Denominar “Crepúsculo dos Deuses” como uma das maiores obras cinematográficas de todos os tempos é desnecessário. Poucas vezes foi realizado um filme tão humano, tão cruelmente verdadeiro como esse. Ao mostrar uma diva envelhecida, uma antiga estrela do passado, há muito esquecida do grande público, o filme na realidade cria um estudo da alma humana poucas vezes vista nas telas. Em termos de melancolia e nostalgia, essa é uma obra insuperável. A personagem Norma Desmond (Gloria Swanson) não é apenas uma atriz que perdeu sua estrela e sua fama, mas também uma pessoa psicologicamente em ruínas que tenta de todas as formas se agarrar em um passado glorioso para suportar viver no presente. Embora muitas pessoas não parem para pensar sobre isso, a trama de “Crepúsculo dos Deuses” é mais comum na vida real do que se imagina. Não são poucos os artistas que presenciam o fim de suas carreiras, muitas vezes prematuramente. Astros e estrelas que brilharam por momentos fugazes e após o sucesso inicial simplesmente deixam de atrair o público e somem dos holofotes, sendo descartados pelos grandes estúdios. Poucos são os grandes mitos que resistem ao passar do tempo. Norma é de certa forma um retrato em microscópio da realidade de centenas e centenas de artistas que não conseguem superar a terrível passagem do tempo. Vivendo de suas imagens joviais e trabalhando em um meio que valoriza acima de tudo a beleza e a juventude, muitos são simplesmente descartados após atingirem uma certa idade.
Assim não serão poucos os artistas que irão se identificar com Norma, uma mulher que vive do passado, das fotos amareladas pelos anos e das recordações do tempo em que era de fato um mito em celulóide. Pensando em delírio que ainda é uma estrela, ignora o fato que o tempo passou e não há mais retorno possível aos seus anos de glória, das ribaldas, da aclamação dos seus fãs que lotavam os cinemas para assistir seus filmes. O brilho, a fama, o sucesso e a riqueza ficaram em um passado distante. O filme é realmente magistral. Há uma narração em off do personagem de William Holden que é um dos textos mais bem escritos da história do cinema americano. Misturando ironia com melancolia latente, ele nos apresenta sua história, contando em detalhes como acabou conhecendo Norma e seu estranho mundo enclausurado. Vivendo em uma mansão decadente, literalmente caindo aos pedaços, ao lado do mordomo fiel Max (interpretado pelo cineasta Erich von Stroheim com raro brilhantismo), ela ainda pensa que é uma estrela no mundo fútil das celebridades de Hollywood. O fato porém é que a passagem do cinema mudo para o cinema sonoro simplesmente acabou com sua carreira.
Suas opiniões sobre a irrelevância do cinema sonoro inclusive me lembraram do próprio Chaplin, que também em inúmeras vezes atacou a nova tecnologia. A atriz Gloria Swanson interpretando Norma é uma força da natureza. Impressionante a carga emocional que ela traz para seu papel. O curioso é que ela própria foi uma diva do cinema mudo, tal como sua personagem. Possessa e imersa completamente em sua interpretação, ficamos não menos do que impressionados pela força de seu talento. William Holden não fica atrás. Levemente cínico e incomodado com sua situação pessoal, ele esbanja aquele tipo de ironia que nasce da decepção consigo mesmo. Para o fã de cinema, o filme “Crepúsculo dos Deuses” traz ainda um verdadeiro presente. Em cena vemos o grande Cecil B. DeMille interpretando a si mesmo dentro dos estúdios da Paramount. DeMille foi um dos maiores nomes da indústria e vê-lo ali representando a si próprio é um deleite para qualquer amante da história da sétima arte. Outra presença marcante é a do ícone do humor Buster Keaton em uma participação particularmente melancólica. Sério e com olhar aterrorizado, ele participa de um estranho jogo de cartas com a diva em sua mansão, a mesma que foi usada como cenário de outro grande clássico, “Juventude Transviada” com James Dean.
Em conclusão, “Crepúsculo dos Deuses” merece toda o status cult que possui, todo o prestígio de grande clássico do cinema. É a obra prima definitiva do genial diretor e roteirista Billy Wilder, um mestre da era de ouro de Hollywood. É um desses filmes atemporais, que não envelhecem nunca e continuam tão maravilhosos como em seu lançamento. Delírios, traições, insanidade, compaixão e melancolia em um roteiro muito bem escrito, primoroso mesmo. Esse quadro completo compõe esse que é seguramente uma das maiores obras primas do cinema americano de todos os tempos. Simplesmente essencial.
Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, Estados Unidos, 1950) Direção: Billy Wilder / Roteiro: Charles Brackett, Billy Wilder, DM Marshman Jr. / Elenco: William Holden, Gloria Swanson, Erich von Stroheim, Nancy Olson, Cecil B. DeMille, Hedda Hopper, Buster Keaton / Sinopse: Norma Desmond (Gloria Swanson) é uma diva da era do cinema mudo que mora em uma grande mansão na Sunset Boulevard cercada apenas de seu mordomo fiel Max (Erich Von Stroheim). Por um acaso do destino, o roteirista desempregado Joe Gillis (William Holden) acaba indo parar na mansão de Norma após tentar fugir de credores do banco onde fez um empréstimo. Lá conhece a velha estrela e seu estranho mundo particular construído sobre velhas lembranças de um passado glorioso que não existe. Ela ainda pensa ser uma superstar no céu de Hollywood. Doce ilusão. Vencedor do Oscar nas categorias de Melhor Roteiro, Trilha Sonora e Direção de Arte. Vencedor do Globo de Ouro nas categorias de Melhor Filme - Drama, Diretor (Billy Wilder), Atriz (Gloria Swanson) e Trilha Sonora.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 1 de junho de 2020
domingo, 31 de maio de 2020
Casablanca
Casablanca é certamente o filme clássico mais cultuado da história do cinema. Casablanca é uma cidade situada no Marrocos. Também foi um local vital para os refugiados europeus que fugiam do regime nazista. De Casablanca era possível pegar um avião rumo a Lisboa e de lá fugir para os Estados Unidos. E é nesse local que vive Rick Blaine (Humphrey Bogart), um americano cínico, sempre com uma ironia na ponta de língua. Se dizendo “neutro” em relação a tudo que acontece na Europa, ainda que nas vésperas da entrada dos Estados Unidos no conflito, ele angaria simpatia de todos os lados, dos membros do regime entreguista francês aos integrantes da famosa resistência francesa. Dono de um bar muito procurado na região, que acaba funcionando como ponto de encontro de refugiados em busca de uma saída dos horrores da guerra na Europa, o lugar vira uma espécie de ponto de partida rumo à liberdade. Os problemas para Rick começam a surgir quando um conhecido lhe pede que fique de posse de dois salvo-conduto, documentos que garantem a quem os possuir livre passagem rumo à Lisboa. Para completar o intrigado jogo de xadrez, ele ainda tem que lidar com a volta de Ilsa (Ingrid Bergman) uma antiga paixão dos tempos em que morava em Paris.
