário, quase uma produção independente, foi lançado como sendo do grupo "Joe South and the Believers". Na realidade não era bem uma banda, um novo conjunto vocal country, mas sim um arranjo envolvendo Joe South, seu irmão Tommy e sua cunhada. Eles se reuniram em Atlanta, juntaram uns trocados, fizeram uma gravação praticamente amadora em um estúdio da cidade e mandaram prensar 500 cópias. Tinham a esperança de vender pelo menos umas 300 cópias para lucrar algum dinheiro, e isso era tudo. Acontece que a música acabou chegando até Elvis (não me perguntem como!) e assim o astro a cantou ao vivo em Las Vegas. Quando o álbum "On Stage" chegou nas lojas Joe South pulou de alegria obviamente. Depois de Elvis colocar sua voz em sua criação finalmente Joe conseguiu lançar um single profissional que, pasmem, acabou fazendo um bom sucesso na parada country do cinturão bíblico do sul dos Estados Unidos. Sua sorte havia finalmente mudado!
O disco fecha as cortinas com a grandiosa e bela "Let It Be Me". A primeira vez que ouvi essa música não foi na voz de Elvis Presley. Na verdade ela já havia feito muito sucesso antes na interpretação do grupo "The Everly Brothers". Essa versão - a primeira em língua inglesa - havia sido lançada pelos irmãos em 1960, alcançando um grande sucesso nas paradas, em especial da Billboard Hot 100. É curioso que esse sucesso chegou talvez tarde demais para eles. Já havia uma grande tensão entre os dois e a canção acabou sendo um de seus últimos sucessos juntos. Curiosamente alguns meses atrás assisti a uma entrevista com Paul McCartney afirmando que o estilo vocal do Everly Brothers havia se tornado a grande influência para os Beatles em seus primeiros discos. De fato, basta ouvir álbuns como "Please Please Me" ou "With The Beatles" para comprovar bem isso. Além da influência vocal havia também os arranjos, baseados principalmente na dobradinha voz e violão, que os Beatles também procuraram seguir, principalmente nas canções mais lentas, ternas, com letras que falavam de amor, romance e paixão. Não há como negar, os Beatles deveram muito em termos de influência musical a essa dupla americana. De qualquer maneira apesar da inegável importância da versão dos irmãos Everly, o fato é que a versão original não era deles. A primeira gravação dessa canção foi lançada na França com o título de "Je t'appartiens" na voz do cantor Gilbert Bécaud.
Isso abre um fato histórico interessante. Elvis teria conhecido a música através do single dos Everly Brothers ou tinha gostado dela por causa da versão original, quando ainda estava servindo o exército americano na Europa? Como se sabe Elvis adorava música francesa e chegou a visitar Paris em uma viagem de férias enquanto estava em solo europeu. Anos depois, consultando a discografia particular de Elvis em Graceland, descobriu-se que ele tinha tanto o compacto americano dos Everly Brothers como o álbum de Gilbert Bécaud. Na dúvida sobre qual gravação era a sua preferida uma coisa é certa: quando apareceu a oportunidade Elvis não deixou passar em branco e resolveu também gravar sua versão em forma de homenagem para essa grande canção, que em suas mãos ganhou um arranjo rico, com muita orquestra, bem diferente das versões originais que primavam pela suavidade e simplicidade harmônica.
Pablo Aluísio.
Elvis Presley - Kentucky Rain
Elvis Presley: Kentucky Rain
Pelo figurino da capa já podemos ver que se trata da primeira temporada de Elvis em 1970 na cidade de Las Vegas. Afinal é a mesma roupa de palco que vemos na capa do álbum oficial "On Stage - February 1970". Aqui nesse lançamento temos o concerto realizado no dia 22 de fevereiro de 1970, que para muitos se trata de um concerto inédito na qualidade "Audience Records" (que significa tape gravado direto do meio do público, muitas vezes com equipamento não profissional). E essa temporada sempre foi uma das mais apreciadas pelos fãs de Elvis. Não foi uma das mais registradas, por outro lado, o que traz um sabor de interesse sempre que algo que foi gravado nessa época chega ao mercado.
O bom desse tipo de registro é que ele acaba captando a reação da plateia, sem efeitos sonoros ou nada que o valha. O curioso é que não havia a gravação da última canção da noite, a romântica Can't Help Falling In Love. Assim os produtores acabaram colocando uma versão gravada dois dias antes, para não soar ao ouvinte como algo incompleto. No mais o CD vale por registrar uma das poucas versões ao vivo de Elvis para a canção Kentucky Rain. Há também um curioso momento da apresentação em que Elvis diz ao público que o cantor Roy Orbison está na plateia, prestigiando seu show. Algo bem legal do ponto de vista histórico.
Elvis Presley: Kentucky Rain
1. Opening Vamp - 02. All Shook Up - 03. I Got A Woman - 04. Long Tall Sally - 05. Don't Cry Daddy - 06. Hound Dog - 07. Monologue - 08. Love Me Tender (with false start) - 09. Kentucky Rain - 10. Let It Be Me - 11. I Can't Stop Loving You - 12. Walk A Mile In My Shoes (false start only) - 13. C. C. Rider - 14. Sweet Caroline - 15. Polk Salad Annie - 16. Introductions of singers, musicians, orchestra - 17. Suspicious Minds - 18. Introduction of Roy Orbison - 19. Can't Help Falling In Love.
