quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Até o Limite da Honra

Na semana passado o presidente Obama sancionou uma nova lei que garante às mulheres uma posição de igualdade dentro das forças armadas americanas. Pela lei anterior as mulheres podiam participar de operações de apoio dentro dos conflitos armados mas não propriamente combater na linha de frente, no front de guerra. Agora não há mais barreiras, as militares poderão entrar nas áreas de fogo cerrado. A notícia me pegou de surpresa para falar a verdade. Sempre pensei que as combatentes femininas americanas tinham amplo acesso ao campo de batalha. Só depois tomei conhecimento que apesar da lei revogada proibir esse tipo de situação era comum e corriqueiro nas guerras do Iraque e Afeganistão a participação de mulheres nos combates, praticamente sem restrição nenhuma. De certa forma a lei anterior tinha caído em desuso e agora com a nova regulamentação tudo fica de acordo com o que já vinha acontecendo de fato. Um exemplo da situação anterior pode ser conferido nesse “Até o Limite da Honra”, filme em que Demi Moore interpreta uma militar que tenta provar aos seus superiores que nada tem a dever em relação aos homens dentro da rígida disciplina de treinamento das forças especiais americanas.

O roteiro e o argumento são auto afirmativos, combatem um preconceito que ainda existia dentro das forças armadas americanas. De fato o que estamos presenciando é a quebra de mais um tabu social, fundado em puro preconceito. O exemplo veio do mercado de trabalho da iniciativa privada onde homens e mulheres já gozam, de forma em geral, de uma situação de igualdade. Faltava instalar essa isonomia dentro dos quartéis e o filme em seu enredo reforça essa situação. Na estória acompanhamos os esforços de uma senadora, Lillian DeHaven (Anne Bancroft), para que a Marinha americana aceite pela primeira vez uma mulher dentro de seu grupo de elite. Obviamente que se trata de uma luta contra o preconceito de índole sexual pois era necessário provar aos oficiais que uma mulher conseguiria passar e ser bem sucedida até mesmo nos mais fortes e puxados treinamentos. A escolhida para enfrentar esse desafio acaba sendo a oficial L.T. O´Neil (Demi Moore). Exposta a grandes desafios, que incluem tortura física e mental, ela se mostra focada em levar suas próprias capacidades físicas ao extremo, A própria atriz Demi Moore teve que passar por um rígido treinamento físico para encarar o papel. Além disso abriu mão de sua vaidade feminina ao aparecer em cena careca e musculosa. O resultado final se justifica pelas boas intenções do roteiro e por algumas boas cenas de treinamento e combate, muito embora nunca consiga de fato perder aquele tom ufanista que tanto prejudica os filmes de guerra em Hollywood. O que fica de bom é sua mensagem, a de que homens e mulheres devem ser tratados de forma igualitária, sem discriminações.

Até o Limite da Honra (G.I. Jane, Estados Unidos, 1997) Direção: Ridley Scott / Roteiro: David N. Twohy, Danielle Alexandra / Elenco: Demi Moore, Viggo Mortensen, Anne Bancroft, Jason Beghe, Daniel von Bargen, John Michael Higgins / Sinopse:  Militar americana se propõe a participar do rígido sistema de treinamento das forças especiais da Marinha para provar aos seus superiores que uma mulher pode perfeitamente ser aprovada e fazer parte da tropa de elite dessa força.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Assédio Sexual

Que tal começarmos o texto com uma definição de Assédio Sexual? Pois bem, assédio sexual é toda tentativa, por parte do superior hierárquico (chefe), ou de quem detenha poder hierárquico sobre o subordinado, de obter dele favores sexuais por meio de condutas reprováveis, indesejá­veis e rejeitáveis, com o uso do poder que detém, como forma de amea­ça e condição de continuidade no emprego. É justamente em torno desse conceito que o enredo do filme “Assédio Sexual” gira. Michael Douglas nunca foi bobo em sua carreira, procurando sempre se envolver em filmes cujos roteiros tratavam sobre aspectos polêmicos, da ordem do dia. Foi assim em várias produções estreladas por ele. No filme ele interpreta Tom Sanders que é subordinado em sua empresa à executiva linha dura Meredith Jonhson (Demi Moore). Ela obviamente tem uma queda por ele mas é sutilmente rejeitada. Inconformada ela começa a usar de seu poder dentro da empresa para forçar a barra com seu subordinado. A situação fica insustentável, caracterizando de forma cabal o chamado “Assédio Sexual”. Perceba que esse filme inverte os papéis. No cotidiano, na vida real, é muito mais comum as mulheres sofrerem assédio, se tornando vítimas. No filme ao contrário temos uma mulher como agressora. No lançamento do filme inclusive surgiram as inevitáveis piadinhas pois era de se perguntar se poderia ser chamado mesmo de assédio o fato de um avião como Demi Moore ficar dando em cima do pobre Michael Douglas. Se ela usar de seu cargo para pressionar uma situação de conotação sexual é claro que sim!

O roteiro foi baseado em mais um best seller de Michael Crichton. É curioso pois ele deu um tempo em seus dinossauros e temas de ficção para adentrar em um tema pé no chão, de conteúdo jurídico. Sua visão sobre o tema é um tanto quanto sensacionalista. Mesmo derrapando na questão legal e jurisprudencial conseguiu ao menos criar um bom entretenimento cujos efeitos logo se fizeram sentir também pois o tema voltou ao centro das conversas e debates, popularizando e conscientizando as pessoas em geral sobre o tema em estudo. Muitos até ficaram repletos de dúvidas sobre seu próprio comportamento dentro do ambiente de trabalho até porque qual seria a linha definitiva que marcaria a separação entre a paquera de boa fé e o assédio sexual? Obviamente esse é um tema que envolve várias vertentes mas o roteiro do filme é até bem didático sobre isso ao mostrar que o assédio começa quando a superioridade hierárquica dentro da empresa começa a funcionar como fator de pressão e constrangimento para que se concretize o enlace sexual. Tirando o assunto da esfera puramente jurídica e voltando ao filme não deixa de ser irônico o fato dessa produção ser estrelada por Michael Douglas. Conforme o ator mesmo esclareceu em diversas entrevistas ele foi por muito tempo viciado em sexo, o que tornaria a situação do filme completamente surreal caso fosse transposta para sua vida pessoal. Inclusive não faltaram fofocas que afirmavam que Douglas e Moore foram muito além do profissional durante as filmagens. Bem, isso não importa muito. De qualquer modo fica a dica desse “Assédio Sexual”, um thriller com ares de manual de direito privado. Só não tente imitar os personagens em sua vida pessoal, pois pode ser bem perigoso.

Assédio Sexual (Disclosure, Estados Unidos, 1994) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Paul Attanasio baseado no livro de Michael Crichton / Elenco: Michael Douglas, Demi Moore, Donald Sutherland, Roma Maffia / Sinopse: Executiva poderosa começa a assediar seu subordinado dentro da empresa em que trabalha, prejudicando assim sua vida profissional e pessoal.

Pablo Aluísio.