“Casablanca” assim tece a teia de sua trama que envolve romance, espionagem, política e amores impossíveis de se concretizarem. O filme virou símbolo de toda uma era. Ao longo dos anos ganhou uma áurea e um status que o coloca lado a lado a outros grandes filmes como “E o Vento Levou”, "Lawrence da Arábia" e “Cidadão Kane”. O curioso é que não foi recebido com todo essa consagração em sua época. Embora tenha sido o grande vencedor do Oscar em seu ano de estreia, o filme era visto apenas como uma produção um pouco acima da média, com produção do conhecido Hal B. Wallis. Não era considerada uma obra prima e nem um marco da história do cinema americano em seu tempo. De fato “Casablanca” só adquiriu todo essa importância nos anos seguintes. Mas afinal o que tornou esse filme o cult que conhecemos hoje em dia? E por que foi elevado à posição de produção símbolo da época de ouro de Hollywood? Responder a essas perguntas não é nada fácil. O que parece ter acontecido é que “Casablanca” por ter vários elementos cruciais do cinema clássico tal como o entendemos na atualidade, acabou ganhando a posição de símbolo daqueles anos, daquela era dourada do cinema americano.
Temos que reconhecer que o filme em si ainda é muito bem realizado, muito bem roteirizado e tem os elementos certos bem encaixados. A Academia reconheceu esse aspecto e premiou "Casablanca" com o Oscar nas principais categorias, entre elas a de melhor direção (Michael Curtiz), filme e roteiro. A trilha sonora, sempre lembrada, leva o espectador de forma imediata ao conturbado mundo político da II Guerra. Não há batalhas e nem combates em cena, pois é um filme de bastidores do que acontecia na guerra, que mostra a luta de quem apenas desejava acima de tudo sobreviver. O personagem interpretado por Bogart também era um sobrevivente. Sob uma postura de cinismo e frieza a tudo o que acontece ao redor, existia ali também um idealista que lutou contra o regime ditatorial na Espanha. Além disso embaixo da fachada de fria indiferença com as mulheres surgia também um homem apaixonado e magoado por ter sido abandonado pela mulher que amava. Nem é necessário elogiar a grande interpretação de Bogart. Com eterno cigarro na boca, rosto de tédio e expressão cool, o ator arrasou em sua caracterização. De fato o personagem reuniu tudo o que faria de Bogart um mito eterno do cinema. Foi a cristalização de sua imagem no cinema, definindo toda a sua carreira.
A atriz sueca Ingrid Bergman impressionava pela beleza, pelos olhos sempre cheios de lágrimas e pela sensualidade á flor da pele. O curioso é que sua personagem nem deveria despertar tanto carisma assim no espectador, uma vez que era uma mulher casada que se envolvia com um outro homem em Paris. O público porém ignorou tal fato e ela surgiu suprema em cena, despertando suspiros em cada momento que aparecia. Assim temos em “Casablanca” um filme nostálgico que conseguia trazer em seu roteiro conspirações, conchavos e romance, tudo na medida certa. Além disso os personagens eram modelos de uma época do cinema americano que já não existe mais. Muito provavelmente por isso o filme seja tão cultuado. É uma símbolo do que se produzia em sua época. Por todas essas razões é até desnecessário falar mais sobre o filme. “Casablanca” é um clássico para se rever sempre, de tempos em tempos. Um filme realmente atemporal e eterno. Item essencial na sua coleção de filmes.
Casablanca (Casablanca, Estados Unidos, 1942) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Julius J. Epstein, Philip G. Epstein, Howard Koch, Murray Burnett, Joan Alison / Elenco: Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Paul Henreid, Claude Rains, Conrad Veidt, Sydney Greenstreet, Peter Lorre, S. Z. Sakall, Madeleine Lebeau / Sinopse: Após ser perseguido pelos nazistas um atravessador entrega a Rick Blaine (Bogart), dono de um bar cassino em Casablanca, dois documentos que garantem passe livre a quem os possuir. Ao mesmo tempo Rick reencontra Ilsa Lund (Bergman), uma antiga paixão dos tempos em que morava em Paris. Após ser abandonado sem razão, ela agora está de volta e pretende fugir com o marido rumo aos Estados Unidos, para fugir dos nazistas. Apenas Rick possui a chance de lhe dar os salvo-condutos. Será que fará isso pelo amor de sua vida?
Pablo Aluísio.
“Casablanca” assim tece a teia de sua trama que envolve romance, espionagem, política e amores impossíveis de se concretizarem. O filme virou símbolo de toda uma era. Ao longo dos anos ganhou uma áurea e um status que o coloca lado a lado a outros grandes filmes como “E o Vento Levou”, "Lawrence da Arábia" e “Cidadão Kane”. O curioso é que não foi recebido com todo essa consagração em sua época. Embora tenha sido o grande vencedor do Oscar em seu ano de estreia, o filme era visto apenas como uma produção um pouco acima da média, com produção do conhecido Hal B. Wallis. Não era considerada uma obra prima e nem um marco da história do cinema americano em seu tempo. De fato “Casablanca” só adquiriu todo essa importância nos anos seguintes. Mas afinal o que tornou esse filme o cult que conhecemos hoje em dia? E por que foi elevado à posição de produção símbolo da época de ouro de Hollywood? Responder a essas perguntas não é nada fácil. O que parece ter acontecido é que “Casablanca” por ter vários elementos cruciais do cinema clássico tal como o entendemos na atualidade, acabou ganhando a posição de símbolo daqueles anos, daquela era dourada do cinema americano.
