quarta-feira, 20 de março de 2013

Os Estranhos

Um casal de namorados, Kristen (Liv Tyler) e James (Scott Speedman), resolvem ir para um casa de campo, afastada da cidade. Bom, se você já assistiu a algum filme de terror na sua vida certamente saberá que essa é definitivamente uma péssima idéia! Pois bem, o casal de pombinhos está em crise e durante toda a primeira terça parte do filme discutem seu conturbado relacionamento – tudo parece caminhar para um desses filmes românticos quando de repente, surgindo do nada, no meio da escuridão aparecem estranhos mascarados que vão tentar entrar na casa a todo custo. Não se sabe o que querem, o que desejam, a única coisa certa é que estão ali para invadir a casa para cometer algum crime em seu interior.  As intenções realmente não são das melhores. Esse “Os Estranhos” tem um roteiro simples, baseado numa situação que não é nenhuma novidade mas que a despeito disso consegue assustar e ainda surpreender por causa dos eventos que vão se sucedendo no desenrolar da estória.

O filme vende a idéia de que foi inspirado em um fato real acontecido em fevereiro de 2005 com a família Hoyt, fazendeiros que foram aterrorizados por estranhos durante uma noite de terror em sua fazenda. Acontece que as semelhanças com os fatos reais acabam por aí. A partir de determinado momento da fita o filme alça vôos próprios, criando diversas situações que não tem qualquer relação com os eventos verídicos. O próprio diretor confessou depois que parte do enredo foi inspirado também em uma situação que viveu quando era apenas um garoto em sua cidade natal. Uma mulher, completamente estranha, surgiu no rancho de sua família durante a madrugada em busca de uma pessoa que eles nunca tinham ouvido falar. Tão rapidamente quando surgiu, sumiu, sem deixar rastros. Tirando daqui e dali, de fatos reais diversos e fazendo com isso uma bela colcha de retalhos de pânico, suspense e terror até que o cineasta Bryan Bertino não se sai mal no final das contas. Assista, tome uns sustos e se divirta, só não leve nada do que se passa na tela a sério.

Os Estranhos (The Strangers, Estados Unidos, 2008) Direção: Bryan Bertino / Roteiro: Bryan Bertino / Elenco: Liv Tyler, Scott Speedman, Sterling Beaumon, Peter Clayton-Luce, Glenn Howerton, Laura Margolis, Gemma Ward / Sinopse: Casal de namorados fica encurralado numa casa de campo enquanto homens mascarados tentam entrar no imóvel com intenções macabras. Inspirado em fatos reais.

Pablo Aluísio.

Air America

O filme foi baseado em um livro escrito por Christopher Robbins em 1979. Era uma obra que denunciava os envolvimentos da CIA com contrabando e desvio de armas e equipamentos para o Laos durante a Guerra do Vietnã. Inicialmente o filme seria estrelado por Sean Connery e Bill Murray mas depois de várias tentativas fracassadas de contratar os atores o projeto acabou indo parar nas mãos de Mel Gibson. O ator gostou do enredo mas achou que o filme ficaria pesado demais com o roteiro originalmente escrito. Foi então que o estúdio resolveu amenizar tudo, transformando “Air America” em um filme de ação com toques de humor em todas as cenas. O que era para ser mais um filme sério sobre o envolvimento dos EUA no Vietnã acabou virando praticamente uma comédia, com Mel Gibson desfilando sua performance típica de sujeito meio maluco, sem medo de entrar nas maiores enrascadas. Ao seu lado foi escalado o jovem ator Robert Downey Jr que na época ainda sofria bastante com sua conhecida dependência química de drogas pesadas. Aliás o estúdio não queria contratar Downey Jr por causa dos riscos envolvidos mas Gibson convenceu os produtores de que ele seria uma boa opção para o filme.

Assim o que se vê em Air America é basicamente um filme com muita ação, várias cenas de aviação extremamente bem realizadas mas conteúdo muito fraco e sem consistência. A trama se passa em 1969 quando o piloto de aviação civil Billy Covington (Downey) que trabalha numa rádio de Los Angeles perde sua licença por não seguir os padrões de segurança. Desempregado ele ouve falar numa oportunidade de trabalho no distante Laos. A remuneração é muito boa mas o serviço é perigoso porque a região é vizinha ao Vietnã onde os EUA se afundam cada vez mais em um conflito sem muito sentido. Em plena zona de guerra ele acaba conhecendo Gene Ryack (Gibson), um piloto que usa seus vôos para contrabandear armas e munições na região. Mel Gibson levou sete milhões de dólares de cachê mas parece não levar nada à sério. O filme foi rodado na Tailândia, com  uso de aviões e pilotos tailandeses. No saldo final é uma aventura escapista, sem muita profundidade, que prefere investir na ação e no humor em doses fartas. Poderia certamente ser um filme melhor, tratando o tema com seriedade mas não foi esse o caminho escolhido pelos produtores. Assim “Air America” se tornou apenas mais um filme de verão indicado apenas aos fãs dos atores Mel Gibson e Robert Downey Jr. 

Air America (Air America, Estados Unidos, 1990) Direção: Roger Spottiswoode / Roteiro: John Eskow, Richard Rush baseados no livro de Christopher Robbins / Elenco:  Mel Gibson, Robert Downey Jr, Nancy Travis, David Marshall Grant, Michael Dudikoff / Sinopse: Dois pilotos se envolvem em vôos de contrabando de armas e munição no Laos durante a Guerra do Vietnã.