Desventuras em Série

Alguns filmes se destacam mais por algum aspecto técnico do que propriamente por suas virtudes artísticas. “Desventuras em Série” se encaixa nesse caso. O filme tem uma direção de arte de encher os olhos pois tudo é muito bem realizado nesse aspecto. Figurinos e maquiagem também impressionam, em especial a que foi realizada em Jim Carrey, o transformando em um velho ganancioso e cruel. Infelizmente param por aqui as qualidades do filme. Na realidade é uma adaptação de uma série de livros – totalizando 13 volumes – que contam a estória de três órfãos que acabam indo parar nas mãos de um tio ranzinza e inescrupuloso. Acontece que as crianças são herdeiras de uma grande fortuna deixada por seus pais, o que obviamente desperta a cobiça do tio ganancioso, o Conde Olaf (Jim Carrey). O tom obviamente é de fábula mas o resultado deixa a desejar talvez por se incompleto – o roteiro se baseou em apenas três dos treze livros que compõe o enredo. Diante disso as lacunas se acumulam e a sensação de que está faltando algo se torna obviamente evidente. A intenção original do estúdio era praticamente inaugurar uma nova franquia ao estilo Harry Potter mas a bilheteria não justificou a produção de novos filmes com esses personagens. Assim tudo ficou pelo meio do caminho, praticamente sem desfecho ou conclusão.

No final das contas o que se salva nesse “Desventuras em Série” é a já citada produção classe A e as presenças de carismáticos atores juvenis que dão muito bem conta do recado. Violet (Emily Browning), Klaus (Liam Aiken) e Sunny (Kara/ Shelby Hoffman) Baudelaire chamam atenção pelo talento precoce. Não é para menos, tanto nos EUA como na Inglaterra há uma longa tradição de ensino de teatro e arte dramática nas escolas (algo inexistente em nosso país) que acaba formando toda uma nova geração de bem desenvolvidos atores mirins. É incrível como conseguem atuar sem receios ao lado de gente como Meryl Streep (aqui fazendo uma pequena participação como a tia Josephine, uma mulher que tem medo de tudo e nutre uma verdadeira obsessão pela gramática falada e escrita corretamente). Já Jim Carrey segue seu estilo. O ator já está acostumado a trabalhar usando forte maquiagem e não se intimida com sua transformação física exigida pelo papel. No making off podemos inclusive ver como era penosa a construção dos vários tipos que o Conde Olaf se utiliza ao longo do filme. Em alguns casos Carrey ficava por até três horas no processo de maquiagem – algo realmente incômodo e complicado. Em suma, “Desventuras em Série” provavelmente irá agradar a garotada, mesmo sendo incompleto como é. Se pelo menos despertar a curiosidade dos mais jovens em relação aos demais livros da série, despertando assim o gosto pela leitura, já terá valido a pena.

Desventuras em Série (Lemony Snicket's A Series Of Unfortunate Events, Estados Unidos, 2004) Direção: Brad Silberling / Roteiro: Robert Gordon, Daniel Handler / Elenco: Jim Carrey, Meryl Streep, Jude Law, Emily Browning, Liam Aiken, Kara Hoffman. / Sinopse: Três órfãos que acabam indo parar nas mãos de um tio ranzinza e inescrupuloso. Acontece que as crianças são herdeiras de uma grande fortuna deixada por seus pais, o que obviamente desperta a cobiça do tio ganancioso, o Conde Olaf (Jim Carrey) que deseja se apoderar do dinheiro.

Pablo Aluísio.

Precisamos Falar Sobre o Kevin

Título no Brasil: Precisamos Falar Sobre o Kevin
Título Original: We Need to Talk About Kevin
Ano de Produção: 2011
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: BBC Films, UK Film Council
Direção: Lynne Ramsay
Roteiro: Lynne Ramsay
Elenco: Tilda Swinton, John C. Reilly, Ezra Miller
 
Sinopse:
Eva Khatchadourian (Tilda Swinton) tenta reconstruir sua vida familiar que inclui um herdeiro que nunca quis ter. O garoto, além de ser uma das razões do desgaste do relacionamento entre ela e o marido, se transforma em um homicida ao elaborar e executar um massacre na escola onde estuda. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz (Tilda Swinton). Também indicado ao BAFTA Awards.

Comentários:
"Precisamos Falar Sobre o Kevin" é um dos melhores filmes de 2011. Com roteiro extremamente bem escrito o filme levanta muitas questões relevantes sobre o papel familiar nas tragédias ocorridas com jovens assassinos (como vimos acontecer na vida real em Columbine e outros centros educacionais nos EUA e até no Brasil). Até que ponto o núcleo familiar em que foram criados esses criminosos influenciaram na formação delitiva desses indivíduos? Será que familiares devem ser responsabilizados de alguma forma por esses acontecimentos? Outro ponto central é o debate sobre a educação que é dada hoje em dia em jovens e adolescentes. Será que tratar o filho como um "amigão", sem impor freios ou limites é realmente uma boa ideia? 

Por fim, embora muita gente não tenha se apercebido disso, "Precisamos Falar Sobre Kevin" retrata muito bem a meu ver o chamado "amor incondicional de mãe". Curioso como Kevin desde cedo apresenta uma personalidade estranha e sinistra mas mesmo assim sua mãe jamais o abandona. Tenta ter com ele um laço de afeto e carinho, apesar de como sabemos isso é quase impossível em personalidades psicopatas. O elenco é liderado por Tilda Swinton no papel da mãe de Kevin. Seu trabalho é um dos mais ricos e meticulosos que vi recentemente. Sua incapacidade de criar um elo com Kevin, seu estado físico e mental, seu grito interior e desespero são marcantes. John C. Reilly também está muito bem, embora seu papel seja de segunda importância e ele não tenha grande espaço em cena. Dos atores que interpretam Kevin (pois ele é mostrado em várias fases de sua vida desde a infância até a adolescência) o único que não gostei foi do pequeno Kevin. O ator mirim tem cara de capetinha mas mesmo assim não convence muito. Em suma, poderia passar horas aqui falando sobre tudo o que foi enfocado pelo filme, seja de forma direta ou indireta mas isso seria mera perda de tempo. O importante é recomendar para que cada um tire suas próprias conclusões.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Perigo em Bangkok

Mais um filme que Nicolas Cage fez na bacia das almas para pagar seus impostos atrasados. O diferencial aqui é que o estúdio na vã tentativa de tirar a carreira do astro da decadência resolveu importar uma dupla de diretores tailandeses para dirigir o novo filme de Cage. E o pacote veio completo do oriente pois além de dirigir, os cineastas orientais também se comprometeram a realizar esse remake de sua própria obra, pois o roteiro já tinha virado filme em seu país natal. Essa nova versão Made in Hollywood segue os mesmo passos do filme original ao mostrar um assassino profissional que sempre é contratado paras as mais complicadas “missões”. Eficiente e profissional ele acaba criando um nome no mercado mas ao mesmo tempo sente o peso de ser quem é, pois não consegue criar laços com ninguém, nem constituir família, pois seus serviços tornam isso praticamente impossível. Até que cansado do isolamento e da solidão em que vive resolve arranjar um parceiro, um nativo, e nesse processo também se apaixona por uma linda mulher da região, o que acaba transformando sua vida em um tremendo caos.

