quinta-feira, 30 de março de 2006

Cine Western - John Wayne

John Wayne
, nascido Marion Robert Morrison em 1907, foi um dos maiores astros do cinema de Hollywood, especialmente dos filmes de faroeste e de guerra.

A morte de John Wayne
John Wayne faleceu em 11 de junho de 1979, em Los Angeles, aos 72 anos, vítima de câncer no estômago. Ele já havia enfrentado problemas graves de saúde antes: nos anos 1960, retirou um pulmão e duas costelas devido a um câncer de pulmão. Era fumante pesado, hábito que contribuiu muito para sua condição. Nos últimos anos, debilitado, lutou contra a doença até não resistir. Foi sepultado no Pacific View Memorial Park, em Corona del Mar, Califórnia. Sua morte marcou profundamente o público norte-americano, que via nele um símbolo nacional.

O legado de John Wayne
O legado de John Wayne é vasto e ainda presente na cultura popular:

Ícone do western: Atuou em mais de 170 filmes, consolidando a imagem do cowboy corajoso, moralmente firme e defensor da justiça. Filmes como No Tempo das Diligências (1939), Rastros de Ódio (1956) e Bravura Indômita (1969) – que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator – são marcos do gênero.

Símbolo americano: Wayne foi visto como a personificação do espírito do "Velho Oeste" e dos valores tradicionais dos EUA, associado à bravura, independência e patriotismo.

Influência cultural: Sua figura inspirou gerações de atores, diretores e até políticos. Até hoje, seu jeito de andar, falar e se portar é imitado e referenciado em filmes, séries e literatura.

Reconhecimento: Em 1980, um ano após sua morte, o Congresso dos EUA concedeu-lhe a Medalha de Ouro do Congresso, uma das maiores honrarias civis do país.

👉 Em resumo: John Wayne morreu de câncer em 1979, mas deixou como legado a imagem eterna do cowboy e do herói americano, um dos maiores mitos do cinema clássico de Hollywood.

Cine Western - Randolph Scott

Randolph Scott (1898–1987) foi um dos grandes nomes do cinema americano, especialmente nos far west, gênero no qual construiu praticamente toda a sua carreira e que o transformou em um ícone da cultura popular.

Morte
Scott faleceu em 2 de março de 1987, aos 89 anos, em Beverly Hills, Califórnia. A causa oficial da morte foi insuficiência cardíaca. Ele já estava afastado das telas havia mais de 20 anos, vivendo discretamente com a esposa, Patricia Stillman, com quem foi casado por mais de quatro décadas.

Legado como ator
O legado de Randolph Scott é marcante sobretudo dentro do cinema de faroeste:

Ícone do western clássico: Entre as décadas de 1930 e 1960, participou de mais de 60 filmes do gênero, consolidando uma imagem de herói justo, lacônico e moralmente íntegro.

Parceria com Budd Boetticher: Seus filmes dirigidos por Boetticher nos anos 1950 (como Seven Men from Now / Sete Homens sem Destino e The Tall T / Cavalgada Trágica) são considerados obras-primas do western enxuto, com forte influência posterior no cinema de Sam Peckinpah e Clint Eastwood.

Estilo de atuação: Diferente de astros mais expansivos como John Wayne, Scott era econômico, transmitindo firmeza, sobriedade e uma certa melancolia, o que deu profundidade aos seus personagens.

Símbolo da transição do western: Sua carreira acompanhou a evolução do gênero, desde os faroestes clássicos mais “românticos” até os mais sombrios e psicológicos dos anos 1950.

Respeito crítico tardio: Embora por muito tempo visto apenas como astro popular, com o tempo sua filmografia passou a ser reavaliada pela crítica como uma das mais consistentes do western americano.

Assim, Randolph Scott é lembrado como um dos grandes cowboys do cinema, referência para gerações posteriores e figura essencial para entender a construção do mito do Oeste na cultura dos EUA.

quarta-feira, 29 de março de 2006

A Lenda do Cavaleiro Fantasma

Não é tão comum a simbiose de filmes com temática sobrenatural e westerns. Esse “A Lenda do Cavaleiro Fantasma” se propõe a isso. O filme começa com uma família de pioneiros no meio do deserto. Surgindo no horizonte eles são atacados por um grupo de malfeitores que os atacam e cometem atos de barbaridade. O pai é logo morto de forma sádica, a mãe é estuprada e o filho mais velho (apenas um garotinho) é também assassinado de forma impiedosa pelo líder da gangue, Blade (Robert McRay). Após eles irem embora a mãe e sua filha, as únicas sobreviventes, chegam finalmente numa pequenina cidade no meio do deserto. Sedentas e arrasadas pelo ataque dos bandidos elas conseguem ajuda de um velho comerciante, dono de uma pequena mercearia, que infelizmente lhes avisam que o mesmo bando de Blade domina também a cidade, tendo eliminado o xerife e o juiz do local. Rezando por ajuda os moradores honestos acabam sendo atendidos com o surgimento de um cavaleiro misterioso que surge do nada, para enfrentar os facínoras que aterrorizam a todos os cidadãos.

“A Lenda do Cavaleiro Fantasma” então passa a usar a figura misteriosa desse cavaleiro que não fala, não mostra qualquer sinal de emoção ou interatividade. Com longos cabelos ao vento mais parece uma assombração do que qualquer outra coisa. O filme obviamente usa de todos os clichês do western, alguns de forma bem descarada, mas a despeito de tudo isso consegue ser eficiente, mantendo a atenção do espectador. Com duração curta, “A Lenda do Cavaleiro Fantasma” não chega a aborrecer em nenhum momento e ganha bastante com um roteiro enxuto, sem maiores delongas. A figura do cavaleiro fantasma deixa um pouco a desejar e em muitos momentos é mal aproveitada, surgindo em plena luz do dia, por exemplo, mas no saldo final até que vale a pena ver esse western sobrenatural. Arrisque!

A Lenda do Cavaleiro Fantasma (Legend of the Phantom Rider, Estados Unidos, 2002) Direção: Alex Erkiletian / Roteiro: Robert McRay / Elenco: Denise Crosby, Robert McRay, Stefan Gierasch / Sinopse: Cidade aterrorizada por um grupo de malfeitores se enche de esperança com a chegada de um misterioso cavaleiro errante que começa a defender os moradores das barbarides cometidas pelos bandidos.

Pablo Aluísio.

Céu Amarelo

Baseado num conto de W.R Burnett, o western, "Céu Amarelo" (Yellow Sky,1948) conta a história de James Stretch Dawson (Gregory Peck) e seu bando de assaltantes. A quadrilha, após assaltar o banco da pequena cidade de Rameyville, foge, tendo em seu encalço vários soldados da união. Para fugir do pequeno exército, Stretch e seus capangas desviam a rota e resolvem atravessar a imensidão do deserto na região do Vale da Morte. Depois de vários dias de travessia pelo deserto com sol abrasador, o bando está em frangalhos. O calor inclemente, além da sede e da fome, devastam pouco a pouco Stretch, seus comparsas e os cavalos. Quando ninguém mais acreditava, a quadrilha trôpega e moribunda, chega a uma cidade fantasma chamada Yellow Sky. Na busca desesperada por água o bando encontra uma mulher que os recebem armada com um rifle. Seu nome: Mike (Anne Baxter). Mike mora na pequena cidade com seu avô (James Barton) e juntos guardam um segredo a sete chaves: uma mina de ouro. A beleza e o charme de Mike passam a chamar a atenção do bando, mas especialmente de dois deles: Stretch (Gregory Peck) e Dude (Richard Widmark). Passado alguns dias o bando descobre que Mike e seu avô escondem uma mina de ouro e passam a pressioná-los para que indiquem a posição. O velho, já doente, informa ao bando que na mina existem 50.000 dólares em ouro e que topa fazer a divisão entre todos.

O maior problema é que Stretch está cada dia mais apaixonado por Mike, fazendo brotar em Dude sentimentos de ciúme, ódio e vingança. Dude então reúne o bando para juntos roubarem a mina, traindo não só Stretch mas também Mike e seu avô. Quando descobre a traição do resto do bando, Stretch se une a Mike e seu avô e juntos irão enfrentar o resto do bando pela posse de todo o ouro. Entrincheirados na casa de Mike para se protegerem dos bandidos que agora tem Dude como líder, a batalha pelo ouro e também pelo coração de Mike, inicia-se com uma ferrenha troca de tiros que culminará num final sensacional, inesperado e digno dos grandes clássicos.

