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domingo, 21 de agosto de 2011

O Grande Milagre de Jesus de Nazaré

Ao longo de sua existência terrena Jesus de Nazaré realizou inúmeros milagres. Muitos deles - porém não todos - estão devidamente descritos nos evangelhos. São milagres maravilhosos, dignos do Deus encarnado na Terra para viver entre os homens. Em minha visão o maior milagre de Jesus de Nazaré é de fato o milagre histórico. Jesus nasceu humilde em uma província distante dos grandes centros urbanos, em um lugar remoto do mundo antigo dominado pelo Império Romano. Socialmente falando ele era um homem pobre em riquezas materiais, não tinha parentes importantes e nem ligações com as altas autoridades do império. Exercia uma profissão humilde e digna, a de carpinteiro, e pertencia realmente a classe mais popular, ao povo a que veio amar. Jesus de Nazaré realmente viveu no seio de seu povo amado.

Preso injustamente, foi morto e crucificado por Roma, com apoio das autoridades religiosas judaicas da região de Jerusalém. A crucificação era uma das execuções mais violentas e infamantes daqueles tempos por si só tão brutais. Os romanos geralmente crucificavam apenas os autores de crimes bárbaros, aqueles que conspiravam contra o poder do imperador ou então assassinos, ladrões e piratas. Jesus, o Deus feito homem, morreu da forma mais vil e desrespeitosa. Mesmo com aparentemente tudo contra, o nome Jesus Cristo é o mais celebrado da história humana. É o homem mais estudado, reverenciado e amado de todos os tempos. Mesmo sob a ótica de um ateu é complicado entender como Jesus, mesmo após dois mil anos de sua morte numa cruz romana, segue sendo tão importante para a maioria dos seres humanos. Simplesmente não há como negar que há um sopro divino em sua perenidade histórica.

Veja, mesmo que você seja um historiador isento, imparcial e não religioso, não há como negar a importância de Jesus na história humana. Não existe qualquer exemplo paralelo sequer assemelhado ao que aconteceu com Jesus. Ele é um caso único e singular do ponto de vista histórico. Seu nome tinha tudo para desaparecer nas areias do tempo. Se Jesus Cristo fosse um homem comum sua passagem pela Terra já teria sido esquecida. Se ele fosse um judeu como tantos outros do século I sequer saberíamos que um dia ele pisou em nosso mundo ou existiu. Assim não existe maior prova de sua divindade do que a própria ciência da história. Jesus resistiu a tudo e a todos. Ao longo desses dois mil anos centenas de milhares de pessoas (hoje praticamente todas anônimas) tentaram desmerecer seu legado, seus ensinamentos e sua história de vida. Não foram poucos os que disseram que ele havia sido apenas uma ficção criada por escritores ou que teria sido apenas um farsante, um profeta messiânico como tantos outros que existiam naqueles tempos remotos. Todos esses detratores foram esquecidos, sumiram com o passar dos tempos, enquanto que Jesus jamais foi esquecido.

O fato inegável é que Jesus resistiu. Algo extraordinário aconteceu naqueles dias após suas crucificação, um fato que levou seus seguidores a seguirem em frente com extrema coragem, com a certeza que seguiriam os passos de seu mestre que teria ressuscitado dos mortos, vencendo assim a própria morte na cruz. Muitos ateus afirmam que a ressurreição jamais aconteceu. Que o corpo de Jesus teria sido roubado por seus seguidores. Se isso é verdade porque a maioria deles aceitou com tranquilidade e paz de espírito suas próprias mortes violentas? Pedro, Paulo e praticamente todos os apóstolos que andaram com Jesus tiveram mortes horrendas, mas nenhum deles demonstrou qualquer sinal de medo, covardia ou arrependimento na hora final. Morreram com a graça de Deus enchendo seus corações, certos que iriam finalmente reencontrar seu querido mestre. Fecho esse singelo texto lembrando que o exemplo dos primeiros cristãos, dos mártires que morreram nas arenas romanas, devorados por leões famintos, é o maior testemunho não apenas da existência real de Jesus como também da força de seu espírito santo. Afinal de contas Jesus sempre foi e sempre será a vida eterna prometida na paz de Deus.

Pablo Aluísio.

O Nascimento de Jesus (Evangelho Segundo Lucas)

Anúncio do nascimento de Jesus
Quando Isabel estava no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,  a uma virgem prometida em casamento a um homem de nome José, da casa de Davi. A virgem se chamava Maria. O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegrate, cheia de graça! - O Senhor está contigo”. Ela perturbou-se com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo, então, disse: “Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto a Deus. Conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande; será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará para sempre sobre a descendência de Jacó, e o seu reino não terá fim”. Maria, então, perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem?” O anjo respondeu: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer será chamado santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice. Este já é o sexto mês daquela que era chamada estéril, pois para Deus nada é impossível”. Maria disse: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra”. E o anjo retirou-se de junto dela.

Nascimento de Jesus. Os pastores
Naqueles dias, saiu um decreto do imperador Augusto mandando fazer o recenseamento de toda a terra – o primeiro recenseamento, feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade. Também José, que era da família e da descendência de Davi, subiu da cidade de Nazaré, na Galiléia, à cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Quando estavam ali, chegou o tempo do parto. Ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.

Havia naquela região pastores que passavam a noite nos campos, tomando conta do rebanho. Um anjo do Senhor lhes apareceu, e a glória do Senhor os envolveu de luz. Os pastores ficaram com muito medo. O anjo então lhes disse: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor! E isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura”. De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste cantando a Deus: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz aos que são do seu agrado!”  Quando os anjos se afastaram deles, para o céu, os pastores disseram uns aos outros: “Vamos a Belém, para ver o que aconteceu, segundo o Senhor nos comunicou.

Foram, pois, às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. Quando o viram, contaram as palavras que lhes tinham sido ditas a respeito do menino. Todos os que ouviram os pastores ficavam admirados com aquilo que contavam. Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração. Os pastores retiraram-se, louvando e glorificando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, de acordo com o que lhes tinha sido dito.

Circuncisão e apresentação. Volta para Nazaré
No oitavo dia, quando o menino devia ser circuncidado, deram-lhe o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido no ventre da mãe. E quando se completaram os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, levaram o menino a Jerusalém para apresentá-lo ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor”. Para tanto, deviam oferecer em sacrifício um par de rolas ou dois pombinhos, como está escrito na Lei do Senhor. Ora, em Jerusalém vivia um homem piedoso e justo, chamado Simeão, que esperava a consolação de Israel. O Espírito do Senhor estava com ele.

Pelo próprio Espírito Santo, ele teve uma revelação divina de que não morreria sem ver o Ungido do Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao templo. Quando os pais levaram o menino Jesus ao templo para cumprirem as disposições da Lei, Simeão tomou-o nos braços e louvou a Deus, dizendo: “Agora, Senhor, segundo a tua promessa, deixas teu servo ir em paz, porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória de Israel, teu povo”. O pai e a mãe ficavam admirados com aquilo que diziam do menino. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe: “Este menino será causa de queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição – uma espada traspassará a tua alma! – e assim serão revelados os pensamentos de muitos corações”.

Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Ela era de idade avançada. Quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. Depois ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do templo; dia e noite servia a Deus com jejuns e orações. Naquela hora, Ana chegou e se pôs a louvar Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Depois de cumprirem tudo conforme a Lei do Senhor, eles voltaram para Nazaré, sua cidade, na Galiléia. O menino foi crescendo, ficando forte e cheio de sabedoria. A graça de Deus estava com ele.

Fonte; Bíblia Sagrada - Novo Testamento.

