sábado, 14 de outubro de 2017

Jardim do Pecado

Título no Brasil: Jardim do Pecado
Título Original: Garden of Evil
Ano de Produção: 1954
País: Estados Unidos, México
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Henry Hathaway
Roteiro: Frank Fenton, Fred Freiberger
Elenco: Gary Cooper, Susan Hayward, Richard Widmark, Hugh Marlowe
  
Sinopse:
Dois americanos, Hooker (Cooper) e Fiske (Richard Widmark), acabam parando em um vilarejo mexicano à beira-mar chamado Puerto Miguel, após o navio em que viajavam apresentar problemas. Eles estão de viagem para a Califórnia para participarem da corrida do ouro. Enquanto esperam o tempo passar em um bar local são procurados por Leah Fuller (Susan Hayward). Ela está disposta a pagar uma quantia absurda, mil dólares, a cada homem que se propuser a lhe ajudar. Seu marido está preso numa mina da região e precisa de ajuda para sobreviver. Como a proposta é tentadora, Hooker e Fiske acabam aceitando a oferta. O que eles não poderiam imaginar é que a mina se localiza em território Apache, uma região infestada de guerreiros selvagens prontos a matar qualquer homem branco que se atrever a cruzar suas fronteiras.

Comentários:
Aqui temos mais um clássico western estrelado pelo astro Gary Cooper. O filme foi realizado apenas dois anos após seu grande sucesso no gênero, "Matar ou Morrer", uma verdadeira obra prima, imortal. Talvez por essa razão os roteiristas resolveram criar um passado de ex-xerife para o protagonista interpretado pelo ator. Ele como sempre está perfeito em cena. Seu personagem faz um contraponto com o de Richard Widmark. Enquanto Cooper é equilibrado, contido e cauteloso, Widmark dá vida a um impulsivo e inconsequente jogador de cartas do velho oeste, sempre com uma ironia maldosa na ponta da língua. Ele é cinicamente mordaz e deixa claro para todos que só está naquela jornada por causa do dinheiro e nada mais. O interessante desse faroeste é justamente isso. O argumento tem um viés psicológico inesperado para esse tipo de filme. Todos os personagens, por essa razão, são bem construídos pelo roteiro. Um exemplo claro vem com a Leah de Susan Hayward. Longe das heroínas indefesas dos filmes de faroeste americano ela interpreta uma mulher com um semblante de mistério no ar. Acusada pelo próprio marido de só pensar no ouro das minas e não nas pessoas ela jamais pensa em se defender das acusações que lhe são feitas, talvez por serem verdadeiras. 

Misoginia do roteiro? Provavelmente.... quem poderia saber? Deixando um pouco de lado essa complexidade dos personagens no roteiro, o filme apresenta ainda ótimas sequências de ação, as melhores delas passadas em um desfiladeiro traiçoeiro cheio de falhas e abismos pelo meio do caminho. Imagine galopar em alta velocidade em um lugar como esse! Por isso a equipe de cowboys e dublês que realizaram essas cenas estão de parabéns pois fica claro que todos eles correram perigo real de vida ao se arriscarem naquelas locações íngremes. Filmar naqueles rochedos definitivamente não deve ter sido fácil para ninguém. Para complicar ainda mais a tal mina para onde se dirigem os personagens do filme se localiza numa região de rochas vulcânicas, criando um clima bem peculiar ao filme em si por causa desses cenários naturais. A poeira levantada pelos cavalos é negra e espessa, algo que não se vê muito nesse tipo de produção. Em suma, pelos cuidados dispensados aos papéis que os atores interpretaram, pelas ótimas cenas no alto do desfiladeiro e pelo seu viés psicológico, só temos que elogiar "Garden of Evil". Esse é um faroeste diferente, muito bem desenvolvido em suas premissas básicas.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

No Coração do Oeste

Título no Brasil: No Coração do Oeste
Título Original: Station West
Ano de Produção: 1948
País: Estados Unidos
Estúdio: RKO Radio Pictures
Direção: Sidney Lanfield
Roteiro: Frank Fenton, Winston Miller
Elenco: Dick Powell, Jane Greer, Agnes Moorehead
  
Sinopse:
Dois militares, membros da cavalaria americana, são mortos de forma covarde enquanto transportavam ouro por uma região do deserto de Nevada. Os criminosos fogem com a pequena fortuna. Para descobrir quem teria cometido o crime o serviço de inteligência do governo dos Estados Unidos resolve enviar um agente disfarçado de minerador para as montanhas, de onde supostamente partiu o bando de bandidos que promoveu o latrocínio federal. Filme indicado ao Writers Guild of América na categoria de Melhor Roteiro - Western (Frank Fenton e Winston Miller).