Pablo Aluísio.
Pelo figurino da capa já podemos ver que se trata da primeira temporada de Elvis em 1970 na cidade de Las Vegas. Afinal é a mesma roupa de palco que vemos na capa do álbum oficial "On Stage - February 1970". Aqui nesse lançamento temos o concerto realizado no dia 22 de fevereiro de 1970, que para muitos se trata de um concerto inédito na qualidade "Audience Records" (que significa tape gravado direto do meio do público, muitas vezes com equipamento não profissional). E essa temporada sempre foi uma das mais apreciadas pelos fãs de Elvis. Não foi uma das mais registradas, por outro lado, o que traz um sabor de interesse sempre que algo que foi gravado nessa época chega ao mercado.
O bom desse tipo de registro é que ele acaba captando a reação da plateia, sem efeitos sonoros ou nada que o valha. O curioso é que não havia a gravação da última canção da noite, a romântica Can't Help Falling In Love. Assim os produtores acabaram colocando uma versão gravada dois dias antes, para não soar ao ouvinte como algo incompleto. No mais o CD vale por registrar uma das poucas versões ao vivo de Elvis para a canção Kentucky Rain. Há também um curioso momento da apresentação em que Elvis diz ao público que o cantor Roy Orbison está na plateia, prestigiando seu show. Algo bem legal do ponto de vista histórico.
Elvis Presley: Kentucky Rain
1. Opening Vamp - 02. All Shook Up - 03. I Got A Woman - 04. Long Tall Sally - 05. Don't Cry Daddy - 06. Hound Dog - 07. Monologue - 08. Love Me Tender (with false start) - 09. Kentucky Rain - 10. Let It Be Me - 11. I Can't Stop Loving You - 12. Walk A Mile In My Shoes (false start only) - 13. C. C. Rider - 14. Sweet Caroline - 15. Polk Salad Annie - 16. Introductions of singers, musicians, orchestra - 17. Suspicious Minds - 18. Introduction of Roy Orbison - 19. Can't Help Falling In Love.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 19 de dezembro de 2023
Playboy: Fama e Morte - Star Stowe
Ellen Louise Stowe teve um destino trágico. Quando atingiu a maioridade, se mandou de uma pequena cidade no Arkansas para Las Vegas pois queria ganhar a vida como modelo. Beleza não lhe faltava, era uma angelical loira de 18 anos de idade, uma verdadeira beldade. Na cidade do pecado acabou conhecendo o vocalista da banda Kiss, o Gene Simmons. Não demorou e se tornou sua namorada de ocasião, chegando até mesmo a aparecer em ensaios fotográficos com a famosa banda de rock. E foi o rockstar namorado que decidiu enviar suas fotos para a revista Playboy. Já que ela queria uma carreira de modelo ele poderia dar uma forcinha nisso.
Não deu outra e o fundador da revista Playboy, o magnata Hugh Heffner, impressionado com a beleza da garota, logo a contratou. Virou playmate estampando o poster da revista em fevereiro de 1977. Também saiu em uma edição japonesa da revista. O sucesso havia chegado! Essa foi a fase de maior fama e sucesso na vida de Star Stowe, nome artístico que adotou. Muitas festas, muita grana e também muita droga e sexo em orgias promovidas na própria mansão da Platboy. Ela caiu fundo nesse mundo, sendo explorada, em todos os sentidos, até mesmo sexualmente, pelo dono da revista. Logo se viu sendo usada por ele. Pior do que isso, percebeu que estava viciada em drogas e bebidas.
Após uma discussão com Heffner acabou sendo expulsa da mansão da Playboy. Ela perdeu tudo praticamente da noite para o dia. Sem grana, acabou voltando para Vegas onde passou a ganhar a vida como stripper nas casas noturnas locais. Não demorou muito e logo estava também fazendo programas para sobreviver. Foi uma queda dura, mas ela tinha que sobreviver de alguma forma. A grande maioria dessas garotas que posavam para a Playboy também eram vulneráveis de todas as formas. Um roteiro previsível na vida da maioria delas.
Star Stowe ainda teve tempo de ter um filho que amava, com um homem rude e violento. Mudou-se para a Flórida e para sua tragédia pessoal foi morta e assasinada na cidade de Fort Lauderdale em 1997. Estava trabalhando ainda como prostituta de rua. Não se sabe até hoje quem a matou, é um caso em aberto. Ela foi estrangulada e seu corpo jogado no meio de um matagal deserto, perto da estrada. Provavelmente entrou dentro de um carro para mais um programa e encontrou a morte, como muitas profissionais do sexo. Um triste final de vida para uma garota que quando jovem mais parecia um anjo, por causa de seu rosto angelical. Pena que até mesmo anjos podem ter um fim de vida bem trágico.
Pablo Aluísio.