Marcellus, O Centurião

Quando o Cristianismo começou a se espalhar dentro da sociedade de Roma as autoridades do Império implementaram uma série de duras medidas para conter seu avanço. Afinal a religião romana era considerada uma das bases de todo o Império Romano. Seus vastos e diversificados deuses traziam legitimidade para os detentores do poder supremo. Caso o panteão divino deixasse de ser cultuado pela sociedade o próprio poder imperial poderia vir abaixo. O Cristianismo era uma religião monoteísta que admitia apenas um Deus, o único todo-poderoso. Não havia espaço para deuses menores e nem tampouco para semi deuses mitológicos. Os templos de Roma começaram a ficar vazios e a fé pagã começou a desaparecer. Para conter essa situação os imperadores usaram de força bruta onde o exército se tornava instrumento essencial na repressão para conter o avanço da crença no Cristo judeu. O problema é que em pouco tempo o cristianismo também começou a se espalhar entre os próprios militares, algo que as grandes autoridades do Império jamais imaginariam.

Um símbolo dessa nova situação pode ser encontrada na história do Centurião Marcellus. Ele foi um destacado membro do exército romano, tendo participado de inúmeras campanhas militares. Considerado um profissional exemplar. Em uma dessas invasões comandadas pelo seu Império ele tomou pela primeira vez contato com os chamados cristãos. Eram pessoas de índole irrepreensível, que estavam sempre exaltando as palavras de amor e carinho de seu mestre a qual chamavam de Jesus Cristo. Uma mensagem como aquela era algo completamente novo na vida de Marcellus, um homem que lutou e viveu dentro de uma rígida disciplina militar por toda a vida. Misericórdia e perdão era algo inexistente dentro das legiões romanas.

De uma maneira ou outra aquela mensagem o conquistou. Embora o Império considerasse todo cristão um criminoso e se tornasse dever de cada centurião eliminar essa ameaça, Marcellus começou a enxergar o mundo sob uma nova visão. Ele era pai de um família numerosa - com doze filhos - e sabia muito bem a importância do amor ao próximo que era justamente a base da mensagem daquele Cristo que havia conhecido. Quando atravessava a cidade de Lyon acabou se encantando com um pregador cristão e a partir dali resolveu se converter definitivamente na nova fé. Era algo absolutamente subversivo e contra as regras do exército romano, mas Marcellus resolveu seguir o que seu coração dizia. Depois que aceitou a palavra do Cristo começou a pregar a nova fé entre seus companheiros de armas, às escondidas, durante as noites nos acampamentos romanos.

Depois de converter vários militares como ele, sua centúria foi enviada de volta a Roma. Ele ficou chocado com a violência e a brutalidade com que os cristãos estavam sendo tratados na cidade eterna. Eram execuções em massa, com jovens, mulheres, crianças e idosos sendo jogados às feras nas arenas. Os adultos mais fortes eram praticamente sacrificados ao terem que lutar com gladiadores fortemente armados enquanto eles, os cristãos, ficavam de mãos vazias. Era um massacre indescritível. Como era de se esperar aquilo tudo revoltou Marcellus. Sim, ele era um guerreiro, mas sabia que não havia qualquer honra militar naqueles grotescos espetáculos.

Enquanto estava de serviço como capitão da guarda imperial do imperador Trajano ele foi designado para trucidar cristãos em nome de Roma. Na hora de executar suas ordens Marcellus jogou ao chão sua espada e seu escudo dizendo que agora só serviria como soldado de Jesus Cristo, o Rei eterno. Aquilo foi um choque para seus superiores e Marcellus foi imediatamente levado para a prisão. Levado a um rápido julgamento foi imediatamente condenado à morte. Nada poderia ser mais ultrajante para o império do que um centurião convertido ao cristianismo. Era o ano de 298 e Roma vivia uma grave crise religiosa. O menor sinal de "contaminação" dentro dos legionários com aquela fé cristã deveria ser combatida de forma enérgica. Assim em 3 de dezembro daquele ano ele foi brutalmente decapitado na frente de sua unidade, para que os demais homens não seguissem seu caminho. Foi em vão. Antes de morrer Marcellus já havia plantado as sementes da fé naqueles militares que lutaram e caminharam ao seu lado. A violência porém não acabou com sua morte e vários de seus filhos também foram mortos por ordem do imperador. Isso chocou tanto as pessoas que fez com que sua crença em Cristo se fortalecesse ainda mais. Séculos depois o Vaticano reconheceria a grande mensagem de fé na vida do Centurão Marcellus, o canonizando no século V. Seus restos mortais e de seus amados filhos estão enterrados sob a Catedral de Lyon.

Pablo Aluísio.

sábado, 20 de agosto de 2011

Papa Pio V

Papa Pio V
Antonio Ghislieri nasceu em Bosco, na Itália, no dia 17 de janeiro de 1504. Desde cedo demonstrou ter grande vocação pastoral. Em pouco tempo entrou para os quadros da Igreja Católica Romana. Aos 14 anos de idade ingressou na Ordem Dominicana. Estudioso e defensor da doutrina católica ele foi assumindo mais postos e responsabilidades dentro da hierarquia. Tornou-se padre, bispo e depois cardeal, passando por diversas cidades italianas em sua jornada evangélica. Pregou em Milão, Gênova, Parma e Bolonha. Antonio conciliava uma intensa vida dentro da igreja, rezando missas e prestando ajuda aos fiéis católicos, com uma rica produção literária. Assim se tornou um produtivo escritor. Suas obras foram a chave que abriram as portas de sua ascensão dentro do clero romano. Em seus livros Antonio Ghislieri sustentava de maneira teológica a visão da Igreja Católica sobre o evangelho. Durante sua carreira ele vivenciou em muitas cidades e povoados a proliferação do protestantismo. Assim sentiu na pele a desvalorização da doutrina católica. Para defendê-la ele se dedicou a escrever bastante sobre o tema. Isso lhe valeu autoridade cultural e admiração de seus pares.

Quando o Papa Pio IV faleceu, o agora cardeal Antonio Ghislieri foi para Roma exercer sua função de eleitor na escolha do novo Papa. Homem diplomata, conciliador e culto, ele foi ganhando a admiração dos demais cardeais que iriam escolher o novo Papa. Para sua surpresa seu nome começou a surgir nas apurações de votos e após duas tentativas de se chegar na maioria necessária para se eleger o novo papa, Antonio Ghislieri finalmente foi eleito em 7 de Janeiro de 1566. Em homenagem ao papa anterior, que admirava, resolveu adotar o nome papal de Pio V. Na ocasião estava com 62 anos de idade, o que na época significava uma idade avançada já que a expectativa de vida na Europa naqueles tempos mal passava dos 50 anos. Mesmo considerado velho para o pontificado, Pio V deu começo a uma série de medidas que considerava essenciais. Amantes dos livros, ele queria colocar em prática tudo o que havia aprendido em suas páginas.

