quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Da Terra Nascem os Homens

Sempre lembrado em qualquer lista que selecione os maiores filmes de western de todos os tempos, "Da Terra Nascem os Homens" é um filme monumental. Dirigido pelo excelente  William Wyler o filme ainda hoje causa impacto em quem assiste. Com ares de grandeza o cineasta procurou em longas e abertas tomadas capturar um pouco da imensidão do oeste americano. O próprio título original do filme (The Big Country) já mostra de forma clara essa sua intenção. O resultado não ficou menos do que grandioso. Na trama acompanhamos a chegada de  James McKay (Gregory Peck) a uma daquelas pequenas cidades do velho oeste que ficavam no meio do nada, bem no centro de um deserto empoeirado. Ele vem do leste urbano e cosmopolita. Agora no oeste rural, selvagem e rústico tentará de todas as formas se adaptar aos costumes da região. Isso é uma necessidade pois ele está noivo da bela Patricia Terrill ( Carroll Baker), filha de um dos grandes criadores de gado do Estado.

Conhecido como Major (Charles Bickfor) ele manda e desmanda nas terras do local até encontrar resistência de outro fazendeiro, Rufus Hannassey (Burl Ives) que quer colocar um basta nessa dominação. A briga e a rixa surgida entre os dois homens são na verdade uma metáfora de William Wyler com a guerra fria, que na época estava no auge. EUA e União Soviética seriam representados por esses dois homens que não conseguem viver mais em paz e em harmonia, sempre tentando prejudicar uma ao outro em todas as oportunidades possíveis. Apenas a chegada do forasteiro McKay poderá trazer uma luz sobre esse impasse.

Já o personagem de Gregory Peck é certamente um dos grandes papéis de sua carreira. Educado, fino e um verdadeiro cavalheiro, não acredita no poder das armas e nem da violência. Sua postura elegante e pacífica logo é confundida com covardia, numa mostra clara da mentalidade atrasada e bruta dos homens do velho oeste. "Da Terra Nascem os Homens" é um filme de fôlego, com quase 3 horas de duração. De certa forma lembra até mesmo "Assim Caminha a Humanidade" em seus longos planos abertos, com a casa sede da fazenda ao longe, perdida no meio do nada. É um filme tão rico que conta com nomes como Charlton Heston em papéis secundários - ele estava prestes a estrelar o filme de sua vida, Ben-Hur, que faria logo a seguir.

Outro personagem coadjuvante muito marcante é o interpretado por Burl Ives, excelente ator que aqui levou o Oscar por sua inspirada atuação de Rufus. A trilha sonora evocativa e forte é outro aspecto que chama a atenção. Por fim, e o mais importante, fica a lição subliminar de tudo o que vemos no filme. A grande mensagem de "Da Terra Nascem os Homens" é que a violência realmente não leva a lugar nenhum. A cena final e seu resultado mostram de forma bem clara isso. Um recado de Wyler para as grandes nações do mundo: ou elas encontram uma maneira de viver de forma pacífica ou então se destruirão mutuamente, em uma situação onde não há vencedores, mas apenas perdedores.

Da Terra Nascem os Homens (The Big Country, Estados Unidos, 1958) Direção: William Wyler / Roteiro: Jessamyn West, Robert Wyler, James R. Webb, Sy Bartlett, Robert Wilder baseados no livro de Donald Hamilton / Elenco: Gregory Peck, Jean Simmons, Carroll Baker, Charlton Heston, Burl Ives, Charles Bickford / Sinopse: Numa região do velho oeste disputada por dois fazendeiros e criadores de gado, um homem do leste que chega no local para se casar com a filha de um deles, procura trazer uma nova mentalidade e uma outra maneira de pensar sobre o modo como se deve conviver com o próximo. Filme vencedor do Oscar na categoria de Melhor Ator Coadjuvante (Burl Ives). Também indicado na categoria de Melhor Música (Jerome Moross). 

Pablo Aluísio.

Cimarron

Baseado no premiado romance homônimo de Edna Ferber e dirigido por Anthony Mann, o clássico, "Cimarron, Jornada da Vida" conta a aventura do casal Yancey Cimarron Cravat (Glenn Ford) e sua bela e rica mulher Sabra Cravat (Maria Schell) que mesmo contra a vontade dos pais de Sabra, partem juntos em 1889 de Kansas City para Oklahoma para participarem da famosa corrida de cavalos e carruagens na tentativa de ocupar um pedaço de terra oferecido pelo governo com o objetivo de povoar o último estado que ainda se encontrava selvagem. No longa, a jovem Sabra abandona uma vida de riqueza para casar-se com o aventureiro Yancey Cimarron um aventureiro corajoso e desbravador que sonha estabelecer-se na nova terra e fundar um jornal que funcionaria como um libelo a favor das causas indígenas, dos negros, dos judeus e dos menos favorecidos.

Depois de estabelecidos, os problemas de Yancey começam a aparecer, pois, além de reencontrar uma bela e velha paixão, Dixie Lee (Anne Baxter), tem que enfrentar as idéias contrárias de sua mulher que além de não ser muito a favor da causa indígena, sonha com um futuro bem diferente para a sua família. Yancey, no entanto, não concordando muito com as idéias conservadoras e menos aventureiras de sua mulher abandona tudo e parte para uma nova empreitada, abandonando sua família e seu jornal para conquistar novas terras, só que desta vez no Alasca. O filme atravessa, desde a fundação de Oklahoma em 1889, um período de 25 anos e mostra todas as mudanças pelas quais os americanos - e até o mundo - passaram: a descoberta e conquista do petróleo, a colonização de um novo estado e a explosão da Primeira Guerra Mundial. Cimarron é um épico que conta uma história real de força, determinação, empreendedorismo e espírito de conquista do povo americano.