Céu Amarelo é um dos maiores western feitos até hoje. Seu revestimento estético projeta na tela uma aura e um charme que só os eternos clássicos do western possuem. Além disso, o longa é ancorado por excelentes performances de Gregory Peck, Richard Widmarck e Anne Baxter. A fotografia em preto e branco de Joseph MacDonald é um espetáculo à parte, principalmente na cena da travessia do deserto onde ele explora as tomadas com um excesso quase letal de claridade. Palmas também para mais um show de direção do grande William A.Wellman que também já havia dirigido o inesquecível "Beau Geste" em 1939.

Céu Amarelo (Yellow Sky, Estados Unidos, 1948) Direção: William A. Wellman / Roteiro: Lamar Trotti, W.R. Burnett / Elenco: Gregory Peck, Anne Baxter, Richard Widmark / Sinopse: Grupo de assaltantes chegam numa pequena cidade perdida do velho oeste e descobrem que no local há uma rica mina de ouro. Agora terão que lutar para colocar as mãos na fortuna do local.

Telmo Vilela Jr.

terça-feira, 28 de março de 2006

Clint Eastwood - Por Uns Dólares a Mais


Clint Eastwood - Por Uns Dólares a Mais
É o segundo filme da Trilogia dos Dólares, iniciada com Por um Punhado de Dólares (1964) e encerrada com Três Homens em Conflito (1966).

Lee Van Cleef ganhou o papel após Charles Bronson recusar. O papel do Coronel Mortimer inicialmente foi oferecido a Bronson — que achou o roteiro “confuso”. Isso abriu caminho para Lee Van Cleef, que teve aqui seu papel mais icônico.

Gian Maria Volonté entrega uma das atuações mais marcantes do gênero. Seu vilão El Indio é frequentemente citado como um dos melhores antagonistas de todos os spaghetti westerns.

Trilha sonora de Ennio Morricone
Um dos elementos mais famosos é o relógio musical, que toca sempre antes dos duelos — ideia que Sergio Leone e Morricone desenvolveram juntos.

Grande sucesso de bilheteria
O filme foi um dos maiores sucessos europeus de 1965 e consolidou Leone e Eastwood como estrelas mundiais do western.

Filmado principalmente na Espanha
A maior parte das cenas foi gravada em Almería, no deserto de Tabernas, famoso cenário de inúmeros spaghetti westerns.

Indômita Disputa

Dois desertores do exército americano, Pike (Martin Sheen) e Henry (Harvey Keitel), sangram o deserto americano com o objetivo de negociar peles e produtos para grupos indígenas selvagens. Durante sua viagem porém são emboscados por um guerreiro comanche, Búfalo Branco (Sam Waterson), que não apenas rouba todos os produtos como também fere mortalmente Henry. Como se não bastasse ele resolve seguir em frente com seus atos criminosos, decidindo atacar uma diligência espanhola logo a seguir, matando três condutores, saqueando sua carga e levando como refém uma linda jovem branca (Interpretada pela atriz britânica Caroline Langrishe). Começa assim a trama desse interessante western da década de 1970 onde tudo parece estar perfeitamente encaixado – o bom roteiro, as atuações comprometidas e uma direção segura que não deixa o filme cair no marasmo, mantendo sempre o interesse do espectador. É o que gosto de chamar de faroeste viril, todo passado no meio de uma paisagem árida e hostil, com enredo focado e forte, tudo somado com excelentes cenas de ação no meio do nada daquela terra de ninguém.

É de se elogiar a atuação de dois atores em cena. O primeiro é Martin Sheen. Sempre o achei extremamente subestimado e injustiçado por todos esses anos pois nunca assisti em minha vida uma performance preguiçosa de Sheen em cena. Ele sempre se entrega completamente ao seu papel. Aqui não é diferente. O ator dá uma vivacidade ao seu personagem Pike que chega a impressionar. Ele é um dos comerciantes de peles que sofre o ataque de um comanche e passa o restante do filme em seu encalço, numa obsessão de vingança, para recuperar suas peles e partir para um acerto de contas final por causa da morte de seu comparsa. 

Ao lado de Harvey Keitel (outro excelente ator) ele mantém o padrão de atuação do filme lá no alto. Outra atuação digna de nota é a do ator Sam Waterson que interpreta o comanche guerreiro Búfalo Branco. Impassível, praticamente sem dizer uma linha de diálogo sequer, ele passa toda a intensidade de seu papel apenas com o olhar fixo. É uma atuação física acima de tudo, que no final das contas causa grande impacto no espectador. No saldo final “Indômita Disputa” é certamente um western dos mais eficientes. Boa produção que merece ser redescoberta pelos fãs do gênero.

Indômita Disputa (Eagle's Wing, Estados Unidos,1979) Direção: Anthony Harvey / Roteiro: Michael Syson, John Briley / Elenco: Martin Sheen, Sam Waterston, Harvey Keitel, Caroline Langrishe / Sinopse: Após matar e roubar uma dupla de comerciantes de pele, um guerreiro Comanche começa a aterrorizar toda a região promovendo roubos e mortes. Numa dessas ações leva como refém uma linda jovem viajante de uma diligência. Agora terá que escapar de seus perseguidores brancos.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 27 de março de 2006

Assim São os Fortes

Um dos aspectos mais curiosos da carreira do ator Clark Gable foi sua pouca aparição em filmes de Western. No auge do gênero, sendo um dos mais populares filões da época, era de se esperar que o galã Gable se utilizasse desse tipo de produção para manter sua popularidade em alta, mas isso não aconteceu. Para falar a verdade Gable sempre foi considerado uma ausente ilustre nos faroestes da época, sempre preferindo participar muito mais de filmes de aventura, romances e dramas urbanos. Talvez ele se sentisse deslocada no velho oeste, quem sabe, a verdade nunca saberemos ao certo. Uma exceção a essa regra é justamente esse bom western chamado "Assim São os Fortes" que fez um belo sucesso na época - o que infelizmente não pareceu ter empolgado o ator a estrelar mais filmes como esse. O filme foi considerado até mesmo ousado para a época, pois mostrava um romance entre um branco (Flint Mitchell, personagem de Gable no filme) e uma indígena! O roteiro é uma adaptação do livro vencedor do Pulitzer, "Across the Wide Missouri" de autoria do aclamado escritor Bernard DeVoto.  Esse é um clássico do mundo da literatura dos Estados Unidos. Uma obra prima.

A história se passa na década de 1830. Flint Mitchell (Gable) é um caçador e desbravador que sai em busca de caças e metais preciosos nas montanhas distantes e desabitadas de Montana e Idaho. As terras são ricas em recursos naturais e logo chamariam a atenção de outros homens brancos gananciosos. Mitchell, por sua vez, deseja apenas levar uma vida bucólica, tirando o necessário da natureza para sua sobrevivência. Em sua expedição acaba conhecendo a tribo dos índios Blackffoot e se apaixona por uma das mulheres da comunidade. Clark Gable se esforça bastante para dar uma certa veracidade ao seu papel. Ao invés de surgir como um galã de cabelo penteado, cheio de brilhantina, ele tenta capturar o estilo de vida desses pioneiros das montanhas. O figurino é o mais adequado, além do modo mais rude de ser. 

 O resultado é muito bom e o filme foi de certa forma subestimado pois não chamou qualquer atenção da Academia (revelando um certo preconceito contra o gênero western em suas premiações). O que mais se destaca na produção é sua linda fotografia. “Assim São os Fortes” foi todo filmado em locações do Colorado, em maravilhosas reservas florestais e se torna logo um colírio para os amantes da natureza. Seu roteiro foca mais nas diferenças de costumes entre brancos e índios e não há tantas cenas de ação ou tiroteios como se vê em outras produções de western da época. Mesmo assim tem um final eletrizante que empolga o espectador. Fica assim a dica desse "Assim São os Fortes" um dos poucos filmes de faroeste estrelados pelo grande ídolo Clark Gable.

Assim São os Fortes (Acroos The Wide Missouri, Estados Unidos, 1951) Direção: William A. Wellman / Roteiro: Talbot Jennings baseado no livro de Bernard DeVoto / Elenco: Clark Gable, Ricardo Montalban, John Hodiak / Sinopse: A estória se passa na década de 1830. Flint Mitchell (Gable) é um caçador e desbravador que sai em busca de caças e metais preciosos nas montanhas distantes e desabitadas de Montana e Idaho. As terras ricas logo chamariam a atenção de outros homens brancos, mas Mitchell deseja apenas levar uma vida bucólica, tirando o necessário da natureza para sua sobrevivência. Em sua expedição acaba conhecendo a tribo dos índios da tribo Blackffoot e se apaixona por uma das mulheres da comunidade.

Pablo Aluísio.