Como era um homem de letras mandou organizar a elaboração do catecismo da Igreja Católica. Ao longo de sua vida Pio V pôde verificar que grande parte dos católicos não conheciam ou conheciam muito pouco a doutrina da Igreja. Ele queria que o catecismo se tornasse um livro de leitura diária para o católico em todo o mundo. Por isso mandou organizar uma edição definitiva, fruto de estudos e apurado rigor técnico e teológico. Com a bula papa "In cœna Domini" reafirmou a autoridade da Igreja Católica perante os cristãos. Já com outra bula, "Quo Primum Tempore", procurou trazer unidade para a celebração de missas e rituais, instituindo a Missa tridentina. Procurou com isso preservar a liturgia da Igreja Romana. Sensível aos abusos cometidos em touradas, onde animais eram sacrificados na arena, decidiu proibir a modalidade em toda a Itália, como forma de respeito aos direitos dos animais. Nesse aspecto foi um grande inovador. Como administrador ainda procurou realçar o corte de gastos entre o clero, procurando sanar as finanças do Vaticano que viviam em eterna crise. Por fim, ressaltou a importância do Rosário na vida dos católicos. Como era previsto por causa de sua idade, Pio V só conseguiu ser papa por seis anos. Em maio de 1572 ele morreu, sendo canonizado pela Igreja Católica 40 anos depois de sua morte, na mesma data de seu falecimento.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A Vida de São Francisco de Assis

Hoje é dia de São Francisco de Assis. De todos os santos canonizados pela Igreja Católico muito provavelmente ele seja o maior exemplo de vida baseada no evangelho que se tem notícia. Francesco não apenas pregou a mensagem de Jesus Cristo, ela a viveu! É um desses exemplos de vida que inspiram e acalentam nosso coração cristão. Raros foram os exemplos de pessoas que tiveram uma vida tão rica e maravilhosa em Cristo como ele. Na verdade ele não se chamava Francisco, mas sim Giovanni di Pietro di Bernardone. Ele nasceu em Assis na Itália em plena idade média durante o ano de 1182. Era o filho amado de uma família de ricos comerciantes franceses. Desde garotinho ficou conhecido pelo apelido carinhoso de Francesco (que significava o pequeno francês) no bairro onde cresceu. Seu pai fez fortuna comercializando os mais diversos produtos na rota entre França e Itália, regiões de grande atividade comercial. Assim o pequeno Giovanni teve uma infância feliz e rica onde nada lhe faltou. Ao contrário das outras crianças pobres da vizinhança nunca sentiu o peso da privação e da miséria.

Ao atingir a juventude ele começou a ter uma vida dedicada a festas e farras extravagantes. Muito vinho e muitas mulheres faziam parte do seu dia a dia. Embora bondoso ele também se dedicou a muita luxúria e vaidade nessa fase de sua vida. Começou a usar roupas finas, elegantes e caras. Também se interessou pela vida militar, pelos romances de nobres cavaleiros que o inspiraram a entrar no exército. No campo de batalha acabou sendo preso e feito prisioneiro pelos inimigos. Depois de um ano vivendo numa masmorra conseguiu a liberdade por causa dos esforços de seu pai que passou meses à sua procura. Ao sair da prisão Francesco sofria de sérios problemas de saúde, em especial da visão e aparelho digestivo. A dura vida em uma prisão medieval cobrou um alto preço na saúde do jovem.

Em 1204 voltou ao lar de sua família. Giovanni porém não estava disposto a largar a carreira militar. Em 1205 alistou-se novamente, dessa vez no exército papal. Foi designado para combater as forças do imperador Frederico II. Durante essa campanha ele teve um sonho onde um anjo lhe falava para retornar para Assis pois deveria começar uma missão muito especial. De volta ao lar seus amigos perceberam que Francisco era um homem mudado. Não ficava mais feliz e contente em participar de festas, bebedeiras e outras farras que os jovens de seu círculo social adoravam. Nessa fase de sua vida seu pai queria que se casasse, mas Francesco começou a ter sérias dúvidas sobre seu futuro. Ao se retirar para meditar em uma caverna isolada ele decidiu que queria se dedicar a uma vida religiosa, de ajuda e apoio aos mais pobres - mas como sua rica e poderosa família aceitaria algo assim?

Ao voltar para casa ele encontrou um senhor idoso leproso que tremia de frio na congelante noite de Assis. Francisco desceu de seu cavalo e com olhar piedoso deu sua capa e seu casaco para o velho senhor. Esse inicialmente ficou assustado pois as pessoas evitavam qualquer contato com leprosos. Ao perceber que o pobre homem chorava, se derramava em lágrimas, pelo gesto de Francisco esse lhe deu um forte abraço. Ao olhar em seus olhos viu a imensa gratidão daquele que congelava no frio. Naquele momento Francisco entendeu a misericórdia de Deus e toda a sua força e poder. A convicção de ser um homem de Deus cresceu em seu íntimo. Depois disso ele foi sempre visto ajudando pessoas pobres e miseráveis que passavam por Assis.

O acontecimento que mudaria sua vida para sempre aconteceu em uma pequena igreja em ruínas. Era uma antiga igreja abandonada dedicada a São Damião. Francisco cavalgava pelas redondezas quando aqueles destroços de uma construção bem antiga chamaram a sua atenção. Ao entrar na nave daquilo que havia sido a igreja ele teve uma visão do próprio Jesus. Caído sobre seu joelhos Francisco viu uma voz saindo de um antigo crucifixo que dizia: "Vês a ruína da minha igreja? A reconstrua..." Ao ouvir aquela voz Francisco entrou em pânico, mas acreditou na presença divina naquele local. Imediatamente voltou para Assis, pegou algumas peças de tecido da loja de seu pai, as vendeu e levantou dinheiro para o começo da reforma da igrejinha.

Muitos que estudaram essa visão acreditam que Jesus não estava se referindo apenas à pequena igrejinha de São Damião situada fora dos portões de Assis, mas a própria Igreja como um todo, já que essa passava por uma grave crise religiosa. O clero se esbaldava em luxo e riqueza enquanto o povo sofria com muitas privações, de todos os tipos. Caberia a Francisco começar um movimento baseado na mais essencial mensagem cristã, renegando a toda riqueza material para ajudar aos excluídos, aos mais pobres e miseráveis, tal como havia feito Jesus séculos antes. Era o começo de uma nova existência para o jovem Giovanni que veria sua vida mudar para sempre.

As pessoas geralmente esquecem que todos esse santos católicos também foram homens, pessoas comuns, tal como eu e você que está lendo esse texto. Em sua jornada rumo à santidade eles também tiveram que passar por momentos decisivos em suas vidas, algo que mudasse o seu destino para sempre. Com o jovem Giovanni di Pietro (Francesco) não foi diferente. Sua conversão definitiva se deu muito em razão dos atos de profunda ignorância que partiram de seu próprio pai. Francisco queria ajudar aos pobres de Assis, queria mesmo se dedicar a ser um homem piedoso e profundamente cristão. Seu pai era um rico comerciante que não via esse tipo de atitude como algo normal. Em sua visão mercantilista o filho não passava de um tolo ou até mesmo de um louco varrido. Quando soube que Francisco havia levado peças de sua loja para revender e dar o dinheiro aos pobres ele se enfureceu. Mandou que seus empregados o localizassem imediatamente. A intenção era punir o jovem da forma como era padrão na época - com muita violência física. Francisco sabia que seu pai podia ser um homem violento e se escondeu em um celeiro, onde amigos próximos lhe levaram comida por vários dias. Depois publicamente Francisco resolveu se converter totalmente à mensagem de Cristo e optou por levar uma vida de pobreza e ajuda ao próximo. As pessoas da cidade que o conheciam como um jovem farrista e dado a festanças e bebedeiras não o levaram à sério, pelo contrário, alguns o ofenderam e o insultaram em plena praça pública. Quando seu pai soube disso ficou ainda mais furioso. Francisco foi então localizado e trazido a ele por seus empregados e depois levado para o porão onde foi acorrentado. Era um absurdo completo, mas era o jeito rude e violento de agir de seu pai.