Pablo Aluísio

terça-feira, 19 de março de 2013

Atração Fatal

Dan Gallagher (Michael Douglas) é um homem bem sucedido na profissão e no casamento até que cansado da rotina insuportável da monogamia nupcial resolve ter um caso extraconjugal. A escolhida é uma mulher muito parecida com ele, também bem sucedida e dona de si, a executiva de empresas Alex Forrest (Glenn Close). O problema é que o que deveria ser um caso rápido, sem maiores conseqüências, sai do controle pois ela fica grávida e não aceita mais a rejeição do amante. A partir daí a infidelidade de Dan (Douglas) se torna um verdadeiro inferno pessoal pois sua amante perde o controle, o levando para um confronto definitivo, de proporções gravissimas. “Atração Fatal” foi um grande sucesso de bilheteria e em seu argumento colocava a questão da infidelidade conjugal sob uma perspectiva bem severa, pois a amante mudava completamente de personalidade, de uma mulher atraente e moderna acabava se transformando numa verdadeira insana, psicopata, capaz dos gestos mais absurdos para se vingar do amante que a abandonara.

Na época de seu lançamento muito se falou do moralismo embutido no roteiro que passava a mensagem de que homens infiéis deveriam ser punidos sem perdão. Além disso o filme chegou nos cinemas logo no momento em que a AIDS ganhava cada vez mais espaço nos jornais e noticiários. A nova doença vinha para colocar um ponto final na promiscuidade sem freios dentro da sociedade. Assim muitos ligaram esses eventos ao próprio filme e o classificaram como uma obra moralista e cafona. Não concordo completamente com esse tipo de análise. De fato “Atração Fatal” não passava de um thriller como tantos outros que o cinema americano lançava todos os anos. A falta de noção de Alex (Close) após ser abandonada reforçava ainda mais esse aspecto pois não existem thrillers sem algum psicopata por perto. Coube a ela esse papel. E a ligação com a AIDS era realmente meramente circunstancial. De qualquer modo o filme parece ter resistido bem ao tempo. Seu clima de marketing publicitário (fruto da escola em que o diretor Adrian Lyne se formou) torna a experiência de rever “Atração Fatal” ainda mais interessante. Não é o melhor papel da carreira de Glenn Close (ela é muito mais talentosa do que vemos em cena) mas certamente é um de seus personagens mais populares. Assim fica a recomendação de “Atração Fatal”, interessante filme que inclusive pode ser exibido por esposas levemente desconfiadas aos seus maridos. Quem sabe eles não mudem de idéia antes de “pular a cerca”...

Atração Fatal (Fatal Attraction, Estados Unidos, 1987) Direção: Adrian Lyne / Roteiro: James Dearden / Elenco: Michael Douglas, Glenn Close, Anne Archer, Ellen Hamilton Latzen / Sinopse: Homem bem sucedido (Michael Douglas) na carreira resolve se aventurar num caso extraconjugal o que lhe trará enormes problemas pela frente.

Pablo Aluísio.

Vegas

Há uma mudança de paradigma na indústria de entretenimento americano atualmente. Antigamente o sonho de todo ator de TV era conseguir fazer a complicada transição para o mundo do cinema. Eddie Murphy, Bruce Willis e George Clooney foram alguns que conseguiram fazer essa mudança com sucesso, se tornando astros da sétima arte. Hoje em dia porém estamos vendo uma mudança de rumos, os astros do cinema estão cada vez mais indo para o mundo dos seriados de TV nos Estados Unidos. Kevin Costner (Hatfields & McCoys) , Kevin Spacey (House of Cards), Glenn Close (Damages), Jeremy Irons (The Borgias), Kevin Bacon (The Following), Anjelica Huston (Smash), Dustin Hoffman (Luck) e agora Dennis Quaid, todos estão migrando para as séries de TV. O motivo é até simples de explicar: o cinema americano está muito infatilizado, juvenilizado, e muito centrado em blockbusters sem muito conteúdo e por isso não há mais tanto espaço para atores que queiram desenvolver um trabalho mais consistente e sério. O advento das emissoras a cabo ajudou muito nesse processo. Empresas como HBO, Showtime, ITV e tantas outras tem investido em programas de altíssima qualidade, alguns melhores do que muitos filmes por aí. Os argumentos são ousados, bem escritos. Além do mais o formato de séries abre espaço para se desenvolver melhor os personagens, criando nuances e traços de personalidades que seriam impossíveis em filmes de duas horas de duração. 

“Vegas” é um retrato disso. Dennis Quaid resolveu seguir o caminho de seus colegas e agora produz e atua nessa nova série do canal CBS. Até o momento assisti aos cinco primeiros episódios. Antes de uma análise vale uma pequena explicação aqui. Em termos de roteiro existem dois tipos básicos de séries dramáticas nos EUA. O primeiro tipo é conhecido como seqüencial, onde os episódios contam uma só estória que se desenvolve geralmente em uma temporada completa. É o caso de Damages, Dexter, Downton Abbey, The Killing e várias outras. Já os seriados de exibição em TVs abertas investem em episódios fechados em si mesmo (onde há uma estória com começo, meio e fim dentro de cada episódio). É o caso de Hawaii 5-0, Gossip Girl, Justified, etc. “Vegas” procura inovar transitando nos dois tipos básicos de formato. Há uma linha narrativa principal seqüencial e casos esporádicos que vão acontecendo e sendo solucionados em cada episódio (o personagem principal interpretado por Dennis Quaid é um xerife durão nos primórdios de Las Vegas o que significa que sempre há casos policiais para ele resolver em cada episódio). A reconstituição de época é muito bem realizada (Vegas se passa na virada das décadas de 1950 e 1960). O elenco é muito bom, inclusive com a presença da linda atriz Sarah Jones (recém saída do mal sucedido seriado “Alcatraz” de J.J. Abrams mas com longo currículo em boas séries como “Sons of Anarchy”). Outro destaque é Michael Chiklis, veterano de séries como “The Shield”. Ele interpreta um gerente de um dos Cassinos de Vegas que pertence à máfia de Chicago. Os primeiros episódios ainda se detém a apresentar todos os personagens mas uma vez feito isso a série realmente começa a decolar. Os enredos são bem elaborados e o clima de nostalgia ajuda muito. De uma maneira em geral é um confronto entre cowboys (personificados pelo xerife interpretado por Dennis Quaid e seus familiares) e mafiosos (a gangue que controla os cassinos). Tudo muito bem feito e realizado. Se você estiver em busca de algo realmente interessante no mundo da TV fica então a dica de “Vegas”! E por favor, não fique por fora, acompanhe o máximo de séries que puder pois realmente o melhor do entretenimento americano na atualidade está sendo disponibilizado nesse formato.