Unidos Pelo Próprio Sangue

Revelado através das lentes do grande diretor John Sturges, o longa "Unidos Pelo Próprio Sangue" (Backlash,1956) conta o drama de Jim Slater (Richard Widmark), um pistoleiro errante que chega ao Vale do Gila - um local no meio do deserto repleto de ouro e vigiado de forma implacável pelos apaches - com o intuito de descobrir onde estaria enterrado seu pai que tempos atrás chegou ao local, com mais cinco parceiros, para resgatar 60 mil dólares em ouro. O grupo no entanto foi surpreendido e massacrado por vários apaches. Em sua busca, Slater acredita que um sexto homem sobreviveu ao massacre e fugiu com todo o ouro. A busca desse sexto homem vira uma obsessão para Slater que na companhia de uma misteriosa mulher de nome Karyl Orton (Donna Reed) passa por cidades como: Tucson, El Paso, Silver City, até finalmente chegar em Sierra Blanca onde o casal se vê no meio de uma guerra entre dois poderosos fazendeiros: Major Carson (Roy Roberts) e Jim Bonniwell (John McIntire).

Em Sierra Blanca, todos os segredos que atormentavam o pistoleiro se revelam e Slater encontra todas as respostas para as suas eternas dúvidas. Além disso, fica frente a frente com o seu maior inimigo, em um dos finais mais surpreendentes da história dos filmes de faroeste. Além de uma bela fotografia, vale destacar o excelente roteiro diferenciado e muito interessante, assinado por Borden Chase o mesmo roteirista que oito anos antes, assinara o roteiro de outra pérola do western: Rio Vermelho (1948), com os lendários John Wayne e Montgomery Clift.

Unidos Pelo Próprio Sangue / Punidos Pelo Próprio Sangue (Backlash, EUA, 1956) Direção: John Sturges / Roteiro: Borden Chase baseado no romance de  Frank Gruber / Elenco: Richard Widmark, Donna Reed, William Campbell / Sinopse: Pistoleiro errante chega em um distante vale em busca de respostas com o objetivo de descobrir o paradeiro do ouro que seu pai teria enterrado na região.

Telmo Vilela Jr.

domingo, 26 de março de 2006

Herança Sagrada

Após a morte do cacique Cochise (Jeff Chandler), a nação Apache se divide em dois blocos de guerreiros. Os que desejam continuar a manter a paz com os brancos são liderados por Taza (Rock Hudson), filho sucessor e novo chefe da tribo. Já o grupo que deseja uma guerra final para expulsar os brancos das terras indígenas é liderado pelo famoso guerreiro Geronimo (Ian MacDonald) e pelo irmão de Taza, o impiedoso Naiche (Rex Reason). No meio do conflito se situa o Forte Apache, guarnição da sexta cavalaria do exército americano que se encontra na região para manter a ordem e a paz. Esse filme “Herança Sagrada” é um western curioso por vários motivos. O primeiro é o fato de ser dirigido por Douglas Sirk, um diretor mais conhecido por seus dramas sentimentais e urbanos. Dentro do gênero faroeste ele realmente não tinha muita intimidade e nem experiência. Nem por isso deixou de desenvolver um excelente trabalho, haja visto que o filme se mantém muito bem, com doses exatas de aventura, ação e até romance. Por exemplo o personagem nativo Taza almeja se casar com a filha de um apache que pertence à ala guerreira do chefe Geronimo, o que lhe trará muitos problemas. A parceria do diretor Sirk com Rock Hudson funcionou novamente muito bem nesse improvável western. Ele era um cineasta hábil que conseguia extrair o melhor de seu elenco, mesmo em filmes como esse.

Em sua autobiografia, o ator Rock Hudson relembrou algumas impressões sobre esse filme. Inicialmente ele afirmou que não se sentia completamente à vontade interpretando um nativo, um índio, pois tinha um biótipo bastante caucasiano, não servindo para interpretar com veracidade esse tipo de guerreiro. Ele obviamente ficaria mais convincente como um soldado da cavalaria dos Estados Unidos, com seus uniformes azuis. Depois relembrou com muito bom humor as dificuldades no set de filmagens. “Herança Sagrada” foi todo rodado em locações reais, no meio do deserto, numa região rica em barro vermelho. Rock no livro escreveu que todos os dias, após filmar suas cenas, tinha que tomar um prolongado banho onde segundo suas próprias palavras havia “toneladas de barro que desciam pelo ralo do banheiro”.

Apesar de tudo Rock Hudson reconheceu em seu livro de memórias que o filme foi bom para sua carreira pois fez sucesso de bilheteria, o ajudando a se transformar em um astro. Deixando esses detalhes de lado a conclusão que se chega após assistir a esse “Herança Sagrada” é a de que se trata realmente de um bom western, com cenas bem realizadas (como a emboscada dentro do cânion com os apaches promovendo um verdadeiro massacre da sexta cavalaria) e uma boa dose de realismo na forma como os índios são retratados em cena. “Herança Sagrada” é acima de tudo um filme muito interessante, por colocar os índios como protagonistas da estória e não apenas como inimigos sem alma e nem personalidade, que só serviam para morrer nas mãos  do colonizador branco. Por essa razão “Herança Sagrada” pode ser incluído até mesmo no panteão dos melhores filmes de faroeste já produzidos pela Universal Pictures.

Herança Sagrada (Taza, Son of Cochise, Estados Unidos, 1954) Direção: Douglas Sirk / Roteiro: Gerald Drayson Adams / Elenco: Rock Hudson, Barbara Rush, Gregg Palmer, Jeff Chandler, Ian MacDonald, Rex Reason / Sinopse: Após a morte do chefe Cochise (Jeff Chandler) o jovem Taza (Rock Hudson) assume a liderança de sua tribo. Ele deseja paz com os brancos mas enfrenta forte resistência de seu próprio irmão e Gerônimo, lendário guerreiro da nação Apache, que desejava a guerra contra o inimigo invasor.

Pablo Aluísio.

Cine Western - Robert Allen


Cine Western - Robert Allen
Ator que atuou em faroestes na era do cinema mudo em Hollywood durante as décadas de 1920 e 1930. Também trabalhou em outros estilos cinematográficos, como comédias românticas. 

Pablo Aluísio. 

sábado, 25 de março de 2006

A Lenda do Bronze

Interessante western B da United Artists. Ao longo dos anos acabou ganhando um status de cult movie. O enredo se desenvolve em torno de um perigoso pistoleiro foragido chamado Tris Hatten (Raymond Burr). Seu paradeiro é desconhecido e como acontecia de forma habitual no velho oeste sua cabeça está a prêmio. Após cavalgar pelo deserto hostil ele chega na pequena cidade de Apache Bend, bem na fronteira do México, ao lado de um reserva de índios Apache. Imediatamente procura uma taberna de um conhecido, o mexicano Sanchez. Lá encontra bebidas, mulheres e um pouco de descanso. Nesse momento acaba sendo avistado por um garoto, Clay Gipson (Donald MacDonald), filho do xerife da cidade, Wade Addams (Hugh O'Brian), que imediatamente se dirige até o local e efetua a prisão do foragido fora-da-lei, sem maiores problemas. A história da captura do temido pistoleiro por um desconhecido xerife de uma cidadezinha logo chega aos jornais, o que atrai a atenção de todos os bandoleiros da região, inclusive do antigo bando de Hatten que não tarda a chegar em Apache Bend.

Agora o xerife terá que a todo custo manter sob custódia o famoso bandido em sua modesta delegacia, enquanto aguarda a chegada do juiz na cidade para o julgamento e enforcamento do bandido. Esse faroeste é estrelado pelo ator Hugh O'Brian, que hoje está injustamente esquecido. Seus personagens eram dos mais virtuosos do cinema da época. Para se ter uma ideia o xerife interpretado por ele aqui é um sujeito completamente ético, honesto e ciente de seus deveres. Embora haja uma grande recompensa pela captura do famigerado Tris Hatten, ele a recusa, afirmando que só está cumprindo seu dever. Sua esposa, interpretada pela linda atriz Nancy Gates, quer que ele deixe a estrela de bronze de lado para se tornar apenas um rancheiro mas ele quer cumprir sua função até o fim. 

Filmes sobre xerifes honrados sempre são interessantes. Esse aqui lembra em certos momentos de “Matar ou Morrer”, o grande clássico com Gary Cooper. Assim como acontecia naquele filme ele também tem que enfrentar uma situação de extremo perigo, praticamente sozinho, acompanhando de apenas uns poucos auxiliares. A trilha sonora, toda executada com apenas dois instrumentos, gaita e violão, acentua ainda mais sua solidão e melancolia. Em suma, um belo filme realmente, que obviamente bebe de todos os clichês do gênero mas que nem por isso deixa de ser muito bom. Fica a recomendação.