A mãe de Francisco não aguentou ver o próprio filho em correntes, tal como se fosse um ladrão ou um criminoso. Ele era uma pessoa bondosa e de alma muito limpa. Assim resolveu soltar o filho. Francisco finalmente estava livre das garras do pai, não apenas materialmente, mas principalmente psicologicamente. Nunca mais aquele homem o iria humilhar daquela forma. Assim que se soltou Francisco começou a pregar o evangelho a pessoas que o encontravam nas ruas medievais de Assis. Seu pai ficou possesso quando soube do ocorrido e novamente foi atrás do filho. Ao lhe encontrar disse que esse lhe devia o valor das peças que havia levado de sua loja, que ele não era nada, que não tinha nada e que tudo o que vestia havia lhe sido dado por ele, o seu pai. Enquanto o pai berrava Francisco olhava para suas mãos, que estavam em forma de oração. Ouviu a tudo em silêncio e em contemplação profunda. Infelizmente seu pai era um homem visivelmente materialista que só via mesmo as coisas da terra, a riqueza, o dinheiro e os bens materiais. Espiritualmente o pai do grande Francesco era uma pessoa medíocre, essa era a triste verdade. Diante da fúria de seu pai, Francisco resolveu fazer um ato simbólico. Despiu-se de todas as suas vestes (que haviam lhe sido dadas por seu irascível pai que tinha acabado de passar isso na sua cara) e renunciou a qualquer herança que viesse de seu furioso progenitor. Ali mesmo na praça o jovem Francesco ficou completamente nu, despiu-se das coisas materiais e saiu em busca da verdadeira mensagem de Jesus Cristo. O bispo de Assis presenciou tudo e ficou em lágrimas. Aquele era o verdadeiro espírito cristão, não havia dúvidas.

Filho de uma família rica e abastada de Assis, o jovem Francisco saiu para viver como o mais pobre dos homens, ajudando ao próximo, ao miserável, ao esfomeado e ao excluído. Começou imediatamente a trabalhar como um simples pedreiro na reconstrução de igrejas da região. Trabalhou dia e noite na restauração das igrejinhas de São Damião, São Pedro e São Boaventura. Seus amigos de um passado não tão distante o abordavam nas pequenas ruelas da cidade e perguntavam diretamente a ele se estava louco ou algo assim. Francisco ria humildemente dessas questões. Então dizia que sua vocação havia finalmente aflorado. Ele se considerava um homem de Deus e iria dedicar cada segundo de sua vida a essa nova missão evangelizadora. Usando o evangelho de Mateus, Francesco decidiu que iria seguir os passos de um trecho bíblico muito importante para ele que dizia: ""Ide, disse o Salvador, e proclamai em todas as partes que o Reino do Céu está aberto. Vós recebestes gratuitamente; dai sem receber pagamento. Não leveis nem ouro, nem prata nem cobre em vossos cintos, nem um alforje, nem uma segunda túnica, nem sandálias, nem o cajado de viajante, pois o trabalhador merece ser sustentado. Em qualquer vila em que entrardes procurai alguma pessoa digna, e hospedai-vos com ela até partirdes. E quando entrardes em uma casa, saudai-a; se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz!" Era justamente isso que ele queria para sua vida dali em diante.

O pai de Francisco continuava a chamá-lo de louco para quem quisesse ouvir. Afinal de contas em sua visão limitada da vida apenas um louco largaria tudo, o dinheiro e a fortuna de sua família, para viver uma vida de pobreza absoluta como estava a fazer seu filho. O pequeno francês não se importou com as acusações e ofensas que lhe eram dirigidas, nem ao escárnio de seus antigos amigos. Enquanto eles continuavam a viver do luxo e da riqueza, com roupas elegantes, caras e finas, montados em cavalos de pura raça, Francisco continuava sua jornada, vestindo as roupas mais humildes, pregando a palavra de Jesus aos mais pobres, aos doentes e aos considerados escória pela elite da sociedade local. Imagine, se juntar com todos aqueles pobres e miseráveis - pensavam seus antigos amigos ricos.  Seu exemplo de vida austera, completamente cristã e íntegra não deixava de impressionar e de repente todos aqueles que o ofendiam passaram a entender que sua maneira de viver começava a causar admiração entre os mais diversos moradores da região. Chamado de "o pobrezinho" pelo povo, em pouco tempo Francisco começou a fazer seguidores. Quando alguém o ofendia publicamente, Francisco respondia com gestos generosos e positivos, de muita paz. Esse tipo de atitude apenas aumentou ainda mais a admiração de todos em seu favor. Bernardo de Quintavalle, um rico homem de negócios, da classe burguesa, se converteu ao modo de vida de Francisco, fato que causou grande espanto na cidade. Ele vendeu tudo o que tinha e deu aos pobres. Pietro Cattani, outro homem muito conhecido de Assis, também seguiu pelo mesmo caminho. Aos poucos e sem uma ordem muito estabelecida, começava a surgir uma nova classe de homens religiosos, os Franciscanos.

Quando os primeiros seguidores finalmente formaram um grupo que passou a ser conhecido como os franciscanos, Francesco decidiu que era hora de pedir autorização do Papa Inocêncio III para se tornar uma nova ordem religiosa dentro da Igreja Católica. Ao chegar em Roma os membros do alto clero acharam um tanto radical a ideia de Francisco. Ele havia criado a primeira regra da nova ordem: A pobreza absoluta, tal como havia sido Jesus e seus primeiros apóstolos. Nenhum membro Franciscano deveria ter ou possuir nenhum tipo de bem material, nada, apenas a força da palavra de Deus seguiria com ele pelo mundo afora.

Inicialmente o Papa Inocência considerou impraticável a regra primitiva que serviria de base para essa nova ordem. Mesmo receoso resolveu receber Francisco para uma audiência privada. Na noite anterior do encontro com aquele religioso radical o próprio Papa teve um sonho que o deixou impressionado. Ele estaria dentro de uma igreja em Roma que parecia ruir, desabar... apenas um homem conseguia segurar as colunas, evitando que tudo viesse abaixo. Inocêncio entendeu que aquele homem era justamente Francisco. Impressionado com o que sonhara mandou chamar o assim chamado "pobrezinho" para vir ter com ele uma conversa.

O Papa ficou visivelmente impressionado com aquele homem, de vestes pobres e humildes que parecia ter uma fé profunda e inabalável. Alguns cronistas medievais chegaram a narrar que o próprio Papa ficou envergonhado em sua presença. Enquanto o romano vestia roupas luxuosas e ostentava joias e anéis caros em seus dedos, Francisco surgia em sua frente com a verdadeira humildade pregada por Jesus. Após tomar conhecimento da regra de pobreza absoluta o Papa finalmente autorizou o funcionamento da nova ordem ao qual ele mesmo denominou de Franciscanos em homenagem a seu criador. Francesco não se conteve de tanta alegria e voltou para Assis com a autorização Papal que tanto queria.

Na volta Francisco criou a famosa Oração ou Sermão dos Pássaros que dizia: “Minhas irmãzinhas aves, vocês devem muito a Deus, o Criador, e por isso, em todo lugar que estiverem devem louva-lo, porque Ele lhes permitiu que voassem para onde quisessem, livremente, da mesma forma que devem agradecer o alimento que Ele lhes dá, sem que para isso tenham que trabalhar; agradeçam ainda a bela voz que o Senhor lhes proporciona, que lhes permitem realizar lindas entonações! Vejam, minhas queridas irmãzinhas, vocês não semeiam e não ceifam. É Deus quem lhes alimenta, quem lhes dá os rios e as fontes, para saciar a sede; quem lhes dá os montes e os vales, para  o seu refúgio e lazer, assim como lhes dá as árvores altas, para fazerem os ninhos. Embora não saibam fiar e nem coser, Deus lhes concede admiráveis vestimentas para todas vocês e seus filhos, porque Ele lhes ama muito e quer o bem estar de vocês. Por isso, minhas irmãzinhas, não sejam ingratas, procurem sempre se esforçarem em louvar a Deus.” Francisco começava assim a também demonstrar sua profunda admiração para com as criaturas de Deus, os animais da natureza, algo que mais tarde lhe traria a fama de ser o Santo ecológico.