Cartas na Mesa
Título no Brasil: Cartas na Mesa
Título Original: The Gambler Wore a Gun
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Edward L. Cahn
Roteiro: Orville H. Hampton, L.L. Foreman
Elenco: Jim Davis, Merry Anders, Mark Allen, Michael Louis, Richard Richardson, Lisa Heloise Huffner
Sinopse:
Case Silverthorne (Jim Davis) é um jogador veterano no velho oeste que está pensando em mudar seu estilo de vida. Quer se retirar desse mundo para tocar sua própria fazenda. Os problemas porém parecem persegui-lo. Por acaso acaba salvando a vida do xerife numa emboscada, sendo morto o pistoleiro que queria matar o homem da lei. O problema para Case é que o sujeito era justamente o dono do rancho que ele havia comprado. A venda ainda não havia sido formalizada e agora Case precisa provar que o negócio havia sido feito. Os herdeiros do rancho não aceitam a venda e o pior, querem vingar a morte de seu pai. Case agora virou o alvo!
Comentários:
Mais um western enfocando a vida dos chamados jogadores profissionais do velho oeste. Esses eram sujeitos que viviam de saloon em saloon, sempre em busca de algum jogo de cartas para levantar uma grande bolada em apostas que envolviam muito dinheiro. O lance era perigoso, qualquer sinal de trapaça era respondida com o cano fumegante de uma pistola, por isso muitos jogadores também eram pistoleiros bons de mira - fazia parte daquele estilo de vida. No roteiro desse filme temos de tudo um pouco - a emoção dos jogos de poker, os problemas com a lei e os conflitos sangrentos por causa de terra e gado. O diretor Edward L. Cahn já era um veterano quando dirigiu esse "The Gambler Wore a Gun" pois havia estreado no cinema em 1931. No total dirigiu 127 filmes, numa mistura incrível de gêneros, desde faroestes até filmes de terror e ficção. Era um verdadeiro workaholic dos estúdios. "Cartas na Mesa" é certamente um bom faroeste, nada excepcional, mas que mantém o foco da diversão e do entretenimento com eficiência.
Pablo Aluísio.
Título Original: The Gambler Wore a Gun
Ano de Produção: 1961
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Edward L. Cahn
Roteiro: Orville H. Hampton, L.L. Foreman
Elenco: Jim Davis, Merry Anders, Mark Allen, Michael Louis, Richard Richardson, Lisa Heloise Huffner
Sinopse:
Case Silverthorne (Jim Davis) é um jogador veterano no velho oeste que está pensando em mudar seu estilo de vida. Quer se retirar desse mundo para tocar sua própria fazenda. Os problemas porém parecem persegui-lo. Por acaso acaba salvando a vida do xerife numa emboscada, sendo morto o pistoleiro que queria matar o homem da lei. O problema para Case é que o sujeito era justamente o dono do rancho que ele havia comprado. A venda ainda não havia sido formalizada e agora Case precisa provar que o negócio havia sido feito. Os herdeiros do rancho não aceitam a venda e o pior, querem vingar a morte de seu pai. Case agora virou o alvo!
Comentários:
Mais um western enfocando a vida dos chamados jogadores profissionais do velho oeste. Esses eram sujeitos que viviam de saloon em saloon, sempre em busca de algum jogo de cartas para levantar uma grande bolada em apostas que envolviam muito dinheiro. O lance era perigoso, qualquer sinal de trapaça era respondida com o cano fumegante de uma pistola, por isso muitos jogadores também eram pistoleiros bons de mira - fazia parte daquele estilo de vida. No roteiro desse filme temos de tudo um pouco - a emoção dos jogos de poker, os problemas com a lei e os conflitos sangrentos por causa de terra e gado. O diretor Edward L. Cahn já era um veterano quando dirigiu esse "The Gambler Wore a Gun" pois havia estreado no cinema em 1931. No total dirigiu 127 filmes, numa mistura incrível de gêneros, desde faroestes até filmes de terror e ficção. Era um verdadeiro workaholic dos estúdios. "Cartas na Mesa" é certamente um bom faroeste, nada excepcional, mas que mantém o foco da diversão e do entretenimento com eficiência.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 18 de dezembro de 2023
Quando a Mulher Erra
Título Original: Stazione Termini
Ano de Lançamento: 1953
País: Estados Unidos
Estúdio: Columbia Pictures
Direção: Vittorio De Sica
Roteiro: Cesare Zavattini, Luigi Chiarini
Elenco: Jennifer Jones, Montgomery Clift, Gino Cervi, Richard Beymer, Gino Anglani, Oscar Blando
Sinopse:
Nesse drama romântico, a atriz Jennifer Jones interpreta uma mulher norte-americana que viaja para Paris e Roma e nessa última cidade conhece e se apaixona por um jovem italiano. O problema é que ela é casada nos Estados Unidos. Com sentimento de culpa, então resolve se encontrar com o amante em uma estação romana para terminar tudo, mas isso vai ser extremamente doloroso para o casal.
Comentários:
Mais um bom filme da filmografia de Montgomery Clitf, se bem que se formos pensar bem, o filme pertenceu mesmo à Jennifer Jones no quesito atuação. Ela era uma ótima atriz, bonita e talentosa nas medidas certas e soa perfeitamente convincente no seu papel de mulher casada que, corroída pela culpa de ter traído o marido numa viagem de férias pela Europa, tenta colocar um fim em seu caso romântico extraconjugal. O problema é que realmente está apaixonada pelo amante italiano e isso se torna extremamente doloroso emocionalmente para ela. A velha luta entre moralidade, ética e sentimentos passionais. O filme foi dirigido pelo mestre Vittorio De Sica. Foi filmado na Itália, em Roma, e tem jeito de filme europeu, embora fosse produzido por um estúdio de Hollywood. O produtor americano David O. Selznick não gostou muito da primeira versão do diretor e cortou nove minutos do filme. A versão completa só seria lançada muitas década depois em DVD. Pois é, não é de hoje que os cineastas são tolhidos em seus talentos nos filmes autorais em que trabalham, por meras preocupações comerciais dos produtores envolvidos.