A Lenda do Bronze (The Brass Legend, Estados Unidos,1956) Direção: Gerd Oswald / Roteiro: Jess Arnold, Don Martin / Elenco: Hugh O'Brian, Nancy Gates, Raymond Burr, Donald MacDonald / Sinopse: Após capturar famoso pistoleiro um xerife de uma pacata e pequena cidadezinha do velho oeste assume o desafio de manter o fora-da-lei preso até a chegada do juiz no local. Enquanto isso o antigo bando do bandido encarcerado chega na cidade para liberta-lo das garras da lei.

Pablo Aluísio.

O Vale da Vingança

“O Vale da Vingança” é um filme de western interessante porque o foco de seu roteiro difere um pouco dos filmes de faroeste de sua época. A moralidade é o centro do argumento dessa produção. Lily Fasken (Sally Forrest) é uma jovem que surge grávida numa pequena cidade do velho oeste. Apesar da pressão para dizer quem é o verdadeiro pai de seu filho, ela se recusa a revelar o nome de todas as formas. As coisas começam a ficar mais complicadas quando o cowboy Owen Daybright (Burt Lancaster) surge uma noite em sua casa para lhe dar uma soma em dinheiro para que ela possa cuidar da criança recém-nascida. Seu ato logo despertam suspeitas. Os moradores da cidade começam então a comentar que Owen seria o verdadeiro pai do filho de Lily. Não demora muito para que os irmãos dela saiam no encalço de Owen, exigindo que ele se case com sua irmã. Caso contrário as coisas iriam complicar e muito para ele. A verdade porém é muito mais complexa do que isso. Como se sabe no velho oeste a honra de uma mulher geralmente era resolvida na base da violência. Duelos eram comuns nessas situações limites. Mais cedo ou mais tarde aquela situação delicada seria resolvida na base do gatilho e da pólvora.

O ator Burt Lancaster é o astro do filme, mas o personagem mais interessante da trama é Lee (Robert Walker), seu irmão no roteiro. Lee é um cowboy, assim como Owen (Lancaster), mas ao contrário desse não tem qualquer tipo de valor moral. Ele mente, rouba, faz trapaças e coloca seu irmão nas mais diversas dificuldades. Para piorar é o responsável pela saia justa em que Owen se encontra com os irmãos da austera e decidida Lily. É realmente uma pena que Robert Walker tenha morrido tão jovem, com apenas 32 anos. Ele era talentoso e tinha excelente postura em cena. Como Lee, o irmão problemático, ele acaba roubando o filme de Burt Lancaster. Esse “O Vale da Vingança” seria seu antepenúltimo trabalho. Ele tragicamente faleceu em agosto de 1951 após misturar remédios prescritos com bebida alcoólica. A reação foi tão forte que acabou o levando ao óbito de forma muito precoce. Uma grande perda.

O diretor de “O Vale da Vingança” foi o eclético Richard Thorpe que teria seu auge de popularidade seis anos depois ao dirigir o cantor Elvis Presley no sucesso “O Prisioneiro do Rock” (Jailhouse Rock, 1957). Thorpe foi um dos cineastas mais produtivos da história de Hollywood, tendo dirigido incríveis 185 filmes ao longo de sua carreira! Enfim temos aqui um western que discute a situação da mulher no velho oeste. Ser uma mãe solteira naqueles tempos duros e ambiente rude, realmente não era para qualquer uma. Assista e entenda essa interessante questão moral que o roteiro se propõe a discutir.

O Vale da Vingança (Vengeance Valley, Estados Unidos, 1951) Direção: Richard Thorpe / Roteiro: Irving Ravetch baseado no livro de Luke Short / Elenco: Burt Lancaster, Robert Walker, Joanne Dru, Sally Forrest, John Ireland / Sinopse: Um cowboy chamado Owen (Burt Lancaster) é apontado erroneamente como o pai de uma criança recém nascida numa pequena cidade do velho oeste. Procurando por vingança pelos danos morais impostos a sua irmã, dois pistoleiros vão em busca de Owen para tomar satisfações. O conflito terá graves consequências.

Pablo Aluísio.
 

sexta-feira, 24 de março de 2006

Talhado em Granito

Mais um western com o mito Randolph Scott. A produção foi realizada a toque de caixa para aproveitar as férias escolares do meio de ano. Na época Randolph Scott estava prestes a cumprir seu contrato com o estúdio para alcançar vôos mais ousados – ele queria produzir seus próprios filmes sem salário fixo, mas com participação nos lucros, uma decisão que o deixaria milionário nos anos que viriam. Uma decisão muito acertada que inclusive iria inspirar outros atores de Hollywood a seguirem  o mesmo caminho. Ao invés de ser um ator meramente contratado dos estúdios, era mais lucrativo produzir seus próprios filmes, ficando com parte da bilheteria. A decisão de filmar em Santa Clarita na Califórnia, uma região que Scott adorava pelo seu clima ameno e agradável, foi o argumento final para que ele aceitasse rodar a fita. Assim ele terminaria seu contrato com a Warner, ficaria livre para virar produtor de seus filmes e seguiria em frente para realizar seus planos. As filmagens foram tranquilas, sem problemas, com Scott aproveitando para curtir a região, geralmente saindo para cavalgar com amigos após mais um dia de trabalho no set. Era verão, tempo ideal para filmar e curtir umas férias ao mesmo tempo.

Uma das maiores curiosidades na realização desse filme foi que durante praticamente todas as filmagens Randolph Scott contou com a presença do ator e amigo Cary Grant no set. Grant foi à região apenas para visitar o amigo, mas gostou tanto que resolveu ficar uma semana acompanhando os trabalhos. Scott não poderia ficar mais contente já que com Grant lhe fazendo companhia eles poderiam relembrar os bons tempos quando eram apenas jovens atores tentando alcançar um lugar ao sol em Hollywood. Agora, já astros consagrados, podiam relaxar e curtir a bonita região juntos. Cary Grant tentou inclusive convencer o amigo a largar um pouco os filmes de western para realizar outros tipos de filmes. A resposta de Randolph Scott foi muito interessante: “Os filmes de western são uma mina de ouro. São baratos, fáceis de vender e muito comerciais. Além disso gosto de cavalgar e cortejar a mocinha. Sou bom nisso!”. E era mesmo, como podemos confirmar aqui em “Talhado em Granito”, uma fita de rotina mas que mantém um charme incrível mesmo nos dias atuais. Se você é fã do cinema eficiente de Randolph Scott não deixe de assistir.

Talhado em Granito (Sugarfoot, Estados Unidos, 1951) Direção: Edwin L. Marin / Roteiro: Russell S. Hughes baseado no livro de Clarence Budington Kelland / Elenco: Randolph Scott, Adele Jergens, Raymond Massey / Sinopse: Ex-oficial da guerra civil reencontra seus velhos inimigos no distante Arizona. Agora terá que decidir entre acertar devidamente as contas ou esquecer o passado para seguir em frente na sua vida.

Pablo Aluísio.

O Estouro da Manada

Alguns filmes da era de ouro do western americano eram verdadeiras homenagens ao estilo de vida do cowboy, aquele bravo que atravessava as mais inóspitas regiões para levar seu gado até a fronteira, onde era finalmente comercializado e vendido para os grandes centros. Esse “O Estouro da Manada” é uma das mais sinceras odes que já assisti em relação ao vaqueiro das pradarias. No enredo um garoto mimado e chato, filho do dono da ferrovia, chamado Chester (Dean Stockwell), se perde no meio do deserto, um dos lugares mais hostis do mundo. Nessa região ele é encontrado por acaso pelo cowboy Dan Matthews (Joel McCrea). O vaqueiro está atrás de um mustang negro selvagem que ele gosta de chamar de “Midnight”. De inicio o garoto rico se faz de arrogante e esnobe com o velho cowboy, mas conforme ambos vão convivendo juntos a relação de amizade muda de tom. A busca pelo cavalo e o trabalho duro de se tocar o gado no meio do deserto acaba criando no jovem rapaz um espírito completamente diferente, de honradez e trabalho. O antes prepotente e irascível garoto acaba se transformando em um homem de verdade, forjado no cotidiano da vida dos cowboys americanos, aqui personificado com maestria pelo ídolo Joel McCrea.

O filme tem lindas sequências ao ar livre. “O Estouro da Manada” foi rodado no Vale da Morte na Califórnia, um dos lugares mais secos do planeta. Mesmo assim a natureza em todo seu esplendor acaba proporcionando para a filmografia da produção um lindo cenário natural. No fundo o roteiro trata sobre o aprendizado de um jovem com um homem mais velho que acaba lhe ensinando grandes valores através de pequenas coisas que acontecem no cotidiano de um cowboy.  Enquanto tenta chegar em Santa Fé para entregar a manada o cowboy Dan e seu pupilo vão aprendendo sobre a vida e os valores do homem que vive de seu trabalho, tocando o gado pelas terras sem fim do oeste americano.