Depois da visita ao Papa, Francisco retornou para Assis. Ele e seus seguidores levantaram uma pequena cabana numa região mais distante da cidade, praticamente dentro da floresta. A intenção era prestar apoio moral e assistência a todos os que lhes procuravam. Em pouco tempo a cabana de Francesco acabou se tornando pequena demais para tanta demanda. Em uma época medieval onde os mais pobres não contavam com qualquer tratamento de saúde promovido pelo Estado, os Franciscanos se tornaram os únicos a quem se podia recorrer. Francesco determinou que ninguém poderia ficar sem assistência e que nem os leprosos poderiam ser recusados. A graça de Deus era para todos. Com o afluxo volumoso de doentes e pessoas precisando de amparo a pequena cabana se tornou inviável. Quem veio em socorro aos franciscanos foi o abade do mosteiro beneditino que cedeu o uso da modesta, porém espaçosa, capela da Porciúncula para que Assis e seus seguidores ajudassem a quem lhes procurava. O trabalho era intenso e nesse local os Franciscanos começaram de fato sua importante missão de ajuda e solidariedade ao próximo. O aparente caos era amenizado pela própria presença de Francesco, sempre com uma bonita palavra de Deus para aquelas pessoas desesperadas. Quando a situação ia se tornando incontrolável, o "pobrezinho" clamava para que todos rezassem ao seu lado e os ânimos finalmente se acalmavam imediatamente.

Em 1212 os Franciscanos tiveram uma surpresa. Clara d'Offreducci, que séculos depois seria canonizada como Santa Clara, entrou para a ordem. Seria a primeira mulher a fazer parte dos Franciscanos. Com o tempo ela e outras que seguiram seus passos resolveram fundar sua própria ordem, a das Clarissas, que logo ficariam conhecidas por sua bondade e disposição de ajudar ao próximo. Ajudar todas aquelas pessoas pobres e famintas porém era apenas parte da missão que Francesco entendia ter Deus determinado a ele. Assim ele começou uma série de viagens a lugares remotos para pregar a palavra do Senhor. Esteve na distante Síria onde tentou converter o povo Sarraceno. Visitou a Espanha onde teve contato com os Mouros que seguiam outra religião. Encontrou os cruzados que participavam da Quinta Cruzada no Egito e os aconselhou a retornar para seus lares pois a derrota se avizinhava. Francesco durante essas longas jornadas também começou a realizar milagres. Realizou exorcismos em pessoas possuídas, curou paralíticos e salvou a vida de muitos enfermos com os quais encontrou pelo caminho. Duas realizações se tornaram conhecidas. Em Gubbio conseguiu pacificar lobos selvagens e na viagem em direção ao Oriente Médio conseguiu apaziguar uma forte tempestade que ameaçava afundar o navio onde viajava ao lado de seus seguidores.

Enquanto viajava seu grupo que havia ficado em Assis começava a apresentar problemas. Francesco foi informado que muitos de seus membros tinham se desviado do caminho. Alguns estavam sendo acusados de terem se tornado vagabundos e outros quebraram seus votos, vivendo com mulheres de forma escandalosa. As más notícias continuavam. Ele foi informado que os Franciscanos que ficaram no Marrocos, para pregar e evangelizar o povo local, foram presos e martirizados. Sem outra alternativa, Francesco resolveu voltar para casa. Lá encontrou realmente muito caos e desorganização. Havia vários problemas internos. Muitas divergências de opiniões entre os irmãos, alguns querendo promover a construção de grandes igrejas suntuosas, enquanto outros ameaçavam deixar a ordem por causa da opulência da corte papal. Não foi fácil, mas depois de algumas semanas, Francesco finalmente conseguiu colocar uma certa organização em tudo. Para contornar a situação, Francesco acatou, com certo desgosto, as alterações na regra original. Seu grupo que começou usando a mais pura mensagem do Cristo precisou se institucionalizar um pouco para continuar a existir.

Francesco acatou as mudanças, muito por causa de sua fidelidade ao Papa. Internamente porém ficou em crise a tal ponto que chegou a cogitar abandonar tudo, toda a obra que havia construído até aquele momento. Depois voltou atrás e resolveu aceitar de coração as mudanças que vinham para ficar. Procurando pela paz interior Francesco finalmente a alcançou com muitos momentos de oração e reflexão. Nesse período de sua vida começaram as manifestações de natureza espiritual. Francesco começou a ter visões e êxtases místicos. No natal de 1223 inventou o Presépio natalino, uma maneira muito delicada e artística de tentar recriar o cenário do nascimento de Jesus Cristo com o uso de pequenas imagens de Maria, José, o bebê Jesus, os Reis magos, pastores e animas. Passou a comer muito pouco, apenas frutas e passar longos momentos em oração e meditação. Durante um desses momentos Francesco teve uma visão muito forte e concreta do próprio Jesus crucificado. Nesse momento surgiram estigmas em suas mãos e pés, tal como o próprio Jesus ao ser pregado na cruz. Era a prova definitiva do imenso laço que havia criado com o próprio Deus.

Conforme os anos foram passando Francesco começou a ter mais e mais visões e experiências místicas. Sempre que previa que algo nesse sentido iria se manifestar procurava por isolamento de seus irmãos, geralmente indo para o meio da floresta onde tinha esse tipo de experiência única, entre a natureza. Muitas dessas visões nunca foram decifradas, mas em determinados momentos Francisco relatou o que via e sentia para seus amigos mais próximos. Em determinada visão, por exemplo, ele viu um anjo glorioso, com três pares de asas, crucificado em uma cruz romana. Nesse dia ele também começou a ver se manifestar com mais profundidade os estigmas, feridas e marcas pelo seu corpo que de certa maneira recriavam as feridas mortais sofridas pelo próprio Jesus Cristo na cruz. Embora fosse um sinal claro de sua santidade, Francisco não se sentia à vontade com os estigmas, sempre procurando escondê-los, seja com faixas ou com sua própria túnica.

Outra de suas visões marcantes ocorreu quando Francisco entrou em êxtase ao sentir a presença do próprio Deus em seu meio. No meio da visão ele afirmou ter dado a Deus três bolas de ouro que significavam sua vida na mais extrema pobreza, sua castidade e seu amor ao próximo, sempre procurando ajudar aos mais pobres e desassistidos. Ao lado dessas visões Francisco também começou a perceber que sua saúde a cada dia declinava mais. Ele começou a perder sua visão e as forças. As longas caminhadas ao lado dos irmãos foram deixadas de lado por causa de suas condições precárias e sempre que era necessário viajar por longas jornadas ele o fazia com um burrinho, um luxo impensado para os franciscanos da época.

Inicialmente Santa Clara cuidou pessoalmente de sua saúde, porém depois de um período Francisco decidiu que iria embora para Porciúncula, onde poderia morrer ao lado de seus queridos irmãos de ordem. Além da cegueira, Francisco começou a sofrer de graves crises de dor de cabeça, que lhe causavam grande desconforto. Médicos foram chamados, mas não conseguiram chegar a um diagnóstico preciso. Francisco morreu em 3 de outubro de 1226, com apenas 44 anos de idade. Antes de falecer ele deu algumas instruções de como queria ser sepultado. Ele orientou a seus irmãos franciscanos que queria ser enterrado sem roupas, para reforçar ainda mais sua pobreza, ao pôr do sol, com a leitura do evangelho.