Comentários:
Um faroeste que se propõe a ser um pouco diferente. Ao invés das armas o protagonista do filme, John Haven (Dick Powell) procura investigar um roubo de ouro pertencente ao tesouro dos Estados Unidos da América. A única pista que tem é a região onde o crime foi cometido. No lugar, bem no meio do nada de um deserto hostil, existem várias comunidades formadas por mineradores, homens em busca do eldorado, da fortuna do metal precioso. Com as jazidas quase exauridas só resta a muitos deles o puro desespero. E isso inclui cometer atos criminosos que chocam todo o país. A gota d'água vem quando soldados da cavalaria são mortos, de forma covarde e sem possibilidade de defesa. A partir daí o serviço de inteligência entra em cena para desvendar a autoria de crime tão bárbaro. Esse é um western do estúdio RKO, que foi muito popular nos anos 40. Infelizmente foi também uma das majors que não suportou ao teste do tempo, entrando em falência. Talvez o grande problema desse filme até bom seja a escalação do ator Dick Powell como o protagonista. Powell não era um mal profissional, porém nunca o vi como um astro adequado para o faroeste. Ele se dava melhor em filmes mais artísticos, com música, dança e romance. Ele nunca foi muito associado ao papel de cowboy, se saindo melhor em dramas românticos, por exemplo. Embora o roteiro seja muito bem escrito ele teria sido melhor aproveitado com um John Wayne ou até quem sabe Randolph Scott no papel principal. Powell nunca me soa convincente e esse é seguramente um problema e tanto. De qualquer maneira vale a pena ao menos conferir um vez, nem que seja por mera curiosidade histórica.

Pablo Aluísio.

Uma Winchester Entre Mil

Título no Brasil: Uma Winchester Entre Mil
Título Original: Killer, adios
Ano de Produção: 1968
País: Itália, Espanha
Estúdio: Concord Film, Copercines Studios
Direção: Primo Zeglio
Roteiro: Mario Amendola
Elenco: Peter Lee Lawrence, Marisa Solinas, Armando Calvo
  
Sinopse:
Jess Brayn (Peter Lee Lawrence) é um ex-pistoleiro veterano que resolve voltar para sua cidadezinha natal após passar longos anos percorrendo o velho oeste. De volta ao lar ele percebe que a região está dominada por um homem rico e inescrupuloso que logo se torna seu inimigo. Enquanto tenta reconquistar seu velho amor de juventude, ele precisa de alguma forma trazer a paz e a justiça para aquele lugar esquecido por Deus.

Comentários:
Mais um western spaguetti que foi lançado no auge da popularidade do gênero. O filme tem uma boa produção e é tecnicamente bem feito (algo que nem sempre era muito comum nesse tipo de filme na época). Visando o mercado americano os produtores fizeram o filme no bonito sistema Techniscope, que inegavelmente trouxe um visual bem interessante, com cores vibrantes e vivas. Pena que esse capricho não foi levado para outros aspectos do filme, como seu roteiro, por exemplo, que deixa a desejar, se revelando muito derivativo e sem maiores novidades. O diretor Primo Zeglio (que também era um produtivo roteirista de filmes de western italianos) descuidou nesse ponto, o que era de surpreender uma vez que ele sempre fora um roteirista de ofício. Curiosamente esse seria seu último filme pois em pouco tempo abandonaria o cinema. Já o astro principal, Peter Lee Lawrence, tinha jeito e nome de ator americano de faroeste, só que na verdade não era (algo que era bem costumeiro acontecer em filmes italianos). Na verdade seu nome era Karl Hyrenbach e ele era alemão. Morreu muito jovem, com apenas 30 anos de idade. Os fãs de Spaguetti o conhecem mais por fitas como "Dólares de Sangue para McGregor" e "Arizona Kid", que também foram lançados no Brasil, com relativo sucesso comercial.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Rua dos Conflitos

Título no Brasil: Rua dos Conflitos
Título Original: Abilene Town
Ano de Produção: 1946
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Edwin L. Marin
Roteiro: Ernest Haycox, Harold Shumate
Elenco: Randolph Scott, Ann Dvorak, Edgar Buchanan, Rhonda Fleming, Lloyd Bridges
  
Sinopse:
1870. A guerra civil deixa rastros de morte e destruição por toda a nação norte-americana. Em Abilene (uma conhecida cidade do velho oeste, famosa por suas belas planícies) o xerife Dan Mitchell (Randolph Scott) tenta colocar ordem e justiça pelas vastas terras da região. O lugar passa por um conflito violento envolvendo colonos e criadores de gado que decidem contratar pistoleiros violentos para impor seu ponto de vista a todos os moradores da cidade.

Comentários:
Um filme estrelado pelo astro do western Randolph Scott atuando como um bravo e honesto xerife do velho oeste já é um bom motivo para se assistir. Some-se a isso o bom roteiro e o elenco de apoio acima da média (que conta inclusive com um jovem Lloyd Bridges como o líder dos colonos) e você terá no mínimo uma boa diversão. Não é uma grande produção, na verdade foi um faroeste de orçamento mediano bancado pela United Artists. O estilo procura ser o de diversão familiar, sem muita violência ou cenas de impacto. Um filme tipicamente produzido para as matinês de cinema que faziam grande sucesso na década de 1940. Há um pouco de romance, com o personagem de Scott disputando o coração de duas mulheres, a garota de um saloon (interpretada por Ann Dvorak) e a de uma jovem mocinha, Rhonda Fleming (bem carismática e diria até encantadora). Enquanto o xerife luta contra os bandidos ainda há espaço para um pouco de música, com um bom número musical a cargo da atriz Ann Dvorak. Tudo um tanto leve e ameno. Essa cidade de Abilene sempre surgia em filmes de faroeste porque historicamente ela foi um centro de carga e descarga de grandes carregamentos de gado. Depois que as manadas eram enviadas para todo o país (em vagões de trem), os cowboys, pistoleiros e todos os tipos violentos que povoavam o oeste americano ficavam na cidade, pelos saloons, causando todos os tipos de confusões. Ser xerife de um lugar assim definitivamente não era algo fácil. O diretor Edwin L. Marin trabalhou em vários filmes ao lado de Randolph Scott e morreu precocemente, com apenas 52 anos de idade. Uma perda lamentada muito pelo ator que perdeu um de seus mais leais colegas de trabalho.