Vegas (Vegas, Estados Unidos, 2012, 2013) Criado por: Nicholas Pileggi, Greg Walker / Direção: Matt Earl Beesley / Roteiro: Nicholas Pileggi, Greg Walker, Nick Santora / Elenco: Dennis Quaid, Michael Chiklis, Carrie-Anne Moss, Sarah Jones /  Sinopse: Recém empossado xerife em Las Vegas o cowboy Ralph Lamb (Dennis Quaid) tem que lidar com um grupo de mafiosos de Chicago que controlam um dos principais cassinos da cidade.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 18 de março de 2013

G.I. Joe – A Origem do Cobra

G.I. Joe foi uma linha de brinquedos que pintou pela primeira vez nas lojas americanas em 1962. Bonecos de soldados sempre foram populares entre a criançada desde sempre mas a indústria americana Hasbro  resolveu investir em  um produto mais bem feito, com roupas, artefatos e acessórios. O sucesso foi tamanho que em pouco tempo havia toda uma linha enorme de brinquedos G.I. Joe em todo o país. No Brasil a companhia Estrela comprou os direitos de G.I. Joe e os lançou em nosso mercado com o nome comercial de Falcon. Depois do sucesso dos bonequinhos de guerra não houve mais limites. G.I. Joe virou quadrinhos, desenho de TV, videogame e finalmente filme para o cinema. Claro que todo marmanjo na faixa de seus 30, 40 anos lembra dos brinquedos do passado. Pena que agora terão que enfrentar um filme tão rasteiro e sem graça como esse “G.I. Joe – A Origem do Cobra”. O tal “Cobra” para quem não se lembra mais era o inimigo mortal dos combatentes G.I. Joe.

Quando eu soube que G.I. Joe iria para o cinema eu realmente desejei que viesse coisa boa por aí pois eu também fui uma das muitas crianças da época que brincaram com esses bonecos (o meu era um Falcon mergulhador, com faca, arpão e até um Tubarão de borracha que vinha como acessório!). O problema é que não há nostalgia que sobreviva a um roteiro tão capenga e mal feito, a tantas cenas de ação sem qualquer justificativa e a um turbilhão de bobagens como as que vemos aqui. Tudo é gratuito nesse filme: os efeitos, as brigas, os combates, as lutas. Nada é bem desenvolvido e de repente nos vemos em um filme sem roteiro nenhum, que existe apenas para expor a marca no cinema e nada mais. O elenco é todo obtuso a começar pelo ator Channing Tatum que até hoje não conseguiu virar um astro de cinema de verdade (o que definitivamente não me deixa surpreso). Já Dennis Quaid segue seu inferno astral de filmes ruins (ele recentemente resolveu abandonar o cinema para apostar numa série de TV chamada Vegas). Provavelmente esse G.I. Joe só vá agradar aos garotos com menos de 12 anos que ainda brincam com os seus Joes. Já para os adultos, que gostam de um bom cinema, não há nada a se esperar de bom. Uma pena.

G.I. Joe – A Origem do Cobra (G.I. Joe: Rise of Cobra, Estados Unidos, 2008) Direção: Stephen Sommers / Roteiro: Stuart Beattie, David Elliot, Paul Lovett / Elenco: Channing Tatum, Joseph Gordon-Levitt, Dennis Quaid, Marlon Wayans / Sinopse: O Cobra se torna o principal inimigo das forças especiais G.I. Joe. Adaptação do desenho animado “Comandos em Ação” que por sua vez é baseado na linha de brinquedos de grande sucesso G.I. Joe.

Pablo Aluísio

Looper – Assassinos do Futuro

Fazia tempo que não assistia a um filme com Bruce Willis que realmente valesse a pena. Esse “Looper” nem é tão original (a referencia mais obvia é certamente “O Exterminador do Futuro”) mas mantém o interesse em um roteiro que se não é uma maravilha pelo menos mostra alguns aspectos bem inteligentes em seu desenvolvimento. Na estória do filme somos apresentados aos chamados “Loopers”. E o que são eles? Basicamente são jovens no presente que se encarregam de dar fim a pessoas que são enviadas do futuro por organizações criminosas. A vitima é enviada para um determinado ponto do passado e o Looper a mata e depois some com seu corpo. A viagem no tempo é uma realidade (o filme se passa no ano de 2074) e o crime organizado do futuro a utiliza como forma de queimar arquivo e sumir com os corpos de seus inimigos, eliminando assim qualquer vestígio de prova que possa lhes comprometer. Joe (Joseph Gordon-Levitt) é um desses Loopers mas comete um grave erro quando deixa escapar a pessoa que deveria matar. Para piorar tudo essa nova vitima é na realidade ele mesmo que foi enviado do futuro para ser eliminado! Confuso? Sim, em certos momentos Looper se torna confuso mas o roteiro consegue driblar isso com soluções bem interessantes.

Filmes de viagem no tempo geralmente rondam em torno de um problema básico: o sujeito volta ao passado para modificar algo que venha a lhe acontecer no futuro. Em Looper é justamente isso o que acontece. O Joe do futuro (interpretado por Bruce Willis) tenta no presente eliminar um garoto que supostamente seria o “Rainmaker”, o grande chefão do seu tempo, responsável pela morte do amor de sua vida. É claro que após ler isso você lembrou imediatamente de “O Exterminador do Futuro”. Como eu disse o argumento não consegue ser completamente original mas pelo menos toma outros rumos, investindo em algo até mais inteligente ao explorar com mais afinco os paradoxos que podem surgir quando alguém do futuro vem ao presente para mudar os rumos dos acontecimentos. Por mais incrível que isso possa parecer Bruce Willis está muito bem em seu papel. Ele demora a surgir em cena – há todo um background dentro do enredo – mas quando surge consegue renascer das cinzas. Só não sei se seus fãs vão aceitar muito bem alguns atos de seu personagem (matar crianças inocentes, por exemplo, realmente é algo de se virar o estomago). A direção do cineasta Rian Johnson é acima da média, talvez por ele também ser o autor do roteiro (o que o deixou em posição de entender completamente tudo o que se passa no enredo da produção) . O filme é um pouco mais longo do que a média das ficções atuais mas sua direção não deixa a estória cair no tédio ou no marasmo. No final fica a recomendação para quem é fã de ficções ao estilo “O Exterminador do Futuro”. Certamente há furos de lógica no roteiro mas de maneira em geral esse “Looper” pode ser considerado um bom filme, sem dúvida.