Cimarron (Cimarron, EUA, 1960) Direção: Anthony Mann / Roteiro: Arnold Schulman baseado na obra de Edna Ferber / Elenco: Glenn Ford, Maria Schell, Anne Baxter, Arthur O'Connell,  Mercedes McCambridge,  Vic Morrow / Sinopse: A saga de um aventureiro, Yancey Cimarron Cravat (Glenn Ford). Inquieto e sempre procurando por novos caminhos em sua vida ele ganha o oeste em busca de riquezas e aventuras.

Telmo Vilela Jr.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Devastando Caminhos

Tom Andrews (Randolph Scott) é um explorador que é contratado pela companhia ferroviária do Canadá com a missão de encontrar um caminho entre as montanhas rochosas. O objetivo é construir uma grande linha ferroviária que ligue as duas costas do Canadá, ligando o Atlântico ao Pacífico, servindo como rota de união entre a  distante colônia britânica e as principais cidades do país. O trabalho de Andrews porém não será nada fácil pois a ideia não conta com o apoio das populações montanhesas, que temem perder sua liberdade e autonomia com a chegada do progresso que virá com as novas rotas comerciais abertas pela ferrovia. Como se não bastasse os nativos locais também se insurgem contra a chegada do trem a vapor. Eis um dos mais curiosos filmes de Randolph Scott. Logo de início percebemos que é um western diferente pois foi praticamente todo rodado no Canadá e não nos EUA. O filme tem linda fotografia e foi quase todo filmado em locações reais nos parques nacionais da cidade canadense de Alberta. Lindos lagos e montanhas cinematográficas passeiam pela tela.

Algumas cenas mais ousadas foram feitas pelo próprio Randolph Scott (ele foi dublê antes de virar astro). Numa delas o ator se equilibra ao lado de furiosas corredeiras; para em outro momento subir em uma montanha inóspita. Apesar disso o tom é bem leve. Obviamente há cenas de brigas, lutas e tiroteios mas no geral o filme tende mais para o lado romântico, onde Scott fica indeciso entre se firmar com uma jovem da região ou assumir de vez o namoro com uma médica da companhia ferroviária. Para os que gostam de ação duas cenas se destacam. Na primeira delas o personagem de Randolph Scott sofre um atentado com bananas de dinamite e em outra temos um grande confronto entre os trabalhadores da ferrovia e os índios das montanhas que querem colocar a construção da estrada de ferro abaixo. Por falar nisso foi impossível não lembrar de uma série atual que tem basicamente o mesmo tema desse filme, "Hell on Wheels" do canal AMC. O argumento é basicamente o mesmo, porém no quesito belezas naturais "Canadian Pacific" se saí bem melhor, fruto da beleza ímpar da região onde foi filmado. Assim fica a dica desse faroeste canadense estrelado pelo cowboy americano Randolph Scott. Não deixe de assistir.

Devastando Caminhos (Canadian Pacific, EUA, 1949) Direção: Edwin L. Marin / Roteiro: Jack DeWit / Elenco: Randolph Scott, Jane Wyatt, J. Carrol Naish, Victor Jory / Sinopse: Explorador americano é contratado por companhia ferroviária canadense para achar um caminho entre as montanhas rochosas por onde possa passar a nova linha de trem que ligará as duas costas do Canadá. A construção da ferrovia porém não será nada fácil já que os moradores da região e os nativos locais não querem que ela passe por suas terras.

Pablo Aluísio.

Cheyenne

The Cheyenne Social Club é um western diferente, mais leve e com muito bom humor. Só o fato de reunir esses dois mitos, James Stewart e Henry Fonda, já o tornaria obrigatório a qualquer fã de cinema, mas ainda tem mais, outro grande nome na direção: Gene Kelly! Muitos podem torcer o nariz para o fato do filme ter sido dirigido por um ator e dançarino especialista em musicais, mas podem ficar tranquilos, o resultado é muito satisfatório. Obviamente que a ação fica em segundo plano, revelando-se o roteiro uma fina comédia de humor de costumes, mas isso não é um empecilho. O filme foi lançado em 1970, quando o gênero faroeste já estava saindo de moda, mas vamos convir que tudo aqui se encaixa perfeitamente, até mesmo na idade mais avançada dos atores, que interpretam cowboys velhos de guerra que são surpreendidos por uma "herança" no mínimo inusitada. Imagine herdar um bordel numa cidade do velho oeste! É justamente em cima dessa situação curiosa e cômica que o roteiro se desenvolve.