Ele foi sepultado inicialmente na igreja de São Jorge. Milhares de pessoas compareceram ao seu enterro, pois a comoção por sua morte foi grande. Seu feitos, sua vida santa e seus milagres, atravessaram fronteiras. Em Roma a Igreja lamentou profundamente seu falecimento. Dois anos depois de sua morte o Papa Gregório IX resolveu deixar os muros do Vaticano e ir pessoalmente até Assis para a cerimônia de canonização de Francesco. Naquela época era algo muito raro um Papa sair do Vaticano por motivos de segurança, mas Gregório tinha tanto apreço pela vida e exemplo de Assis que resolveu se deslocar até a pequena cidade para louvar a memória daquele homem inigualável. Em 1230 a Igreja Católica decidiu erguer uma bela basílica para receber os restos mortais e as relíquias de Francesco, onde até hoje descansam em paz. Tudo estava consumado.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

São Crispim e São Crispiniano

Esses dois santos são provenientes dos primeiros anos do cristianismo em Roma. Segundo diversas fontes históricas ambos seriam irmãos, membros de uma distinta família romana. Tocados pela nova fé cristã que nascia eles foram executados como exemplo pelo Imperador Diocleciano que considerava essa uma grande ofensa aos deuses romanos, pois não seria admitida mais a existência de um cristão entre os cidadãos da cidade eterna. Para que não houvesse outros casos ele mandou prender Crispim e seu irmão Crispiano. Ele foram executados com requintes de crueldade, sendo decapitados publicamente no dia 25 de outubro do ano de 285 (data em que se celebra sua memória).

Segundo a tradição os dois irmãos foram levados até o general Maximianus Herculius. Esse militar havia sido nomeado por Diocleciano para ser o governador da Gália, uma região muito agitada por rebeliões bárbaras. Era importante para Maximianus manter a ordem e a disciplina entre o povo que sempre resistira à dominação de Roma. Um dos pontos mais sensíveis era justamente o religioso. A religião pagã romana passava por grave crise, até mesmo dentro das fileiras do exército. Essa nova crença chamada de Cristã acreditava que um judeu crucificado na província da Judéia no século I era um enviado por Deus para curar os pecados do mundo. Outros iam além e diziam que o tal Jesus era o próprio Deus dos judeus encarnado entre os homens. Pregando uma fé de paz e amor ao próximo, a nova crença foi corroendo as bases do Império Romano e sua religião oficial, com todo aquele panteão de deuses como Marte, Saturno e Baco.

Os adeptos desse Cristo judeu diziam que havia apenas um Deus e não vários. Ele havia ressuscitado dos mortos após ser morto na cruz pelo governador Pôncio Pilatos naquela distante província de Roma. Para o imperador Diocleciano era imperativo descobrir, prender e executar todo aquele que se declarasse cristão. Essa religião era muito associada a estrangeiros, mas nos últimos ano havia avançando dentro das próprias famílias romanas. Para Diocleciano isso era algo extremamente grave e sério, pois destruía os valores romanos mais importantes da sociedade. O cristianismo pregando paz, igualdade e amor entre os homens atingia as próprias bases do militarismo do grande Império que se baseava na força bruta, na submissão e no domínio dos povos.

Assim era necessário matar a todos os cristãos, sem distinção. O fato de Crispim e Crispiniano serem romanos tornava tudo ainda mais grave. Durante seu breve julgamento o general Maximianus Herculius lhes deu uma alternativa: se eles negassem ao Cristo seriam poupados de uma morte extremamente dolorosa e cruel. Quando lhes foi dada a palavra porém disseram: "Tuas ameaças não nos aterrorizam! Cristo é a nossa vida e a ameaça de morte não nos fará renegar a Jesus e ao reino dos céus. Seu poder e suas posses nada significam para nós. Estamos felizes por sermos sacrificados pela causa do nosso mestre. Jesus não prometeu os tesouros dessa terra, mas sim a glória e a riqueza de uma vida eterna.". O duro militar ficou visivelmente comovido pela fibra de seus prisioneiros naquele momento. Que Deus estranho seria aquele que teria tanto poder assim sobre seus súditos? Aqueles homens estavam renegando suas próprias vidas em prol de uma crença em um novo Deus...

Na mesma hora os irmãos foram levados para a execução. Eles foram submetidos a torturas, suas roupas foram rasgadas, uma pesada pedra de moinho foi fixada em seus pescoços. Depois foram amarrados em uma árvore e brutalmente espancados. O carrasco ficou o tempo todo dizendo: "Reneguem ao Cristo, reneguem ao Cristo!", mas eles não voltaram atrás em sua fé. Finalmente no final do dia foram decapitados. O general Maximianus então mandou que seus corpos fossem trucidados, com os restos espalhados pelos portões da cidade, expostos como exemplo do que aconteceria aos que ousassem desafiar as crenças religiosas da Roma pagã! Depois de suas mortes os cristãos de Roma o transformaram em um grande símbolo de fé. Eram mártires da nova fé Cristã. Quando o império finalmente reconheceu a liberdade de crença aos cristãos anos depois esses construíram uma bela basílica em honra aos irmãos mortos. Suas relíquias foram então levadas até Roma e colocadas no altar da Igreja de São Lorenzo. Outras relíquias foram doadas pelo Rei Carlos Magno para a Igreja dedicada aos santos - e que décadas depois se transformaria numa bela catedral.

Pablo Aluísio. 

Nossa Senhora Aparecida

Nossa Senhora Aparecida
Hoje o nosso país celebra o dia de Nossa Senhora Aparecida. Você sabe como nasceu essa linda devoção a Maria? Em outubro de 1717 três pescadores brasileiros estavam em mais um dia árduo de trabalho. As coisas não iam muito bem com as suas redes, que sempre voltavam vazias para o barco. Eles tinham esperanças de que seu dia de trabalho fosse o mais produtivo possível, com muitos peixes para retornarem para seus lares em Guaratinguetá, mas isso definitivamente não estava acontecendo. Depois de mais uma rede improdutiva eles pediram ajuda para a Imaculada Conceição, para que ela intercedesse por eles naquele momento difícil. Após um breve momento de oração e descanso retornaram para as águas. Já estava chegando ao fim do dia e todos eles estavam visivelmente desanimados. A pesca não rendia.

Então eles resolveram lançar as redes pela última vez. Quando a recolheram viram uma pequena estátua de terracota de Maria, mãe de Jesus. A pequena estatueta estava sem sua cabeça. No segundo arremesso da rede então veio a parte que faltava para completar a pequena imagem. Após limparam a estátua perceberam que se tratava de uma imagem da Imaculada Conceição. Resolveram então chamá-la de Nossa Senhora Aparecida, pois ela de fato havia aparecido, surgido, nas águas do rio. Após a colocarem com grande cuidado sobre um pequeno pano, jogaram novamente as redes. Então veio o primeiro milagre atribuído à Maria. A rede retornou ao barco com tal quantidade de peixes que a pequena embarcação mal conseguia mais ficar flutuando! Era algo espantoso - não era apenas uma quantidade satisfatória de peixes, mas sim uma imensidão de pescado, completamente anormal e fora dos padrões.

De volta à terra firme a imagem começou a mostrar seu poder. Muitos milagres lhe foram atribuídos. Pessoas rezavam perante ela e graças eram alcançadas pela intercessão da Mãe de Deus. Pessoas com sérias doenças eram curadas, crianças desencanadas pela medicina ganhavam uma cura sem explicação da ciência. Pessoas que sonhavam com a solução de seus problemas não tardavam a encontrar a graça através da intercessão de Maria Santíssima. Não demorou muito e as autoridades católicas do lugar perceberam que algo de muito maravilhoso estava acontecendo naquela pequena e humilde comunidade. Tudo levaria a crer que sim, Maria estava mesmo realizando muito milagres através de sua intercessão perante Deus.