Looper – Assassinos do Futuro (Looper, Estados Unidos, 2012) Direção: Rian Johnson / Roteiro: Rian Johnson / Elenco: Bruce Willis, Joseph Gordon-Levitt, Emily Blunt, Jeff Daniels, Piper Perabo, Paul Dano / Sinopse: Assassino do futuro volta ao ano de 2074 com o objetivo de eliminar uma criança que no futuro se tornará o “Rainmaker”, um líder criminoso brutal e sem escrúpulos.

Pablo Aluísio.

domingo, 17 de março de 2013

Terror na Antártida

Até tinha boas expectativas sobre esse “Terror na Antártida” mas me enganei. Tudo levaria a crer que seria um bom filme até porque a sinopse parecia bem promissora. O enredo mostra o serviço (muitas vezes entediante) de uma agente federal americana, Carrie Stetko (Kate Beckinsale), em um posto avançado na Antártida. Ela está ali apenas por uma questão protocolar, uma vez que as chances de um crime acontecer numa base cientifica como aquela seriam bem remotas. Porém o impensável acontece e um homem é encontrado morto no local. Contando com apenas cinco membros na expedição a agente agora terá que decifrar o enigma e descobrir a identidade verdadeira do assassino, uma coisa que não será nada fácil uma vez que todos ali parecem estar acima de qualquer suspeita. Particularmente gosto muito de filmes com roteiros nesse estilo, onde o espectador é convidado a desvendar um mistério de assassinato. Porém até nisso “Terror na Antártida” decepciona.

Antes de qualquer coisa é importante esclarecer que apesar do título, não se trata de um filme de terror mas sim, como se pode perceber da leitura da sinopse, de um filme policial, que tenta também pegar carona em uma trama de suspense. O que poderia ser uma produção no mínimo interessante sofre de dois problemas básicos. O Primeiro é que o elenco não está tão inspirado para esse tipo de roteiro. A atriz Kate Beckinsale funciona melhor em fitas como sua franquia “Anjos da Noite” onde sua falta de interesse geralmente é encobertada por várias seqüências de ação intermitentes. Aqui em “Terror na Antártida” sua falta de compromisso com seu papel se torna muito mais evidente. Ela é bonita (isso é inegável) mas não parece estar muito disposta para defender seu personagem. O outro problema é que o próprio roteiro não ajuda muito. A solução do crime não é muito surpreendente e nem deixa o espectador entusiasmado como era de se supor. A investigação também caminha a passos lentos, fazendo com que o filme caia muitas vezes no tédio. Enfim, uma boa trama que poderia ser muito melhor desenvolvida. Do jeito que ficou não empolga e nem satisfaz o espectador.

Terror na Antártida (Whiteout, Estados Unidos, 2009) Direção: Dominic Sena / Roteiro: Jon Hoeber, Erich Hoeber, Chad Hayes, Carey Hayes / Elenco: Kate Beckinsale, Gabriel Macht, Alex O'Loughlin, TomSkerritt, Columbus Short, Shawn Doyle, Patrick Sabongui, Nicolas Wright, Bashar Rahal, Sean Tucker / Sinopse: Agente federal (Kate Beckinsale) tem que desvendar um crime de assassinato numa base remota localizada no congelado continente da Antártida.

Pablo Aluísio.

sábado, 16 de março de 2013

O Exorcista II – O Herege

Havia assistido há muitos anos mas agora resolvi rever por pura curiosidade. Sabia que a continuação de um dos maiores clássicos do terror nunca foi considerado um bom filme mas devo confessar que até me espantei com sua falta de qualidade extrema. A trama de “O Herege” começa alguns anos depois dos eventos do primeiro filme quando a garotinha Regan MacNeil (Linda Blair) foi possuída por um demônio e exorcizada por padres da Igreja Católica, entre eles o padre Merrin (Max Von Sydow). Agora Regan já superou aquele drama e vive uma vida relativamente normal. Ela quer se dançarina profissional e estuda para isso. Ao mesmo tempo freqüenta uma psicóloga que tem a firme convicção de que tudo o que aconteceu não passou de um grave problema mental na garota, nada tendo a ver com possessões demoníacas. Para não deixar mais dúvidas sobre o que realmente aconteceu o Vaticano então envia o Padre Philip Lamont (Richard Burton) para realizar uma investigação completa sobre todos os acontecimentos do exorcismo da menina anos antes. Ele porém acaba descobrindo muito mais, inclusive sobre as verdadeiras origens do mal.