Temos que reconhecer que o filme em si ainda é muito bem realizado, muito bem roteirizado e tem os elementos certos bem encaixados. A Academia reconheceu esse aspecto e premiou "Casablanca" com o Oscar nas principais categorias, entre elas a de melhor direção (Michael Curtiz), filme e roteiro. A trilha sonora, sempre lembrada, leva o espectador de forma imediata ao conturbado mundo político da II Guerra. Não há batalhas e nem combates em cena, pois é um filme de bastidores do que acontecia na guerra, que mostra a luta de quem apenas desejava acima de tudo sobreviver. O personagem interpretado por Bogart também era um sobrevivente. Sob uma postura de cinismo e frieza a tudo o que acontece ao redor, existia ali também um idealista que lutou contra o regime ditatorial na Espanha. Além disso embaixo da fachada de fria indiferença com as mulheres surgia também um homem apaixonado e magoado por ter sido abandonado pela mulher que amava. Nem é necessário elogiar a grande interpretação de Bogart. Com eterno cigarro na boca, rosto de tédio e expressão cool, o ator arrasou em sua caracterização. De fato o personagem reuniu tudo o que faria de Bogart um mito eterno do cinema. Foi a cristalização de sua imagem no cinema, definindo toda a sua carreira.
A atriz sueca Ingrid Bergman impressionava pela beleza, pelos olhos sempre cheios de lágrimas e pela sensualidade á flor da pele. O curioso é que sua personagem nem deveria despertar tanto carisma assim no espectador, uma vez que era uma mulher casada que se envolvia com um outro homem em Paris. O público porém ignorou tal fato e ela surgiu suprema em cena, despertando suspiros em cada momento que aparecia. Assim temos em “Casablanca” um filme nostálgico que conseguia trazer em seu roteiro conspirações, conchavos e romance, tudo na medida certa. Além disso os personagens eram modelos de uma época do cinema americano que já não existe mais. Muito provavelmente por isso o filme seja tão cultuado. É uma símbolo do que se produzia em sua época. Por todas essas razões é até desnecessário falar mais sobre o filme. “Casablanca” é um clássico para se rever sempre, de tempos em tempos. Um filme realmente atemporal e eterno. Item essencial na sua coleção de filmes.
Casablanca (Casablanca, Estados Unidos, 1942) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Julius J. Epstein, Philip G. Epstein, Howard Koch, Murray Burnett, Joan Alison / Elenco: Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Paul Henreid, Claude Rains, Conrad Veidt, Sydney Greenstreet, Peter Lorre, S. Z. Sakall, Madeleine Lebeau / Sinopse: Após ser perseguido pelos nazistas um atravessador entrega a Rick Blaine (Bogart), dono de um bar cassino em Casablanca, dois documentos que garantem passe livre a quem os possuir. Ao mesmo tempo Rick reencontra Ilsa Lund (Bergman), uma antiga paixão dos tempos em que morava em Paris. Após ser abandonado sem razão, ela agora está de volta e pretende fugir com o marido rumo aos Estados Unidos, para fugir dos nazistas. Apenas Rick possui a chance de lhe dar os salvo-condutos. Será que fará isso pelo amor de sua vida?
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 29 de maio de 2020
A Era do Rádio
Título no Brasil: A Era do Rádio
Título Original: Radio Days
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Orion Pictures
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Mia Farrow, Dianne Wiest, Mike Starr, Paul Herman, Michael Tucker, Josh Mostel
Sinopse:
Um olhar nostálgico da idade de ouro do rádio, concentrando-se em uma família comum de Nova Iorque e nos vários artistas do meio radiofônico que atuavam na época. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor roteiro original (Woody Allen) e melhor direção de arte (Santo Loquasto, Carol Joffe). Filme premiado no BAFTA Awards na categoria de melhor atriz (Dianne Wiest).
Comentários:
Esse filme de Woody Allen é bem diferenciado. Desde a década de 1970 ele vinha apostando em uma certa fórmula para seus filmes. Geralmente o próprio Allen interpretava a si mesmo, como um intelectual judeu em Nova Iorque, com uma visão mordaz e irônica sobre sua própria vida. Em todo filme lá estava ele mesmo, como seu principal personagem. Os roteiros e seus enredos mais pareciam apenas como "bengalas narrativas" para que Allen colocasse na tela seus pensamentos, sua forma de ver o mundo ao seu redor. Com esse "A Era do Rádio" o diretor mudou de foco. Aqui temos um filme mais convencional, buscando retratar memórias afetivas do diretor na época de sua infância. Seu modo de pensar ainda está na tela, em todas as cenas e em todos momentos, mas tudo mesclado com um doce sentimento de nostalgia de seu passado. Aquele era um tempo em que não haiva televisão nos lares, apenas o rádio. E Allen criança viajava na imaginação ouvindo aquelas radionovelas, aventuras de matinê, etc. E para homenagear esse tempo e a arte que era desenvolvida nas estações de rádio de Nova Iorque ele resolveu filmar essa história. Acabou se tornando um dos melhores filmes de sua rica filmografia. Um excelente momento de Woody Allen no cinema.
Pablo Aluísio.
Título Original: Radio Days
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos
Estúdio: Orion Pictures
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Mia Farrow, Dianne Wiest, Mike Starr, Paul Herman, Michael Tucker, Josh Mostel
Sinopse:
Um olhar nostálgico da idade de ouro do rádio, concentrando-se em uma família comum de Nova Iorque e nos vários artistas do meio radiofônico que atuavam na época. Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor roteiro original (Woody Allen) e melhor direção de arte (Santo Loquasto, Carol Joffe). Filme premiado no BAFTA Awards na categoria de melhor atriz (Dianne Wiest).
Comentários:
Esse filme de Woody Allen é bem diferenciado. Desde a década de 1970 ele vinha apostando em uma certa fórmula para seus filmes. Geralmente o próprio Allen interpretava a si mesmo, como um intelectual judeu em Nova Iorque, com uma visão mordaz e irônica sobre sua própria vida. Em todo filme lá estava ele mesmo, como seu principal personagem. Os roteiros e seus enredos mais pareciam apenas como "bengalas narrativas" para que Allen colocasse na tela seus pensamentos, sua forma de ver o mundo ao seu redor. Com esse "A Era do Rádio" o diretor mudou de foco. Aqui temos um filme mais convencional, buscando retratar memórias afetivas do diretor na época de sua infância. Seu modo de pensar ainda está na tela, em todas as cenas e em todos momentos, mas tudo mesclado com um doce sentimento de nostalgia de seu passado. Aquele era um tempo em que não haiva televisão nos lares, apenas o rádio. E Allen criança viajava na imaginação ouvindo aquelas radionovelas, aventuras de matinê, etc. E para homenagear esse tempo e a arte que era desenvolvida nas estações de rádio de Nova Iorque ele resolveu filmar essa história. Acabou se tornando um dos melhores filmes de sua rica filmografia. Um excelente momento de Woody Allen no cinema.