“Perigo em Bangkok” não traz novidades para a combalida carreira de Nicolas Cage. O roteiro é clichê até dizer chega e a atuação do ator é completamente no controle remoto. Um tanto sorumbático, atuando preguiçosamente, Cage mais parece um burocrata do cinema que tem que encarar projetos como esse para colocar sua vida financeira e fiscal em dia do que alguém que realmente ama o que faz. A tentativa de realizar um remake americano de um filme tailandês também não se revela uma boa idéia. O original é uma fita sem qualquer atrativo além das intermináveis lutas de artes marciais, uma atrás da outra. Roteiro praticamente inexistente, foi feito para as massas iletradas do oriente próximo. Tentar trazer alguma substância e conteúdo para algo assim é perda de tempo. Cage fixa o olhar no horizonte, faz cara de deprimido, tenta de forma bem negligente trazer alguma personalidade ao seu papel mas tudo isso é em vão. As cenas de ação são sonolentas e não empolgam. Enfim, “Perigo em Bangkok” simplesmente não funciona se tornando mais um projeto obtuso nessa péssima fase que o ator vem enfrentando.

Perigo em Bangkok (Bangkok Dangerous, Estados Unidos, 2008) Direção: Oxide Pang Chun, Danny Pang / Roteiro: Jason Richman / Elenco: Nicolas Cage, James With, Charlie Yeung, Shahkrit Yamnarm, Panward Hemmanee, Philip Waley. / Sinopse: Joe (Nicolas Cage) é um assassino profissional que paga caro por seu estilo de vida. Solitário e vivendo de forma obscura ele acaba abrindo mão de seus dogmas profissionais ao contratar os serviços de Kong (Shahkrit Yamnarm), um larápio de rua. Para piorar ainda mais sua situação se apaixona por uma nativa, o que acaba transformando sua vida em um completo caos.

Pablo Aluísio.

O Vingador do Futuro

Depois de "O Exterminador do Futuro" esse é o melhor filme de ficção da carreira de Arnold Schwarzenegger. O roteiro foi baseado no conto intitulado "We Can Remember It for You Wholesale", de Philip K. Dick. Esse autor teve vários de seus  livros adaptados para o cinema com grande êxito. Basta lembrar de "Blade Runner" para entender sua importância para a sétima arte. Aqui temos uma adaptação bem mais livre do texto original. O escritos de Dick nem sempre são facilmente transpostos para o cinema e por essa razão alguns filmes apenas usam da idéia central para construir a partir daí todo um argumento novo, com cenas e sequências que nunca foram criadas pelo escritor. "O Vingador do Futuro" reflete bem isso.  A trama se passa no distante ano de 2084. A estória começa quando um operário resolve entrar no programa Total Recall que promete simular uma viagem de férias dentro da mente do usuário. Ele terá assim as mesmas sensações e prazeres de uma viagem real só que com custo muito menor e sem o aborrecimento de ter que enfrentar os preparativos de  uma viagem real. O problema é que algo dá errado e Quaid (Schwarzenegger) se vê envolvido numa complicada rede de conspirações envolvendo o planeta vermelho, nosso vizinho Marte.

O filme foi dirigido pelo ótimo cineasta Paul Verhoeven bem no auge criativo de sua carreira. "O Vingador do Futuro" foi muito badalado em seu lançamento porque trazia efeitos especiais inovadores que utilizavam a ainda nova tecnologia dos efeitos digitais que anos depois virariam lugar comum nas produções do gênero. Como não poderia deixar de ser a película também procurava tirar bastante proveito da presença de Arnold Schwarzenegger, na época um campeão de bilheteria absoluto que conseguia atrair um grande público para seus filmes. Por essa razão o roteiro usa e abusa de espetaculares cenas de ação e lutas - algo que sequer foi pensando pelo autor Philip K. Dick em seus escritos originais. Outro destaque é a presença de linda Sharon Stone. Amargando alguns filmes fraquinhos no currículo no começo de sua carreira ela aqui tinha a primeira grande chance de chamar mais a atenção do grande público. Dois anos depois seria alçada a mito sexual do cinema com o grande sucesso de "Instinto Selvagem", naquele que seria o papel definitivo de sua vida. Em suma é isso. "O Vingador do Futuro" é uma excelente ficção que mistura ação, aventura e fantasia na medida certa. Recentemente houve um mal sucedido remake estrelado por Colin Farrell, o que prova mais uma vez que certas obras já encontraram sua versão definitiva no mundo do cinema. Tentar refazer algo assim é simplesmente desnecessário.

O Vingador do Futuro (Total Recall, Estados Unidos, 1990) Direção: Paul Verhoeven / Roteiro: Dan O'Bannon, Ronald Shusett e Gary Goldman baseados na obra de Philip K. Dick / Elenco: Arnold Schwarzenegger, Sharon Stone, Rachel Ticotin, Ronny Cox / Sinopse: Operário resolve fazer uma viagem virtual em sua mente usando de um programa que simula férias para seu usuário. Devido a uma pane no sistema ele acaba se vendo envolvido numa complicada teia de conspirações sobre o planeta vermelho, Marte. Vencedor do prêmio Saturn na categoria melhor filme de ficção científica do ano.

Pablo Aluísio.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Cada Um Vive Como Quer

Caso raro de título nacional que se encaixa muito bem na trama do filme. “Cada Um Vive Como Quer” é justamente o espírito desse argumento muito interessante onde acompanhamos o dia a dia de Bob (Jack Nicholson), um trabalhador comum dos campos de extração de petróleo no interior dos EUA. Ele não gosta do emprego mas segue em frente pois afinal é um trabalho para se viver. Nas horas de folga vai ao boliche com seus colegas de trabalho. Bebe e se diverte. Também mantém um relacionamento com Rayette (Karen Black), uma garçonete sem educação que fala pelos cotovelos – geralmente besteiras. Mesmo assim tenta manter esse namoro que obviamente não vai a lugar nenhum. O que parece ser o retrato de vida de um típico operário americano muda de foco quando Bob sabe através de sua irmã que seu pai que mora em outro estado sofreu dois derrames e se encontra impossibilitado de falar e expressar qualquer emoção. Chocado ele resolve fazer uma visita ao velho. Lá chegando o seu passado finalmente se revela. Bob (Nicholson) não é apenas um operário qualquer mas sim um sujeito talentoso que teve uma das melhores educações do ramo musical clássico. Embora seja um instrumentista raro e de habilidade ímpar ele não soube lidar com a pressão da profissão e resolveu largar tudo, vivendo da maneira como achava melhor.

