Casablanca é certamente o filme clássico mais cultuado da história do cinema. Casablanca é uma cidade situada no Marrocos. Também foi um local vital para os refugiados europeus que fugiam do regime nazista. De Casablanca era possível pegar um avião rumo a Lisboa e de lá fugir para os Estados Unidos. E é nesse local que vive Rick Blaine (Humphrey Bogart), um americano cínico, sempre com uma ironia na ponta de língua. Se dizendo “neutro” em relação a tudo que acontece na Europa, ainda que nas vésperas da entrada dos Estados Unidos no conflito, ele angaria simpatia de todos os lados, dos membros do regime entreguista francês aos integrantes da famosa resistência francesa. Dono de um bar muito procurado na região, que acaba funcionando como ponto de encontro de refugiados em busca de uma saída dos horrores da guerra na Europa, o lugar vira uma espécie de ponto de partida rumo à liberdade. Os problemas para Rick começam a surgir quando um conhecido lhe pede que fique de posse de dois salvo-conduto, documentos que garantem a quem os possuir livre passagem rumo à Lisboa. Para completar o intrigado jogo de xadrez, ele ainda tem que lidar com a volta de Ilsa (Ingrid Bergman) uma antiga paixão dos tempos em que morava em Paris.
“Casablanca” assim tece a teia de sua trama que envolve romance, espionagem, política e amores impossíveis de se concretizarem. O filme virou símbolo de toda uma era. Ao longo dos anos ganhou uma áurea e um status que o coloca lado a lado a outros grandes filmes como “E o Vento Levou”, "Lawrence da Arábia" e “Cidadão Kane”. O curioso é que não foi recebido com todo essa consagração em sua época. Embora tenha sido o grande vencedor do Oscar em seu ano de estreia, o filme era visto apenas como uma produção um pouco acima da média, com produção do conhecido Hal B. Wallis. Não era considerada uma obra prima e nem um marco da história do cinema americano em seu tempo. De fato “Casablanca” só adquiriu todo essa importância nos anos seguintes. Mas afinal o que tornou esse filme o cult que conhecemos hoje em dia? E por que foi elevado à posição de produção símbolo da época de ouro de Hollywood? Responder a essas perguntas não é nada fácil. O que parece ter acontecido é que “Casablanca” por ter vários elementos cruciais do cinema clássico tal como o entendemos na atualidade, acabou ganhando a posição de símbolo daqueles anos, daquela era dourada do cinema americano.
Temos que reconhecer que o filme em si ainda é muito bem realizado, muito bem roteirizado e tem os elementos certos bem encaixados. A Academia reconheceu esse aspecto e premiou "Casablanca" com o Oscar nas principais categorias, entre elas a de melhor direção (Michael Curtiz), filme e roteiro. A trilha sonora, sempre lembrada, leva o espectador de forma imediata ao conturbado mundo político da II Guerra. Não há batalhas e nem combates em cena, pois é um filme de bastidores do que acontecia na guerra, que mostra a luta de quem apenas desejava acima de tudo sobreviver. O personagem interpretado por Bogart também era um sobrevivente. Sob uma postura de cinismo e frieza a tudo o que acontece ao redor, existia ali também um idealista que lutou contra o regime ditatorial na Espanha. Além disso embaixo da fachada de fria indiferença com as mulheres surgia também um homem apaixonado e magoado por ter sido abandonado pela mulher que amava. Nem é necessário elogiar a grande interpretação de Bogart. Com eterno cigarro na boca, rosto de tédio e expressão cool, o ator arrasou em sua caracterização. De fato o personagem reuniu tudo o que faria de Bogart um mito eterno do cinema. Foi a cristalização de sua imagem no cinema, definindo toda a sua carreira.
