Que tal começarmos o texto com uma definição de Assédio Sexual? Pois bem, assédio sexual é toda tentativa, por parte do superior hierárquico (chefe), ou de quem detenha poder hierárquico sobre o subordinado, de obter dele favores sexuais por meio de condutas reprováveis, indesejáveis e rejeitáveis, com o uso do poder que detém, como forma de ameaça e condição de continuidade no emprego. É justamente em torno desse conceito que o enredo do filme “Assédio Sexual” gira. Michael Douglas nunca foi bobo em sua carreira, procurando sempre se envolver em filmes cujos roteiros tratavam sobre aspectos polêmicos, da ordem do dia. Foi assim em várias produções estreladas por ele. No filme ele interpreta Tom Sanders que é subordinado em sua empresa à executiva linha dura Meredith Jonhson (Demi Moore). Ela obviamente tem uma queda por ele mas é sutilmente rejeitada. Inconformada ela começa a usar de seu poder dentro da empresa para forçar a barra com seu subordinado. A situação fica insustentável, caracterizando de forma cabal o chamado “Assédio Sexual”. Perceba que esse filme inverte os papéis. No cotidiano, na vida real, é muito mais comum as mulheres sofrerem assédio, se tornando vítimas. No filme ao contrário temos uma mulher como agressora. No lançamento do filme inclusive surgiram as inevitáveis piadinhas pois era de se perguntar se poderia ser chamado mesmo de assédio o fato de um avião como Demi Moore ficar dando em cima do pobre Michael Douglas. Se ela usar de seu cargo para pressionar uma situação de conotação sexual é claro que sim!
O roteiro foi baseado em mais um best seller de Michael Crichton. É curioso pois ele deu um tempo em seus dinossauros e temas de ficção para adentrar em um tema pé no chão, de conteúdo jurídico. Sua visão sobre o tema é um tanto quanto sensacionalista. Mesmo derrapando na questão legal e jurisprudencial conseguiu ao menos criar um bom entretenimento cujos efeitos logo se fizeram sentir também pois o tema voltou ao centro das conversas e debates, popularizando e conscientizando as pessoas em geral sobre o tema em estudo. Muitos até ficaram repletos de dúvidas sobre seu próprio comportamento dentro do ambiente de trabalho até porque qual seria a linha definitiva que marcaria a separação entre a paquera de boa fé e o assédio sexual? Obviamente esse é um tema que envolve várias vertentes mas o roteiro do filme é até bem didático sobre isso ao mostrar que o assédio começa quando a superioridade hierárquica dentro da empresa começa a funcionar como fator de pressão e constrangimento para que se concretize o enlace sexual. Tirando o assunto da esfera puramente jurídica e voltando ao filme não deixa de ser irônico o fato dessa produção ser estrelada por Michael Douglas. Conforme o ator mesmo esclareceu em diversas entrevistas ele foi por muito tempo viciado em sexo, o que tornaria a situação do filme completamente surreal caso fosse transposta para sua vida pessoal. Inclusive não faltaram fofocas que afirmavam que Douglas e Moore foram muito além do profissional durante as filmagens. Bem, isso não importa muito. De qualquer modo fica a dica desse “Assédio Sexual”, um thriller com ares de manual de direito privado. Só não tente imitar os personagens em sua vida pessoal, pois pode ser bem perigoso.
Assédio Sexual (Disclosure, Estados Unidos, 1994) Direção: Barry Levinson / Roteiro: Paul Attanasio baseado no livro de Michael Crichton / Elenco: Michael Douglas, Demi Moore, Donald Sutherland, Roma Maffia / Sinopse: Executiva poderosa começa a assediar seu subordinado dentro da empresa em que trabalha, prejudicando assim sua vida profissional e pessoal.
Pablo Aluísio.
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Pablo Aluísio.