Pablo Aluísio.

Sartana no Vale dos Gaviões

Título no Brasil: Sartana no Vale dos Gaviões
Título Original: Sartana nella valle degli avvoltoi
Ano de Produção: 1970
País: Itália
Estúdio: Victor Produzione
Direção: Roberto Mauri
Roteiro: Roberto Mauri
Elenco: William Berger, Wayde Preston, Aldo Berti
  
Sinopse:
Lee Galloway (William Berger) é um pistoleiro condenado que é contratado para liquidar um grupo de irmãos, bandidos da pior espécie. Uma vez do lado de fora das grades ele precisa sobreviver ao ambiente hostil do deserto na região conhecida como Vale da Morte, onde apenas poucos homens conseguiram sair vivos de lá. Quando rouba um cavalo começa a ser perseguido de modo implacável pelas areias escaldantes daquela região seca e árida.

Comentários:
Uma produção B, tão típica do Western Spaghetti. Antes de qualquer coisa é bom saber que o roteiro na verdade nada tem a ver com o famoso (e comercial) personagem Sartana. Os produtores, em um ato tipicamente picareta, resolveram acrescentar seu nome apenas para faturar nas bilheterias. Tirando isso até que o roteiro tem algumas sacadas bem boladas. Por exemplo, em determinado momento do filme o personagem Lee se vê no deserto fortemente armado, mas sem cavalo, enquanto seus inimigos - um grupo de bandoleiros - tem todos os cavalos, mas nenhuma arma! No mínimo divertido! O ator William Berger não queria fazer o filme, mas foi obrigado por ter assinado um contrato para três produções (ele já havia feito dois anteriores e realizar essa produção significava que ele estaria livre). O ator parece cansado em cena, pouco disposto a atuar bem. A feição é de aborrecimento. Também pudera, o filme como um todo é mal feito mesmo. A trilha sonora, com um folk rock até diferente, ajuda um pouco, mas no geral "Sartana no Vale dos Gaviões" é abaixo da média do cinema italiano de faroestes. Esse pode ser dispensado sem maiores problemas.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Billy... O Sanguinário

Título no Brasil: Billy... O Sanguinário
Título Original: Voltati... ti uccido!
Ano de Produção: 1967
País: Espanha, Itália
Estúdio: Producciones Cinematográficas Hispamer
Direção: Alfonso Brescia
Roteiro: María del Carmen Martínez Román
Elenco: Richard Wyler, Fernando Sancho, Eleonora Bianchi
  
Sinopse:
Billy Walsh (Richard Wyler) é um pistoleiro do velho oeste que está cansado da vida que leva. A cada nova cidade que chega há sempre alguém disposto a lhe desafiar para saber quem seria o gatilho mais rápido do oeste. Assim ele resolve montar em seu cavalo e vai embora, pelo deserto afora. Acaba encontrando uma pequena cidade onde seu nome não é conhecido. É o lugar que ele estava procurando para recomeçar sua vida. Os problemas porém não tardam a chegar novamente perto dele, pois Billy acaba se envolvendo numa disputa local por minas de ouro da região. O próximo duelo, pelo visto, não vai demorar muito.

Comentários:
Western Spaghetti produzido em parceria entre Espanha e Itália. O filme foi lançado nos Estados Unidos com o título de "Winchester Bill" (bem melhor do que o fraco título nacional que usaram nos cinemas brasileiros da época). O roteiro segue basicamente aquele velho tema do pistoleiro que não consegue ter paz pois sua fama o precede onde quer que ele vá. Viajando de cidade em cidade pelo oeste, o protagonista acaba indo parar em um lugar remoto onde está havendo uma sangrenta disputa por minas de ouro. Ele simpatiza com o minerador Sam (Espartaco Conversi) e sua filha e resolve protegê-los da ganância de bandoleiros e homens ricos, como Ted Shaw (Conrado San Martín), que deseja desesperadamente colocar as mãos naquela fortuna em ouro. Infelizmente Billy acaba sozinho na luta por justiça pois o xerife local é um corrupto, além do que o milionário Ted Shaw resolve contratar um matador conhecido como El Bicho (Fernando Sancho) para matar todos os que fiquem em seu caminho de dominação e poder. Esse é um Spaghetti Western bem típico, com muitas cenas de ação, tiroteios e closes nos rostos sujos desse homens que não tinham medo de se enfrentar face a face. O ator Richard Wyler não era um italiano usando um falso nome americano (como era bem comum na época), mas sim inglês. Quando o cinema italiano explodiu em busca de astros gringos para seus filmes de western, Wyler nem pensou duas vezes e se mudou para Roma, a mega da produção desses faroestes. Lá rodou várias fitas, entre elas "O Pistoleiro Marcado por Deus" e "Rattler Kid: Se Queres Viver... Atira", fitas que chegaram a ser lançadas inclusive no Brasil, no circuito comercial.

Pablo Aluísio.

Dá-lhe Duro, Trinity!