James Stewart novamente faz o papel de um personagem com grande virtude e valores morais. Embora inicialmente isso não fique muito claro, logo o roteiro toma rumos para reafirmar essa característica que de uma forma ou outra sempre marcou todos os seus personagens de sua carreira. Já Henry Fonda está ótimo. Fazendo um cowboy casca grossa, o ator está mais carismático do que nunca. Realmente adorei sua caracterização ao estilo interiorano esperto. Na trama ele funciona como escada para o amigo James Stewart, mas isso em nenhum momento é um problema pois ambos sempre trabalharam excepcionalmente bem juntos. A dupla está perfeita em todas as cenas, demonstrando mesmo como eram bons atores, na verdade eram grandes amigos na vida real e isso passa para a tela. Enfim é isso, embora não seja tão conhecido "The Cheyenne Social Club" é no final das contas uma excelente diversão, com tudo o que o estilo western pede: bom humor, cenas de duelo, tiroteios e grandes atores em cena. Quem precisa de mais do que isso?

The Cheyenne Social Club (Estados Unidos, 1970) Direção: Gene Kelly / Roteiro: James Lee Barrett baseado na novela de Davis Grubb / Elenco: James Stewart, Henry Fonda e Shirley Jones / Sinopse: John O´Hallan (James Stewart) é um cowboy que é surpreendido pela notícia de que recebera de herança um bordel numa cidade do velho oeste. Ao lado do amigo Harley Sullivan (Henry Fonda) resolve ir conhecer o local para colocá-lo à venda, o que não contava era com a resistência das mulheres do estabelecimento que não querem que o "club" seja vendido!

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

A Pistola do Mal

Lorn Warfield (Glenn Ford) é um pistoleiro errante há muito longe de sua casa e família. Após vários anos decide retornar para seu lar ao lado de sua esposa e dois filhos. Quando chega em seu antigo rancho porém acaba descobrindo que tudo está em cinzas, sendo o paradeiro de sua família desconhecido. Partindo em busca deles acaba descobrindo que muito provavelmente estejam reféns de uma tribo Apache que mora nas montanhas. Esses nativos usam brancos sequestrados como moeda de troca com outras tribos e traficantes de armas. Sem alternativa Lorn decide enfrentar o deserto hostil para libertar seus familiares."A Pistola do Mal" é um western muito bem realizado. Embora seu enredo lembre em certos momentos antigos clássicos como "Rastros de Ódio" o filme consegue ter identidade própria, apostando numa linguagem naturalista, pé no chão, onde o velho oeste surge com toda sua crueza: doenças, miséria e cidades abandonadas à própria sorte.

Glenn Ford surge em cena novamente com seu eterno figurino: jaqueta, chapéu surrado e sapatos de espora. Aqui ele repete seu tipo habitual, mas consegue excelente atuação em pelo menos duas excelentes cenas. Na primeira delas, amarrado pelos Apaches no meio do deserto, tenta espantar os abutres que chegam para esperar sua morte certa. Na outra boa sequência enfrenta um grupo de índios em uma cidade abandonada junto a um grupo de renegados que se fazem passar por um regimento da cavalaria americana. "A Pistola do Mal" é um faroeste americano que já mostra sinais de influência do chamado Western Spaguetti. A edição, a música e a sordidez das situações lembram em muito os filmes de Sergio Leone. "Por um Punhado de Dólares", realizado quatro anos antes, certamente é uma referência. Enfim, "A Pistola do Mal" é uma produção a se conhecer. Hoje em dia o filme já não é tão lembrado pelo apreciadores de filmes de faroeste, porém vale a pena ser redescoberto.

A Pistola do Mal (Day of the Evil Gun, Estados Unidos, 1968) Direção: Jerry Thorpe / Roteiro: Charles Marquis Warren, Eric Bercovici / Elenco: Glenn Ford, Arthur Kennedy, Dean Jagger, Nico Minardos,  Harry Dean Stanton / Sinopse: Pistoleiro parte em busca de sua família sequestrada por Apaches. No meio do caminho encontra doenças, miséria e um grupo de renegados que se fazem passar por soldados da cavalaria norte-americana.

Pablo Aluísio.

Galante e Sanguinário

Ben Wade (Glenn Ford) é líder de um bando de assaltantes e assassinos cruéis. Eles interceptam uma diligência atravessando o deserto e a assaltam, matando o condutor do veículo. Após o ato criminoso chegam em uma pequenina cidade perdida do velho oeste. Lá Ben é finalmente capturado pelo xerife local. O resto do bando porém foge mas jura voltar para resgatar seu chefe. Praticamente sozinho o xerife decide recrutar alguns moradores locais para lhe ajudar entre eles Dan Evans (Van Heflin) um rancheiro endividado que pretende provar aos seus filhos menores que tem bravura suficiente para levar Ben até a estação de trem onde ele finalmente será levado para julgamento no tribunal da cidade de Yuma. Mesmo que você não assista filmes de western clássicos certamente conhece esse enredo. Isso porque “Galante e Sanguinário” virou remake há poucos anos com Russel Crowe e Ben Foster com o nome de “Os Indomáveis”. A estória é praticamente a mesma, com pequenas mudanças pontuais. O que faz de “3:10 to Yuma” tão interessante é seu enredo, tirando muito proveito da tensão crescente envolvendo a custódia do líder do grupo criminoso por um simples rancheiro. Cercado por todos os lados por membros de sua gangue ele decide demonstrar sua bravura, levando com firme propósito a missão de colocar Ben no trem que o levará às raias da justiça.