Para os fãs do ator Joel McCrea o filme é uma ótima opção. Seu personagem é um vaqueiro que tem o sonho de abrir um rancho próprio para uma criação de cavalos. Por isso ele tentará durante todo o filme capturar Midnight, o cavalo selvagem puro sangue que sempre consegue lhe escapar. A seqüência final, com o estouro de uma enorme manada pelo deserto é maravilhosamente bem realizada. Um clímax mais do que adequado para esse filme que louva com muito sucesso o mais simbólico personagem do velho oeste americano: o cowboy!

O Estouro da Manada (Cattle Drive, Estados Unidos, 1951) Direção: Kurt Neumann / Roteiro: Jack Natteford, Lillie Hayward / Elenco: Joel McCrea, Dean Stockwell, Chill Wills, Leon Ames, Henry Brandon, Howard Petrie / Sinopse: Garoto rico e mimado é esquecido no meio de deserto após o trem que o transportava lhe esquecer durante uma parada. Perdido no meio do nada, ele é salvo por um cowboy, Dan (Joel McCrea), que está no local tocando uma manada de gado em direção a Santa Fé. Juntos, atravessando o deserto, o jovem rapaz irá começar a mudar sua atitude e mentalidade ao tomar conhecimento do modo de viver dos cowboys americanos.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 23 de março de 2006

Ringo Não Discute... Mata!

Outro ator que cruzou caminho com Franco Nero e seu Django foi Giuliano Gemma, ator romano que fez inúmeros filmes de faroeste espaguetti. Produtivo, estrelou um número enorme de filmes do gênero, feitos em escala industrial. Seu grande sucesso foi “O Dólar Furado” mas esse foi apenas um entre centenas de outros que seguiam a mesma linha. Geralmente atuando com o nome americanizado de Montgomery Brown, Gemma foi colecionando filmes atrás de filmes, criando toda uma legião de fãs nos chamados cinemas de bairro aqui no Brasil que não cansavam de passar suas fitas rápidas e ligeiras. Com preços promocionais, geralmente em sessão dupla, os cinemas rendiam excelentes bilheterias. O curioso é que em muitos desses filmes Giuliano Gemma usava não apenas o nome de Montgomery Brown como seu próprio pseudônimo artístico, mas os seus personagens também levavam esse nome. É o caso desse “Ringo não discute... Mata!”. Antes de mais nada esqueça o personagem Ringo dos westerns americanos. Nas produções Made in Hollywood, Ringo era sempre derivado do famoso pistoleiro Johnny Ringo (que efetivamente existiu de fato). Já no cinema italiano Ringo era apenas um nome sonoro, comercial, que se prestava a todo tipo de caracterização que ia desde pistoleiros a soldados, bandidos, mocinhos e o que mais a imaginação dos roteiristas criassem.

Aqui Gemma interpreta um soldado da União de nome Montgomery Brown (vulgo Ringo) que ao retornar da guerra civil encontra sua esposa e filha sob o domínio de uma família de mexicanos cruel e facínora. O pai é um porco beberrão e o filho um sádico perverso. Além disso descobre que seu pai, um senador honesto, havia sido covardemente assassinado pelos mesmos mal feitores. Disfarçado de humilde jardineiro, Ringo começa aos poucos a planejar sua vingança que tardará mas não falhará. O filme tem produção modesta mas não chega a ser pobre. Existem até bons cenários (todos localizados no deserto da Espanha) que mantém a dignidade. Gemma não se esforça muito – ele não era tão bom ator por essa época, mas apenas um italiano que parecia americano e que por isso era escolhido pelos diretores.

O filme como não poderia deixar de ser termina em um grande tiroteio em que não escapam nem o padre e nem os moradores pacíficos do lugar. Um acerto de contas envolvendo toda a cidade. Era o usual nesse tipo de filme. De bom mesmo temos a trilha sonora de Ennio Morricone – sempre bem realizada, a ponto inclusive de ser lançada em disco de sucesso na época. Aqui no Brasil o filme teve vários títulos diferentes que iam do original “Ringo Retorna” até “Uma Pistola Para Ringo” (esse último inclusive também foi usado em uma outra produção que nada tinha a ver com essa). De qualquer modo é um exemplo do que o cinema italiano realizava na década de 60 – muita ação, balas e diversão com os atores italianos posando de americanos da fronteira no velho oeste daquele país.

Ringo Não Discute... Mata! / O Retorno de Ringo / Uma Pistola Para Ringo (Il Ritorno di Ringo, Itália, Espanha, 1965) Direção: Duccio Tessari / Roteiro: Duccio Tessari, Fernando Di Leo e Alfonso Balcázar / Elenco: Giuliano Gemma, Fernando Sancho, Lorella De Luca, George Martin, Nieves Navarro / Sinopse: Em busca de vingança um veterano do exército da União volta para sua cidade natal para liquidar os assassinos de seu pai. Disfarçado de pobre jardineiro ele começa a colocar em prática seu plano de vingança.

Pablo Aluísio.

Cine Western - Bob Baker

 
Cine Western - Bob "Tumbleweed" Baker
Ator nascido no Arizona. Esteve atuando em Hollywood durante as décadas de 1920, 1930 e 1940. Seu último filme foi "Bandoleiro Misterioso", lançado em 1944.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 22 de março de 2006

Abrindo Horizontes

Faroeste B da companhia cinematográfica Allied Artists Pictures. Essa empresa, que já não existe mais, começou distribuindo filmes pelo interior dos Estados Unidos e depois que alcançou grande sucesso nessa atividade começou a produzir seus próprios filmes. Nessa nova função chegou a produzir quase 150 filmes, quando problemas financeiros a levaram à falência. Suas produções tinham pequenos orçamentos, geralmente com nomes de segundo escalão em Hollywood, mas que conseguiam levar público em cinemas dos rincões das cidades do interior do país, geralmente nos cinemas do tipo drive-in, em programação dupla, onde o espectador pagava uma entrada para assistir a dois filmes.

“Abrindo Horizontes” fez parte desse tipo de pacote. Estrelado pelo ator cowboy Sterling Hayden, o filme de baixo orçamento se dava ao luxo de surgir nas telas em cores (technicolor), um luxo para filmes de western B da época como esse. Sterling Hayden era um ator bem limitado, ainda mais nesse ano em que trabalhou nesse filme, pois não passava de um aspirante ao estrelado. Nunca o achei bom ator, Ficava bem abaixo até mesmo de outros atores do gênero. De um jeito ou outro, conseguiria estrelar com êxito um ano depois o clássico “Johnny Guitar” onde interpretava justamente o próprio protagonista chamado Johnny “Guitar” Logan. Esse seria o grande filme de sua carreira. Também seria o único que ganharia o status de cult movie.

Nesse “Abrindo os Horizontes” ele interpreta um oficial do exército americano que se disfarça de engenheiro para ajudar a companhia ferroviária que está construindo uma linha entre o Kansas e o Pacífico. Por essa razão o filme tem o título original de “Kansas Pacific”, justamente o nome da ferrovia em questão. A construção era inevitavelmente alvo de ataques por parte de sulistas que viam a neutralidade do Kansas como um afronta aos interesses dos estados americanos confederados. De ataque em ataque, eles foram minando os trabalhos pois ninguém mais desejava trabalhar na ferrovia com medo de ser morto em algum atentado.

Assim o Capitão Nelson (Hayden) é enviado para a região para dar proteção e segurança aos trabalhadores. O filme é pequeno, quase um média metragem (meros 72 minutos de duração) e se parece demais com um outro filme de Randolph Scott chamado “Devastando Caminhos” de 1949. Plágio? Não diria que chegaria a tanto, apenas um “reciclagem” de ideias por parte da Allied. De qualquer modo, por ser tão curto e com enredo tão redondinho, passa longe de aborrecer alguém. No fundo é uma boa oportunidade de conhecer um típico faroeste da Aliied Artists. E pensar que a juventude da década de 1950 ia para os cinemas drive-in naquela época para namorar e acompanhar faroestes desse tipo.

Abrindo Horizontes (Kansas Pacific, Estados Unidos, 1953) Direção: Ray Nazarro / Roteiro: Daniel B. Ullman / Elenco: Sterling Hayden, Eve Miller, Burton MacLane, Harry Shannon / Sinopse: Capitão do exército americano é enviado para o Kansas para ajudar na proteção dos trabalhadores que estão construindo uma importante ferrovia. Os trabalhos são alvos de vários ataques promovidos por confederados que desejam a guerra entre norte e sul.

Pablo Aluísio. 