Título no Brasil: Dá-lhe Duro, Trinity!
Título Original: ...Più forte ragazzi!
Ano de Produção: 1972
País: Itália
Estúdio: AVCO Embassy Pictures
Direção: Giuseppe Colizzi
Roteiro: Barbara Alberti, Giuseppe Colizzi
Elenco: Terence Hill, Bud Spencer, Reinhard Kolldehoff
  
Sinopse:
Dois aventureiros, Plata (Terence Hill) e Salud (Bud Spencer) acabam parando na América do Sul, onde se metem em todos os tipos de confusões envolvendo contrabandistas de diamantes e pedras preciosas. Em seu caminho estão todos os tipos de vilões e malfeitores, que também pretendem colocar as mãos naquelas fortunas que brotam das terras da região.

Comentários:
A recente morte do ator Bud Spencer reacendeu o interesse em seus filmes de faroeste spaghetti. Não é para menos, o ator protagonizou (ao lado do parceiro mais constante, Terence Hill) alguns dos filmes mais divertidos dos anos 60 e 70. No Brasil aconteceu um aspecto curioso: os distribuidores nacionais usaram quase sempre o nome do personagem Trinity, muito embora nem todos os filmes eram com esse pistoleiro fanfarrão. A questão era obviamente puramente comercial e deu certo, fazendo com que o público brasileiro sempre pensasse que estava assistindo a um novo filme com Trinity. Só para ressaltar bem isso o nome do personagem interpretado por Terence Hill nesse filme era Plata e não Trinity como todos pensavam. Já o bom e velho Bud Spencer dava vida a Salud, um sujeito grandão, bom de briga, explosivo, mas também de bom coração. Essas características aliás estavam presentes em praticamente todos os filmes estrelados pelo gigante (não tão gentil) Bud Spencer. O diretor Giuseppe Colizzi era um dos especialistas dos filmes ao estilo western spaghetti, basta lembrar de outros sucessos assinados por ele como "Deus Perdoa... Eu Não!", "Os Quatro da Ave Maria" e "A Colina dos Homens Maus". Ele morreu ainda bastante jovem e sua filmografia não foi muito extensa, o que não significa que foi destituída de importância dentro desse popular mercado italiano de filmes de bang-bang. Filme indicado ao prêmio da Italian National Syndicate of Film Journalists.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

As Irmãs Brontë

Charlotte Brontë (1816 - 1855) foi uma das escritoras mais celebradas da língua inglesa. Ao lado de suas irmãs, ela escreveu romances essenciais tais como "Jane Eyre", "Emma" e "O Morro dos Ventos Uivantes". Esse filme produzido pela BBC conta parte de sua história. As três irmãs viviam em um lugarejo bem isolado ao norte da Inglaterra, nas colinas de Yorkshire, e eram filhas de um pastor anglicano que estava ficando cego com a idade. As três sempre foram muito esforçadas em sua educação, isso em uma época em que as mulheres ainda não tinham acesso completo a escolas formais. As jovens tinham apenas um irmão, que sofria de alcoolismo e  trazia muitos problemas familiares para seu velho pai.

Elas sempre gostaram de estudar e escrever, porém conforme o tempo foi passando elas procuraram uma maneira de ganhar a vida, afinal seu pai já caminhava para o fim e elas perderiam o lugar de morada que pertencia à paróquia local. Inicialmente Charlotte e suas irmãs tentaram a poesia, mas depois perceberam que os livros mais vendidos da época eram romances. Assim as três começaram a elaborar livros nesse estilo, sempre mesclando a pura ficção com parte da história delas mesmas. O resultado foi, como hoje já sabe, maravilhoso, histórico, porém na época elas só queriam vender algumas cópias para sobreviverem, já que eram mulheres solteiras, pobres, sem perspectivas de um futuro melhor.

Desnecessário dizer que o filme é muito bom e por demais interessante, do ponto de vista histórico. O estigma contra mulheres escritoras era tão forte na época que elas precisaram usar pseudônimos masculinos para que suas obras fossem vendidas às grandes editoras de Londres. Dessa maneira, usando o pseudônimo literário de Currer Bell, começaram a vender suas primeiras edições. O curioso é que os romances logo se tornaram grandes sucessos, verdadeiros best-sellers. Todos queriam conhecer o grande mago das letras Currer Bell, mas ele na verdade não existia, os livros eram escritos por essas três irmãs do interior. O filme traz uma cena ótima quando finalmente Charlotte viaja para Londres pela primeira vez e conta toda a verdade para seu editor! Por fim, para fechar com chave de ouro essa bela obra cinematográfica, a última cena traz imagens feitas hoje em dia na verdadeira casa onde moraram as irmãs Brontë. O lugar virou um museu e um ponto de encontro para admiradores de seus romances inesquecíveis.

As Irmãs Brontë (To Walk Invisible: The Bronte Sisters, Inglaterra, 2016) Direção: Sally Wainwright / Roteiro: Sally Wainwright / Elenco: Finn Atkins, Jonathan Pryce, Charlie Murphy, Chloe Pirrie, Adam Nagaitis / Sinopse: O filme conta a história real das três irmãs da família Brontë. Elas sempre tiveram o sonho de se tornarem escritoras. Quando o pai começa a ficar cego, em razão da velhice, elas decidem procurar por editoras de Londres interessadas em seus escritos. Acabaram se tornando escritoras consagradas na história da língua inglesa.

Pablo Aluísio.