Pablo Aluísio.
Oeste Selvagem
Título no Brasil: Oeste Selvagem
Título Original: Buffalo Bill and the Indians
Ano de Produção: 1976
País: Estados Unidos
Estúdio: Dino De Laurentiis Company
Direção: Robert Altman
Roteiro: Arthur Kopit, Alan Rudolph
Elenco: Paul Newman, Burt Lancaster, Harvey Keitel, Joel Grey, Kevin McCarthy, Frank Kaquitts
Sinopse:
William Cody (Paul Newman), um empresário de circo, que usa o nome artístico de Buffalo Bill, decide contratar uma nova atração para suas apresentações, nada mais do que o verdadeiro Touro Sentado, chefe tribal que lutou contra a sétima cavalaria no passado. Filme premiado no Berlin International Film Festival.
Comentários:
O verdadeiro Buffalo Bill era um contador de lorotas. Um artista que criava histórias fantasiosas de sua vida para vender seu show itinerante. Esse era composto por atores e atrizes, artistas de circo e outros tipos que interpretavam personagens do velho oeste como cowboys, soldados da cavalaria e índios selvagens. Com o passar do tempo ele resolveu investir mais alto em seu elenco, chegando ao ponto de contratar o verdadeiro Touro Sentado para aparecer nas apresentações. O velho chefe tribal, coitado, estava arruinado. Ele havia sido derrotado pelo exército americano e sucumbia à fome e a miséria junto ao seu povo em reservas controladas pelo governo. Ao entrar para o circo de Buffalo Bill ele estava mais preocupado em sobreviver, em não morrer de fome, do que qualquer outra coisa. Além disso queria ajudar o seu povo que sofria cada vez mais. Então o que acabou acontecendo foi o encontro entre o falso homem do velho oeste, personificado por Buffalo Bill e o verdadeiro protagonista da mitologia do western, na presença de Touro Sentado. Esse filme do diretor Robert Altman recriou essa interessante história. E Paul Newman está ótimo como o bufão Buffalo Bill, um canstrão, falastrão, bufão, um homem que mentia tanto que acabava acreditando nas próprias mentiras inventadas por ele mesmo. Um personagem realmente saboroso para um grande ator esbanjar talento em cena.
Pablo Aluísio.
Título Original: Buffalo Bill and the Indians
Ano de Produção: 1976
País: Estados Unidos
Estúdio: Dino De Laurentiis Company
Direção: Robert Altman
Roteiro: Arthur Kopit, Alan Rudolph
Elenco: Paul Newman, Burt Lancaster, Harvey Keitel, Joel Grey, Kevin McCarthy, Frank Kaquitts
Sinopse:
William Cody (Paul Newman), um empresário de circo, que usa o nome artístico de Buffalo Bill, decide contratar uma nova atração para suas apresentações, nada mais do que o verdadeiro Touro Sentado, chefe tribal que lutou contra a sétima cavalaria no passado. Filme premiado no Berlin International Film Festival.
Comentários:
O verdadeiro Buffalo Bill era um contador de lorotas. Um artista que criava histórias fantasiosas de sua vida para vender seu show itinerante. Esse era composto por atores e atrizes, artistas de circo e outros tipos que interpretavam personagens do velho oeste como cowboys, soldados da cavalaria e índios selvagens. Com o passar do tempo ele resolveu investir mais alto em seu elenco, chegando ao ponto de contratar o verdadeiro Touro Sentado para aparecer nas apresentações. O velho chefe tribal, coitado, estava arruinado. Ele havia sido derrotado pelo exército americano e sucumbia à fome e a miséria junto ao seu povo em reservas controladas pelo governo. Ao entrar para o circo de Buffalo Bill ele estava mais preocupado em sobreviver, em não morrer de fome, do que qualquer outra coisa. Além disso queria ajudar o seu povo que sofria cada vez mais. Então o que acabou acontecendo foi o encontro entre o falso homem do velho oeste, personificado por Buffalo Bill e o verdadeiro protagonista da mitologia do western, na presença de Touro Sentado. Esse filme do diretor Robert Altman recriou essa interessante história. E Paul Newman está ótimo como o bufão Buffalo Bill, um canstrão, falastrão, bufão, um homem que mentia tanto que acabava acreditando nas próprias mentiras inventadas por ele mesmo. Um personagem realmente saboroso para um grande ator esbanjar talento em cena.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 28 de maio de 2020
Um Grito de Liberdade
Título no Brasil: Um Grito de Liberdade
Título Original: Cry Freedom
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Richard Attenborough
Roteiro: John Briley
Elenco: Denzel Washington, Kevin Kline, John Matshikiza, Josette Simon, Penelope Wilton, Kate Hardie
Sinopse:
Filme baseado em fatos históricos reais. O jornalista sul-africano Donald Woods (Kevin Kline) é forçado a fugir do país, depois de tentar investigar a morte sob custódia de seu amigo, o ativista negro Steve Biko (Denzel Washington). Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Denzel Washington), melhor música original e melhor trilha sonora incidental.
Comentários:
Esse filme foi baseado no livro escrito por John Briley. Em suas páginas o autor relembrou parte do crime que foi cometido pelo Estado da África do Sul em relação ao ativista negro Steve Biko e a luta de um jornalista branco em revelar toda a verdade sobre sua morte. Ele foi um nome importante na luta contra o regime racista da África do Sul durante as décadas de 1970 e 1980. Nesse período histórico existiu um regime de Estado que não escondia seu racismo contra pessoas negras, dentro de um país africano! Foi algo realmente impressionante pois a máquina estatal foi conduzida para massacrar os direitos dos negros (que formavam a maioria da população) em favor da parte branca da população (uma pequena parte do país). O resultado, como não poderia deixar de ser, foi o sistemático sistema de violação de direitos humanos e civis, além do cometimento de crimes por parte do aparato estatal. Esse filme é muito bom, muito importante em denunciar tudo o que aconteceu. A consagração veio na indicação de três categorias do Oscar, entre elas a de melhor ator para Denzel Washington. No Globo de Ouro o filme foi ainda indicado ao prêmio de melhor filme do ano no gênero Drama. Poderia ter vencido tranquilamente. É sem dúvida uma obra cinematográfica importante, que inclusive deveria ser exibida em escolas e universidades com mais regularidade. É o cinema em favor das boas causas, denunciando regimes criminosos ao redor do mundo.