Pablo Aluísio.
Um Sonho para Dois
Título Original: It All Came True
Ano de Lançamento: 1940
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Lewis Seiler
Roteiro: Louis Bromfield, Michael Fessier
Elenco: Humphrey Bogart, Ann Sheridan, Jeffrey Lynn, Zasu Pitts, Una O'Connor, Jessie Busley
Sinopse:
O gangster Chips Maguire (Humphrey Bogart) acaba assassinando um policial que estaria atrás dele, o investigando, por causa de suas atividades criminosas. Um músico de nightclub acaba sendo a única testemunha desse crime. Para Chips passa a ser uma questão de tempo para eliminá-lo, evitando assim que seja preso por mais esse crime.
Comentários:
Humphrey Bogart construiu sua carreira interpretando criminosos como a desse filme noir da década de 1940. Ele era realmente ótimo nesse personagem porque, vamos convir, tinha jeito mesmo de sujeito durão, com cara de bandido. Aqui nesse filme policial temos tipos bem interessantes, personagens bem construídos. O gangster de Bogart não é um tipo totalmente condenável, embora seja mesmo um criminoso contumaz. Ele tem sua dose de humanidade e charme, chegando a se envolver romanticamente com uma cantora de cabaré. Só que não se engane, esse, no final das contas, não é um filme romântico, apesar de seu título nacional que possa levar a essa interpretação. É um filme passado no submundo, com todos os tipos marginais que tão bem conhecemos nesse tipo de filme antigo. Que pena que não se produzam mais boas histórias como essa. É algo que se perdeu com o tempo em Hollywood.
Pablo Aluísio.
domingo, 17 de dezembro de 2023
Maria Antonieta de Zweig Stefan
Aqui vai uma dica de leitura para o fim de ano, um livro que li recentemente e de que gostei bastante. Trata-se da biografia da Rainha Maria Antonieta escrita por Zweig Stefan. Não e um livro novo e nem recente. Na verdade a primeira edição foi lançada em 1932. O tempo porém só lhe fez bem. O estilo de escrita de Zweig Stefan é um primor, uma verdadeira aula de como se deve escrever uma biografia de forma interessante, prazerosa, que capture a atenção da primeira à última página. Aqui o autor leva seu leitor para dentro da vida da Rainha, é como se estivéssemos nos aposentos reais do Palácio de Versalhes. Não se trata de um tratado de história, com inúmeras referências a cada página, o que tornaria a leitura pesada e muitas vezes chata. Nada disso. É escrito em estilo de romance, com a diferença de que não se trata de mera ficção, mas de algo que realmente aconteceu.
A protagonista é essa arquiduquesa austríaca, da dinastia dos Habsburgs, que é dada em casamento ao Delfim da França, um garoto que iria no futuro se tornar o Rei Luís XVI. Filha da imperatriz Maria Teresa da Áustria, Maria Antonieta sabia bem que ela e suas irmãs estavam destinadas a terem um casamento arranjado, pois era tradição na casa de Habsburg esse tipo de arranjo. As arquiduquesas eram criadas para se tornarem esposas de monarcas e nobres por toda a Europa, consolidando assim uma política de alianças por todo o continente. Aliás a primeira imperatriz do Brasil, Maria Leopoldina, que era inclusive sobrinha neta de Maria Antonieta, teve o mesmo destino, vindo a se casar com Dom Pedro I.
Na França Maria Antonieta se deu conta que sua vida não seria muito fácil. Seu casamento demorou a se consumar, por causa da hesitação do príncipe. Com a morte de Luís XV, ela e seu marido subiram ao trono muito jovens, sem experiência para lidar com as transformações que estavam acontecendo dentro da França. A obsessão da Rainha pelo luxo e extravagância, com vestidos e penteados absurdos também não ajudou em nada. Enquanto o povo francês sofria na fome e na miséria, a corte de Versalhes desfilava riqueza, em situações que de certa maneira afrontava o próprio povo que sustentava a monarquia.
O resultado dessa situação todos sabemos. A Revolução Francesa eclodiu e o absolutismo monárquico europeu sofreu o primeiro grande golpe de sua história. Não é um livro de final feliz, ainda mais porque Zweig Stefan cria uma simpatia do leitor com a Rainha, mesmo com todos os erros que ela cometeu. O livro também demonstra que uma campanha de calúnia e difamação se espalhou pelo reino, divulgando mentiras e boatos maldosos sobre o comportamento da Rainha, que não era tão má pessoa como faziam parecer os revolucionários. No final de tudo é um livro tão bom que dá vontade de reler assim que chegamos ao final. E para quem gosta de curiosidades aqui vai uma informação final mais que interessante: o escritor Zweig Stefan, que assim como Maria Antonieta, era austríaco de nascimento, passou seus últimos anos de vida no Brasil. Ele tinha origem judaica e por essa razão precisou ir embora da Europa quando o nazismo começou a tomar de assalto os países europeus. Acabou morrendo em Petrópolis, aos 60 anos de idade.