Churchill

Churchill foi um dos líderes políticos mais importantes do século XX. É de surpreender que não existam grandes filmes sobre ele. Provavelmente isso seja decorrência do fato de que sua biografia foi complexa demais, com muitos eventos históricos importantes. Apenas um filme não seria suficiente para contar sua história. Assim o roteiro dessa nova produção acerta em cheio ao se concentrar em um momento muito específico da vida do primeiro ministro britânico. Todo o enredo se passa em apenas três dias, justamente nos que antecederam ao desembarque das tropas aliadas na Normandia, norte da França, naquela operação militar que passaria a ser conhecida como o Dia D.

O que mais surpreende é saber que até o último momento Churchill tentou cancelar tudo. Ele havia sido militar no passado e tinha participado de um desembarque como aquele, que havia terminado em desastre. Por isso ele tinha muitos receios de uma operação daquela magnitude, envolvendo milhares de homens. Não queria ter a consciência pesada pela morte daqueles soldados. Para trazer ainda mais tensão,  Churchill tampouco acreditava nos detalhes e nas estratégias desenvolvidas pelos generais aliados. Chegou a rezar para que o clima não ajudasse nas operações e que tudo fosse devidamente cancelado. Claro que ele estava errado. Apesar das baixas a operação Overlord foi um grande sucesso. Esse foi o momento da II Guerra Mundial em que o jogo virou e as tropas nazistas começaram a sofrer diversas derrotas na guerra.

Outro aspecto digno de nota é que o roteiro explora também bastante o lado mais humano de Churchill. Ele é visto como um homem que tem receios, medos e desconta suas frustrações em subordinados (como uma pobre e jovem secretária em que ele despeja toda a sua ira). A esposa de Churchill também tem participação importante, chegando a lhe dar um tapa após uma de suas grosserias. Pois é, até mesmo os mais grandiosos líderes também possuíam fraquezas de caráter. Dessa maneira o Churchill que aparece na tela é bem diferente daquele que muitas vezes surge nas páginas dos livros de história. Esse ponto de vista do roteiro é o grande diferencial desse novo filme, pois deixa de lado o aspecto mais oficial da história para se concentrar no ser humano Churchill, sem máscaras. Nesse ponto ganha muito em termos de qualidade cinematográfica.

Churchill (Churchill, Inglaterra, 2017)  Direção: Jonathan Teplitzky / Roteiro: Alex von Tunzelmann / Elenco: Brian Cox, Miranda Richardson, John Slattery / Sinopse: O filme mostra os três dias que antecederam o desembarque das tropas aliadas no norte da França, naquele que seria conhecido pela história como o Dia D. O líder britânico tinha sérias dúvidas sobre as possibilidades de êxito de uma operação como aquela, que envolvia muitos soldados e equipamento militar. Ele temia uma derrota e um fracasso monumental que significasse a vitória de Hitler e os nazistas.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Segredos de Sangue

Não parece, mas esse é um filme sobre psicopatas, psicopatas em família. Quando começa somos apresentados a mãe e filha, ambas em luto pela morte do pai. A filha, chamada India (Mia Wasikowska), era muito próxima dele. Provavelmente era além de seu pai, seu único amigo nesse mundo. A garota não é muito comum. Vista como esquisita na escola, ela tem um jeito de ser introvertido, embora seja extremamente inteligente. Com a mãe nunca se deu muito bem, até porque ela esperava outro comportamento da filha. A mãe é interpretada por Nicole Kidman, aqui novamente esbanjando beleza, como sempre aliás. Com a morte do pai chega para os funerais seu irmão, Charles (Matthew Goode), que elas pouco conhecem e praticamente nada sabem de seu passado. Aos poucos tudo vai se revelando, inclusive um passado trágico.

A linguagem que o diretor Chan-wook Park impôs ao filme lembra bastante a própria personalidade da jovem protagonista India, ou seja, contemplativo, meio silencioso, bem esquisito. A narrativa em certos momentos lembra uma fábula absurda, com muitos toques de humor negro. Como não poderia deixar de ser, quem brilha no elenco é justamente ela, a atriz australiana Mia Wasikowska. Ela sempre me chama atenção nos filmes em que atua. O público em geral a associa ao filme "Alice" de Tim Burton, que chegou a render absurdos 1 bilhão de dólares nas bilheterias. Mia porém não se resume a Alice. Aliás esse pode ser considerado um de seus momentos mais fracos no cinema. Ela tem uma filmografia bem mais interessante, inclusive nesse "Segredos de Sangue" ela surge com os cabelos pintados de preto, para ajudar na composição de sua personagem, que tem uma simbiose natural com o sombrio e o soturno. Ficou bastante diferente, mas também sedutora, de uma maneira até bem doentia.

O grande mérito desse filme porém vem realmente de seu roteiro. Ele começa como um tipo de drama emocional (ou nada emocional se formos levar em conta o jeito de Mia). O pai está morto, a mãe não está com muita disposição de ficar em luto eterno e o tio chega na casa. Um cara bonitão, com jeito de boa praça, bem sucedido, carrão conversível. Para a bizarrice ser completa ele acaba seduzindo a viúva do irmão, pior do que isso, se insinua para a própria sobrinha! Ecos de incesto por todos os lados. O roteiro porém não cai em armadilhas e situações clichês. Ao invés disso dá uma guinada ainda mais estranha para o lado mais bizarro dessa família. Como escrevi no começo do texto, é um filme sobre psicopatas com laços familiares. Assim não espere por nada muito convencional pois definitivamente esse filme não se enquadra em algo comum, do tipo que você está acostumado a assistir.