A atriz sueca Ingrid Bergman impressionava pela beleza, pelos olhos sempre cheios de lágrimas e pela sensualidade á flor da pele. O curioso é que sua personagem nem deveria despertar tanto carisma assim no espectador, uma vez que era uma mulher casada que se envolvia com um outro homem em Paris. O público porém ignorou tal fato e ela surgiu suprema em cena, despertando suspiros em cada momento que aparecia. Assim temos em “Casablanca” um filme nostálgico que conseguia trazer em seu roteiro conspirações, conchavos e romance, tudo na medida certa. Além disso os personagens eram modelos de uma época do cinema americano que já não existe mais. Muito provavelmente por isso o filme seja tão cultuado. É uma símbolo do que se produzia em sua época. Por todas essas razões é até desnecessário falar mais sobre o filme. “Casablanca” é um clássico para se rever sempre, de tempos em tempos. Um filme realmente atemporal e eterno. Item essencial na sua coleção de filmes.
Casablanca (Casablanca, Estados Unidos, 1942) Direção: Michael Curtiz / Roteiro: Julius J. Epstein, Philip G. Epstein, Howard Koch, Murray Burnett, Joan Alison / Elenco: Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Paul Henreid, Claude Rains, Conrad Veidt, Sydney Greenstreet, Peter Lorre, S. Z. Sakall, Madeleine Lebeau / Sinopse: Após ser perseguido pelos nazistas um atravessador entrega a Rick Blaine (Bogart), dono de um bar cassino em Casablanca, dois documentos que garantem passe livre a quem os possuir. Ao mesmo tempo Rick reencontra Ilsa Lund (Bergman), uma antiga paixão dos tempos em que morava em Paris. Após ser abandonado sem razão, ela agora está de volta e pretende fugir com o marido rumo aos Estados Unidos, para fugir dos nazistas. Apenas Rick possui a chance de lhe dar os salvo-condutos. Será que fará isso pelo amor de sua vida?
Pablo Aluísio.
Cinema Clássico
ResponderExcluirCasablanca
Pablo Aluísio.
Os dois tiveram destinos trágicos. O Humphrey Bogart morreu em 1957 de um fulminante câncer no pulmão já que não largava o cigarro. A esposa dizia que ele fumava quatro maços por dia. A Ingrid Bergman caiu em desgraça em Hollywood depois que casou com um homem que já era casado, bem mais velho do que ela. O falso puritanismo americano dos anos 50 jamais perdoou ela por isso. Era um bando de hipócritas.
ResponderExcluirLord Erick, fumar na época era um charme adicional. Basta ver as fotos promocionais dos filmes. Praticamente todos os atores e atrizes posavam com cigarro na mão. Era uma maneira de mostrar o glamour de Hollywood. Hoje em dia, claro, com a mudança de mentalidade, isso ficou extremamente cafona.
ResponderExcluirA ingrid bergman gostava de homens mais velhos mesmo. Todos os seus maridos tinha idade para ser o pai dela. Questão de gosto pessoal. Em Hollywood ficaram escandalizados com o casamento dela com o Roberto Rossellini, diretor estrangeiro que os executivos americanos não gostavam. Os dois outros maridos dela foram Lars Schmidt de 1958 a 1975 e Aron Lindström de 1937 a 1950.
ResponderExcluirQue gente chata e preconceituosa!
ResponderExcluirSe o Steve Mcqueen foi o pai dos cool, que dizer de Humphrey Bogart? Nesse filme, especialmente, a impressão que temos é que se o Hitler em pessoa entrasse naquele bar ele friamente lhe daria um tiro na cabeça e sentaria na sua mesa e tomaria outra dose de whisky e fumaria outro cigarro, tranquilamente ouvindo o piano do Sam.
ResponderExcluirEsse personagem super niilista parece que foi "desenhado" para o Humphrey Bogart como um bom alfaiate talha um terno em que não há sobras e nada falta.
O Frank Sinatra o adorava e respeitava, mesmo assim lhe meteu um metro de chifre, gerando assim mais uma versão para a "fabula do escorpião e do sapo".
E ele era também muito bom interpretando gângsters, isso antes de virar astro, quando era apenas um cara em busca de um espaço em Hollywood.
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