“Cada Um Vive Como Quer” é um ótimo momento da filmografia do ator Jack Nicholson. O considero um dos três maiores atores vivos ao lado de Al Pacino e Robert De Niro. Aqui Jack está brilhante como um homem que larga tudo para viver da forma que bem entende, mesmo que para isso subestime seu talento e sua virtuosidade no piano clássico. Podendo lutar por um lugar em qualquer orquestra do país ele resolve trilhar outro caminho, exercendo profissões que geralmente são ocupadas por trabalhadores sem educação ou qualificação profissional. Vira um homem comum, vivendo uma vida comum. Seu retorno a casa de seu pai é o grande catarse do roteiro pois lá ele reencontra todos os familiares e amigos que fizeram parte de sua vida, professores de música, intelectuais e escritores, um ambiente completamente diferente do que vive no momento, pois seu círculo de amigos é formado basicamente por membros iletrados do operariado. Até sua nova namorada, uma garçonete histriônica, não parece se encaixar em nada no ambiente culto em que cresceu. Desse choque de realidades nasce o conflito interno do personagem. Jack demonstra isso de forma brilhante em sua caracterização. Sempre beirando a depressão, indeciso sobre suas próprias escolhas na vida, ele hesita bastante antes de seguir em frente. A cena final é sintomática nesse aspecto quando Bob simplesmente resolve dar mais uma guinada nos rumos de sua vida.  A indicação ao Oscar de Melhor Ator para Jack Nicholson foi mais do que merecida (ele perderia o prêmio para George C. Scott nesse ano). O estilo e o desenvolvimento do enredo pode ser até mesmo considerado cru, se comparado com o cinema atual, mas isso em nenhum momento desmerece ou diminui o ótimo roteiro que Bob Rafelson soube tão bem lapidar. Outro destaque é a ótima trilha sonora com muito country e música clássica (uma mistura bem incomum). Enfim, ótimo drama sobre o cotidiano ordinário e as lutas internas travadas por um homem comum que busca um rumo definitivo em sua vida.

Cada Um Vive Como Quer (Five Easy Pieces, Estados Unidos, 1970) Direção: Bob Rafelson / Roteiro: Bob Rafelson, Carole Eastman, Carole Eastman / Elenco: Jack Nicholson, Karen Black, Billy Green Bush / Sinopse: Bob é um operário da indústria petrolífera que esconde em seu passado uma realidade que em nada lembra sua atual situação econômica e social. Indicado aos Oscars de Melhor Filme, Melhor Ator (Jack Nicholson), Melhor Atriz Coadjuvante (Karen Black) e Melhor Roteiro Original.

Pablo Aluísio.

O Último Samurai

O diretor Edward Zwick dirigiu um dos melhores filmes sobre a Guerra Civil americana, “Tempo de Glória”. Em “O Último Samurai” ele voltou ao tema ou quase isso. O personagem principal do filme é um veterano dessa guerra que deixou milhões de mortes em solo americano, Nathan Algren (Tom Cruise). O veterano Capitão das tropas da União tenta conviver com os fantasmas desse conflito que ainda insistem em lhe assombrar. Mergulhado no alcoolismo não consegue mais visualizar nenhum objetivo de vida a alcançar. Sua salvação vem do outro lado do mundo, no Japão. Sociedade rigidamente hierarquizada e tradicional o país do sol nascente sofre com aquela que seria a última linhagem dos mitológicos guerreiros samurais. Rebelados, eles agora enfrentam as forças do Império. Para derrotar essa casta de forma definitiva o imperador Meiji resolve importar soldados americanos que lutaram na Guerra Civil, entre eles o atormentado capitão Nathan. O que se sucede depois é uma série de combates onde o estilo tradicional de guerra, fortemente enraizado em um milenar código de honra dos samurais, entra em choque com a tecnologia e o modo pragmático das táticas militares norte-americanas. Feito prisioneiro no campo de batalha, Nathan acaba ficando sob custódia do líder samurai Katsumoto (Ken Watanabe) e fica fascinado com a filosofia e o modo de vida desses combatentes. Não tarda a sofrer uma grande crise de consciência que o fará finalmente mudar de lado dentro do conflito.

Mais uma produção com ares de épico da carreira de Tom Cruise. Aqui ele vai até o Japão para combater a arte milenar dos samurais (famosos guerreiros nipônicos) mas acaba sendo seduzido por seu estilo de vida. É o velho choque de culturas entre o oriente e o ocidente, que tão bem já foi explorado pelo cinema em inúmeras produções. A produção é de primeira linha, com ótima fotografia e direção de arte. Tudo foi recriado com muito cuidado e capricho, sempre procurando ser o mais historicamente correto possível. Essa reconstituição histórica minuciosa é certamente uma das melhores coisas de “O Último Samurai”. Não é para menos, o projeto foi inteiramente desenvolvido para o astro Tom Cruise novamente brilhar nas bilheterias. O ator há muito é considerado um dos mais populares no Japão e o filme de certa forma aproveitou disso para faturar em cima de sua popularidade. O resultado comercial foi mais do que bem sucedido com 450 milhões de dólares de faturamento. O filme só não foi considerado um êxito completo porque Cruise e os realizadores tinham pretensões de tornar “O Último Samurai” um campeão também na Academia. Investindo pesado em marketing o estúdio tinha esperanças de que a produção conseguisse várias indicações e Oscars, até mesmo nas principais categorias, mas no final das contas não obteve sucesso nesse aspecto. A Academia sempre teve certo preconceito contra filmes que apelassem demais para a ação. Esse foi o pecado do roteiro, se focou demais nas cenas de combate, não desenvolvendo mais o lado dramático do argumento. Nesse processo acabou sendo esnobado nas premiações. No final das contas “The Last Samurai” só se tornou mesmo um sucesso comercial. De qualquer modo é um filme muito bom que merece ser redescoberto pelas jovens platéias.
   
O Último Samurai (The Last Samurai, Estados Unidos, 2003) Direção: Edward Zwick / Roteiro: Marshall Herskovitz, John Logan, Edward Zwick / Elenco: Tom Cruise, Ken Watanabe, Billy Connolly, Tony Goldwyn, Masao Harada./ Sinopse: Nathan Algren (Tom Cruise) é um capitão veterano da guerra civil americana vai até o Japão para combater a arte milenar dos samurais (famosos guerreiros nipônicos) mas acaba sendo seduzido por seu estilo e filosofia de vida.

Pablo Aluísio.

Aventureiros de Fogo

Título no Brasil: Os Aventureiros de Fogo
Título Original: FireWalker
Ano de Produção: 1986
País: Estados Unidos
Estúdio: Cannon Group
Direção: J. Lee Thompson
Roteiro: Robert Gosnell, Jeffrey M. Rosenbaum
Elenco: Chuck Norris, Louis Gossett Jr, Melody Anderson
  
Sinopse:
Dois aventureiros resolvem partir em busca de tesouros das antigas civilizações Astecas, Maias e egípcias, na América Central e em outras regiões inóspitas e perdidas do mundo. Na busca pelo ouro encontrarão muitas aventuras em locais exóticos e perigosos. Um filme de Chuck Norris em uma aventura ao estilo Indiana Jones.