Pablo Aluísio.
A protagonista é essa arquiduquesa austríaca, da dinastia dos Habsburgs, que é dada em casamento ao Delfim da França, um garoto que iria no futuro se tornar o Rei Luís XVI. Filha da imperatriz Maria Teresa da Áustria, Maria Antonieta sabia bem que ela e suas irmãs estavam destinadas a terem um casamento arranjado, pois era tradição na casa de Habsburg esse tipo de arranjo. As arquiduquesas eram criadas para se tornarem esposas de monarcas e nobres por toda a Europa, consolidando assim uma política de alianças por todo o continente. Aliás a primeira imperatriz do Brasil, Maria Leopoldina, que era inclusive sobrinha neta de Maria Antonieta, teve o mesmo destino, vindo a se casar com Dom Pedro I.
Na França Maria Antonieta se deu conta que sua vida não seria muito fácil. Seu casamento demorou a se consumar, por causa da hesitação do príncipe. Com a morte de Luís XV, ela e seu marido subiram ao trono muito jovens, sem experiência para lidar com as transformações que estavam acontecendo dentro da França. A obsessão da Rainha pelo luxo e extravagância, com vestidos e penteados absurdos também não ajudou em nada. Enquanto o povo francês sofria na fome e na miséria, a corte de Versalhes desfilava riqueza, em situações que de certa maneira afrontava o próprio povo que sustentava a monarquia.
O resultado dessa situação todos sabemos. A Revolução Francesa eclodiu e o absolutismo monárquico europeu sofreu o primeiro grande golpe de sua história. Não é um livro de final feliz, ainda mais porque Zweig Stefan cria uma simpatia do leitor com a Rainha, mesmo com todos os erros que ela cometeu. O livro também demonstra que uma campanha de calúnia e difamação se espalhou pelo reino, divulgando mentiras e boatos maldosos sobre o comportamento da Rainha, que não era tão má pessoa como faziam parecer os revolucionários. No final de tudo é um livro tão bom que dá vontade de reler assim que chegamos ao final. E para quem gosta de curiosidades aqui vai uma informação final mais que interessante: o escritor Zweig Stefan, que assim como Maria Antonieta, era austríaco de nascimento, passou seus últimos anos de vida no Brasil. Ele tinha origem judaica e por essa razão precisou ir embora da Europa quando o nazismo começou a tomar de assalto os países europeus. Acabou morrendo em Petrópolis, aos 60 anos de idade.
Pablo Aluísio.
Lilith
O que é Lilith? Quem foi Lilith? Segundo pesquisas históricas e arqueológicas, a figura de Lilith surgiu na antiga civilização Mesopotâmia. Curioso notar que em suas origens não era ela uma criatura única, um ser do mal chamado Lilith. Na verdade era uma categoria de ser mitológico. Uma estranha e sombria figura que surgia nas madrugadas para levar recém nascidos. Importante frisar que na antiguidade era enorme o número de mortos recém-nascidos, pois a mortalidade infantil era elevadíssima, então os povos daquela época explicavam esses tristes eventos como atos de Liliths, seres alados femininos, com pés de águia, que surgiam na noite para infernizar a vida de jovens casais, levando seus filhos como forma de punir a felicidade alheia.
Como se trata de uma figura da mitologia antiga logo sua origem foi modificada e adaptada por outros povos. Os judeus, por exemplo, colocaram Lilith na posição de demônio. Não era apenas uma categoria de seres, mas apenas uma única mulher que teria sido a primeira mulher de Adão. Se recusando a servir ao marido como convinha a uma mulher da antiguidade, ela se rebelava, era dona de si, não aceitava ordens e era rebelde. Vendo essa situação logo o Deus Jeová a expulsou do paraíso, a jogou no inferno e arranjou uma nova mulher para Adão que seria Eva.
Interessante que essa nova versão de Lilith a tornaria muito popular nos dias de hoje, a ponto dela ser um símbolo para o movimento feminista atual, pois seria a mulher dona de seu próprio destino, que não aceitaria mais a opressão do patriarcado. E como a religião judaico-cristã a pintava com tintas de ser das trevas, tudo se encaixaria ainda mais para o símbolo de feminismo desde os tempos da antiguidade, algo bem simbólico que o movimento feminista tanto buscava. Tão popular ela segue sendo que até mesmo em fóruns de internet muitas das jovens feministas e progressistas usam o nickname de Lilith para se comunicar entre si nos fóruns ligados a esse movimento de luta social.
O mais interessante na história dessa personagem da mitologia antiga é perceber como ao longo dos séculos ela foi mudando de simbologia, sendo atualmente a figura mitológica antiga mais popular. Como produto puramente cultural, pois obviamente não existe demônio nenhum, ela segue sendo usada como símbolo de diversos movimentos ou aspirações, principalmente pelas mulheres mundo afora. Por essa os antigos religiosos não esperavam.
Pablo Aluísio.
sábado, 16 de dezembro de 2023
Imperador Romano Vitélio
Depois da morte de Nero, o Império Romano passou por uma fase de grande instabilidade política e militar. Foi um tempo de guerra civil, onde golpes militares eram superados por outros golpes militares, sendo que as legiões vencedoras proclamavam como novo imperador justamente os seus generais vitoriosos nos campos de batalha. Foi o que aconteceu com Aulus Vitellius Germanicus, o imperador Vitélio.