“O Exorcista II” tem dois grandes problemas em minha opinião. O primeiro é que o filme explica demais sobre as origens da entidade demoníaca que possuiu o corpo da garotinha no primeiro filme. Ficamos sabendo que ele se chama “Pazuzu”, que é um espírito maligno proveniente da África e que domina pragas de gafanhotos. Meus amigos fãs de terror eu pergunto: alguém realmente queria saber algo assim? Pergunto porque as explicações são tolas demais e quebram qualquer clima de mistério e suspense que o filme venha a ter. Os personagens falando o tempo todo em um demônio chamado “Pazuzu” acaba criando um humor involuntário que acaba com as pretensões de causar medo nesse filme. Para piorar o filme apresenta ainda uma engenhoca que “ligam as mentes” das pessoas que o usam. Parece aquelas engenhocas que o Dr. Brown dos filmes da série “De Volta Para o Futuro” usava, um trambolho completamente ridículo! Então se perde muito tempo com o uso desse equipamento onde entram na linha ao mesmo tempo o padre Lamont, a garota Regan e claro o... Pazuzu! Em determinado momento do filme fiquei realmente com pena de ver o grande Richard Burton envolvido em um abacaxi desse tamanho. Ele aliás não está nada bem, sempre com os olhos esbugalhados, suando e com cara de espanto (provavelmente ficou espantado com a ruindade do roteiro!). Enfim, se você gosta de “O Exorcista” faça um favor a si mesmo e nunca... repito... nunca veja esse “O Herege” pois caso contrário o primeiro filme vai acabar virando piada quando você se lembrar do tal Pazuzu! Francamente...

O Exorcista II – O Herege (Exorcist II: The Heretic, Estados Unidos, 1977) Direção: John Boorman / Roteiro: William Goodhart / Elenco: Richard Burton, Linda Blair, Louise Fletcher, Max Von Sydow / Sinopse: O Vaticano envia o Padre Lamont (Richard Burton) para investigar o exorcismo do primeiro filme. O que ele encontra porém é a origem do mal.

Pablo Aluísio.

Artistas e Modelos

Hoje é aniversário do grande Jerry Lewis (nascido em 16 de março de 1926). Quem foi garoto nas décadas de 70 e 80 certamente assistiu a muitos de seus filmes que sempre eram reprisados na Sessão da Tarde da Rede Globo (que hoje em dia perdeu muito de seu charme pois não se passam mais filmes antigos como naquela época, uma pena!). De todos os filmes estrelados pelo comediante esse “Artistas e Modelos” sempre foi um dos meus preferidos. O filme ainda hoje mantém um clima de nostalgia muito especial, além de ser extremamente divertido e engraçado. Para quem gosta do cantor Dean Martin temos aqui as melhores músicas de sua parceira ao lado de Jerry Lewis. A fita foi outra produção da dupla com Hall Wallis que na Paramount produziu praticamente todos os seus filmes (Wallis também foi produtor de várias comédias musicais com Elvis Presley no mesmo estúdio). A trama acompanha os amigos Rick Todd (Dean Martin) e Eugene Fullstack (Jerry Lewis) que sonham vencer juntos no mundo das histórias em quadrinhos em Nova Iorque na década de 50. Rick é um cartunista de mão cheia que se utiliza dos sonhos e pesadelos malucos de Eugene para criar suas estórias de sucesso.

“Artistas e Modelos” tem uma ótima direção de arte, um roteiro muito inspirado e uma direção que merece alguns comentários adicionais. O diretor do filme é o hoje reconhecido Frank Tashlin. Ele foi seguramente o melhor cineasta que trabalhou ao lado de Jerry Lewis e o humorista reconheceu isso várias vezes ao longo de sua carreira tanto que anos depois disse em entrevistas que havia aprendido a dirigir de verdade com Tashlin na Paramount. Era o seu mestre no mundo do cinema. De fato foi um bom aprendizado pois na década seguinte Jerry Lewis iria se tornar diretor de seus próprios filmes. Como Tashlin era cartunista no começo de sua carreira ele trouxe essa experiência para essa comédia muito charmosa da fase mais produtiva da dupla Martin e Lewis. Outro destaque digno de nota para os cinéfilos é a presença maravilhosa de Shirley MacLaine no filme. Ela sempre teve um timing impecável para o humor e aqui esbanja essa característica. Há uma cena dela com Jerry Lewis que até hoje me leva às gargalhadas. Shirley está no pé de uma escada cantando enquanto Jerry desce a mesma cheio de coisas na mão, artefatos de praia como bolas, uma prancha de surfe, bonecos infláveis, etc... só vendo pra crer. Essa seqüência me divertia muito na infância e ainda hoje consegue divertir do mesmo jeito mostrando a longevidade do humor de Jerry Lewis que merece todos os nossos parabéns nesse dia de hoje. Certamente um dos grandes nomes da história do humor americano. Parabéns Jerry e obrigado pelos grandes momentos divertidos que nos proporcionou por todos esses anos.

Artistas e Modelos (Artists and Models, Estados Unidos, 1955) Direção: Frank Tashlin / Roteiro: Herbert Baker, Michael Davidson / Elenco: Dean Martin, Jerry Lewis, Shirley MacLaine / Sinopse: Uma dupla de amigos tenta vencer no concorrido mundo das histórias em quadrinhos durante a década de 50 em Nova Iorque.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Além da Eternidade

Na década de 1980 nenhum cineasta obteve mais sucesso ou foi mais famoso do que Steven Spielberg. De fato aqueles foram seus mais bem sucedidos anos. Curiosamente depois de uma década de tantos filmes de fantasia e ficção o diretor resolveu fechar os anos 80 com algo completamente diferente. Seu novo projeto era um filme que saia bastante de sua zona de conforto habitual. Nada de extraterrestres e nem aventuras com arqueólogos aventureiros, aqui Steven Spielberg resolveu realmente inovar participando do primeiro remake de sua carreira! Como se isso não bastasse era ainda um filme romântico, como os da era de ouro de Hollywood. “Além da Eternidade” é na realidade uma refilmagem de “Dois no Céu”, clássico de 1943, estrelado por Spencer Tracy e dirigido por Victor Fleming. O argumento é bem espiritualista: um piloto de combate a incêndios florestais morre durante uma das missões. O problema é que ele deixa assuntos inacabados na Terra. Sua tarefa agora é voltar ao plano físico para ajudar sua antiga paixão, que ficara destruída emocionalmente após sua morte, a reencontrar o caminho da felicidade em sua vida.