Segredos de Sangue (Stoker, Estados Unidos, Inglaterra, 2013) Direção: Chan-wook Park / Roteiro: Wentworth Miller / Elenco: Mia Wasikowska, Nicole Kidman, Matthew Goode, Dermot Mulroney / Sinopse: Depois da morte do pai, mãe e filha, India (Mia Wasikowska) e Evelyn Stoker (Nicole Kidman) respectivamente, recebem a visita do irmão dele, o desconhecido e misterioso tio Charles (Matthew Goode). Onde ele estava durante todos esses anos? O que fez? Quais são seus segredos mais bem guardados? Filme premiado no Fangoria Chainsaw Awards e CinEuphoria Awards.

Pablo Aluísio.

Leatherface

Esse foi um dos últimos trabalhos do cineasta Tobe Hooper, falecido recentemente. Ele não dirigiu o filme, apenas o produziu e deu algumas sugestões ao roteiro. A fita é uma nova tentativa de levar em frente a franquia "O Massacre da Serra Elétrica", só que ao invés de seguir contando a história da infame família assassina, o roteiro volta no tempo, para mostrar as origens de Leatherface, o mais violento e insano membro do clã. Assim somos levados até os anos 1950. A família Sawyer vive em uma pequena fazenda decadente e perdida no meio do Texas. São violentos, sádicos e mentalmente perturbados. Quando o jovem caçula faz aniversário eles levam um ladrão de porcos da região para ser torturado ao lado do bolo com velinhas. Mais alucinado do que isso impossível.

Depois passam dos limites quando matam e torturam a adolescente filha do xerife Hal Hartman (Stephen Dorff). O policial não consegue provas contra todos, mas tem uma vitória ao enviar os dois filhos mais jovens daquela família assassina ao reformatório especializado em jovens criminosos que são diagnosticados com problemas mentais. Jared, o futuro Leatherface, assim cresce nesse manicômio judiciário juvenil. Após dez anos de sua internação há uma rebelião na instituição e ele finalmente ganha a liberdade. Ele foge com outros internos, psicopatas jovens, que logo espalham terror pelas estradas e fazendas por onde passam. Para capturá-los vai novamente o xerife Hartman, só que agora ele pretende matar todos eles, sem se importar com a lei.

Como não poderia deixar de ser o filme é bem violento. Essa franquia nunca foi conhecida pela sutileza, muito pelo contrário, sempre foi sanguinária ao extremo. O problema é que o roteiro não avança muito em sua proposta original. É certo que saber o começo da vida do monstruoso  Leatherface seria algo bem interessante para os fãs de terror, mas aqui eles não conseguiram desenvolver muito esse personagem. Ele, sob supervisão médica, até consegue avanços, se torna uma pessoa melhor, até se apaixona e defende uma jovem enfermeira no reformatório, mas uma vez solto e sem medicação se torna novamente um louco feroz. A volta ao convívio com sua família (uma quadrilha de caipiras insanos) só piora tudo. O clímax acontece justamente quando ele usa pela primeira vez a serra elétrica para trucidar duas vítimas. Poderia ser uma cena de alto impacto, mas achei bem banal. Então é isso, um novo filme que tenta revitalizar uma antiga franquia, com resultados bem modestos.

Leatherface (Estados Unidos, 2017) Direção: Alexandre Bustillo, Julien Maury / Roteiro: Seth M. Sherwood, Tobe Hooper, Kim Henkel / Elenco: Stephen Dorff, Lili Taylor, Sam Strike, Vanessa Grasse, Sam Coleman / Sinopse: Após a morte violenta da adorável filha adolescente do xerife, o jovem Jared Sawyer (Strike) é enviado para um manicômio juvenil onde fica internado por dez anos. Após uma rebelião de internos ele consegue fugir ao lado de outros malucos violentos. Juntos, pelas estradas do Texas, causam terror e massacres sanguinários por onde passam.

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de outubro de 2017

Blade Runner 2049

Finalmente assisti a esse novo "Blade Runner 2049", As duas observações iniciais são simples: o filme me agradou de maneira em geral e também não foi nada aborrecido e cansativo como muita gente tem dito por aí. Parece que as pessoas perderam o jeito (e a paciência) para assistir a obras como essa. O filme foi mal nas bilheterias, tanto nos Estados Unidos como no resto do mundo. Era algo previsível de acontecer. Os jovens que vão ao cinema hoje em dia muito provavelmente não conhecem o filme original. A falta de ação e o estilo mais cerebral também são fatores que espantam esses jovens. Afinal são quase 3 horas de duração, onde tudo acontece no seu devido tempo, sem pressa, em ritmo lento, como se fosse um film noir dos anos 40.

O roteiro não me surpreendeu muito, mesmo naqueles momentos em que tenta manipular o espectador. Tampouco foi tão complexo como eu esperava. Ao contrário disso a trama é até bem redondinha, nada complicada de entender. Basicamente há uma novidade e tanto no universo de Blade Runner. Descobre-se que uma replicante conseguiu se reproduzir! Isso mesmo, os restos mortais de uma delas mostra que ela teve filhos! Caso único e singular. Obviamente que se torna vital encontrar essa criança, pois ela é uma etapa a mais na evolução! Imaginem, se os replicantes pudessem se reproduzir de que serviria a humanidade a partir desse ponto? Nessa linha temos assim o mote principal de toda a história: o Blade Runner "K" (Ryan Gosling) precisa encontrar o fruto desse evento maravilhoso (ou terrível,  dependendo do ponto de vista). Seria a primeira descendente nascida de um ser artificial.