Comentários:
Em 1986 a produtora Cannon Group resolveu escalar seu astro Chuck Norris para estrelar o filme "FireWalker", uma produção que procurava seguir os passos de Indiana Jones. Ao seu lado foi contratado o ator e ídolo black Louis Gossett Jr que tinha se destacado na aventura B “Águia de Aço”, um genérico do grande sucesso “Top Gun – Ases Indomáveis”. A produção seria realizada no México por causa das locações exóticas que o país poderia disponibilizar para a fotografia do filme e os baixos custos de se filmar por lá. Era um filme bem diferente para Chuck Norris. O ator que vinha de vários sucessos em filmes de ação que seguiam o estilo mais cru, tinha agora que bancar o aventureiro cheio de piadinhas do script. Definitivamente não era bem a praia dele. A Cannon apostava em um grande sucesso tanto que investiu mais do que costumava investir em efeitos especiais e pirotecnia. O diretor contratado era J. Lee Thompson, o mesmo que havia dirigido “As Minas do Rei Salomão” outro genérico de Indiana Jones pela mesma Cannon. Já deu para perceber logo de cara que originalidade realmente não era o forte desse “Aventureiros de Fogo”. Apesar dos esforços do estúdio o filme não conseguiu se dar bem nas bilheterias. Os fãs de Norris gostavam de vê-lo em filmes mais simples, de pura pancadaria, não uma produção que procurava seguir os passos dos famosos filmes de Spielberg. Ele tinha seu próprio estilo e imitar os outros soava como uma péssima ideia. O roteiro também não era nada bom, muito mal escrito e sem boas cenas de ação (um pecado para o fã clube de Chuck Norris). 

Assim o filme simplesmente não pegou, não deu certo. A crítica por sua vez detestou (mais do que o normal em se tratando de filmes de Norris). “Imbecil”, “Péssimo” e “estúpido” foram adjetivos usados para qualificar o filme. O próprio Chuck Norris ficou chateado com o resultado. Para falar a verdade ele nunca havia comprado inteiramente a ideia. Como resultado da má repercussão do filme ele resolveu dar um tempo e ficou dois anos longe das telas de cinema, só retornando com “Braddock 3” que logo também se tornou um fracasso de público e crítica. De qualquer modo “Aventureiros de Fogo” marcou o fim da melhor fase do ator nas telas de cinema. A década de 1980 foi onde ele realizou seus maiores sucessos comerciais. Filmes simples, sem muitos recursos, com orçamentos bem modestos, mas que conseguiam trazer bom retorno de bilheteria. O erro do estúdio foi tentar transformá-lo em um novo Harrison Ford, coisa que ele definitivamente não era. Depois disso Norris rompeu com a Cannon e tentou bancar seus próprios filmes, algo que não deu muito certo. A salvação só viria mesmo na TV quando finalmente reencontraria o sucesso na pele de um Texas Ranger durão. No final fica a lição, não se pode transformar um ator em outro, por mais sedutora que seja essa ideia.

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Guerreiros de Fogo

Quando os primeiros cartazes de “Guerreiros de Fogo” surgiram nos cinemas brasileiros muita gente pensou tratar-se de mais uma aventura com Conan, o famoso personagem dos quadrinhos. Não era para menos. O filme era estrelado pela montanha de músculos Arnold Schwarzenegger, o mesmo que havia encarnado o guerreiro em uma outra produção do mesmo estúdio Dino de Laurentis que também havia realizado essa película. Além disso o pôster oficial com o ator em  uma pose típica lembrava demais o personagem bárbaro. Mas não era Conan e sim Kalidor que Schwarzenegger interpretava. De fato nem era o principal papel do filme. Na verdade “Guerreiros de Fogo” tinha como foco contar a estória de Red Sonja, uma guerreira do mesmo universo de Conan, também criada pelo autor Robert E. Howard. A protagonista era interpretada pelo loiraça Brigitte Nielsen que se tornaria a esposa de Sylvester Stallone. É curioso assistir a esse filme e perceber que Arnold não passa na verdade de um coadjuvante de luxo. Ele já tinha estourado com “O Exterminador do Futuro” e esse papel secundário só foi aceito porque ele tinha uma dívida de gratidão com Dino de Laurentis, que o havia escalado no primeiro Conan, abrindo as portas do cinema para o austríaco musculoso.

Revisto hoje em dia “Guerreiros de Fogo” soa bem datado. Não é surpresa. O filme teve um orçamento bem mais modesto do que Conan, por exemplo, e tinha um roteiro frouxo, sem foco. Arnold Schwarzenegger apenas passeia de lá pra cá, solta algumas porradas e não parece estar muito interessado. Pior se sai Brigitte Nielsen que provava com o filme que não tinha carisma suficiente para virar uma estrela. De fato era uma mulher impressionante, alta, bonita, com belo físico, mas como atriz era realmente uma nulidade. Sua carreira no cinema sofreria um golpe mortal quando resolveu trair Stallone com a secretária. Na época não se sabia que ela tinha tendências bissexuais mas o fato é que a mãe de Stallone, ao visitar a mansão do filho de surpresa, a pegou no flagra transando com a secretária particular do ator. A reação de Sly foi o pedido imediato do divórcio e a demissão de sua empregada (óbvio). A partir daí Brigitte cairia em um grande ostracismo. A dinamarquesa que teve seu primeiro papel aqui logo afundou, estrelando uma coleção incrível de filmes sem expressão, medíocres. No saldo final “Guerreiros de Fogo” deve ser assistido pelos fãs de Arnold Schwarzenegger e nada mais. Não é uma grande aventura de ação e nem uma bela adaptação dos quadrinhos que lhe deram origem. Vale apenas como curiosidade de ver o astro austríaco fazendo um genérico de Conan, o Bárbaro.

Guerreiros de Fogo (Red Sonja, Estados Unidos, 1985) Direção: Richard Fleischer / Roteiro: Clive Exton baseado na obra de Robert E. Howard / Elenco: Arnold Schwarzenegger, Brigitte Nielsen, Sandahl Bergman / Sinopse: A guerreira Red Sonja (Brigitte Nielsen) parte para a vingança contra uma rainha maléfica que destruiu sua família. Filme baseado em personagens do mesmo universo que Conan, o cimério de bronze.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

The Factory

A sombria e gelada Buffalo, N.Y, vira cenário de uma série de crimes violentos contra prostitutas. O mais curioso é que os corpos das vítimas raramente são encontrados. Sem pistas o Departamento de Polícia deixa o caso praticamente arquivado mas o policial Mike Fletcher (John Cusack) resolve ir até o fim nas investigações. Ao lado de sua parceira Kelsey (Jennifer Carpenter ) ele tenta descobrir a verdadeira identidade do assassino que ao que tudo indica é uma pessoa da comunidade, que trabalha e vive na cidade, embora incógnito. O que Mike não esperava era que sua própria filha, a adolescente Abby (Mae Whitman), se tornasse uma das vítimas do serial killer. Agora mais do que nunca ele terá que desvendar a série de crimes da forma mais rápida possível, utilizando de todos os meios legais e ilegais colocados à sua disposição. “The Factory” é mais um filme cuja trama se passa nesse universo tão americano dos assassinos em série. Esse é um tipo de criminoso diferente, que não mata por necessidade econômica ou para suprir algum problema social, na realidade o Serial Killer mata por puro e simples prazer. Insensível aos sentimentos que são normais a qualquer pessoa ele simplesmente mata pelo poder que isso lhe proporciona ou por uma necessidade psicológica de cometer o crime. O cinema obviamente não deixaria passar esse tipo de sociopata em branco e por isso sempre temos novos filmes enfocando esse tipo de homicida.