Fibra de Herói

Tom Buchanan (Randolph Scott) é um cowboy que indo na direção do Texas onde pretende comprar um rancho resolve parar numa pequenina cidade na fronteira entre Estados Unidos e México. Lá acaba involuntariamente se envolvendo numa briga entre um mimado filho do juiz local e um mexicano que está ali para lavar a honra de sua família. Após muitos desentendimentos Juan (Manuel Rojas) finalmente mata seu desafeto em um Saloon. Imediatamente a população resolve levar o criminoso ao linchamento mas Buchanan (Scott) tenta evitar. Má ideia. Logo ele também é acusado de ser cúmplice do assassino mesmo sendo completamente inocente.

"Homem errado no lugar errado" essa é a premissa desse "Fibra de herói", mais um parceria entre o ator Randolph Scott e o talentoso diretor Budd Boetticher. Juntos fariam alguns dos melhores westerns da década de 50, geralmente com Scott como produtor (ao lado de seu sócio Brown) e Boetticher como diretor. São faroestes eficientes, bem mais centrados em uma boa trama do que em produções de encher os olhos. "Fibra de Herói" tem todas essas características. A pequena cidade onde Scott vai parar e é condenado à forca é totalmente dominada pela mesma família. O corrupto xerife  Lew Agry (Barry Kelley) é irmão do juiz Simon Agry (Tol Avery), que por sua vez também tem laços de sangue com Amos Agry (Peter Whitney) que cuida do único hotel da cidade. Juntos os três brigam entre si por poder, dinheiro e dominação. São víboras de uma mesma ninhada.

Em uma cidade assim, onde a família Agry manda em praticamente tudo o personagem de Randolph Scott certamente se encontra em sérios problemas pois ele é acusado injustamente de matar o fllho do juiz Simon, o desordeiro, bêbado e arruaceiro  Roy Agry (William Leslie). Seria uma ironia sobre a política americana da época, também dominada por famílias poderosas e corruptas? Vindo do diretor  Budd Boetticher tudo é possível. A tônica do filme é parecida com a de um jogo de pôquer do velho oeste onde todos se mostram extremamente gananciosos. A cena final, um grande tiroteio envolvendo a posse de uma mala cheia de dinheiro (50 mil dólares em espécie), mostra bem isso. Com tanta grana em jogo ninguém mais reconhece ninguém, irmão atira em irmão e qualquer laço de parentesco desaparece sob uma chuva de balas.

Embora muito bom, inclusive tecnicamente, "Fibra de Herói" se revela curioso porque o personagem de Randolph Scott apenas tangencia a trama principal. De fato ele fica bastante tempo fora de cena mostrando que é em essência um personagem secundário. Isso pode ter até mesmo aborrecido os fãs do ator cowboy na época. Como o roteiro é baseado em uma novela de Jonas Ward não houve como mudar isso. De qualquer modo temos aqui um faroeste típico de Randolph Scott, mesmo que atuando apenas discretamente em um personagem não tão central como estamos acostumados a ver. Recomendo.

Fibra de Herói (Buchanan Rides Alone, EUA, 1959) Direção: Budd Boetticher / Roteiro: Charles Lang baseado na novela de Jonas Ward / Elenco: Randolph Scott, Craig Stevens, Barry Kelley / Sinopse: A caminho do Texas onde pretende comprar um rancho para começar vida nova, um cowboy (Randolph Scott) é injustamente acusado de ser cúmplice na morte do filho do juiz da cidade. Agora ele terá que lutar por sua vida e sua inocência.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 21 de março de 2006

O Homem do Colorado

Também conhecido como "No Velho Colorado", esse western conta uma história que se passa nos últimos dias da guerra civil americana, quando um coronel do exército da União chamado Owen Devereaux (Glenn Ford) encurrala um grupo confederado em um vale deserto. Sem saída os sulistas levantam a bandeira branca de rendição, mas o velho coronel os ignora, abrindo fogo com seus canhões, matando todos de forma covarde. Quando a guerra chega ao seu final, ele é honrado como um herói (apesar dos crimes que cometeu no campo de batalha). Logo é escolhido para ser o novo juiz de uma cidade do Colorado e leva seu capitão favorito, Del Stewart (William Holden), para ser o novo xerife. De volta à vida civil porém o coronel começa a apresentar desvios de comportamento, fruto dos traumas sofridos durante a guerra civil. Seu desequilíbrio mental se torna um sério problema quando tenta resolver disputas por terras ricas em ouro na região.

Glenn Ford se notabilizou pelos grandes personagens que interpretou na era de ouro do cinema americano. Em termos de western sua filmografia certamente é rica e importante. Aqui em "O Homem do Colorado" (relembrando que passou anos depois na TV como "No Velho Colorado") ele interpreta um personagem bem diferente, um coronel veterano que começa a enlouquecer aos poucos. De fato dentro da trama ele é o verdadeiro vilão do enredo. O roteiro é muito bem desenvolvido mas também apresenta alguns problemas morais ao meu ver. Há na história um grupo de veteranos que acaba indo para a criminalidade pois depois de dar baixa no exército não encontram mais trabalho e nem tampouco terras para começarem uma nova vida pois perderam o direito de extrair o ouro por terem servido por três anos na guerra. Sem alternativas viram criminosos sociais, roubando, promovendo assaltos e até mortes!

E para surpresa geral o roteiro se torna simpático em relação a esse bando de criminosos, chegando ao ponto de colocar o personagem do xerife ao lado deles! É um argumento complicado de aceitar. Mesmo assim, com esse problema ético, o filme é acima da média. Ford e Holden estão em grande forma e seguram as pontas muito bem, do começo ao fim. De qualquer maneira fica a indicação de "O Homem do Colorado", um faroeste típico dos anos 50, muito bem realizado e movimentado, que certamente vai agradar aos fãs do gênero.

O Homem do Colorado / No Velho Colorado (The Man from Colorado, Estados Unidos, 1948) Estúdio: Columbia Pictures / Direção: Henry Levin / Roteiro: Robert Hardy Andrews, Ben Maddow / Elenco: Glenn Ford, William Holden, Ellen Drew / Sinopse: Veterano da guerra civil, com histórico de crimes de guerra, acaba ganhando uma posição de juiz numa cidade do Colorado, onde começa a apresentar problemas emocionais e mentais no cargo. E isso se torna mais complicado no meio de uma disputa por terras onde se descobre ouro. Filme indicado ao Writers Guild of America na categoria Melhor roteiro de filme de western.

Pablo Aluísio.

A História de James Dean

Título no Brasil: A História de James Dean
Título Original: The James Dean Story
Ano de Produção: 1957
País: Estados Unidos
Estúdio: Warner Bros
Direção: Robert Altman, George W. George
Roteiro: Stewart Stern
Elenco: James Dean, Lew Bracker, Martin Gabel, Dennis Hopper, Arlene Martel, Lili Kardell

Sinopse:
Documentário filmado na pequena cidadezinha onde viveu James Dean no interior de Indiana. O diretor Robert Altman foi atrás de parentes, amigos e conhecidos do famoso ator, para colher depoimentos deles sobre o falecido artista. Com base nisso criou um retrato do mais famoso jovem rebelde da história de Hollywood, poucos anos depois de sua morte.

Comentários:
Eu achei realmente muito interessante esse documentário. O diretor Robert Altman teve uma ideia realmente genial. Ele pegou sua câmera, uma pequena equipe com poucas pessoas, um orçamento mínimo (o filme custou apenas 35 mil dólares) e foi para o interior de Indiana, na cidade de Fairmount. Ali ele procurou pelos parentes de James Dean para filmar seus depoimentos, preservando tudo, as memórias em seu filme. A Warner gostou tanto do resultado que resolveu comprar o documentário independente de Altman para exibir nos cinemas americanos na época. De bônus o estúdio resolveu colocar uma cena inédita do filme "Vidas Amargas". Uma raridade para os fãs. Anos depois o próprio diretor lamentou apenas o fato de que o pai de Dean não ter aceitado o convite para aparecer no filme. Ele ainda estava arrasado pela morte precoce do filho (que morreu em um acidente de carro com apenas 24 anos de idade) e por isso disse que não iria dar nenhuma entrevista para Altman. Mesmo assim, com essa lacuna, o filme é por demais interessante. Até pelo fato de ter preservado as opiniões e imagens da família de James Dean, uma vez que todos eles hoje em dia já estão mortos. Pelo resgate histórico é um filme que até hoje vale muito a pena conhecer e assistir.

Pablo Aluísio.

domingo, 19 de março de 2006

De Arma em Punho

Ransome Callicut (Randolph Scott) é um forasteiro que chega na pequena vila de Los Angeles, um lugar inóspito perdido no meio do deserto, infestada de malfeitores. Ele desembarca no local afirmando ser um simples professor de crianças, mas o oficial da cavalaria na região, o capitão Roy Giles (Philip Carey), acredita que ele esteja mentindo pois é bastante parecido com um major desertor das forças armadas durante a guerra civil. Enquanto investiga o recém chegado, ele percebe que Ransome está cada vez mais envolvido nos problemas políticos locais. Há um grupo de rebeldes que deseja a separação do sul da Califórnia da federação americana, o que pode levar a uma nova guerra de secessão. Afinal qual seria a ligação entre o misterioso personagem de Randolph Scott com a turbulenta situação política em Los Angeles?