Pablo Aluísio.
Título Original: Cry Freedom
Ano de Produção: 1987
País: Estados Unidos, Inglaterra
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Richard Attenborough
Roteiro: John Briley
Elenco: Denzel Washington, Kevin Kline, John Matshikiza, Josette Simon, Penelope Wilton, Kate Hardie
Sinopse:
Filme baseado em fatos históricos reais. O jornalista sul-africano Donald Woods (Kevin Kline) é forçado a fugir do país, depois de tentar investigar a morte sob custódia de seu amigo, o ativista negro Steve Biko (Denzel Washington). Filme indicado ao Oscar nas categorias de melhor ator (Denzel Washington), melhor música original e melhor trilha sonora incidental.
Comentários:
Esse filme foi baseado no livro escrito por John Briley. Em suas páginas o autor relembrou parte do crime que foi cometido pelo Estado da África do Sul em relação ao ativista negro Steve Biko e a luta de um jornalista branco em revelar toda a verdade sobre sua morte. Ele foi um nome importante na luta contra o regime racista da África do Sul durante as décadas de 1970 e 1980. Nesse período histórico existiu um regime de Estado que não escondia seu racismo contra pessoas negras, dentro de um país africano! Foi algo realmente impressionante pois a máquina estatal foi conduzida para massacrar os direitos dos negros (que formavam a maioria da população) em favor da parte branca da população (uma pequena parte do país). O resultado, como não poderia deixar de ser, foi o sistemático sistema de violação de direitos humanos e civis, além do cometimento de crimes por parte do aparato estatal. Esse filme é muito bom, muito importante em denunciar tudo o que aconteceu. A consagração veio na indicação de três categorias do Oscar, entre elas a de melhor ator para Denzel Washington. No Globo de Ouro o filme foi ainda indicado ao prêmio de melhor filme do ano no gênero Drama. Poderia ter vencido tranquilamente. É sem dúvida uma obra cinematográfica importante, que inclusive deveria ser exibida em escolas e universidades com mais regularidade. É o cinema em favor das boas causas, denunciando regimes criminosos ao redor do mundo.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 27 de maio de 2020
Aeroporto 75
Título no Brasil: Aeroporto 75
Título Original: Airport 1975
Ano de Produção: 1974
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Jack Smight
Roteiro: Don Ingalls
Elenco: Charlton Heston, Karen Black, George Kennedy, Linda Blair, Erik Estrada, Gloria Swanson
Sinopse:
Um Boeing 747 viaja de Dallas até Los Angeles. No meio da viagem precisa mudar de rota, se desviando até Salt Lake City. Em direção a essa cidade acaba se chocando com um pequeno bimotor, perdendo toda a tripulação da cabine. Sem piloto, a comissário de bordo tenta de todas as formas pousar o enorme avião.
Comentários:
Esse foi o último filme da franquia "Aeroporto" que me faltava assistir. Ele tem um elenco bem mais modesto de veteranos do cinema. Nos filmes anteriores (e posteriores) havia uma verdadeira constelação de astros do passado. Esse aqui conta com apenas dois grandes nomes, Charlton Heston e Gloria Swanson, aqui em sua última aparição no cinema pois iria falecer logo depois. Já entre o elenco mais jovem se destacavam Linda Blair, a garota de "O Exorcista", fazendo aqui o papel de uma jovem doente que precisava de um transplante de rim e Erik Estrada, que iria fazer muito sucesso como um dos patrulheiros da série de TV Chips. O curioso é que se você alguma vez assistiu "Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu" vai perceber que muitas cenas serviram de fonte para a comédia do trio ZAZ, inclusive a cena da freira com o violão e o próprio roteiro, onde uma aeromoça precisava pousar um Boeing 747 praticamente sozinha, sem qualquer experiência como piloto. Por fim vale o elogio para a cena em que Heston precisa sair de um helicóptero para entrar na cabine do avião, em pleno voo. Naquela época não havia tecnologia de computação gráfica e tudo foi feito ali mesmo, com dublês. Um dos pontos altos de todo o filme.
Pablo Aluísio.
Título Original: Airport 1975
Ano de Produção: 1974
País: Estados Unidos
Estúdio: Universal Pictures
Direção: Jack Smight
Roteiro: Don Ingalls
Elenco: Charlton Heston, Karen Black, George Kennedy, Linda Blair, Erik Estrada, Gloria Swanson
Sinopse:
Um Boeing 747 viaja de Dallas até Los Angeles. No meio da viagem precisa mudar de rota, se desviando até Salt Lake City. Em direção a essa cidade acaba se chocando com um pequeno bimotor, perdendo toda a tripulação da cabine. Sem piloto, a comissário de bordo tenta de todas as formas pousar o enorme avião.
Comentários:
Esse foi o último filme da franquia "Aeroporto" que me faltava assistir. Ele tem um elenco bem mais modesto de veteranos do cinema. Nos filmes anteriores (e posteriores) havia uma verdadeira constelação de astros do passado. Esse aqui conta com apenas dois grandes nomes, Charlton Heston e Gloria Swanson, aqui em sua última aparição no cinema pois iria falecer logo depois. Já entre o elenco mais jovem se destacavam Linda Blair, a garota de "O Exorcista", fazendo aqui o papel de uma jovem doente que precisava de um transplante de rim e Erik Estrada, que iria fazer muito sucesso como um dos patrulheiros da série de TV Chips. O curioso é que se você alguma vez assistiu "Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu" vai perceber que muitas cenas serviram de fonte para a comédia do trio ZAZ, inclusive a cena da freira com o violão e o próprio roteiro, onde uma aeromoça precisava pousar um Boeing 747 praticamente sozinha, sem qualquer experiência como piloto. Por fim vale o elogio para a cena em que Heston precisa sair de um helicóptero para entrar na cabine do avião, em pleno voo. Naquela época não havia tecnologia de computação gráfica e tudo foi feito ali mesmo, com dublês. Um dos pontos altos de todo o filme.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 26 de maio de 2020
F.I.S.T.
Título no Brasil: F.I.S.T.
Título Original: F.I.S.T.
Ano de Produção: 1978
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Norman Jewison
Roteiro: Joe Eszterhas, Sylvester Stallone
Elenco: Sylvester Stallone, Rod Steiger, Peter Boyle, Melinda Dillon, David Huffman, Kevin Conway
Sinopse:
Nesse filme Stallone interpreta Johnny Kovak, um trabalhador braçal que acaba sendo demitido por reivindicar melhores condições de trabalho. Após entrar no sindicato dos caminhoneiros ele acaba subindo na carreira sindical, se tornando um dos principais líderes de sua classe nos Estados Unidos.