Infelizmente “The Factory” não está entre os melhores filmes já realizados sobre o tema. A trama é derivativa demais, pegando pedaços de outras produções de sucesso, jogando tudo no liquidificador para se dar a falsa impressão de se estar assistindo a algo novo. Não colou. O roteiro tem uma das reviravoltas mais absurdas e sem sentido do cinema americano nos últimos anos. Uma mudança no comportamento de um dos personagens principais que não tem a menor lógica e só está no texto para causar surpresa e espanto no público. Infelizmente o efeito passa longe de ser o desejado, só causando mesmo frustração e arrependimento de ter visto o filme. A única coisa mais interessante nessa produção é seu elenco. John Cusack faz o tira obcecado. Eu particularmente gosto do Cusack mas não há como negar que sua carreira está em baixa nos últimos anos. Ao seu lado duas estrelas da TV americana. A primeira é Jennifer Carpenter, que os fãs de séries irão conhecer imediatamente pois ela interpreta uma das principais personagens de “Dexter”. Ela é a irmã tira boca suja do psicopata mais famoso da TV. Curioso é que seu papel aqui lembra e muito o que faz no seriado. A segunda estrela é  Mae Whitman, a atriz gordinha de “Parenthood”. Tal como na série ela aqui também faz uma adolescente que tenta lidar com os problemas típicos de sua idade. Enfim, “The Factory” realmente deixa a desejar. No final das contas é um policial com muitos clichês e sem idéias novas. E a tal fábrica do título original? Bom, como não estamos aqui para estragar as surpresas de ninguém que vá assistir ao filme não falaremos nada sobre ela. Você vai ter que ver para entender do que se trata. Boa sorte!

The Factory (The Factory, Estados Unidos, 2012) Direção: Morgan O'Neill / Roteiro: Morgan O'Neill, Paul Leyden / Elenco: John Cusack, Jennifer Carpenter, Mae Whitman, Dallas Roberts, Vincent Messina / Sinopse: Serial Killer mata uma série de prostitutes numa gelada cidade do estado de Nova Iorque. Em seu encalço está um tira obcecado em lhe prender. As coisas se complicam quando a filha adolescente do policial acaba caindo nas mãos do psicopata. Agora ele terá que lutar para salvar sua filha das mãos do criminoso.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Argo

Para entender a trama de Argo é necessária uma pequena explicação sobre o contexto histórico em que o enredo se desenvolve. Durante anos os Estados Unidos deu apoio a um líder fantoche no Irã chamado Mohammad Reza Pahlavi. Esse foi um dos mais brutais ditadores do Oriente Médio – uma região muito rica nesse tipo de déspota sanguinário. Com apoio americano o Xá Reza Pahlavi torturou, matou e executou centenas de milhares de opositores ao seu regime. Tamanha opressão criou uma consciência popular entre o povo do Irã que clamava por mudanças políticas em seu país. E ela veio sob a forma de uma revolução de conteúdo religioso liderada pelo carismático e popular líder islâmico Iatolá Komeini. Assim que esse tomou o poder o antigo ditador Pahlavi fugiu para os EUA em busca de asilo político. O povo revoltado então resolveu invadir a embaixada americana no Irã, fazendo todos os seus funcionários como refém até que os americanos lhe entregassem de volta o antigo ditador. Seis desses funcionários conseguiram fugir antes da tomada da embaixada e encontraram refúgio na casa do embaixador canadense na capital Iraniana. É justamente aqui que começa a trama de “Argo”, quando a CIA resolve resgatar esses diplomatas. Mas como fazer isso dentro de um clima tão instável como aquele?

Nesse ponto surge o plano do agente Tony Mendez (Ben Affleck), A CIA tinha consciência que agentes deveriam entrar no Irã para resgatar essas pessoas mas sem conflito. Deveria ser realmente um serviço limpo, sem mortes, de inteligência. Após vários planos que logo se mostravam falhos, Mendez sugeriu um no mínimo ousado e inusitado. Entrar no Irã disfarçados como membros de uma equipe de cinema. Assim eles estariam no país em busca de locações para as filmagens de uma ficção científica típica da década de 70 chamada “Argo”. Para parecer real a CIA realmente teria que armar toda uma encenação ainda nos EUA usando a imprensa para divulgar “Argo”. Dessa forma não levantariam suspeitas de que tudo não passava de um plano de resgate da agência. Um roteiro vagabundo foi adquirido, atores contratados e até mesmo uma conferência de imprensa montada. No comando dessa operação apenas Mendez (Affleck), um especialista em maquiagem chamado John Chambers (John Goodman) e um produtor veterano, Lester Siegel (Alan Arkin) sabiam da verdade, da realidade dos fatos. Embora o enredo pareça muito fantasioso o fato é que tudo aconteceu mesmo de verdade, foi uma história real. Essa operação muito criativa só foi reconhecida pela CIA muitos anos depois. Inclusive nos créditos finais surge a narração do próprio presidente americano da época, Jimmy Carter, explicando os eventos e agradecendo ao verdadeiro agente Tony Mendez pelo seu trabalho.

“Argo” é o segundo candidato ao Oscar de Melhor filme desse ano cujo enredo gira em torno de uma operação secreta da CIA. O primeiro foi o polêmico “A Hora Mais Escura”. Ambos tem semelhanças entre si, pelo próprio contexto em que se passa a estória mas “Argo” se mostra superior em vários aspectos. Curiosamente o ator Kyle Chandler está em ambos os filmes fazendo o mesmo tipo de personagem, um diretor da agência de inteligência americana. Aqui em “Argo” outro destaque do elenco é o excelente ator da série “Breaking Bad”, Bryan Cranston. Quem acompanhou a série sabe de seu inegável talento. Aqui seu personagem não é muito presente em cena mas se destaca por estar no centro de controle da operação em Washington. “Argo” é um projeto pessoal de Ben Affleck. Durante anos ele foi considerado apenas mais um canastrão em Hollywood mas depois que passou a dirigir filmes foi surpreendendo cada vez mais. Certamente o talento que lhe falta como intérprete foi compensado pela sua habilidade em dirigir bem. Recentemente inclusive levou o Globo de Ouro de melhor direção justamente por esse filme. Além disso a produção foi agraciada pelo mesmo prêmio como melhor filme (Drama) do ano. Será que desbancará “Lincoln” na noite do Oscar, levando a mais cobiçada estatueta do cinema? Há grandes possibilidades disso realmente acontecer. “Argo” certamente poderá sair consagrado na noite de premiação da Academia. Só nos restar esperar.