“De Arma em Punho” é mais uma produção com o ator Randolph Scott para a Warner. Esse aqui tem um roteiro bem mais trabalhado com uma intrigada trama que provavelmente vá confundir um pouco o espectador menos atento. Callicut (Scott) pode ser tanto um desertor do exército, como também um espião enviado pelo governo americano para investigar os problemas envolvendo os rebeldes californianos. O filme foi rodado praticamente todo dentro do estúdio. Existem cenas em locações reais, mas essas são geralmente pontuais, feitas com uma segunda unidade. As principais sequências que contam com Scott e o elenco principal, são praticamente todas recriadas em cenários dentro dos estúdios da Warner. Hoje em dia esse tipo de técnica é facilmente perceptível. Alguns não gostam, pois soa artificial, mas pessoalmente acho tudo muito charmoso e elegante. O horizonte ao longe é pintado, por exemplo, mas tudo com tão bom gosto que não há como se aborrecer com detalhes assim.

Além dos costumeiros tiroteios e perseguições “De Arma em Punho” ainda tem uma dupla de atores mais cômicos (um se veste de mulher para enganar os rebeldes) e duas sequências musicais com canções cantadas em espanhol pela atriz e intérprete Lina Romay. Para os fãs de Randolph Scott é bom salientar que "Stardust", seu lindo cavalo Palomino branco e marrom, está em cena, mostrando todo seu porte imponente e beleza. Em conclusão é isso, mais um bom filme com Scott que ainda conta com o diferencial de mostrar pequenos toques de mistério e tramas políticas. "De Arma em Punho" é um eficiente western da década de 50 que deve ser assistido pelos fãs do gênero.

De Arma em Punho (The Man Behind the Gun, Estados Unidos, 1953) Direção: Felix E. Feist / Roteiro: John Twist, Robert Buckner / Elenco: Randolph Scott, Patrice Wymore, Dick Wesson / Sinopse: Um forasteiro recém chegado a Los Angeles pode ser tanto um simples professor como um perigoso pistoleiro e desertor do exército norte-americano. A região está instável pois um grupo rebelde luta pela secessão do sul da Califórnia do resto do país.

Pablo Aluísio.

O Preço de um Covarde

Dee Bishop (Dean Martin) é o líder de um bando de assaltantes de bancos no velho oeste. Após uma tentativa frustrada de assalto, todos são presos pelo xerife July Johnson (George Kennedy). Julgados e condenados à forca, não parece mais haver esperanças para os criminosos até o dia em que chega na cidade o carrasco que vai executar o enforcamento. Homem educado, de gestos gentis, ele logo ganha a simpatia de todos. O único problema é que ele na realidade não é quem afirma ser. Na verdade se trata de Mace Bishop (James Stewart) que tentará de todas as formas evitar que seu querido irmão seja enforcado na cidade.

Excelente western com um elenco maravilhoso, além de James Stewart e Dean Martin, a ótima produção conta com as presenças da linda Raquel Welch (no auge de sua beleza) e Andrew Prine. A primeira coisa que chama a atenção é o próprio personagem de James Stewart. Ele é um ladrão, tal como seu irmão, assalta bancos e mente o tempo todo, mas mesmo assim não deixa de ser charmoso e fascinante para os moradores da região. James Stewart geralmente interpretava papéis de homens virtuosos, íntegros, éticos e esse Mace Bishop é uma exceção nessa linha. Aqui ele é um vilão disfarçado. Um sujeito que se faz de homem honesto para esconder seus objetivos nefastos. Sua atuação é mais uma vez muito digna e marcante. Sem dúvida, um de seus mais interessantes personagens no cinema.

Ao seu lado no elenco, o cantor Dean Martin mais uma vez não compromete. É curioso porque muitos decretaram o final de sua carreira no cinema após se separar de Jerry Lewis. Ledo engano. Martin conseguiu superar essa separação e ao longo dos anos construiu uma sólida filmografia própria, solo, com alguns filmes realmente maravilhosos. Aqui ele interpreta o irmão caçula Bishop. No fundo tudo o que deseja é escapar das garras da lei para ter um novo recomeço em algum lugar onde possa finalmente ter paz e tranqüilidade. Martin surpreende mesmo com sua boa atuação. E pensar que ele foi por anos após uma "escada" para Jerry Lewis em seus filmes de comédia.

O termo “bandolero”, do título original, se refere a um vasto território hostil localizado além do Rio Grande, marco geográfico que separa o México dos EUA, que era nos tempos do velho oeste uma terra de ninguém, dominado por saqueadores e ladrões mexicanos. Não havia lei naquela região. É justamente nesse local onde se passará os eventos mais dramáticos de todo o filme. Em conclusão “O Preço de um Covarde” é mais um momento marcante na rica carreira do saudoso James Stewart, um ator diferenciado que aqui surge em cena em um papel incomum. Simplesmente imperdível. 

O Preço de um Covarde (Bandolero!, Estados Unidos, 1968) Direção: Andrew V. McLaglen / Roteiro: James Lee Barrett, Stanley Hough / Elenco: James Stewart, Dean Martin, Raquel Welch, George Kennedy, Andrew Prine / Sinopse: Dois irmãos tentam fugir das garras da lei na fronteira entre EUA e México. Após atravessarem o Rio Grande são incansavelmente perseguidos pelo zerife Johnson. O problema é que o vasto território é um covil de ladrões e assassinos mexicanos. Quem conseguirá sobreviver a esse lugar tão hostil?

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 16 de março de 2006

Winchester '73

Lendo a autobiografia do ator Rock Hudson nos deparamos com um capítulo onde ele relembra o lançamento desse western. De como viajou ao lado de James Stewart para promover o filme nas cidades. Na época ele era apenas um coadjuvante de luxo nesse faroeste que tem um ótimo roteiro. E é justamente o roteiro que se destaca nessa produção. Posso afirmar, sem parecer exagerado, que temos aqui um roteiro muito bem escrito, algo bem inovador mesmo. Várias histórias vão sendo mostradas e aos poucos todas convergem para o mesmo local. O roteiro na verdade segue o rifle Winchester 73 que vai passando de mão em mão ao longo do filme. A arma é uma espécie de prêmio que o personagem de James Stewart ganha em um concurso na cidade de Dodge City. Nessa cena temos direito até mesmo a uma aparição do famoso homem da lei Wyatt Earp. O rifle acaba sendo roubado depois, indo parar nas mãos de um grupo Sioux. Depois ele vai parar nas mãos de militares da cavalaria, vira objeto de ostentação de um covarde etc. O fio condutor de todo o enredo então passa a ser justamente esse rifle. E assim várias histórias do velho oeste vão sendo contadas.

Além do bom roteiro, o filme se destaca também pelo excelente elenco. Astros de Hollywood da sua era de ouro estão aqui. O ator James Stewart repete seu tradicional papel de homem íntegro e honesto. Para falar a verdade ele não precisava de muito mais do que isso. Sempre carismático e correto, Stewart liderou um elenco acima da média. O mais curioso é a presença de dois jovens atores que iriam virar grandes astros nos anos que viriam: Rock Hudson e Tony Curtis. O primeiro está quase irreconhecível como um chefe Sioux. Ele atuou no filme de peruca e pintado nas cores tradicionais dos nativos americanos, algo bem fora dos padrões de sua carreira. Já Tony Curtis, muito, muito jovem, faz um soldado da cavalaria no meio de um cerco indígena. Ambos estavam em começo de carreira, tentando um lugar ao sol em Hollywood.

Na época os dois eram contratados da Universal Pictures, que tinha um quadro de treinamento de novos atores. A Universal era conhecida por realizar vários faroestes B, mas aqui caprichou um pouco mais na produção. Isso porque contava com o astro James Stewart como estrela do filme. Assim o estúdio decidiu produzir um faroeste classe A para fazer jus a ele. A empresa cinematográfica sabia do potencial das bilheterias com sua presença. E tudo isso resultou numa produção caprichada. A direção também foi entregue a um cineasta experiente. Anthony Mann foi para James Stewart o que John Ford foi para John Wayne, ou seja, uma bela parceria se firmou entre ambos ao longo dos anos. Aqui a sintonia da dupla funciona novamente. Mann, com mão firme, não deixa o filme em nenhum momento cair na banalidade. Excelente trabalho de direção. Em suma, esse é um daqueles grandes filmes de western da história de Hollywood. Um filme para se ter na coleção.