Comentários:
Um dos melhores filmes da carreira de Stallone também é um dos menos conhecidos. O roteiro de "F.I.S.T." foi claramente inspirado na vida do líder sindical Jimmy Hoffa que havia desaparecido três anos antes da produção desse filme. E a trajetória do personagem interpretado pelo ator ia bem nessa direção, se tornando quase uma obra didática ao explicar porque homens de sindicatos como Hoffa acabavam caindo nas mãos da máfia. Isso fica bem claro na história de Johnny Kovak (Stallone). No começo ele age por senso de justiça, procurando melhorar mesmo as condições de trabalho dos caminhoneiros. Porém os patrões logo partem para a pura violência física, contratando valentões para espancar os trabalhadores com grandes porretes. Nessa urgência em busca de proteção Kovak acaba aceitando a proteção de chefões mafiosos e uma vez que se tenha feito acordo com esse tipo de criminoso não há mais volta. O roteiro assim procurava justificar pessoas como Hoffa? Em certos aspectos sim. Porém o filme vai muito além disso e se torna uma excelente obra cinematográfica. E olhando para o passado se fica com aquela sensação de que Stallone não deveria ter abandonado esse tipo de cinema para se concentrar apenas em filmes de ação. Ele deveria ter optado por investir mais nesse tipo de filme com mais conteúdo e mensagem. Teria sido muito melhor para sua carreira com o passar dos anos.
Pablo Aluísio.
Título Original: F.I.S.T.
Ano de Produção: 1978
País: Estados Unidos
Estúdio: United Artists
Direção: Norman Jewison
Roteiro: Joe Eszterhas, Sylvester Stallone
Elenco: Sylvester Stallone, Rod Steiger, Peter Boyle, Melinda Dillon, David Huffman, Kevin Conway
Sinopse:
Nesse filme Stallone interpreta Johnny Kovak, um trabalhador braçal que acaba sendo demitido por reivindicar melhores condições de trabalho. Após entrar no sindicato dos caminhoneiros ele acaba subindo na carreira sindical, se tornando um dos principais líderes de sua classe nos Estados Unidos.
Comentários:
Um dos melhores filmes da carreira de Stallone também é um dos menos conhecidos. O roteiro de "F.I.S.T." foi claramente inspirado na vida do líder sindical Jimmy Hoffa que havia desaparecido três anos antes da produção desse filme. E a trajetória do personagem interpretado pelo ator ia bem nessa direção, se tornando quase uma obra didática ao explicar porque homens de sindicatos como Hoffa acabavam caindo nas mãos da máfia. Isso fica bem claro na história de Johnny Kovak (Stallone). No começo ele age por senso de justiça, procurando melhorar mesmo as condições de trabalho dos caminhoneiros. Porém os patrões logo partem para a pura violência física, contratando valentões para espancar os trabalhadores com grandes porretes. Nessa urgência em busca de proteção Kovak acaba aceitando a proteção de chefões mafiosos e uma vez que se tenha feito acordo com esse tipo de criminoso não há mais volta. O roteiro assim procurava justificar pessoas como Hoffa? Em certos aspectos sim. Porém o filme vai muito além disso e se torna uma excelente obra cinematográfica. E olhando para o passado se fica com aquela sensação de que Stallone não deveria ter abandonado esse tipo de cinema para se concentrar apenas em filmes de ação. Ele deveria ter optado por investir mais nesse tipo de filme com mais conteúdo e mensagem. Teria sido muito melhor para sua carreira com o passar dos anos.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 25 de maio de 2020
O Último Pistoleiro
Na década de 1970 o ator John Wayne entrou na fase final de sua longa carreira. Tentando se renovar para o público mais jovem, tentou ir por novos caminhos. Se adequando aos novos tempos, flertou com novos gêneros e estilos. Uma dessas experiências ocorreu com "McQ, Um Detetive Fora da Lei ". Wayne faz o papel de um policial que após a morte de um companheiro, investigava um caso de tráfico de drogas cujas pistas acabavam indicando uma conexão com a própria polícia. O diretor Struges deixou aqui os espaços amplos do faroeste, estilo que o consagrou, para mostrar o mundo da criminalidade no grandes centros urbanos. Apesar da tentativa de mudança, seu lar era mesmo o western e o ator acabou retornando ao personagem que o fez ganhar o Oscar. Assim Wayne estrelou "Justiceiro Implacável" onde a filha de um pastor conta com a ajuda de um delegado federal beberrão para tentar encontrar os homens que mataram seu pai. Era a tão esperada continuação de "Bravura Indômita", com roteiro que lembrava o famoso "Uma Aventura na África". Ao seu lado em cena contracenava uma das atrizes mais premiadas da história, Katherine Hepburn. Este foi o penúltimo filme de John Wayne. Mesmo doente nunca pensou em se aposentar: Sobre isso declarou: "A única que sei fazer é trabalhar. A aposentadoria vai me matar".
Após ser diagnosticado com um câncer agressivo partiu para aquele que seria seu último filme. Novamente um western, novamente a mitologia do pistoleiro famoso que não consegue encontrar paz em sua vida. Antes do começo das filmagens falou sinceramente a um jornalista. Já velho e cansado desabafou: "É possível que não se interessem mais pelos serviços deste cavalo velho e o larguem no pasto, mas trabalharei até isso acontecer" Também brincou com o fato de algumas revistas afirmarem que estava ficando sem cabelos: "Não tenho vergonha da minha careca, mas não vejo por que obrigar as pessoas a vê-la". Em 1976 finalmente John Wayne se despediu das telas e fez sua última aparição nas telas nesse faroeste chamado "O Último Pistoleiro". Era o fim da estrada para o velho cowboy. O mais interessante é que seu personagem também aparecia envelhecido e doente, tentando lutar para se manter vivo com a dignidade que sempre o caracterizou. O roteiro, que tinha muito a ver com a própria vida do ator, trazia a história de um velho e lendário pistoleiro que sofria de câncer e procurava um local onde pudesse morrer em paz. Mas não conseguia escapar de sua reputação. Sempre havia alguém tentando desafiá-lo para um duelo final.