Logo a imagem se tornou objeto de veneração pelos moradores da região e de outros estados que formavam grande peregrinações ao lugar onde ela se encontrava. A primeira capelinha então foi construída. Depois quando começou a correr a fama de milagreira da santa mais espaço se tornou necessário para acolher todos os romeiros que iam agradecer graças alcançadas. Então a Igreja Católica resolveu construir a primeira igrejinha no morro dos coqueiros. Em torno dessa pequena e humilde construção começou a surgir uma pequena vila. O fluxo de fiéis porém só aumentava e com a quantidade cada dia maior de pessoas que iam até lá em peregrinação uma basílica menor foi erguida no ano 1908. Os milagres que só aumentavam a cada ano finalmente justificou a construção de um grande santuário mariano em honra a Nossa Senhora Aparecida, que se tornou com justa homenagem a padroeira do Brasil, o maior país católico do mundo. Uma linda história de fé que começou pequenina e humilde e que só foi crescendo com os séculos, mostrando todo o poder de Nossa Senhora na vida de cada cristão.

Na foto: O Papa Francisco presta sua devoção a Nossa Senhora Aparecida em sua primeira visita ao Brasil.

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

As Obras de Arte do Vaticano

As Obras de Arte do Vaticano
Qual é o exato tamanho da fortuna e da riqueza da Igreja Católica? Esse assunto é dos mais controversos. Sabe-se que a Igreja mantém investimentos e bens em praticamente todo o mundo, porém não há como mensurar seu valor. Talvez a grande riqueza da Igreja Católica venha de sua coleção de arte, a mais valiosa de todo o planeta. Os maiores artistas da história trabalharam para a Igreja Católica, os grandes mestres do renascimento e do barroco atuaram diretamente na construção e embelezamento das mais bonitas e suntuosas catedrais do mundo ocidental. Segundo especialistas jamais se poderá avaliar com isenção o valor das obras de arte do Vaticano. Muitas delas não possuem sequer cotação no mercado, de tão valiosas que são. Todas fazem parte do patrimônio cultural da humanidade.

Ao longo dos séculos a Igreja Católica teve como liderança Papas que amavam as artes e as patrocinavam.  Os Papas Júlio II, Leão X, Clemente VII, Paulo III e Pio V são exemplos de grandes Mecenas da época. Eles encheram as igrejas e propriedades da Igreja com a mais sublime coleção de arte que se tem notícia. Michelangelo, Leonardo DaVinci, Rafael, todos esses gênios trabalharam para os Papas. Todos puderam viver de sua arte por causa do patrocínio da Santa Sé. Em troca eles legaram algumas das obras primas mais valiosas de todos os tempos para o patrimônio do catolicismo.

A Igreja Católica mantém muitas coleções de artes históricas. Muitas delas não são expostas ao público. As que são podem ser encontradas nas salas do museu do Vaticano. O primeiro museu do Vaticano foi organizado pelo grande Papa Júlio II. Ele mandou contratar todos os grandes pintores, escultores e escritores para trabalharem para a Igreja. O curioso é que esse Papa mantinha uma relação de amor e ódio com seus artistas, ora os elogiando pelas maravilhas que criavam, ora entrando em pequenas brigas com eles por causa das inerentes licenças poéticas que eles ousavam tomar em suas obras. Os Papas Bento XIV (1740–1758) e Clemente XIII (1758– 1769) também amavam arte e literatura. Eles  fundaram os Museus da Biblioteca Apostólica: o Sagrado (Museo Sacro, 1756) e o Profano (Museo Profano, 1767). Pio IX fundou o Museu Cristão, que tinha a mais antiga e rica coleção de livros antigos, alguns datados poucos anos após a morte do próprio Jesus. A mais antiga Bíblia que se tem notícia fez parte desse Museu fantástico.

As edificações do Vaticano assim se tornaram monumentos únicos, vivos de uma era de grandes gênios da arte. Eram nas paredes das igrejas e propriedades do catolicismo que eram pintados os quadros e as obras maravilhosas que até hoje encantam os visitantes. Um exemplo máximo vem da Capela Sistina, pintada por Michelangelo. O lugar, usado para as eleições papais, é considerado um dos pontos obrigatórios de visita para quem aprecia arte em sua maior glória. A escultura Pietà, também de Michelangelo, mostrando a Virgem Maria recebendo em seus braços o corpo crucificado de seu filho Jesus, também é uma realização artística sem precedentes. Essa é considerada por estudiosos e pesquisadores a maior obra de arte da história. Não é para pouco. Tão sublime ficou que o próprio Michelangelo resolveu deixar sua assinatura, algo que até aquele momento não havia feito em nenhuma de suas esculturas anteriores. É a sua maior obra prima, de todos os tempos.

Um grande crítico de arte certa vez observou: "Michelangelo tinha apenas 24 anos de idade quando criou a Pietá. Com essa magnífica estátua, Michelangelo nos deu uma visão cristã e altamente  espiritualizada do sofrimento humano! Artistas anteriores e posteriores a Michelangelo sempre  retrataram a Virgem com o Cristo morto nos braços como enlutada, quase à beira do desespero. Michelangelo, por outro lado, criou uma aura altamente tranquila. Enquanto segura no colo o corpo sem vida de Jesus, o rosto da Virgem emana doçura, serenidade e uma  aceitação majestosa dessa imensa dor, combinada com sua fé no Redentor. É quase como se Jesus estivesse prestes a acordar de um sono brando, como se depois de todo sofrimento e espinhos, a rosa da ressurreição estivesse prestes a desabrochar.”

Essa obra de arte magnífica sofreu um atentado em 1972 por um homem perturbado chamado Laszlo Toth. Em 1972 esse húngaro subiu no monumento e começou a atacar a estátua com um martelo enquanto gritava: "Eu sou Jesus Cristo Ressuscitado!". Antes de ser preso ele conseguiu danificar seriamente o braço esquerdo da Virgem Maria, assim como seu nariz, seu olho esquerdo e seu véu. Nunca antes havia acontecido nada parecido, principalmente por se tratar de uma obra inestimável, colocada em lugar de honra na Basílica de São Pedro. A partir desse dia medidas de segurança foram tomadas pela guarda suíça, que evita a aproximação de estranhos com atitudes suspeitas, zelando pela Pietá todos os dias, impedindo que visitantes se aproximem dela com o intuito de destrui-la.

Michelangelo realmente foi um artista único. Porém a coleção de obras primas do Vaticano não se resume a esse gênio. Fazem parte também da coleção obras de Giotto, Caravaggio, Michelangelo, Leonardo da Vinci e Rafael, entre muitos outros. A famosa biblioteca do Vaticano, que possui uma sessão inacessível ao público possui alguns livros cujo único exemplar pertence justamente à Igreja. Os Papas, os maiores patronos da cultura de sua época, primavam pela conservação e guarda dessas obras literárias, evitando que se perdessem para sempre. Ao longo dos séculos vários tiranos como Napoleão Bonaparte e Hitler, tentaram colocar as mãos nas obras inestimáveis da Igreja Católica, mas foi em vão. Com muita luta e muito esforço tudo foi preservado para que as novas gerações pudessem desfrutar das obras de alguns dos maiores gênios de nossa história.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

10 Perguntas sobre o Santo Sudário

1. O que é o Santo Sudário?
Afirma a tradição da Igreja Católica que o Santo Sudário seria o pano que cobriu o corpo de Jesus Cristo logo após sua crucificação no Calvário. Inexplicavelmente o linho mantém em sua face a imagem de um homem martirizado, com as mesmas características que ficaram imortalizadas nas mentes dos cristãos por dois mil anos.

2. O Santo Sudário é falso?
O Papa João Paulo II mandou que pesquisadores conceituados examinassem o pano durante a década de 1980. Testes de Carbono 14 foram realizados em pequenas tiras do Sudário e a data encontrada de sua origem foi determinada entre os séculos XIV e XV da era cristã. Posteriormente outros cientistas levantaram a hipótese que o teste fora mal realizado, em uma parte do Sudário que havia sido emendada por freiras católicas na Idade Média, após um incêndio que destruiu parte da relíquia.