Esse é provavelmente um dos melhores momentos da carreira de Glenn Ford. Acredito que apenas “Cimarron” seja melhor. Ele está perfeito em sua caracterização do frio assassino Ben Wade. Para um ator que sempre fazia o papel de mocinho ele demonstrou muito jeito e estilo como o bandido que joga psicologicamente o tempo inteiro com o rancheiro que o mantém prisioneiro. Esse é mais um ótimo faroeste dirigido por Delmer Daves. Roteirista de mão cheia ele fez pouco mais de 30 filmes mas praticamente todos bem marcantes. Ao lado de Glenn Ford brilhou em faroestes como nesse “Galante e Sanguinário” e “Cowboy” que rodaria logo depois. É inegável que Daves usou muitos elementos que já tinham marcado muito em “Matar Ou Morrer” com Gary Cooper. A tensão, a ansiedade, os closes no relógio que teima não passar os minutos e a passagem em tempo real da ida à estação de trem. Vejo nesse aspecto uma homenagem ao grande clássico de Cooper que mesmo já tendo sido utilizado brilhantemente antes volta a funcionar muito bem aqui também. Em conclusão podemos dizer que “Galante e Sanguinário” é um western psicológico bem marcante que joga muito bem com a situação chave da trama. Um grande momento da carreira de Glenn Ford em um papel que o marcaria para sempre.

Galante e Sanguinário (3:10 to Yuma, Estados Unidos, 1957) Direção: Delmer Daves / Roteiro: Halsted Welles, Elmore Leonard / Elenco: Glenn Ford, Van Heflin, Felicia Farr, Henry Jones, Richard Jaeckel / Sinopse: Ben Wade (Glenn Ford) é líder de um bando de assaltantes e assassinos cruéis. Eles interceptam uma diligência atravessando o deserto e a assaltam, matando o condutor do veículo. Após o ato criminoso chegam em uma pequenina cidade perdida do velho oeste. Lá Ben é finalmente capturado pelo xerife local. O resto do bando porém foge mas jura voltar para resgatar seu chefe.

Pablo Aluísio. 

domingo, 12 de janeiro de 2020

O Irresistível Forasteiro

Jason Sweet (Glenn Ford) é um criador de ovelhas que chega em um vale de terras públicas com seu rebanho mas é hostilizado pelos criadores de gado da região. Esses são liderados pelo chamado "Coronel" (Leslie Nielsen), um antigo pistoleiro que inventou uma nova identidade e se instalou no local. "O Irresistível Forasteiro" é um bom veículo para Glenn Ford, na época se tornando cada mais popular justamente pelos faroestes que vinha estrelando como "Galante e Sanguinário" e "Cowboy". Suas produções no velho oeste davam ótimas bilheterias e dois anos depois desse "Sheepman" ele iria realizar a obra prima de sua filmografia, o inesquecível "Cimarron".Aqui Glenn interpreta um sujeito levemente espertalhão que entra em conflito contra toda uma cidade com sua ideia inconveniente de criar milhares de ovelhas em pastos de gado (como se sabe as ovelhas acabam destruindo os pastos os tornando imprestáveis para a criação bovina).

O tom do filme não é tão pesado quanto supõe a leitura da sinopse, de fato o clima é bem ameno, leve. A presença da simpática e jovem Shirley MacLaine acentua ainda mais esse aspecto. É divertido ver a atriz nesse que foi um de seus primeiros filmes. Ela está encantadoramente jovial, chegando a entoar uma canção numa cena de festa. Já no lado dos vilões uma curiosidade muito interessante, a presença de Leslie Nielsen na pele do "Coronel". Antes de se consagrar como o comediante de muitos filmes que todos acompanharam anos depois, Nielsen participava de produções como essa, filmes de western com muitos duelos, tiros e ação."O irresistível Forasteiro" foi dirigido pelo veterano George Marshall, um dos cineastas mais produtivos que já passaram por Hollywood, tendo dirigido quase 200 filmes! - um número impensável nos dias atuais. Em mais de 60 anos de carreira dirigiu todos os tipos de filmes. Um verdadeiro recordista do Guinness Book!

O Irresistível Forasteiro (The Sheepman, EUA, 1958) Direção: George Marshall / Roteiro: William Bowers, James Edward Grant / Elenco: Glenn Ford, Leslie Nielsen, Shirley MacLaine, Mickey Shaughnessy / Sinopse: Jason Sweet (Glenn Ford) é um criador de ovelhas que chega em um vale de terras públicas com seu rebanho mas é hostilizado pelos criadores de gado da região. Esses são liderados pelo chamado "Coronel" (Leslie Nielsen), um antigo pistoleiro que inventou uma nova identidade e se instalou no local.

Pablo Aluísio.

A Difícil Vingança

Produção canadense modesta, com orçamento de apenas 5 milhões de dólares, que tenta resgatar um pouco do velho charme dos filmes de bang bang. Na realidade temos aqui um remake de um antigo filme de John Wayne da década de 1930. Eu sou da opinião de que certos filmes não se mexem, são obras definitivas, cujas estórias já encontraram sua versão definitiva nos cinemas. Esse é o caso. A obra com Wayne já era boa o suficiente, não era necessário em hipótese alguma ser objeto de mais um remake desnecessário. A trama é a mesma: “Cincinatti” John Mason (Slater) é um pistoleiro perseguido por um caçador de recompensas interpretado por Donald Sutherland (com barba messiânica se torna logo a melhor presença do elenco). Sua cabeça está a prêmio por ter matado três homens no Ohio. Na fuga decide voltar para sua cidade natal com o objetivo de rever seu pai. Chegando lá descobre que o local está sendo palco de vários crimes comandados por um grupo de bandidos mascarados. Depois de um assalto o pai de “Cincinatti” acaba sendo morto por esse bando. Agora o pistoleiro terá que caçar os bandidos para saciar sua sede de justiça, ao mesmo tempo em que é caçado por Sutherland.