Era baseado em um romance de Glendon Swarthout e caía como uma luva para a despedida do lendário ator. Para contracenar ao seu lado, dois veteranos e amigos de longa data foram contratados pelo estúdio, James Stewart e Lauren Bacall. Velhos mitos do cinema se reencontrando pela última vez. O clima de despedida se torna óbvio ao longo do filme. John Wayne pressentiu que não mais voltaria ao cinema. Ele já estava abatido e abalado pelo tratamento que vinha fazendo e estava pronto para se aposentar definitivamente. Após concluir as filmagens começou uma batalha incansável contra o mal que o abatera. Com coragem ainda conseguiu lutar por heroicos três anos. Isso deixou os médicos surpresos pois seu tumor era bastante agressivo. O velho cowboy não se rendeu facilmente. Infelizmente em 11 de junho de 1979, o homem que melhor se identificou com os heróis da colonização americana e da mitologia do velho oeste, finalmente morreu de câncer nos pulmões. O homem se foi, mas a lenda está imortalizada para sempre em seus filmes. John Wayne, o eterno cowboy, estará para sempre no Olimpo dos deuses da sétima arte.
O Último Pistoleiro (The Shootist, Estados Unidos, 1976) Direção: Don Siegel / Roteiro: Glendon Swarthout, Miles Hood Swarthout / Elenco: John Wayne, James Stewart, Lauren Bacall, Ron Howard, John Carradine / Sinopse: Velho pistoleiro no fim de sua vida tem que enfrentar um último grande desafio. Lutando contra uma doença grave, tem que responder por sua reputação de rápido no gatilho por onde quer que vá. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor direção de arte (Robert F. Boyle e Arthur Jeph Parker). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor ator coadjuvante (Ron Howard).
Pablo Aluísio.
Após ser diagnosticado com um câncer agressivo partiu para aquele que seria seu último filme. Novamente um western, novamente a mitologia do pistoleiro famoso que não consegue encontrar paz em sua vida. Antes do começo das filmagens falou sinceramente a um jornalista. Já velho e cansado desabafou: "É possível que não se interessem mais pelos serviços deste cavalo velho e o larguem no pasto, mas trabalharei até isso acontecer" Também brincou com o fato de algumas revistas afirmarem que estava ficando sem cabelos: "Não tenho vergonha da minha careca, mas não vejo por que obrigar as pessoas a vê-la". Em 1976 finalmente John Wayne se despediu das telas e fez sua última aparição nas telas nesse faroeste chamado "O Último Pistoleiro". Era o fim da estrada para o velho cowboy. O mais interessante é que seu personagem também aparecia envelhecido e doente, tentando lutar para se manter vivo com a dignidade que sempre o caracterizou. O roteiro, que tinha muito a ver com a própria vida do ator, trazia a história de um velho e lendário pistoleiro que sofria de câncer e procurava um local onde pudesse morrer em paz. Mas não conseguia escapar de sua reputação. Sempre havia alguém tentando desafiá-lo para um duelo final.
Era baseado em um romance de Glendon Swarthout e caía como uma luva para a despedida do lendário ator. Para contracenar ao seu lado, dois veteranos e amigos de longa data foram contratados pelo estúdio, James Stewart e Lauren Bacall. Velhos mitos do cinema se reencontrando pela última vez. O clima de despedida se torna óbvio ao longo do filme. John Wayne pressentiu que não mais voltaria ao cinema. Ele já estava abatido e abalado pelo tratamento que vinha fazendo e estava pronto para se aposentar definitivamente. Após concluir as filmagens começou uma batalha incansável contra o mal que o abatera. Com coragem ainda conseguiu lutar por heroicos três anos. Isso deixou os médicos surpresos pois seu tumor era bastante agressivo. O velho cowboy não se rendeu facilmente. Infelizmente em 11 de junho de 1979, o homem que melhor se identificou com os heróis da colonização americana e da mitologia do velho oeste, finalmente morreu de câncer nos pulmões. O homem se foi, mas a lenda está imortalizada para sempre em seus filmes. John Wayne, o eterno cowboy, estará para sempre no Olimpo dos deuses da sétima arte.
O Último Pistoleiro (The Shootist, Estados Unidos, 1976) Direção: Don Siegel / Roteiro: Glendon Swarthout, Miles Hood Swarthout / Elenco: John Wayne, James Stewart, Lauren Bacall, Ron Howard, John Carradine / Sinopse: Velho pistoleiro no fim de sua vida tem que enfrentar um último grande desafio. Lutando contra uma doença grave, tem que responder por sua reputação de rápido no gatilho por onde quer que vá. Filme indicado ao Oscar na categoria de melhor direção de arte (Robert F. Boyle e Arthur Jeph Parker). Também indicado ao Globo de Ouro na categoria de melhor ator coadjuvante (Ron Howard).
Pablo Aluísio.
A Cabana
Título no Brasil: A Cabana
Título Original: The Lodge
Ano de Produção: 2019
País: Inglaterra, Estados Unidos
Estúdio: Hammer Films
Direção: Severin Fiala, Veronika Franz
Roteiro: Severin Fiala, Veronika Franz
Elenco: Riley Keough, Alicia Silverstone, Jaeden Martell, Lia McHugh, Richard Armitage, Danny Keough
Sinopse:
No passado Grace (Riley Keough) fez parte de uma seita fanática onde muitos membros cometerem suicídio coletivo. Agora ela tenta reconstruir sua vida, planejando se casar com Richard (Armitage). O problema é que a esposa dele se matou há pouco tempo e seus dois filhos odeiam a nova noiva do pai. Para piorar tudo a sombra da mãe das crianças parece estar sempre presente.
Comentários:
Temos aqui um filme de suspense com o selo histórico da Hammer Films. Para quem conhece a história do cinema de terror inglês sabe muito bem o peso do nome dessa veterana companhia cinematográfica. Só que o roteiro desse filme realmente privilegia o lado mais psicológico dos personagens. Muitos podem pensar que o filme vai trazer almas penadas, assombrações, etc. Isso fica até mesmo um pouco sugerido quando a família vai para uma distante e isolada casa nas montanhas, em pleno inverno. O clima me lembrou até mesmo "O Iluminado", mas com pretensões bem mais modestas. A atriz Riley Keough (neta de Elvis Presley) se sai muito bem em seu papel. Ela precisa trazer muitas emoções e sentimentos para sua personagem. O peso do passado sempre a persegue e ela toma remédios para não perder o controle. Só que nessa nova casa ela passa a enfrentar a antipatia dos filhos menores de seu futuro marido. E se você acredita que ela talvez seja a grande culpada pelos eventos trágicos que se desenvolvem, pense duas vezes. O roteiro, muito bem escrito a quatro mãos, joga o tempo todo com esse tipo de dualidade. Quem é o culpado e quem é a vítima? Depois de assistir cheguei na conclusão de que nem tudo nesse filme parece ser tão óbvio. Ponto positivo. Assim deixo a recomendação desse bom suspense psicológico, que em certas cenas realmente consegue dar nos nervos do espectador.