Ele vinha de uma linhagem que sempre desfrutou dos privilégios da casa de Júlio César. Dizia-se, na boca pequena, pelos becos de Roma, que ele havia sido um dos "peixinhos" do Imperador Tibério. Esse termo era usado para designar os jovens, menores de idade, que eram abusados sexualmente por Tibério, que tinha fama de pedófilo em Roma. Depois da morte desse velho imperador, ele continuou na corte, sendo um jovem privilegiado nas cortes de Calígula, Cláudio e Nero. Quando esse morreu, Vitélio comandava legiões romanas no exterior. Na fase que se sucedeu, ele sentiu que poderia assumir o poder total, pois suas legiões eram fortes e prontas para a guerra.
Rumou para Roma e destruiu as tropas leais a Otão. Depois de matar aquele imperador, Vitélio assumiu o título de Imperador Romano. Ele seria o último dos três imperadores efêmeros dessa fase da história de Roma. Infelizmente para os romanos de sua época, ele era um ser humano desprezível que tinha poucos valores morais a preservar. Para o povo romano em geral se vendia como general e político honesto, homem acima de qualquer crítica. Um militar vitorioso em campos de batalha distantes do centro do poder. Por baixo dos panos, nos bastidores do império, se comportava como um ladrão barato, capaz até mesmo de roubar jóias do tesouro imperial. Na calada da noite assaltava os locais onde ouro, prata e jóias eram guardadas pelos senadores.
E seus atos como Imperador apenas confirmava o lado sórdido de sua personalidade. Enquanto militar, ele acumulou grandes dívidas pessoais. Eram inúmeros os seus credores. Quando subiu ao trono esses pensaram que finalmente iriam receber seu dinheiro, mas para seus infortúnios, o novo imperador não pagaria suas dívidas. Ao invés disso mandou passar no fio da espada todos os seus credores. Não apenas nunca receberam, como também perderam suas vidas para esse homem pérfido.
E as atrocidades não pararam, atingindo sua própria casa. Mandou matar dois de seus filhos que eram acusados de conspiração política contra seu poder imperial. Não satisfeito, exilou para uma ilha distante sua única filha que havia chorado pelos irmãos mortos. Também celebrou publicamente a morte da mãe, que dizia-se havia sido envenenada por seus homens no palácio. Para quem se vendia como militar honesto ele se entregou cedo a todos os vícios possíveis, praticando orgias e banquetes suntuosos, enquanto grande parte do povo de Roma passava fome. Era insensível, brutal e cruel, segundo inúmeras crônicas de sua época.
Com tanta corrupção, foi outro imperador que caiu cedo. Ficou apenas oito meses no poder. O Senado e as famílias tradicionais de Roma ficaram horrorizadas com aquele comportamento. Não demorou muito e foi preso por outro general, Vespasiano, que finalmente iria trazer alguma estabilidade na política da cidade eterna. E sua derrota foi selada no campo de batalha quando suas últimas legiões leais foram derrotadas pelos exércitos de Vespasiano.
Depois de um breve julgamento de acordo com o Direito Romano, o agora deposto Vitélio foi jogado para a turba romana que promoveu um linchamento com seu corpo pelas ruas da cidade. Foi esfaqueado inúmeras vezes após ter suas vestes arrancadas pela enfurecida plebe romana. Seu corpo, destroçado, então foi jogado no rio Tibre, onde desapareceu para todo o sempre. Era dezembro de 69 e seu reinado de terror havia chegado ao fim. Vespasiano era o novo imperador romano. Pelas ruas da cidade o general desfilou com o povo gritando a plenos pulmões "Vida longa ao novo César!"
Pablo Aluísio.
Os Escribas do Velho Testamento
Quem escreveu a Bíblia? Quem são seus autores? A história, a arqueologia e a exegese dos velhos textos já encontraram a resposta. A Bíblia foi escrita por escribas que trabalhavam ora para o sacerdote de Jerusalém, ora para os antigos reis judeus. Dizer que a Bíblia foi escrita pelo Deus Jeová ou foi escrita sob a estrita inspiração de Deus é um conceito puramente teológico. Historicamente, nós temos que ir atrás dos verdadeiros autores desses vários livros que séculos depois foram reunidos em um só, dando origem a Bíblia, tal como a conhecemos atualmente. No mundo antigo, pouquíssimas pessoas sabiam ler e escrever. Estudos afirmam que os primeiros livros bíblicos foram escritos entre 600 a 400 anos antes de Cristo. Saber ler e escrever colocava um trabalhador no topo da elite intelectual de seu tempo. Esses eram os escribas.
Esses escribas muitas vezes usaram como inspiração para elaboração de seus textos outras tradições religiosas de outros povos da época, como os persas e os babilônicos. É grande a influência da religião de Zaratustra sobre essas histórias mais antigas da Bíblia. Os personagens bíblicos também são de origens diversas. Alguns podem ter tido como base pessoas reais que realmente existiram, pessoas históricas. Mas de modo em geral afirma-se também que a maioria são de pura literatura.