A edição do filme deixa um pouco a desejar. A produção, apesar do orçamento restrito, é bem bonita, com farto uso das paisagens canadenses (bem conhecidas por suas belezas naturais). Falta no elenco um ator com mais presença. Fica complicado acreditar que Christian Slater seja um pistoleiro famoso no velho oeste. Baixinho, com as sobrancelhas sempre arqueadas, ele não passa a virilidade que é necessária para esse tipo de personagem. Slater é ator para outro tipo de papel, ao estilo malandro da grande cidade. No velho oeste ele definitivamente não se encaixa bem. Quem acaba salvando o filme nesse aspecto é o veterano Donald Sutherland no papel do caçador de recompensas. Sua caracterização é perfeita, inclusive sua barba que surge em cena de acordo com o estilo usado pelos homens da época. Enfim é isso, “A Difícil Vingança” não chega a ser um filme propriamente ruim, só desnecessário. Melhor rever o original com o “Duke” John Wayne.

A Difícil Vingança (Dawn Rider, Canadá, 2012) / Direção: Terry Miles / Roteiro: Evan Jacobs, Joseph Nasser / Elenco: Christian Slater, Jill Hennessy, Donald Sutterland, Lochlyn Munro, Matt Bellefleur, George Canyon, Douglas Chapman, Ben Cotton, Claude Duhamel, G. Michael Gray, Adrian Hough / Sinopse: Quadrilha de homens mascarados mata o pai do pistoleiro “Cincinatti” John Mason (Christian Slater). Fugindo de um caçador de recompensas (Donald Sutherland) ele agora partirá para sua vingança pessoal.

Pablo Aluísio.

sábado, 11 de janeiro de 2020

Águas Sangrentas

Após o assalto a uma diligência, Chris Danning (Randolph Scott) sai no encalço dos criminosos responsáveis pelo roubo e morte dos passageiros. Após cavalgar por várias cidades atrás de pistas chega na pequena Coroner Creek no Arizona. Lá descobre que um próspero homem de negócios e fazendeiro chamado Younger Miles (George Macready) está por trás do terrível crime. “Águas Sangrentas” é mais um bom western do final da década de 40 que traz todos os elementos que os fãs do estilo certamente vão gostar. Há o cavaleiro errante que parte em busca de vingança, o malfeitor rico e poderoso que usa de seu poder econômico para dominar toda uma região e por fim a sede de justiça que move o personagem principal. Só no final conseguimos compreender completamente porque o personagem de Randolph Scott se empenha tanto em vingar a morte dos passageiros da diligência no assalto que ocorre no começo do filme. Uma odisséia em busca de vingança, justiça e redenção pessoal e também uma bela estória de amor.

A produção de “Águas Sangrentas” é de bom nível. O filme foi produzido pela Columbia, na época a lanterninha entre os estúdios de Hollywood. Mesmo assim nada deixa a desejar no filme nesse aspecto. As filmagens foram realizadas no conhecido Iverson Ranch, localizado nos arredores de Los Angeles, na Califórnia. A Columbia quase sempre rodava seus faroestes nesse local e muitos anos depois ele ficaria ainda mais conhecido por ter sido utilizado como locação da famosa e popular série de TV Bonanza. ”Coroner Creek” foi dirigido pelo conhecido cineasta Ray Enright que inclusive já havia trabalhado com Randolph Scott anos antes no popular “Gung Ho”, um grande sucesso de bilheteria. Detalhista e disciplinado sempre fazia um bom trabalho mesmo quando lidava com orçamentos mais modestos. “Águas Sangrentas” é mais uma interessante película assinado por ele. Também é considerado um momento marcante da carreira de Randolph Scott. Algumas cenas aqui ficaram bem conhecidas entre os fãs do ator como a que ele tem uma de suas mãos esmagada nas pedras de um leito do rio (dando origem ao título nacional). Ferido, acaba tendo que passar o restante do filme sacando e atirando com a mão esquerda o que era bem complicado para ele já que era destro! Enfim, temos aqui mais um trabalho marcante na extensa e rica filmografia do velho Randy. Não deixe de conhecer.

Águas Sangrentas (Coroner Creek, EUA, 1948) Direção: Ray Enright / Roteiro: Kenneth Gamet baseado no livro de,Luke Short / Elenco: Randolph Scott, Marguerite Chapman, George Macready, Sally Eilers, Edgar Buchanan / Sinopse: Após o assalto a uma diligência, Chris Danning (Randolph Scott) sai no encalço dos criminosos responsáveis pelo roubo e morte dos passageiros. Após cavalgar por várias cidades atrás de pistas chega na pequena Coroner Creek no Arizona. Lá descobre que um próspero homem de negócios e fazendeiro chamado Younger Miles (George Macready) está por trás do terrível crime.

Pablo Aluísio.