Argo (Argo, Estados Unidos, 2012) Direção: Ben Affleck / Roteiro: Chris Terrio / Elenco: Ben Affleck, Bryan Cranston, John Goodman,  Kyle Chandler,  Alan Arkin,  Victor Garber / Sinopse: Um agente da CIA elabora um plano ousado para resgatar um pequeno grupo de diplomatas americanos que precisam sair do Irã o mais rapidamente possível. Ele se disfarça de produtor de cinema, fingindo estar procurando locações para seu novo filme de ficção chamado “Argo”, para assim retirar os americanos do país. Vencedor do SAG Award de Melhor Elenco.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A Hora Mais Escura

Recentemente comentei aqui no blog o livro “Não Há Dia Fácil”, escrito por um dos membros da equipe especial SEAL das forças militares americanas que foi ao Paquistão e lá matou o terrorista Osama Bin Laden. “A Hora Mais Escura” conta a mesma história só que bem mais detalhada e sob o ponto de vista de uma agente da CIA que participou de toda a operação que foi criada para capturar e matar o líder da Al-Qaeda. “Zero Dark Thirty” foi indicado a vários Oscars, inclusive o de melhor filme mas tem sido alvo de polêmicas os EUA. Isso porque grande parte do começo da produção se concentra em mostrar os métodos de tortura da CIA para a obtenção de informações dos terroristas presos. Nesse campo os agentes norte-americanos não ficam em nada a dever aos torturadores de porão dos regimes de ditadura das chamadas repúblicas bananeiras (como alguns ianques se referem aos países latino-americanos abaixo da linha do Equador). Assim como aconteceu com Brasil, Argentina e Chile no auge de suas ditaduras militares, as prisões controladas pelo governo americano usaram e abusaram de métodos de tortura para se chegar ao mais famoso terrorista da história. Para alguns analistas o filme de certa forma louvaria esses métodos, mostrando, mesmo que indiretamente, sua eficácia – até porque foi assim que se conseguiu chegar até a casa de Bin Laden no Paquistão.

Estaria a diretora Kathryn Bigelow (a mesma de “Guerra ao Terror” e ex-esposa de James Cameron) dando aval a esse tipo de prática? Sinceramente não consegui ver dessa forma. Na realidade o filme adota uma postura neutra em relação a isso, nem condenando abertamente e nem avalizando esse tipo de prática. O roteiro na verdade apenas mostra o que aconteceu e tenta não passar nenhum juízo de valor sobre isso. Talvez essa falta de condenação com o que ocorre na tela tenha sido o fator que incomodou tanto. A verdade pura e simples é que após 11 de setembro de 2001 a pressa e o desespero de se colocar as garras em Bin Laden passaram a ser justificativas para várias práticas ilegais e criminosas. A pressão da opinião pública fez com que o governo dos EUA partisse para o vale tudo. Nisso se jogou pela janela anos e anos de tradição liberal e de defesa dos direitos individuais das leis e da constituição daquele país. A impressão que passa é que no calor dos acontecimentos simplesmente se ignorou vários fundamentos que formam os ideais mais caros da democracia americana. Para se ter uma idéia todos os presos acusados de terrorismo sequer tiveram direito a julgamentos judiciais. Devido processo legal, contraditório, direito de defesa e vários outros preceitos foram totalmente desprezados. A única “lei” que imperou nessa busca foi a da tortura e da violência sem freios.

O filme adota um tom quase documental. Os personagens são membros da CIA com um único objetivo. Curiosamente o filme mostra dois aspectos bem interessantes: o primeiro mostra bem que a CIA não colocou as mãos em Bin Laden antes, não por falta de informações, mas por excesso delas – no meio de tantos dados ficou realmente complicado entender bem a organização que Bin Laden liderava e quais eram as ligações que poderiam levar até ele. Também mostra que mesmo os mais ferrenhos defensores do terrorismo sucumbiam à força do suborno, do dinheiro vivo. Numa das cenas mais emblemáticas, um membro da CIA consegue uma informação preciosa simplesmente jogando um carro de alto luxo nas mãos do informante. No final das contas a cena que melhor resume “A Hora Mais Escura” é aquela quando o presidente Obama surge na TV negando com veemência que haja tortura promovida contra prisioneiros em Guantanamo. Ao ver aquilo uma agente da CIA dá um sorrisinho irônico, obviamente pensando consigo mesmo sobre a lorota presidencial. “A Hora Mais Escura” é um bom espelho para que os americanos se vejam como realmente são. Talvez por isso tenha sido tão polêmico pois nem sempre se olhar no espelho é uma atitude confortável ou agradável, principalmente para quem viola as leis de seu próprio país.

A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty, Estados Unidos, 2012) Direção: Kathryn Bigelow / Roteiro: Mark Boal / Elenco: Jessica Chastain, Kyle Chandler, James Gandolfini, Ricky Sekhon, Joel Edgerton, Scott Adkins, Mark Strong, Jennifer Ehle, Chris Pratt, Taylor Kinney / Sinopse: Agente da CIA começa a participar das investigações que tentam encontrar o paradeiro do terrorista Osama Bin Laden. Usando de métodos de tortura a agência tenta colocar as mãos no líder da Al-Qaeda. Indicado aos Oscars de Melhor Filme, Atriz (Jessica Chastain), Roteiro Original, Edição e Edição de Som. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Atriz na categoria Drama para Jessica Chastain.

Pablo Aluísio. 

sábado, 26 de janeiro de 2013

Lincoln

“Lincoln” é um belo filme. Não há outra conclusão. Steven Spielberg se supera e entrega um filme digno do grande político americano que entrou para a história por dois fatores essenciais: a abolição da escravidão e a vitória na Guerra Civil. Esses foram os pilares que fizeram de Abraham Lincoln (1809 – 1865) um dos maiores presidentes da história dos EUA. O filme começa com Lincoln conversando de modo bastante informal com dois jovens soldados negros da União em um acampamento lamacento. Já aqui podemos perceber a grandiosidade do trabalho de Daniel Day-Lewis. Ele literalmente incorpora o modo de agir, falar e pensar do político. Lincoln era um homem de fala suave, contemplativa, um sujeito que saiu da mais extrema pobreza para o cargo mais importante de sua nação. Era um intelectual que se fez praticamente sozinho, que se educou, foi em busca de conhecimento e se tornou advogado. Seu pai era um homem rústico do campo que não tinha educação formal. Lincoln foi atrás de cultura. Aprendeu a ler sem ir à escola e lendo um livro aqui e outro acolá foi trilhando o caminho da instrução. Um homem assim se conhece bastante pelo modo de ser, de se comportar. A postura contida, conciliadora foi captada com raro brilhantismo por Day-Lewis. Sua transformação é impressionante. Lincoln tinha traços fortes, que hoje soam tão bem conhecidas por todos. Day-Lewis não é fisicamente parecido com ele mas com sua inspirada atuação conseguiu absorver todos esses  aspectos. É realmente um trabalho impressionante que merece todos os prêmios e reconhecimentos.