Winchester '73 (Winchester '73, Estados Unidos, 1950) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Robert L. Richards, Borden Chase / Elenco: James Stewart, Rock Hudson, Tony Curtis, Shelley Winters, Dan Duryea / Sinopse: Lin McAdam (James Stewart) vence uma competição de tiro cujo prêmio é um rifle Winchester 73, a melhor arma da época. Após perder sua posse a arma cai nas mãos de várias pessoas ao longo do tempo. Filme indicado ao Writers Guild of America.

Pablo Aluísio.

Cine Western - Bob Custer

 
Cine Western - Bob Custer
Ator popular de filmes mudos de faroeste produzidos entre as décadas de 1920 e 1930. Morreu na década de 1970.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 14 de março de 2006

Cine Western - Bud Spencer


Cine Western - Bud Spencer
O ator que ficou muito popular com os filmes de Trinity, por volta de meados dos anos 1960 e década seguinte. Ao lado de Terence Hill ele lotou muitos cinemas de bairro naquela época que deixou saudades. 

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 13 de março de 2006

Cine Western - Robert Livingston


Cine Western - Robert Livingston
Ator longevo que teve várias décadas de carreira no cinema norte-americano. Seus filmes mais conhecidos foram: Demônio das Nuvens (1948), Galopando para a Justiça (1937) e Larceny on the Air (1937). 

Pablo Aluísio.

Cine Western - Bob Nolan


Cine Western - Bob Nolan
Ator de filmes de faroeste quando o western americano ainda estava em seus primórdios. Foi um dos primeiros astros do gênero cinematográfico em questão.

Pablo Aluísio. 

domingo, 12 de março de 2006

Cine Western - Gary Cooper


Cine Western - Gary Cooper
No ano de 1950 o ator Gary Cooper estrelou um faroeste americano chamado "Dallas" que no Brasil recebeu o pomposo nome de "Vingador Impiedoso". Na história ele interpretava esse sujeito com um passado obscuro, que ele tenta esconder, mas que a despeito de seus heróicos esforços, sempre ressurge, quando ele menos espera! Um bom filme de western na filmografia dessa grande lenda da antiga Hollywood!

Pablo Aluísio.

Cine Western - John Wayne


Cine Western - John Wayne
Uma foto clássica do grande John Wayne. Hoje em dia tenho visto uma certa revisão histórica de seu legado em reportagens de jornais e vídeos na internet. Em um tempo onde a Direita radical tem perdido prestígio, assustando muitos, suas velhas posições conservadoras não ganham mais simpatia entre os mais jovens. O velho Duke parece estar ficando mais ultrapassado pelo tempo do que seria o normal. 

Pablo Aluísio. 

sábado, 11 de março de 2006

Cine Western - James Stewart


Cine Western - James Stewart
Consagrado em grandes filmes ao lado de mestre da sétima arte, James Stewart também fez bons filmes de faroeste como esse "Um Certo Capitão Lockhart" onde interpreta um ex-militar que tentando um novo meio de vida acaba se confrontando com um sujeito vil, filho de um rico fazendeiro. Dirigido por Anthony Mann, esse é um dos melhores do gênero que o bom e velho James Stewart estrelou. 

Pablo Aluísio. 

Cine Western - Frank Sinatra, Dean Martin


Cine Western - Frank Sinatra, Dean Martin
O filme "Os Três Sargentos" foi o único faroeste estrelado em parceria de dois cantores famosos da época, Frank Sinatra e Dean Martin. Apesar disso é um filme sem músicas cantadas por eles! Em minha opinião passa longe de ser um filme realmente bom. Passeando entre a comédia e os filmes mais tradicionais do gênero acabou não acertando bem em nenhum dos dois estilos. 

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 10 de março de 2006

Cine Western - Paul Newman


Cine Western - Paul Newman
O ator Paul Newman no filme "Roy Bean". Um bom faroeste que resgatou um personagem real da história do velho oeste. Um filme que assisti no apagar das luzes das locadoras, quando o filme ainda conseguiu ser lançado em VHS em nosso país. Poucos meses depois o mercado de vídeo começou a morrer em nosso país. 

Pablo Aluísio. 

Cine Western - O Rei do Laço


Cine Western - O Rei do Laço
Nos anos 50 Jerry Lewis e Dean Martin se uniram mais uma vez no cinema para mais um grande sucesso de bilheteria. O filme no Brasil se chamou "O Rei do Laço" e era uma comédia divertida que brincava com a mitologia do velho oeste e dos filmes de faroeste produzidos em Hollywood. 

Pablo Aluísio. 

quinta-feira, 9 de março de 2006

Cine Western - Filmografia de John Wayne - Parte 1

Filmografia de John Wayne - Parte 1
John Wayne começou sua carreira na segunda metade da década de 1920, ainda sem destaque, muitas vezes como figurante não creditado. Seu primeiro papel creditado viria apenas em 1930 com A Grande Jornada (The Big Trail). Na década de 1920, Wayne apareceu apenas como figurante em algumas produções. Eis a lista conhecida:

Filmes de John Wayne na década de 1920

1926: 
Mocidade Esportiva
O Cavalheiro dos Amores
A Grande Emboscada

1927:
The Draw Black
Annie Laurie
Minha Mãe
Trunfo às Avessas
Spring Stars

1928: 
Quatro Filhos
A Home-Made Man
O Homem que Riu
Justiça do Amor
A Arca de Noé

1929:
Speakeasy
A Guarda Negra
Letra e Música
Em Continência
Gol! Gol!

Década de 1930:

1930:
Homens Sem Mulheres 
Galanteador Audaz
Romance das Selvas 
Cheer Up and Smile 
A Grande Jornada 

1931:
Meninas Precisam de Excitação 
Três Garotas Perdidas 
Assim São os Homens
Estância em Guerra 
O Sedutor 

1932:
Águia de Prata 
Cavaleiro do Texas 
A Lei da Coragem 
Homem de Peso 
O Expresso da Aventura 
Pena de Talião 
A Grande Estrada 

1933:
Ouro Mal Assombrado 
Na Trilha do Telégrafo
Os Três Mosqueteiros
Atração dos Ares
Na Terra de Ninguém
Viver na Morte
A Secretária Particular
Serpente de Luxo
Na Pista do Traidor
Justiça Selvagem

1934:
Sorte de Verdade
Armando o Laço
A Lei do Gatilho
O Torneio da Morte
A Ferro e Fogo
Sombra de Sangue
Para Lá da Estrada
Fronteira Sem Lei
Sob o Sol do Arizona

1935:
Terror no Texas
Rainbow Valley
Uma Trilha do Deserto
A Díficil Vingança
O Vale do Paraíso
Da Derrota à Vitória
Terras Virgens
País Sem Leis

Pablo Aluísio. 

Cine Western - Audie Murphy

Código de Honra
Alan Ladd, Audie Murphy, e Dick Hogan no filme "Código de Honra" (1948). Dirigido por John Farrow e estrelado pelo astro Alan Ladd (de "Os Brutos Também Amam") esse filme era bem mais adequado para Murphy. Era um drama de guerra, passado nos campos de batalha da Tunísia, onde foram travados alguns dos mais sangrentos combates entre forças inimigas. A história girava em torno do capitão Rockwell 'Rocky' Gilman (Ladd) e suas idas e vindas entre os Estados Unidos e a Tunísia, a grande paixão de sua vida e as tentativas de ter um recomeço na vida. Audie Murphy interpretava um jovem cadete de West Point chamado Thomas. Foi a primeira vez que ele usou o mesmo uniforme militar com que tinha lutado na guerra em um filme. Uma prévia do que viria em sua carreira nos anos seguintes.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 8 de março de 2006

Cine Western - Randolph Scott


Cine Western - Randolph Scott
O bom e velho Randolph Scott fez muitos filmes de faroeste que hoje são considerados verdadeiros clássicos do cinema. Como esse "Obrigado a Matar", produção de 1955 que conta a história de um Xerife do velho oeste que precisa lidar com bandidos e seus próprios sentimentos, ao rever uma velha paixão de seu passado distante. 

Pablo Aluísio. 

Cine Western - Joel McCrea


Cine Western - Joel McCrea
O ator Joel McCrea em cena do filme "Chuva de Balas" de 1957. Nesse faroeste clássico ele interpreta um agente federal que inicialmente pensa em se aposentar, para ter uma vida feliz e tranquila no campo, mas que logo percebe a importância de seu trabalho ao se deparar com um criminoso poderoso numa pequena cidade do Velho Oeste. 

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 7 de março de 2006

Cine Western - James Stewart


Terra Bruta (Two Rode Together, 1961)
Sinopse: Um xerife cínico e um tenente do exército são enviados para resgatar prisioneiros brancos capturados por índios. A missão, porém, revela conflitos morais e sociais mais profundos sobre preconceito e convivência cultural.