O Signo do Zorro

Título no Brasil: O Signo do Zorro
Título Original: The Sign of Zorro
Ano de Produção: 1958
País: Estados Unidos
Estúdio: Walt Disney Productions
Direção: Lewis R. Foster, Norman Foster
Roteiro: Norman Foster, Lowell S. Hawley
Elenco: Guy Williams, Henry Calvin, Gene Sheldon, Romney Brent, Britt Lomond, George J. Lewis

Sinopse:
Don Diego (Williams) volta para casa e encontra sua cidade sob o calcanhar de um cruel ditador, um homem corrupto e vil que explora a boa fé das pessoas do vilarejo. Para combater essa injustiça ele precisa voltar a encarnar o Zorro.

Comentários:
Esse filme lançado na década de 1950 nada mais era do que uma compilação de oito episódios da série de TV produzida pela Disney. O que mais surpreende é que apesar de tudo isso funcionou muito bem, realmente parecendo um longa-metragem próprio, a ser lançado nos cinemas. Palmas para os roteiristas e editores que conseguiram essa proeza. No geral esse filme, como não poderia deixar de ser, segue a mesma linha da série (aliás o filme foi extraído da série, não podemos esquecer), por isso se você gosta do Zorro de Guy Williams nada mais adequado. Pena que a série não durou mais, pois de fato marcou época para os fãs desse famoso personagem. Sob um ponto de vista de revisão do passado, esse seguramente foi uma das melhores adaptações do Zorro que foi produzida. Os roteiros também eram muito bons, mesclando aventura, cenas de ação, com um pouco de humor, principalmente na figura rotunda do Sargento Garcia. Enfim, entretenimento de primeira qualidade que inclusive resistiu bem ao passar dos anos.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Globo de Ouro 2020

Tradicionalmente se diz que o Globo de Ouro é a prévia do Oscar. Bom, se isso se confirmar esse ano teremos algumas surpresas na premiação da Academia. Isso porque o filme vencedor da noite, na principal categoria de Melhor Filme - Drama, foi "1917" de Sam Mendes. Levou também o cobiçado prêmio de Melhor Direção. Quem estava esperando por isso? Praticamente ninguém. Até porque o filme nem havia estreado nos Estados Unidos ainda. Todos estavam esperando pela consagração de "O Irlandês", mas o filme de Scorsese decepcionou completamente na noite. Em termos de Globo de Ouro todo o seu elenco e equipe ficaram a ver navios. Robert De Niro ficou visivelmente aborrecido com isso tudo. O que não causou surpresa nenhuma (e assim espero que seja repetido no Oscar) foi a premiação de Joaquin Phoenix por "Coringa". Merecido demais. Mesmo competindo com outros gênios da atuação (Jonathan Pryce, por "Dois Papas" era o segundo mais cotado), não houve como deixar de premia-lo. Ele está excepcional no filme inspirado no vilão da DC Comics. Aliás que não façam uma continuação porque com um filme como esse não há a menor necessidade. É uma obra-prima cinematográfica.

Na categoria ator coadjuvante (que estava mais acirrada do que a de ator principal) o premiado foi Brad Pitt por "Era uma Vez em… Hollywood". Não era o meu preferido, mas não fiquei chateado por sua premiação. Ele está de fato muito bem no filme de Tarantino. Pelo visto dar uma surra em Bruce Lee foi um negócio e tanto para ele. O ator, que só havia sido premiado antes por "Doze Macacos" ficou claramente tocado pela premiação. Até se viu pedindo desculpas aos demais concorrentes que ele chamou de "Deuses da atuação". O bom e velho Pitt merece, tenho que dizer.

E por falar em Quentin Tarantino ele levou prêmios importantes na noite. O Globo de Ouro de Melhor Roteiro prova mais uma vez que o diretor é mesmo o rei das referências da cultura pop. Seu filme aliás é mais um exemplo disso. Só achei que deixaram de dizer algumas palavras em memória da atriz Sharon Tate. Ela não foi lembrada nos discursos e nem nas entrevistas. Furo complicado de entender. Russell Crowe foi premiado por "The Loudest Voice", porém ele não compareceu na cerimônia. O ator está na Austrália, tentando ajudar no desastre natural que se abate sobre seu país. Mandou um texto de conscientização sobre as mudanças climáticas globais. Foi algo bem conveniente.

Em termos de atrizes também surgiram surpresas.  Renée Zellweger venceu por "Judy – Muito Além do Arco-Íris". É uma espécie de retorno após uma fase muito ruim na carreira e na vida pessoal. Achei sua aparência bem melhor. Ela passou por uma série de cirurgias de reconstrução de seu antigo rosto e os resultados ficaram bons. Não é a mesma loirinha do passado, mas pelo menos agora podemos reconhecer ela de novo! Laura Dern foi também premiada como atriz coadjuvante por "História de um Casamento". Ela interpretou a advogada da esposa no filme. Essa produção também derrapou feio na premiação. E era o segundo filme favorito da noite, ao lado de Scorsese. Por fim tivemos homenagens a Tom Hanks (um sujeito muito bacana, com uma filmografia espetacular) e Ellen DeGeneres (que sempre considerei muito forçada e sem graça). Assim tivemos uma noite de erros e acertos. Nada muito diferente do que acontece também no Oscar.

Pablo Aluísio.