Moisés seria um dos mais cotados a ser meramente de ficção. Há indícios de um Moisés que criava imagens religiosas, mas esse provavelmente nada tinha a ver com o Moisés dos textos do velho testamento. Ele seria, basicamente, uma criação literária. O povo hebreu, tal como todos os outros povos da antiguidade, precisava também de sua própria mitologia de fundação, de origens daquele povo em questão. E não se pode negar que os escribas fizeram muito bem seu trabalho nesse sentido.
Outro aspecto importante a se considerar é que esses escribas muitas vezes apenas seguiam ordens de seus superiores. E muitas dessas antigas mitologias serviam para pacificar algum conflito social que acontecia naquele momento dentro daquela civilização. Por exemplo, a figura de Abraão. Ele seria apenas um símbolo, um grande patriarca que garantiria a propriedade e posse de terras para um determinado grupo social, deixando de fora os demais. Os filhos legítimos de Abraão teriam direito àquelas terras. Esses eram os judeus. Os descendentes dos filhos bastardos de Abraão não teriam direito de propriedade sobre aquelas terras. Esses formavam o povo árabe. Aliás esse conflito permanece vivo e violento até os dias de hoje, basta lembrar da atual guerra que se trava na Palestina.
Dessa maneira a mitologia em si, baseada muitas vezes em política do calor do momento e antigas tradições orais, servia para apaziguar um determinado conflito que acontecia naquele momento histórico. Seria essa a origem, a fonte de todos esses textos do velho testamento. Infelizmente nenhum escriba assinou sua obra. Isso não era normal na antiguidade e nem era de interesse de reis e sacerdotes judeus. Com isso se perdeu para sempre o nome desses escritores antigos que eram inegavelmente talentosos em sua arte de escrever.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 15 de dezembro de 2023
A Freira 2
Título Original: The Nun II
Ano de Lançamento: 2023
País: Estados Unidos
Estúdio: New Line Cinema
Direção: Michael Chaves
Roteiro: Ian Goldberg, Richard Naing
Elenco: Taissa Farmiga, Jonas Bloquet, Storm Reid, Anna Popplewell, Bonnie Aarons, Katelyn Rose Downey
Sinopse:
Uma jovem freira é enviada pelo Vaticano até uma isolada escola católica. Mortes e estranhos eventos sobrenaturais vem acontecendo em toda a Europa, inclusive com uma morte ritual de um padre dentro de sua própria igreja. São sinais de que um antigo demônio está retornando para o nosso mundo e ele quer a posse de uma relíquia sagrada, acima de tudo.
Comentários:
Eu não gostei do primeiro filme, por isso não esperava muito dessa continuação. Então de certa forma me surpreendi pois gostei dessa sequência de um modo em geral. Não me entenda mal, não estou dizendo que é um filme de terror excelente, nada disso. Apenas que é bem realizado, bem feito, com um roteiro muito redondinho que vai do ponto A para o ponto B sem sobressaltos. Parece que a equipe de roteiristas finalmente entendeu que não precisava de muitos exageros, nem de gorduras e excessos na história. Contem uma boa história básica, juntem com algumas cenas com alguns sustos e pronto, está feito mais um filme que o público dos dias atuais vai gostar, tanto que esse segundo filme fez sucesso e se tornou um dos mais lucrativos do ano. Aliás essa ideia de um demônio (chamado Valak) usando a imagem de uma freira dos infernos já é meio caminho andado para se vender um filme de terror. Certa premissas nascem justamente de algo assim, simples, mas bastante eficiente em seu nicho cinematográfico. E que venha mais filmes dessa nova franquia de horror. Afinal, pela boa bilheteria novos filmes virão, com certeza
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 14 de dezembro de 2023
Homem Morto
Título Original: Dead Man
Ano de Lançamento: 1995
País: Estados Unidos, Alemanha
Estúdio: Pandora Filmproduktion
Direção: Jim Jarmusch
Roteiro: Jim Jarmusch
Elenco: Johnny Depp, Gary Farmer, John Hurt, Robert Mitchum, Iggy Pop, Gabriel Byrne, Jared Harris, Billy Bob Thornton, Alfred Molina, Steve Buscemi
Sinopse:
Em uma América selvagem, solitária e devastada pela aridez do deserto, dois homens se encontram. Um homem comum que acaba tendo grandes experiências místicas e sobrenaturais com um jovem nativo americano que deseja levar aquele homem branco a sondar os mistérios da espiritualidade interior.
Comentários:
Um filme bem estranho, para dizer o mínimo. Esse foi produzido naquela época em que Johnny Depp estava muito empenhado em só fazer filmes cults e artísticos. Ele almejava chegar em um ponto em que não fizesse mais nenhuma concessão aos grandes estúdios de Hollywood. Com o tempo ele se renderia ao lado mais comercial do cinema, como hoje sabemos, mas naqueles tempos ele procurava a excelência dramática como ator. O filme tem fotografia em preto e branco, roteiro incomum e aquele estilo que os cinéfilos já bem conhecem da direção de Jim Jarmusch. Não procure por nada fácil ou convencional nesse roteiro. É um filme com ares de cinema independente em cada fotograma. Interessante que muitos dos atores que trabalharam aqui, aceitaram trabalhar pelo salário mínimo da categoria, só para ter o orgulho de ter um filme do diretor em sua filmografia. Talvez excessivamente longo e com história desconexa, o filme não vai soar muito bom e simples de entender para a maioria do público, mas de qualquer maneira tem a trilha sonora assinado pelo cantor Neil Young, o que torna o conjunto da obra cinematográfica certamente bem mais palatável.
