O filme "Sayonara" de 1957 foi um daqueles momentos diferenciados na filmografia de Marlon Brando. Ele interpretava um militar americano que era enviado até o Japão e se apaixonava por uma garota japonesa. O cenário era o pós Segunda Guerra Mundial quando o Japão tentava se reconstruir de um conflito devastador. Os americanos, inimigos até pouco tempo atrás, estavam ali para ajudar nessa reconstrução. Havia um código de ética rígido entre os militares, trazendo entre outras regras, a proibição de envolvimento amoroso entre os americanos e os nativos da ilha. Claro que algo assim iria trazer alguns problemas.
Em uma trama essencialmente romântica, sem a presença de grandes cenas dramáticas, Brando apenas passeou pelo filme. Aliás o termo "passeio" é bem conveniente, afinal o ator aceitou participar do filme justamente pelo fato de poder conhecer o Japão, lugar que lhe atraía, principalmente pelo fator cultural. Brando tinha verdadeira paixão pelo modo de vida e a cultura dos povos orientais.
Assim essa oportunidade de viajar de graça (recebendo um belo cachê, aliás) para ir ao Japão o atraiu imediatamente. Ele definitivamente não iria deixar algo assim passar em branco. O filme em si acabou sendo apenas uma desculpa para viajar até lá, no distante pais do sol nascente. O ator também percebeu que o diretor Joshua Logan passava por uma depressão, o que de certa forma o fez dirigir suas próprias cenas. Brando criou uma certa compaixão pelo que o cineasta vinha passando e decidiu que não iria incomodá-lo com pequenas coisas.
Embora seja um bom filme, "Sayonara" passa bem longe de seus melhores momentos no cinema. Brando estava jovial, com ótima aparência física, mas não parecia muito interessado em atuar bem. Além disso o roteiro não lhe exigia muita coisa. Unindo o útil ao agradável, Brando gastou seu tempo nas ilhas japonesas fazendo basicamente turismo, visitando diversas cidades. Além disso acabou tendo inúmeros namoricos com as belas japonesas que participaram do filme. Também acabou dando algumas entrevistas, fazendo contato com a cultura nipônica que ele tanto admirava. Anos depois diria que havia se tornado ator pelos ótimos salários e pelas oportunidades de conhecer o mundo. Não deixava de ter razão.
Pablo Aluísio.
Cinema Clássico
ResponderExcluirSayonara
Pablo Aluísio.
O Humphrey Bogart em todos os seus papeis sempre parecia cínico e niilista, mas na como ator profissional não era, já o Marlon Brando sempre foi o oposto, era um cínico e niilista por natureza, principalmente em relação ao cinema de Hollywood. Acho que depois dos seus primeiros sucessos como Sindicato de Ladrões e Um Bonde Chamado Desejo, o único filme que podemos vê-lo levando a sua arte a sério é em O Poderoso Chefão, não por acaso, ganhou seus dois Oscars nesses períodos.
ResponderExcluirMarlon Brando teve uma carreira perfeita nos anos 50. Grandes filmes, alguns clássicos absolutos da história do cinema. Na década de 60 ele ainda atuou em alguns bons filmes, mas a carreira afundou com fracassos comerciais. Nos anos 70 ele se reergueu com pelo menos três grandes clássicos. Depois disso foi viver das glórias passadas. Dizem que em uma carreira em Hollywood um ator só precisa de 5 filmes consagrados para viver o resto da vida em paz, sem se preocupar com dinheiro. O Brando já havia ultrapassado essa barreira há muitos anos.
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