Steven Spielberg fez algumas modificações em relação ao filme anterior. Em “Dois no Céu” a ação se passava durante a II Guerra Mundial e o aviador morto era um comandante militar. Aqui o diretor resolveu modificar o personagem, o colocando como um aviador de combate a incêndios florestais. O personagem entregue a Richard Dreyfuss também se tornou mais jovial e atuante, se concentrando menos no humor do filme original para dar mais espaço ao drama e ao romantismo nessa nova releitura da estória. Já a trilha sonora se concentrava bastante em sucessos do surgimento do rock americano da década de 50 e 60, com destaque para a balada maravilhosa “Smoke Gets In Your Eyes”, gravação imortal dos Platters em 1958. O resultado porém fica abaixo dos demais filmes de Spielberg. Ele parece perder o controle da pieguice em um roteiro tão romântico como esse. O que era para ser puro lirismo se perde em um filme com muitas boas intenções mas que termina apenas com resultados meramente medianos. De certa forma o elenco é quem salva por completo a produção. Basta lembrar que a grande atriz Audrey Hepburn dá o ar de sua graça nas telas pela primeira vez em muitos anos – algo que ela não fazia desde o começo da década, em 1981, com o filme “Muito Riso e Muita Alegria”. Sua personagem não é tão marcante (ela interpreta um anjo) mas quando aparece realmente rouba todas as atenções para si. Infelizmente essa seria sua última aparição no cinema. Só esse fato já justificaria a existência do filme. De qualquer modo fica o registro desse “Spielberg menor” que no final das contas foi salvo pela deslumbrante aparição final do mito Hepburn. Vale a pena ser conhecido (ou redescoberto). 

Além da Eternidade (Always, Estados Unidos, 1989) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Jerry Belson, baseado no filme “Dois no Céu” de 1943 / Elenco: Richard Dreyfuss, Holly Hunter, Brad Johnson, John Goodman, Audrey Hepburn / Sinopse: Pete Sandich (Richard Dreyfuss) é um piloto de combate a incêndios florestais que morre tragicamente durante uma das missões. O problema é que ele deixa assuntos inacabados na Terra. Sua tarefa agora é voltar ao plano físico para ajudar sua antiga paixão, que ficara destruída emocionalmente com sua morte, a reencontrar o caminho da felicidade em sua vida.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Francesco

A recente eleição do Papa Francisco (Jorge Mario Bergoglio) trouxe de volta aos meios de comunicação a figura histórica de Francisco de Assis (1182 – 1226), um homem de uma história de vida realmente impressionante. Nascido em uma rica família italiana Francisco (ou no original Francesco) resolveu em determinado momento de sua vida largar toda a riqueza material que tinha para viver na mais absoluta pobreza, dedicando-se a partir daí a ter uma existência puramente cristã, no mais estrito sentido da fé. De fato Francisco de Assis, que após sua morte seria canonizado, foi de certa forma um dos mais fiéis seguidores da doutrina cristã pois viveu o evangelho de forma intensa, na prática, sem qualquer tipo de apego material a absolutamente nada. Provavelmente foi o cristão que mais chegou perto da verdadeira essência da mensagem de Jesus Cristo. Vivia ajudando ao próximo, no meio de pessoas que eram destituídas de sua própria humanidade, naquele duro período medieval. Ele procurava acalentar todos os excluídos, os que eram considerados parias da comunidade. Estendia sua mão a quem não contava com a ajuda de ninguém. Um exemplo foi sua dedicação aos leprosos e doentes pobres, que eram completamente abandonados pela sociedade de uma forma em geral. Com seu exemplo de vida também mostrou os excessos da cúpula romana, ao se mostrar diante do papa da época como um homem desprovido de tudo, até mesmo de vestimentas decentes. Sua visita ao Papa Inocêncio III aliás demonstrou como poucos momentos na história a contradição entre uma corte papal luxuosa e rica e os fundamentos da mensagem cristã que entre outras coisas pregava a humildade, a caridade e o desapego aos bens materiais.

A história de Francisco de Assis já deu origem a muitos filmes mas eu destaco esse aqui chamado simplesmente de “Francesco” como um dos melhores já feitos sobre o grande homem. Sua biografia é mostrada com extrema fidelidade histórica, recriando de forma magistral os grandes momentos de Francesco em sua existência terrena. A idéia era no mínimo inusitada: colocar o ator outsider Mickey Rourke para interpretar São Francisco de Assis. O mais interessante é que tudo acabou dando muito certo. Rourke se mostra dedicado em cena, encarnando com muita sensibilidade um dos personagens mais importantes do Cristianismo, um homem rico de família influente que na Idade Média resolve largar tudo isso para se dedicar aos fundamentos mais profundos dos ensinamentos de Cristo: o amor ao próximo, a caridade, o despojamento do mundo material e a busca pela elevação espiritual. O filme também é extremamente bem realizado, todo filmado em locações na Itália onde o verdadeiro Francisco passou e pregou a palavra de Deus. Seja você católico ou não o fato é que a história desse homem realmente impressiona até hoje. Na época Mickey Rourke foi bastante elogiado pela sua sensível atuação, principalmente na cena final quando o santo finalmente recebe os sinais de consagração que tanto almejava em vida. Assim, diante do novo Papa que o homenageia nada mais conveniente do que assistir a um belo filme que mostra a vida de Francisco com raro talento. Não deixe de conhecer.