O diretor Denis Villeneuve fez um belo trabalho de ambientação. Você vai se lembrar imediatamente daquele universo sombrio, escuro, com muita decadência futurista. Um mundo distópico, com chuva eterna. O mesmo que você conheceu lá nos anos 80 com o primeiro filme estrelado por Harrison Ford. E por falar nele, penso que o único erro maior dessa nova produção foi trazer o personagem Rick Deckard de volta. Ele poderia ser apenas uma lembrança, um mistério a ser resolvido, tal como a replicante Rachael. A impressão que tive foi que a presença de Ford foi única e exclusivamente usada como ponto de referência, como explicação de tudo o que está acontecendo. Seu personagem funciona como alguém que serve para revelar mais e tornar tudo mais claro ao espectador. Não era necessário. Nesse ponto o roteiro parece ter subestimado a inteligência do público.

Outro fato interessante é que os roteiristas jogam o tempo todo com a verdadeira identidade do filho (ou filha) de Rachael. Seria um dos personagens do filme? Ou alguém que no final não vai aparecer (abrindo portas para uma sequência futura). Isso você só vai descobrir assistindo ao filme. Outro revés é que não existem aqui discussões mais filosóficas sobre a importância da vida humana como vimos no primeiro filme. Não há um background mais complexo. Isso porém não chega a estragar o resultado final. É sim um bom filme, que vem para fechar um ciclo. Era necessário mesmo explicar o que aconteceu com Deckard e Rachael? Bom, penso que não! Mesmo assim, não deixa em hipótese nenhuma de ser algo interessante. Assim esse novo filme com a marca "Blade Runner" muito provavelmente não se tornará um cult movie e uma obra prima como o original, mas ainda assim vale como algo a mais do que um mero exercício de imaginação.

Blade Runner 2049 (Estados Unidos, 2017) Direção: Denis Villeneuve / Roteiro: Hampton Fancher, Michael Green, baseados na obra original escrita por Philip K. Dick / Elenco: Harrison Ford, Ryan Gosling, Robin Wright, Jared Leto, Ana de Armas, Sean Young, Sylvia Hoeks, Edward James Olmos / Sinopse: Trinta anos após os acontecimentos vistos no filme "Blade Runner - O Caçador de Andróides", um novo policial é enviado para descobrir o paradeiro de uma criança que teria nascido do ventre de uma replicante - algo completamente surreal e inédito na história. Descobrir sua identidade e onde ela está passa a ser vital para todos.

Pablo Aluísio.

Lendas da Vida

Título no Brasil: Lendas da Vida
Título Original: The Legend of Bagger Vance
Ano de Produção: 2000
País: Estados Unidos
Estúdio: Twentieth Century Fox
Direção: Robert Redford
Roteiro: Jeremy Leven
Elenco: Will Smith, Matt Damon, Charlize Theron, Jack Lemmon, Bruce McGill, Joel Gretsch

Sinopse:
Rannulph Junnah (Matt Damon) é um jogador de golfe desiludido, veterano da primeira guerra mundial, que tenta vencer novamente no esporte com a ajuda de um caddy chamado Bagger Vance (Will Smith). Há muitos anos que ele não trilha o caminho da vitória. De volta à sua cidade natal, Savannah, ele precisa superar todos os seus medos e receios. 

Comentários:
Bom filme dirigido por Robert Redford. Aqui ele comprou os direitos do romance escrito por Steven Pressfield e adaptou a sua história para um filme que ora parece ser uma alegoria sobre vencer a si próprio, superando barreiras psicológicas, ora como uma fábula passada no começo do século XX, com um personagem que ronda o místico, na figura do ator Will Smith. O esporte aqui é apenas uma muleta narrativa, até porque o Golfe não é muito dramático, em nenhum ponto de vista. Um esporte praticado por milionários aposentados nos Estados Unidos (o que justamente era o caso do próprio Robert Redford). A produção é bem bonita, com bela fotografia. O elenco é todo bom, com destaque para Damon, interpretando mais um vez o sujeito bonzinho, Smith como o bom malandro e Theron, mais bonita do que nunca, ainda colhendo os frutos de sua juventude. Todos eles estão bem, porém no quesito elenco o filme ficou marcado mesmo por ter sido o último trabalho do veterano Jack Lemmon. Ele não surge em cena, atua apenas como narrador, relembrando antigas histórias, mas isso não diminui sua importância. Ele morreria um ano depois, aos 76 anos de idade, deixando como seu último legado esse belo trabalho como o velho Hardy Greaves . Comercialmente falando o filme não fez sucesso nos Estados Unidos. Pior no Brasil, já que pouca gente estava interessado em um filme sobre golfe. Por aqui ele se limitou a ser lançado timidamente em VHS. Nada muito marcante. De qualquer maneira ainda indico essa produção. Sua bela mensagem inserida no roteiro vale qualquer esforço, ainda que você não goste desse esporte em particular.