Pablo Aluísio.
Título Original: The Lodge
Ano de Produção: 2019
País: Inglaterra, Estados Unidos
Estúdio: Hammer Films
Direção: Severin Fiala, Veronika Franz
Roteiro: Severin Fiala, Veronika Franz
Elenco: Riley Keough, Alicia Silverstone, Jaeden Martell, Lia McHugh, Richard Armitage, Danny Keough
Sinopse:
No passado Grace (Riley Keough) fez parte de uma seita fanática onde muitos membros cometerem suicídio coletivo. Agora ela tenta reconstruir sua vida, planejando se casar com Richard (Armitage). O problema é que a esposa dele se matou há pouco tempo e seus dois filhos odeiam a nova noiva do pai. Para piorar tudo a sombra da mãe das crianças parece estar sempre presente.
Comentários:
Temos aqui um filme de suspense com o selo histórico da Hammer Films. Para quem conhece a história do cinema de terror inglês sabe muito bem o peso do nome dessa veterana companhia cinematográfica. Só que o roteiro desse filme realmente privilegia o lado mais psicológico dos personagens. Muitos podem pensar que o filme vai trazer almas penadas, assombrações, etc. Isso fica até mesmo um pouco sugerido quando a família vai para uma distante e isolada casa nas montanhas, em pleno inverno. O clima me lembrou até mesmo "O Iluminado", mas com pretensões bem mais modestas. A atriz Riley Keough (neta de Elvis Presley) se sai muito bem em seu papel. Ela precisa trazer muitas emoções e sentimentos para sua personagem. O peso do passado sempre a persegue e ela toma remédios para não perder o controle. Só que nessa nova casa ela passa a enfrentar a antipatia dos filhos menores de seu futuro marido. E se você acredita que ela talvez seja a grande culpada pelos eventos trágicos que se desenvolvem, pense duas vezes. O roteiro, muito bem escrito a quatro mãos, joga o tempo todo com esse tipo de dualidade. Quem é o culpado e quem é a vítima? Depois de assistir cheguei na conclusão de que nem tudo nesse filme parece ser tão óbvio. Ponto positivo. Assim deixo a recomendação desse bom suspense psicológico, que em certas cenas realmente consegue dar nos nervos do espectador.
Pablo Aluísio.
domingo, 24 de maio de 2020
Uma Dupla Quase Perfeita
Título no Brasil: Uma Dupla Quase Perfeita
Título Original: Turner & Hooch
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Roger Spottiswoode
Roteiro: Dennis Shryack, Michael Blodgett
Elenco: Tom Hanks, Mare Winningham, Craig T. Nelson, Reginald VelJohnson, Scott Paulin, J.C. Quinn
Sinopse:
Scott Turner (Tom Hanks) é um detetive desastrado que precisa adotar um enorme cão indisciplinado chamado Hooch para ajudá-lo a encontrar um assassino. E as coisas só pioram quando ele sai com seu "parceiro" em busca do criminoso foragido.
Comentários:
Acredite, esse filme foi um tremendo sucesso de bilheteria nos anos 80. Na época se tornou a maior bilheteria da carreira de Tom Hanks... quem diria que algo assim iria acontecer? E qual era o segredo então? Um veterano do cinema certa vez disse que o segredo para qualquer filme fazer sucesso era colocar um cão como protagonista. Havia acontecido com Lessie e com Rin-Tin-Tin no passado... então era até previsível que isso viesse a acontecer de novo. E de fato a fórmula ainda se mostrou certeira. E claro, ter um comediante talentoso como Hanks ajudou ainda mais a vender o filme. Curiosamente o sucesso desse filme deu origem a uma verdadeira fila de filmes que tentavam nadar na onda do sucesso, criando uma série de imitações, algumas bem ruins, que foram direto para o mercado de VHS. Já Tom Hanks recusou uma verdadeira fortuna para fazer uma continuação. Ele queria melhorar sua carreira como ator, ganhar um certo respeito, algo que seria complicado alcançar se contracenasse novamente com um cachorro babão. Acontece em Hollywood. Apesar de tudo isso devo dizer que o filme é bem divertido. Ainda hoje funciona como passatempo leve e inofensivo.
Pablo Aluísio.
Título Original: Turner & Hooch
Ano de Produção: 1989
País: Estados Unidos
Estúdio: Touchstone Pictures
Direção: Roger Spottiswoode
Roteiro: Dennis Shryack, Michael Blodgett
Elenco: Tom Hanks, Mare Winningham, Craig T. Nelson, Reginald VelJohnson, Scott Paulin, J.C. Quinn
Sinopse:
Scott Turner (Tom Hanks) é um detetive desastrado que precisa adotar um enorme cão indisciplinado chamado Hooch para ajudá-lo a encontrar um assassino. E as coisas só pioram quando ele sai com seu "parceiro" em busca do criminoso foragido.
Comentários:
Acredite, esse filme foi um tremendo sucesso de bilheteria nos anos 80. Na época se tornou a maior bilheteria da carreira de Tom Hanks... quem diria que algo assim iria acontecer? E qual era o segredo então? Um veterano do cinema certa vez disse que o segredo para qualquer filme fazer sucesso era colocar um cão como protagonista. Havia acontecido com Lessie e com Rin-Tin-Tin no passado... então era até previsível que isso viesse a acontecer de novo. E de fato a fórmula ainda se mostrou certeira. E claro, ter um comediante talentoso como Hanks ajudou ainda mais a vender o filme. Curiosamente o sucesso desse filme deu origem a uma verdadeira fila de filmes que tentavam nadar na onda do sucesso, criando uma série de imitações, algumas bem ruins, que foram direto para o mercado de VHS. Já Tom Hanks recusou uma verdadeira fortuna para fazer uma continuação. Ele queria melhorar sua carreira como ator, ganhar um certo respeito, algo que seria complicado alcançar se contracenasse novamente com um cachorro babão. Acontece em Hollywood. Apesar de tudo isso devo dizer que o filme é bem divertido. Ainda hoje funciona como passatempo leve e inofensivo.
Pablo Aluísio.
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