Francesco (Francesco, Estados Unidos, Itália, Alemanha, 1989) Direção: Liliana Cavani / Roteiro: Liliana Cavani / Elenco: Mickey Rourke, Helena Bonham Carter, Andréa Ferréol, Nikolaus Dutsch / Sinopse: “Francesco” narra a história real de Francisco de Assis (1182 – 1226), rico italiano que abandonou tudo o que tinha para dedicar sua vida ao evangelho de Jesus Cristo. Pregando a humildade, o amor ao próximo e o respeito à natureza e aos animais, Francisco acabou se tornando um dos mais populares cristãos da história.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Rocky II – A Revanche

O título é bem explicativo. Depois dos acontecimentos do primeiro filme o pugilista Apollo Creed (Carl Weathers) implora por uma revanche, afinal ele havia perdido sua credibilidade de campeão para o desconhecido e desacreditado Rocky Balboa (Sylvester Stallone) no final do primeiro filme. O problema é que Rocky se encontrava muito machucado após a luta anterior e resolve anunciar, para surpresa de todos, que se aposentaria dos ringues. O lutador preferia se dedicar assim ao seu relacionamento com Adrian (Talia Shire), sua namorada em “Rocky, o Lutador” e agora sua esposa. Porém as necessidades financeiras acabaram falando mais alto e surpreendendo mais uma vez Rocky finalmente se decide a voltar para enfrentar Apollo naquela que ele acreditava ser sua última luta na vida! Como se vê “Rocky II” repete de certa maneira a fórmula que havia dado tão certo no primeiro filme. Stallone ainda surge extremamente preocupado em desenvolver no seu roteiro toda uma dramaticidade em torno da vida de Rocky, algo que seria amenizado bastante no filme seguinte e que sumiria por completo em Rocky IV – o filme mais pop da franquia.

A critica de uma forma em geral ainda gostou de Rocky II. Na época não se sabia que Stallone iria levar o personagem ao limite em várias continuações sucessivas e por isso o filme foi recebido com resenhas bastante favoráveis. O New York Times, por exemplo, elogiou o esforço dos realizadores em conseguirem manter o mesmo nível do primeiro filme. O público também prestigiou lotando os cinemas e dando a Stallone mais um grande sucesso de bilheteria. Já a Academia não gostou muito. Stallone tinha esperanças de repetir o que aconteceu com “O Poderoso Chefão II” que foi vencedor em dois Oscars seguidos, levantando os principais prêmios. Já “Rocky II” foi esnobado pelos membros da Academia e não conseguiu sequer indicações importantes. Isso certamente foi um desapontamento para o ator que havia se dedicado bastante na lapidação de seu roteiro. A direção de Stallone também foi solenemente ignorada pelo Oscar. No final o que se sobressaiu mesmo foi o excepcional retorno comercial (mais de 280 milhões de dólares em ingressos vendidos) e a aclamação popular. Stallone não perdeu muito tempo e logo anunciou que novos filmes viriam em breve e ele, como todos sabemos, cumpriria realmente essa promessa nos anos seguintes.

Rocky II (Rocky II, Estados Unidos, 1979) Direção: Sylvester Stallone / Roteiro: Sylvester Stallone / Elenco: Sylvester Stallone, Talia Shire, Burt Young, Carl Weathers, Burgess Meredith, Tony Burton / Sinopse: Após lutar contra o campeão mundial Apollo Creed (Carl Weathers) no primeiro filme o pugilista Rocky Balboa (Sylvester Stallone) é desafiado para uma revanche. Com problemas de saúde ele decide abandonar os ringues mas as necessidades financeiras acabam por lhe fazer mudar de idéia.

Pablo Aluísio.

Leões e Cordeiros

Através de três estórias paralelas o espectador é convidado a refletir sobre a intervenção militar americana no Oriente Médio. Na primeira linha narrativa acompanhamos as tentativas da jornalista Janine Roth (Meryl Streep) em entrevistar o jovem senador Jasper Irving (Tom Cruise), um defensor da política externa dos Estados Unidos. Com todos os argumentos errados ele demonstra, mesmo que de forma indireta, o equivoco daquela guerra sem sentido. Na segunda linha narrativa somos apresentados ao professor universitário Stephen Malley (Robert Redford) que tenta, através de sólida argumentação, convencer seus alunos do erro do envolvimento americano naquele país. Para piorar o veterano mestre ainda tem que lidar com os medos e anseios de seu aluno Todd (Andrew Garfield) que totalmente desmotivado com a vida acadêmica pensa em ir para o exército. Por fim o espectador é levado até o front, onde dois soldados americanos, Ernest (Michael Peña) e Arian (Derek Luke), tentam sobreviver ao fogo cerrado do combate.

Após romper definitivamente com a Paramount por causa de atritos ocorridos durante “Missão Impossível 3” Tom Cruise se lançou como ator independente. Um de seus primeiros projetos nessa nova fase de sua carreira foi esse bom drama dirigido por Robert Redford. O filme segue o estilo mosaico, várias estórias paralelas são contadas para no final se revelar as conexões que as unem. No filme Tom Cruise interpreta um astuto político em Washington. Ao lado de Meryl Streep e Robert Redford o ator fica um pouco ofuscado mas consegue disponibilizar uma boa atuação. O roteiro do filme é muito bem trabalhado, apoiado quase que exclusivamente em tornos de diálogos extremamente bem escritos e inteligentes. A proposta do filme não é tanto dar respostas mas sim fazer perguntas pertinentes. Longe de soluções fáceis o filme “Leões e Cordeiros” é no fundo um estudo sobre tudo o que aconteceu depois de 11 de setembro. Todos os efeitos danosos e sem sentido que ocorreram com os Estados Unidos depois daqueles ataques. O filme foi lançado discretamente e teve mais repercussão apenas entre um público bem mais seleto, intelectualizado. De qualquer modo se você estiver em busca de uma produção que discuta o  intervencionismo militar americano nos países do Oriente Médio de forma muito inteligente e com conteúdo esse é certamente o filme mais indicado.