Pablo Aluísio.
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quarta-feira, 13 de dezembro de 2023
Elvis Presley - On Stage, February 1970 - Parte 4
Seguindo a audição do disco em frente ouvimos os primeiros acordes do clássico "Yesterday" de Lennon e McCartney. A canção original dos Beatles foi um dos maiores sucessos dos anos 60. Lançada originalmente no álbum "Help!" em 1965 ela acabou virando um verdadeiro fenômeno de vendas e popularidade naquela década inesquecível. Durante anos se especulou se Elvis algum dia iria lançar sua própria versão, já que praticamente todos os outros grandes cantores americanos, como Frank Sinatra e Dean Martin, acabaram fazendo as suas. Em estúdio isso jamais aconteceria. Embora Elvis gostasse de vários discos e canções dos Beatles, ele nunca se interessou em gravar suas próprias versões do repertório do quarteto inglês, pelo menos até 1969. Isso mudou com sua volta aos palcos. Como artista de concertos ao vivo Elvis sentiu a necessidade de incluir algumas canções dos Beatles em seu repertório.
"Yesterday", a imortal criação de Paul McCartney, foi a primeira delas a sair em um disco oficial de Elvis Presley. Ela veio não numa versão de estúdio, como era esperado, mas ao vivo, no palco. Um fato curioso envolve a inclusão dessa faixa nesse álbum. Como sabemos o disco foi intitulado "On Stage - February, 1970" (Em bom português: "No Palco - Fevereiro de 1970"). Isso levava o ouvinte a pensar que todas as gravações tinham sido realizadas nesse período, justamente a da segunda temporada de Elvis em Las Vegas. Isso era apenas parcialmente verdadeiro. "Yesterday" na verdade havia sido gravada em agosto do ano anterior, na primeira temporada de Elvis em Las Vegas. Para ser mais exato no dia 25 de agosto de 1969, algo que nunca foi informado ao fã que comprou o disco uma vez que não havia ficha técnica e nem maiores detalhes na edição original desse disco. Apesar disso a boa seleção acabou deixando tudo com um aspecto bem imperceptível ao fã menos atento. Na realidade o consumidor menos detalhista poderia até mesmo jurar estar ouvindo a uma única apresentação de Elvis, realizada na mesma ocasião. Deixando isso um pouco de lado temos que admitir que essa versão live de "Yesterday" é muito boa, embora não seja tecnicamente perfeita. Se Elvis a tivesse gravada em estúdio, com todo o aparato e cuidado técnico que esse tipo de gravação traz, o resultado teria sido inegavelmente muito superior.
Dentro do conceito de trazer músicas inéditas dentro da discografia de Elvis na época (estamos falando de 1970) a RCA Victor selecionou essa versão ao vivo do grande clássico do rock americano, "Proud Mary". A canção havia sido lançada originalmente em janeiro de 1969 pelo grupo Creedence Clearwater Revival, um dos melhores de sua geração. O single (com "Born on the Bayou" no lado B) acabou se tornando um dos maiores sucessos da banda. Realmente é uma grande composição, um exemplo perfeito do tipo de country / rock que Elvis estava procurando para renovar seu repertório. Certamente cantar novas versões de sucessos dos anos 50 como "Hound Dog" ou "Don´t Be Cruel" em Las Vegas até poderia soar interessante, principalmente para os fãs mais veteranos, porém era igualmente necessário não esquecer o tipo de sucesso que andava tocando nas rádios naquele período. Segundo Felton Jarvis, o produtor e arranjador de Elvis, tudo o que o cantor queria na época era equilibrar seu legado, suas antigas canções, com o mundo musical contemporâneo. Não soar apenas como um artista meramente nostálgico, que vivia de glórias passadas. A escolha foi perfeita. A interpretação de Elvis foi uma das mais empolgantes e se tornou o ponto alto da temporada. Curiosamente, apesar da boa repercussão, Elvis iria deixar a música de lado nos anos seguintes.
É bom lembrar porém que "Proud Mary" surgiu duas vezes na discografia oficial de Elvis. A primeira foi aqui, no "On Stage". Uma versão bem executada, bem elaborada, com um ritmo mais cadenciado e um sabor quase acústico. A segunda gravação veio no álbum "Elvis as Recorded at Madison Square Garden" de 1972. Para muitos essa segunda versão seria bem melhor, contando com um pique e ritmo que ficaram bem conhecidos dessa eletrizante apresentação de Elvis em Nova Iorque. Por fim, um detalhe interessante: Embora muitos reconheçam que o single do Creedence Clearwater Revival tenha sido vital para que Elvis a gravasse, sua maior influência teria vindo mesmo da versão de Ike & Tina Turner, que lançada nesse mesmo ano (1970), teria impressionado pela garra e vitalidade da interpretação da cantora. Ouvindo todas as versões (a do Creedence, a de Tina Turner e a de Elvis) chegamos na conclusão que realmente Elvis retirou muito mais inspiração da segunda gravação, que combinava muito mais com o estilo de Las Vegas. Afinal de contas ele certamente sabia que poderia contar com essa música para levantar o público durante os shows.
Pablo Aluísio.
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