Pablo Aluísio.

sábado, 7 de outubro de 2017

Queremos Matar Gunther

Arnold Schwarzenegger já tentou fazer comédias várias vezes antes em sua carreira. Colheu bons resultados com "Irmãos Gêmeos", apareceu em filmes medianos do tipo "Um Tira no Jardim de Infância" e afundou em porcarias como "Júnior". Não entendo porque um ator talhado para filmes de ação tenta sempre dar o mesmo passo errado. Agora ele tentou de novo, com resultados ainda mais sofríveis. O próprio  Schwarzenegger produziu esse besteirol chamado "Killing Gunther" e o que se vê na tela é algo bem ruim, totalmente constrangedor. O enredo é mínimo: um idiota chamado Blake (Taran Killam) decide que quer se tornar o maior assassino profissional do mundo. E como ele conseguiria esse título? Ora, matando aquele que é considerado o melhor do mercado. Seu nome é Gunther (Arnold Schwarzenegger), um sujeito implacável, jamais preso pelos "serviços" que faz ao redor do mundo. Uma verdadeira lenda. Assim Blake resolve formar um grupo de assassinos (que age como um bando de imbecis) para ir atrás de Gunther. Para não deixar passar nada em branco decide filmar tudo, de forma amadora. E aí começam os problemas, pois Gunther não vai se deixar ser pego por aqueles patetas.

O estilo do filme é o mesmo usado em várias fitinhas de terror, o tal falso documentário (mockumentary). Se funciona em certos filmes de horror, aqui a coisa toda só causa dor de cabeça e aborrecimento ao espectador. Para os fãs de Arnold Schwarzenegger outra coisa vai irritar: ele só aparece em cena após 70 minutos de filme. Enquanto ele não surge o espectador acaba sendo bombardeado com personagens irritantes, cenas sem graça e péssimos atores (ou comediantes, o que seja). No final o saldo de tudo é muito ruim. Uma hora e meia desperdiçada de sua vida... que em troca não conseguirá nem dar um sorrisinho amarelo. Que coisa bizarra, provavelmente o pior filme já estrelado por Arnold Schwarzenegger em sua longa carreira. Penso que ele precisa urgentemente  repensar melhor os roteiros que escolhe daqui pra frente. Chega de pagar mico por aí.

Queremos Matar Gunther (Killing Gunther, Estados Unidos, 2017) Direção: Taran Killam / Roteiro: Taran Killam / Elenco: Arnold Schwarzenegger, Taran Killam, Cobie Smulders, Hannah Simone / Sinopse: Um Hitman (assassino profissional) mequetrefe decide matar aquele que é considerado o maior assassino profissional do mundo. Ele forma um bando de idiotas que lhe auxiliam nessa missão com pouca possibilidade de sucesso.

Pablo Aluísio.

O Culto de Chucky

Esse é o  sétimo filme dessa franquia que começou em 1988 com "Brinquedo Assassino" de Tom Holland. Não vá perder a conta. Depois desse bom primeiro filme vieram "Brinquedo Assassino 2" (1990), "Brinquedo Assassino 3" (1991), "A Noiva de Chucky" (1998), "O Filho de Chucky" (2004) e "A Maldição de Chucky" (2013), todos trazendo a voz do ator Brad Dourif como Chucky! Pelo visto os produtores não estão dispostos a abrir mão de faturar com esse boneco. Em tempos de Annabelle não poderia ser diferente. É claro que a série foi ficando cada vez mais galhofa com o passar do tempo, basta dar uma olhada nos títulos dos filmes mais recentes. Aqui tudo volta a girar em torno de Chucky. Uma de suas vítimas é enviada para uma instituição psiquiátrica. Ela ainda tem pesadelos com os ataques de Chucky, mas tenta superar tudo, tendo inclusive que lidar com vários bonecos em seu tratamento. E é claro que eles vão acabar ganhando vida para transformar tudo em um inferno. Aliás o principal diferencial desse novo filme é que não existe apenas um Chucky, mas quatro deles! Do original só resta a cabeça disforme que é mantida dentro de um cofre, por precaução!

Fica óbvio que a franquia deveria ter se encerrado há muitos anos, mas o que vemos aqui é algo parecido com o que aconteceu com "Sexta-feira 13" que também começou com filmes mais sérios, centrado no terror e que aos poucos foram virando sátiras de si mesmo. Não pense em levar nada à sério. Para quem assistiu ao filme original, lá atrás, nos anos 80, ainda nos tempos de VHS, tudo vira uma grande diversão mesmo, até pelos absurdos propositais que os roteiristas vão criando, tudo para manter o bom e velho Chucky fora da caixa. Quantos filmes ainda serão produzidos? Ninguém sabe ao certo, até porque para não perder o hábito o final aqui abre para futuras continuações! Haja imaginação e criatividade para levar essa história tão longe...

O Culto de Chucky (Cult of Chucky, Estados Unidos, 2017)  Direção: Don Mancini / Roteiro:  Don Mancini / Elenco: Allison Dawn Doiron, Alex Vincent, Brad Dourif, Jennifer Tilly / Sinopse: Vários bonecos de Chucky, o brinquedo assassino, são enviados para uma instituição psiquiátrica. O médico responsável pelos tratamentos pensa utilizá-los na recuperação de uma das vítimas dele do passado, só que para o inferno de todos dentro daquela instituição os bonecos ganham vida, espalhando terror pelo lugar. 

Pablo Aluísio.