Leões e Cordeiros (Lions for Lambs, Estados Unidos, 2007) Direção: Robert Redford / Roteiro: Matthew Michael Carnahan / Elenco: Robert Redford, Meryl Streep, Tom Cruise, Michael Peña, Peter Berg, Derek Luke, Andrew Garfield / Sinopse: Três linhas narrativas, uma passada no front de guerra, outra nos gabinetes políticos do senado americano e a última no meio acadêmico, tentam decifrar os mecanismos que levaram os Estados Unidos para a guerra no Oriente Médio.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de março de 2013

Brubaker

O sistema penitenciário é certamente um dos grandes problemas enfrentados pelos Estados nacionais ao redor do mundo. As condições degradantes em nosso país já são bem conhecidas mas nos Estados Unidos o problema sempre foi escondido da opinião pública. Um dos filmes mais interessantes sobre esse tema é justamente esse “Brubaker”, cujo enredo é baseado em fatos reais. A estória conta as agruras do prisioneiro Henry Brubaker (Robert Redford) que vai parar em uma penitenciária de segurança máxima do Arkansas. Torturas, violência e ofensa aos direitos humanos eram comuns naquela prisão, tudo feito em um ambiente sem a menor condição de abrigar prisioneiros. Para piorar dentro da prisão há um verdadeiro esquadrão da morte, especializado em matar os prisioneiros que não mais interessavam ao sistema. Diante de tantas barbaridades cometidas ao seu redor o detento Brubaker resolve então denunciar tudo o que está acontecendo, mesmo sabendo que ao fazer isso ele está colocando em risco sua própria vida dentro daquele presidio perigoso e desumano.

O roteiro de “Brubaker” foi baseado na história real de Tom Murton, um diretor de presídio do Estado do Arkansas que resolveu denunciar as péssimas condições dos presos na década de 50. Sua denúncia surtiu efeitos e ecoou em todo o sistema prisional americano, dando origem assim a melhorias e regras que até hoje são seguidas nos Estados Unidos. O filme foi inicialmente rodado pelo diretor Bob Rafelson que depois de poucas cenas gravadas teve que deixar a produção por motivos de saúde. Em seu lugar o estúdio escalou o ótimo Stuart Rosenberg, diretor de “Rebeldia Indomável”, “A Piscina Mortal” e “Horror em Amytville”. Seu toque mais realista trouxe muita qualidade ao filme em si, narrando tudo sem medo de expor as mais abertas feridas do sistema penal de seu país. No elenco, como não poderia deixar de ser, se destaca o ator Robert Redford, cujo personagem guarda uma bela surpresa para o público em seu final. Aliás essa reviravolta final – muito bem explorada pelo texto do filme – rendeu a “Brubaker” uma indicação ao Oscar de Melhor roteiro. Outro destaque no elenco vem com Morgan Freeman, fazendo um prisioneiro veterano que vai aos poucos perdendo a sanidade diante daquela realidade dura e sem esperanças. Em suma, fica a recomendação de “Brubaker”, um dos melhores filmes de prisão já feitos na história do cinema americano.

Brubaker (Brubaker, Estados Unidos, 1980) Direção: Stuart Rosemberg / Roteiro: W.D. Richter, Arthur A. Ross baseados no livro de autoria de Joe Hyams e Thomas O. Murton / Elenco: Robert Redford, Yaphet Kotto, Morgan Freeman, Murray Hamilton / Sinopse: O prisioneiro Brubaker (Robert Redford) chega para cumprir sua pena numa das piores prisões do Arkansas onde vivencia todos os tipos de barbaridades cometidas contra os demais detentos. Mesmo contra tudo e contra todos ele finalmente resolve denunciar os crimes cometidos dentro da penitenciaria.

Pablo Aluísio.

Sorte no Amor

Depois do sucesso em “Os Intocáveis” o ator Kevin Costner se tornou o astro mais quente em Hollywood. Vários papéis em filmes de destaque lhe foram oferecidos nesse período mas ele os recusou em série. Na verdade Costner queria algo menos pretensioso, um filme pequeno, menor, mas com bom roteiro. Curiosamente ele voltaria ao tema do beisebol (que iria explorar mais uma vez na carreira em “Campo dos Sonhos”). O filme “Sorte no Amor” é exatamente isso. Uma comédia romântica sem qualquer pretensão, ambientada no mundo do beisebol. Na verdade era um projeto bem pessoal do casal Susan Sarandon e Tim Robbins que começou bem pequeno mas que ganhou ares de grande produção com a entrada de Costner no projeto. O filme narra a chegada de um jogador veterano, Crash Davis (Kevin Costner), em uma pequena cidade da Carolina do Norte para integrar o modesto time local. Lá ele entra em contato com Annie (Susan Sarandon) uma grande fã do esporte que logo se sente atraída pelo novo membro da equipe. A partir daí já sabemos de antemão o que vai acontecer.

O roteiro brinca com a mitologia de um dos esportes mais queridos dos americanos, fazendo uma ponte entre o sentimento religioso do povo americano com a paixão de alguns devotam pelo beisebol. Kevin Costner está completamente à vontade no papel. Esse de fato foi seu primeiro filme nesse estilo, onde ele basicamente interpretava um personagem galã e bonitão. Com figurino estilizado o ator realmente surpreende e se dá muito bem com sua parceira em cena, Susan Sarandon, aqui investindo sem pudores em seu lado mais sensual. A fita foi extremamente barata (orçamento de meros sete milhões de dólares) e rendeu mais de 50 milhões no mercado interno, um ótimo resultado. Tudo fruto do crescente interesse do público americano pelo ator Kevin Costner. O bom resultado garantiu inclusive o lançamento da película nos cinemas brasileiros, algo raro de acontecer em filmes sobre beisebol pois o público brasileiro sempre pareceu ter aversão a produções sobre esse esporte. Mas não se preocupe sobre isso. Quem não entende nada do beisebol pode ficar tranqüilo pois ele aqui funciona apenas como pano de fundo. O tema central é realmente o relacionamento entre os personagens principais. Como romance o filme se sai muito bem e por isso deixo a recomendação. “Sorte no Amor”, uma bela produção da década de 80 com Kevin Costner no auge de sua popularidade.

Sorte no Amor (Bull Durham, Estados Unidos, 1988) Direção: Ron Shelton / Roteiro: Ron Shelton / Elenco: Kevin Costner, Susan Sarandon, Tim Robbins / Sinopse: jogador veterano chega em pequena cidadezinha da Carolina do Norte para participar da modesta equipe local de beisebol. De quebra acaba se apaixonando por uma fã do esporte.

Pablo Aluísio.