Infelizmente o filme se foca apenas em um período específico da trajetória do Presidente, quando ele tentava de todas as formas aprovar a décima terceira emenda da Constituição americana. Seu teor era abolir qualquer forma de escravidão ou servidão involuntária dentro do solo norte-americano. O curioso aqui é ver o lado mais humano de Lincoln quando ele torna concreta a frase “Os fins justificam os meios”. Sem o número de deputados necessários ele se utiliza de todos os meios possíveis para passar a emenda, libertando assim milhões de seres humanos da escravidão racial. Há todo um jogo de bastidores, com troca de favores e cargos públicos para se chegar aos votos necessários. Se lá nos EUA isso ainda é motivo de espanto aqui no Brasil é coisa comum, corriqueira, da ordem do dia. De qualquer modo o momento chave é quando ele decide promover a abolição, mesmo com todas as pressões em sentido contrário. Essa foi uma decisão baseada em seus valores morais e de caráter e o filme mostra muito bem isso, expondo a personalidade de Lincoln de forma magistral. O Jogo político que se trava no congresso vai ser especialmente apreciado por estudantes de direito e ciência política pois mostra sem rodeios os mecanismos nada sutis que fazem nascer as leis de uma nação. Muitos reclamaram desse aspecto do filme, por acharem que isso o torna chato e arrastado, mas esse tipo de argumento é um absurdo pois o protagonista era um político e seria impossível fazer um filme sem adentrar nesse tipo de relação entre o parlamento e o presidente.

A produção e a reconstituição de época são, como não poderiam deixar de ser, perfeitas. O presidente surge em cena não apenas como o grande homem da história mas também como um ser humano normal, preocupado com o destino de seus filhos, enfrentando problemas de relacionamento com sua esposa e muitas vezes em grande dilema pessoal em suas decisões. Esse lado desmistificador é o grande achado do roteiro, pois humaniza o personagem histórico, que apesar de sua grandiosidade, se aproxima assim do espectador, que se identifica com ele, com seus pequenos dramas domésticos que acabam se misturando com os assuntos de Estado. Nunca esse presidente esteve tão humano como agora. O elenco de apoio é excepcional com destaque para Tommy Lee Jones, econômico e como sempre eficiente em suas atuações. Se há algo a se criticar em tudo o que vemos em Lincoln talvez seja apenas o fraco enfoque do assassinato do líder da nação. Tudo soa apenas sugerido e não mostrado. O diretor não mostra o momento em que é baleado e nem os acontecimentos que o levaram a tão trágico destino. Provavelmente Spielberg tenha tomado essa decisão para não macular o mito. Não faz mal pois não há nenhum grande problema nisso. O diretor realmente está de parabéns por essa obra excepcional. Um filme à altura do grande homem que foi Abraham Lincoln.

Lincoln (Lincoln, Estados Unidos, 2012) Direção: Steven Spielberg / Roteiro: Tony Kushner, John Logan, Paul Webb, baseados na obra “Team of Rivals” de Doris Kearns Goodwin / Elenco: Daniel Day-Lewis, Tommy Lee Jones, Joseph Gordon-Levitt, Sally Field, James Spader, Lee Pace / Sinopse: Abraham Lincoln, Presidente dos Estados Unidos, enfrenta duas questões cruciais em seu governo: aprovar a emenda à constituição americana que libertará os escravos negros da nação e vencer a Guerra Civil contra os Estados do Sul que formam a Confederação. Além de lidar com esses temas nacionais ainda terá que contornar os problemas domésticos de sua família pois sua esposa não aceita que seu filho mais velho vá a guerra, embora ele deseje ardentemente isso. Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Ator para Daniel Day-Lewis. Indicado aos Oscar de Melhor Filme, Atriz Coadjuvante (Sally Field), Ator Coadjuvante (Tommy Lee Jones), Ator (Daniel Day-Lewis), Direção (Steven Spielberg), Fotografia, Figurino, Edição, Trilha Sonora, Efeitos Sonoros, Roteiro Adaptado e Direção de Arte.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Proposta Indecente

Responda rápido sem pensar muito: você aceitaria que sua mulher passasse uma noite de amor ardente com um milionário bonitão com a cara do Robert Redford? Não, nem pensar? E se ele oferecesse um milhão de dólares pela noite? Você recusaria ou não? Seja sincero! São essas as perguntas feitas pelo argumento do filme “Proposta Indecente”, um dos grandes sucessos do cinema na década de 1990. O tema virou assunto de bate papo, ponto de discórdia e até mesmo piada de salão. Afinal não tardou a aparecer aqueles engraçadinhos afirmando que por um milhão de dólares não cederia a esposa pois ela na realidade valia muito menos do que isso! Deixando as piadinhas infames de lado esse filme “Proposta Indecente” forma ao lado de “Assédio Sexual” um tipo de produção que acabou se tornando recorrente naqueles anos, a dos filmes baseados em pura polêmica. A fórmula era até simples: os roteiristas pensavam em um tema polêmico e escreviam uma estória e um enredo em torno dele. Durante certo tempo a aposta deu muito certa até porque a própria polêmica ajudava a vender o filme pois era um tipo de propaganda boca a boca grátis. Afinal a pergunta ficou no ar por vários meses – quem afinal deixaria a mulher ter uma noite de amor com outro homem por uma quantia irrecusável?

Para segurar um tema desses e não cair no ridículo a atriz que faria o papel da esposa tinha que realmente ser uma beldade que valesse tanto dinheiro. Demi Moore foi a escolhida. Ainda jovem e bonita e com aquela voz rouca e sensual ela virava a cabeça de Robert Redford, que em um acesso de desejo lançava a proposta de um milhão de dólares para o maridão deixar ele se deitar com sua esposa por uma noite apenas. Já Woody Harrelson faz o sujeito que teria que aceitar ou não a traição remunerada. Para piorar seu personagem era uma pessoa que não conseguia acertar na vida e estava passando por sérias dificuldades financeiras. Pelo visto já deu para perceber que os roteiristas amarraram todas as pontas para piorar ainda mais a situação do pobre rapaz. O estúdio sabia que tinha em mãos um filme que além de polêmico tinha que ser muito sensual. Para isso contrataram Adrian Lyne de “Nove Semanas e Meia de Amor”. Ele deu um visual suave às cenas, com muitas cores sensuais pelo cenário. Tudo soava como paixão e luxúria. Demi Moore foi particularmente privilegiada pelas lentes de Lyne que usando de uma luz ideal para o tom de pele da atriz, conseguiu valorizar toda a sua sensualidade. Tirando a polêmica de lado e se concentrando apenas em seus méritos cinematográficos, “Proposta Indecente” se mostra apenas mediano. Esse tipo de argumento que fica girando apenas em torno de uma questão acaba ficando saturado no desenrolar da estória. Tudo acaba se resumindo em aceitar ou não a milionária proposta. Mesmo assim o filme não deixa de ser ainda hoje curioso. A pergunta não deixa de ser intrigante, mesmo atualmente. E aí você deixaria sua mulher nos braços de um outro homem apenas por uma noite, por um valor, esse sim, indecente?

Proposta Indecente (Indecent Proposal, Estados Unidos, 1993) Direção: Adrian Lyne / Roteiro: Jack Engelhard, Amy Holden Jones / Elenco: Robert Redford, Demi Moore, Woody Harrelson, Seymour Cassel, Oliver Platt, Billy Bob Thornton / Sinopse: Milionário maduro e enxuto (Robert Redford) fica encantado por uma jovem esposa (Demi Moore) de um pobre sujeito (Woody Harrelson) que não consegue acertar na vida e está com sérias dificuldades financeiras. Em um acesso de desejo incontido o ricaço resolve fazer uma proposta indecente, oferecendo um milhão de dólares para dormir com a esposa do pobretão por apenas uma noite. Será que a traição realmente não tem preço?

Pablo Aluísio.