Doutor Sono

"O Iluminado" é um clássico do terror. Dirigido por Stanley Kubrick e estrelado por Jack Nicholson, foi um daqueles filmes que marcaram época. Agora, muitos anos depois, chega aos cinemas uma espécie de sequência daquela obra-prima. O garotinho que andava de triciclo pelos corredores do hotel mal-assombrado cresceu. Agora ele é um homem adulto, cheio de problemas. Dan Torrance (Ewan McGregor) cresceu tendo que lidar com seu dom de ver e interagir com pessoas mortas. É o que lhe qualifica como uma pessoa iluminada. Só que isso também lhe trouxe vários problemas psicológicos, traumas, etc. Para superar tudo ele se entregou à bebida durante anos.

Seu desafio agora é ajudar uma garotinha chamada Abra Stone (Rebecca Ferguson). Ela também é uma iluminada, com muitos mais poderes paranormais, iguais aos de Dan. Isso a torna uma vítima em potencial de um estranho grupo de assassinos que sequestra e mata crianças para literalmente sugar suas almas. Essa gente tem sede de sangue e os iluminados são especialmente apreciados por eles. A garota Abra e uma caça primordial.

Quando esse filme terminou, eu fiquei com a sensação de que certas estórias não precisam de continuação. Elas já são bem fechadinhas em si. O primeiro "O Iluminado" era um primor do gênero terror psicológico. Sua força vinha muito do suspense criado em torno dos acontecimentos naquele hotel isolado e frio, no alto da montanha. Não foi necessário explicar muita coisa, apenas explorar bem as cenas. Nesse segundo filme o terror psicológico desaparece. Não há nada nessa linha. Tudo se resume em uma narrativa bem clichê do confronto entre o bem e o mal. Os vilões me pareceram bem caricatos. Do lado do bem apenas Dan desperta algum interesse. A jovem Abra é chatinha. A atriz que a interpreta é pior ainda. Bem genérica. Nada expressiva ou talentosa.

A falha, é bom frisar, não é apenas dos produtores desse filme, mas também do próprio Stephen King. Que ele é um bom escritor de terror, bom, isso todo mundo sabe. O problema é que ele não sabe quando parar. "O Iluminado" não precisa de continuação e nem de tantas explicações irrelevantes como vemos aqui. Esses personagens do mal estragaram tudo. Mais parecem vilões de séries do tipo "Buffy, a Caça-Vampiros"! Nada a ver. Mesmo que o escritor quisesse continuar a contar a história de Dan ele deveria ter feito isso com mais criatividade e elegância. Aqui o filme se mostra condenado desde o começo simplesmente porque a estória que conta é ruim. Com isso não há muita salvação. Culpa de quem? Em minha opinião, do próprio Stephen King.

Doutor Sono (Doctor Sleep, Estados Unidos, 2019) Direção: Mike Flanagan / Roteiro: Mike Flanagan, baseado no livro escrito por Stephen King / Elenco: Ewan McGregor, Rebecca Ferguson, Kyliegh Curran, Zahn McClarnon / Sinopse: Sequência tardia do clássico "O Iluminado". Na trama Dan Torrance (Ewan McGregor) precisa ajudar a garotinha Abra Stone (Rebecca Ferguson). Ela tem os mesmos poderes paranormais que ele e está sendo seguida por um grupo que sequestra e mata crianças.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw

Essa franquia cinematográfica "Velozes & Furiosos" está virando outra coisa. Nada muito condizente com os primeiros filmes. Parece até que virou apenas uma marca comercial e nada mais. E os atores Dwayne Johnson e Jason Statham praticamente adquiriram a franquia. Esse novo filme foi produzido por eles. O custo da produção foi exorbitante, mais de 200 milhões de dólares, porém o retorno foi excelente. Décima maior bilheteria de 2019 o filme faturou até o momento a quantia de 750 milhões de dólares. Uma fortuna, sucesso garantido. Com todo mundo aproveitando os lucros é quase certo que não vão parar nesse que é (se não perdi a conta) o décimo filme com o selo "Velozes & Furiosos".

A boa notícia é que houve mudanças para melhor. Nada de carrões envenenados e aquele fiapinho de história para contar. Os roteiristas aqui tiveram liberdade para contar algo completamente novo dentro da franquia. Assim o que temos é um novo rumo para os filmes. Certo, a trama continua a menor das preocupações. O que vale mesmo é o bom humor.

Sim, o filme jamais se leva à sério e isso é sua melhor característica. Os dois protagonistas não se suportam e isso gera alguns diálogos bem divertidos. As cenas de ação são bem realizadas e cada vez mais absurdas, como é esperado nesse tipo de filme. Porém tudo é levado com uma certa ironia interna que salva o filme de qualquer crítica mal humorada. O filme até poderia ser menor, com um corte final mais enxuto, porém é fato, a diversão ficou garantida. Até para um cinéfilo veterano, que já anda cansado desse tipo de produção, a coisa pode funcionar muito bem. O segredo é embarcar na proposta do filme, não ficar analisando nada muito à sério e se divertir, apenas isso.

Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw (Fast & Furious Presents: Hobbs & Shaw, Estados Unidos, 2019) Direção: David Leitch / Roteiro:  Chris Morgan, Drew Pearce / Elenco: Dwayne Johnson, Jason Statham, Idris Elba, Vanessa Kirby, Helen Mirren, Ryan Reynolds / Sinopse: Uma organização criminosa quer ter em sua posse um vírus mortal que pode destruir toda a humanidade. Para impedir que isso aconteça os agentes Hobbs (Dwayne Johnson) e Shaw (Jason Statham) vão fazer de tudo para que o plano dos vilões não obtenha êxito.

Pablo Aluísio.

Uma Saída de Mestre

Título no Brasil: Uma Saída de Mestre
Título Original: The Italian Job
Ano de Produção: 2003
País: Estados Unidos, Inglaterra, França, Itália
Estúdio: Paramount Pictures
Direção: F. Gary Gray
Roteiro: Troy Kennedy-Martin, Donna Powers
Elenco: Mark Wahlberg, Jason Statham, Donald Sutherland, Edward Norton, Charlize Theron, Fausto Callegarini

Sinopse:

Depois de ser traído e deixado para morrer na Itália, Charlie Croker (Mark Wahlberg) e sua equipe planejam um elaborado assalto, com o objetivo de roubar uma grande fortuna em ouro. O alvo passa a ser justamente aquele que o traiu, seu ex-aliado. Filme premiado no World Stunt Awards.

Comentários:
Esse filme de ação reuniu um elenco e tanto! Realmente admirável. Penso inclusive que se fosse produzido nos dias de hoje não iriam conseguir reunir tantos astros e estrelas famosos do cinema atual. Afinal o cachê de todos eles inflacionou bastante desde 2003, quando o filme foi feito. Outro ponto positivo é que se trata de um filme sobre assalto. Esse é aquele tipo de filme que precisa ter um roteiro muito ruim para não dar certo. O natural mesmo é que acabe rendendo pelo menos um bom enredo, com doses de ação e suspense. A intenção dos ladrões é roubar um enorme carregamento em barras de ouro. O sonho de todo criminoso desse tipo. E para isso eles reúnem um tipo de "experts", cada um na sua area de atuação. Recentemente assistindo ao novo "Velozes e Furiosos" há uma pequena menção a essa produção quando Jason Statham mostra ao The Rock um pequeno carro italiano, um daqueles mini veículos, populares entre os consumidores da Itália. E esses carrinhos acabam sendo também uma das estrelas desse filme, em ótimas cenas de perseguição. Enfim, se você curte esse tipo de action movie, pode assistir sem medo. Vai gostar, seja de uma maneira ou outra.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Ford vs Ferrari

Na década de 1960 o magnata Henry Ford II enviou seu principal executivo, Lee Iacocca, para a Itália. O objetivo era comprar a Ferrari, lendária marca de carros de luxo. A tentativa de negociação não deu certo. Pior do que isso, Iacocca voltou para os Estados Unidos não apenas com uma resposta negativa, mas também com uma série de insultos proferidos pelo Enzo Ferrari, dono da escuderia. Isso mexeu com os brios de Ford que imediatamente decidiu criar uma nova equipe de carros de corrida para vencer a famosa 24 horas de Le Mans. A ideia de humilhar Ferrari era bem clara. Ford queria dar o troco no industrial italiano.

A história desse filme se concentra justamente na criação dessa equipe de carros de corrida. A Ford Company queria apenas o melhor. Começou contratando o único americano que havia vencido Le Mans, o piloto aposentado Carroll Shelby (Matt Damon). Ele iria comandar a nova equipe. Seu primeiro ato foi ir atrás de Ken Miles (Christian Bale), Ele era um piloto arrojado, tinha muita garra nas pistas e parecia ser o nome certo. Também estava arruinado financeiramente. Nesse aspecto a união dos dois daria origem a uma verdadeira revolução nas competições esportivas de alta velocidade. O único problema seria justamente a hierarquia executiva da própria Ford, cheia de engravatados que mais atrapalhavam do que ajudavam nas pistas.

Esse filme está concorrendo ao Oscar em diversas categorias, entre elas a mais importante, de melhor filme do ano. Não acho que levará esse prêmio, porém não descarto premiação em categorias menores. É de fato um filme muito bom, contando uma história das mais interessantes. Mesmo que você não goste de carros de corrida e todo o universo que gira em torno desse esporte, o fato é que o filme explora muito bem todos os seus personagens. Não poderia ser diferente. Assim ao lado da emoção das competições em si, há ainda espaço para desenvolver o drama pessoal de cada um dos protagonistas. O final também vem para demonstrar que nem sempre o espírito esportivo vence quando os carros cruzam a linha de chegada. Muitas vezes a publicidade e o marketing falam mais alto, deixando o esporte em segundo plano. Uma lição e tanto para entender melhor como funciona o mundo das pistas internacionais.

Ford vs Ferrari (Ford v Ferrari, Estados Unidos, 2019) Direção: James Mangold / Roteiro: Jez Butterworth, John-Henry Butterworth / Elenco: Matt Damon, Christian Bale, Jon Bernthal, Tracy Letts, Caitriona Balfe / Sinopse: Carroll Shelby (Matt Damon) e Ken Miles (Christian Bale) são contratados para a nova equipe da Ford nas pistas de corrida. O objetivo é vencer as 24 horas de Le Mans. Filme indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Filme, Melhor Edição, Melhor Mixagem de Som e Melhor Edição de Som. Filme indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Ator - Drama (Christian Bale).

Pablo Aluísio.