3. O Santo Sudário pode ser verdadeiro?
Sim. Um grupo de cientistas encontraram micro pistas no pano. Restos de vegetais que eram encontrados apenas na região de Jerusalém durante o século I. Os testes que afirmavam que o Sudário seria falso foram feitos em partes periféricas, que hoje se sabe foram remendos colocados por religiosas durante o século XIV. O Sudário não pode ser examinado em seu núcleo com receios que a peça seja destruída após a retirada de amostras.

4. Como foi feito o Santo Sudário?
Nem os cientistas mais conceituados sabem como foi feita a imagem que está no Sudário. Não é uma pintura e isso já foi comprovado pois nas análises realizadas não foram encontradas amostras de tinta no pano. Se não foi pintado como a imagem foi parar no pano? Teorias conspiratórias chegam a afirmar que o próprio Leonardo da Vinci teria participado em sua criação, usando de técnicas de fotografia, muitos séculos antes de sua existência. Isso porém é apenas uma teoria sem qualquer base de comprovação. Assim a forma como foi feito o Sudário segue sendo um mistério que a ciência ainda não conseguiu explicar.

5. O Santo Sudário é historicamente correto?
Esse é um dos aspectos que mais intrigam os cientistas. O Santo Sudário é perfeito do ponto de vista histórico, em todos os menores detalhes. As marcas no corpo do homem correspondem perfeitamente às armas romanas usadas durante a ocupação do Império em Jerusalém. Além disso os ferimentos que estão na imagem são perfeitamente coerentes com os relatos do Novo Testamento. Os cientistas concordam que se o Sudário foi forjado ele o foi de forma perfeita, inclusive contando com a morte de uma pessoa em sua confecção.

6. De que são feitas as marcas presentes no Santo Sudário?
Segundo as pesquisas as marcas do Santo Sudário foram feitas com sangue humano, o que condiz com o que ele se propõe a ser: um pano mortuário usado em uma pessoa que foi morta na cruz.

7. Por que o Santo Sudário apresenta manchas escuras nas laterais?
O Santo Sudário escapou por pouco de ser destruído em um incêndio durante a idade média. O mosteiro onde se encontrava pegou fogo e apenas a coragem de monges o salvaram da destruição. Naqueles tempos o Santo Sudário era guardado em uma caixa de madeira, que também pegou fogo. Por essa razão existem as marcas escuras nas laterais do linho.

8. Qual foi a opinião expressa do Papa Bento XVI sobre o Santo Sudário?
Para o Papa Bento XVI o Santo Sudário é uma relíquia magnífica, um pano de linho que foi escrito com o sangue de um homem crucificado que corresponde totalmente ao que os Evangelhos nos dizem sobre Jesus e seus últimos momentos de paixão. Uma peça maravilhosa que serve para reavivar a fé dos homens em Deus.

9. Qual é a posição da Igreja Católica sobre o Santo Sudário?
O Santo Sudário segue sendo usado com extremo respeito em exposições públicas realizadas em espaços temporais determinados, geralmente a cada duas décadas. É um instrumento de fé, acima de tudo. Na última exposição o Santo Sudário foi visto por mais de duas milhões de pessoas. Nesse domingo (19/04/15) a Igreja Católica abre nova exposição a ser realizada na Catedral de Turim. Por motivos de preservação apenas 1 milhão de ingressos foram colocados à disposição do público, pois cientistas acreditam que a respiração humana pode prejudicar a peça de alguma forma.

10. O Papa Francisco estará presente nessa nova exposição?
Certamente. Francisco irá a Turim no dia 21 de junho, quando fará uma oração ao lado de membros do clero e seus familiares, encerrando assim a exposição pública da peça religiosa mais importante do cristianismo.

Pablo Aluísio.

10 questões sobre os Anjos

1. Anjos realmente existem?
Se você professa a fé cristã certamente deve acreditar na existência de anjos. Eles estão presentes no velho e no novo testamento. Coube a um anjo a tarefa dada por Deus de informar para a jovem Maria que ela seria a mãe imaculada de Jesus Cristo. Anjos estão intrinsecamente ligados ao nascimento do cristianismo. É simplesmente impossível do ponto de vista teológico crer em Jesus e não crer em anjos. Um bom católico deve necessariamente acreditar plenamente na existência dos anjos.

2. Qual é a função do anjos dentro da religião judaico-cristã?
Os anjos trazem mensagens de Deus, tanto no velho como no novo testamento. O próprio nome anjo significa "mensageiro" no grego original. Eles também desempenham outros papéis importantes, estando presentes em importantes passagens da Bíblia, ora servindo de proteção e auxílio, ora orientando profetas e santos.

3. Anjos são seres celestiais?
Os anjos celestiais formam o "exército de Deus". Eles foram criados antes dos seres humanos e compartilhavam da imensa glória de Deus. Quando o Senhor resolveu criar o homem e colocar os anjos para servi-los houve uma reação de um terço dos seres angelicais. Eles se recusaram a servir seres que consideravam inferiores a eles. Essas criaturas angelicais então foram expulsas do céu, caindo nas trevas do inferno. Assim Anjos são seres celestiais pois tiveram origem divina, mas nem todos eles possuem e compartilham a glória de Deus nos tempos atuais.

4. O que são Anjos caídos?
São os anjos que se recusaram a servir o homem após Deus o ter criado. São anjos rebeldes que não aceitaram se submeter as ordens de Deus. Dessa forma caíram em desgraça, sendo jogados no inferno diretamente, enquanto outros foram atirados ao mundo, onde vivem da poeira dos homens. Os anjos caídos eram liderados por Lúcifer, o anjo de luz, que começou a se considerar mais divino do que o próprio Deus. Ao se tornar arrogante e soberbo, perdeu a graça de Deus, caindo nas esferas mais baixas do mundo espiritual.

5. Demônios são Anjos?
Um fato interessante que muitos não param para pensar. Os demônios na verdade nada mais são do que Anjos caídos. O pecado foi introduzido no mundo por essas criaturas. No livro da gênesis acompanhamos como Adão e Eva foram tentados pela serpente e depois que comeram da árvore da vida foram expulsos do paraíso. Assim temos um enredo que deixa claro que desde o começo dos tempos os anjos caídos ou demônios conspiram contra a humanidade.

6. O que são Anjos da Guarda?
São Anjos enviados por Deus para ajudar a cada pessoa durante sua vida. Segundo a doutrina católica cada ser humano tem um anjo da guarda que o acompanha, tentando influenciar em aspectos positivos de sua vida. Os anjos da guarda agem em nossa consciência, se alegrando em nossos acertos e sucessos e se entristecendo quando erramos e cometemos erros graves durante nossa existência terrena. Não há porém um consenso na teologia sobre quando os anjos da guarda entram em nossas vidas. Para alguns eles são enviados em nosso nascimento, já para outros mestres em teologia eles nos são dados por Deus em nosso batismo, quando então recebemos a graça do espírito santo em toda a sua plenitude.

7. O que são Serafins?
Na escala de importância dos seres angelicais existe uma hierarquia. Os anjos mais puros, antigos e cheios da graça de Deus, formam o topo dessa hierarquia e ficam mais próximos de Deus. Os Serafins formam a espécie mais importante da classe angelical. Eles servem diretamente a Deus e por essa razão não entram em contato com os seres humanos. Os Serafins são os anjos que estão ao lado do trono de Deus, o servindo diretamente. Abaixo deles há outras classes de Anjos. Dentre elas apenas Arcanjos e Anjos propriamente ditos servem ao homem comum diretamente justamente por estarem em classes mais baixas da hierarquia dos anjos.

8. Qual é a natureza de um Anjo?
Um anjo é um ser puramente espiritual que nunca teve uma existência material. Ao contrário do que muitos pensam, seres humanos comuns jamais podem se tornar anjos quando entram na vida espiritual, pois são duas criaturas diversas da criação de Deus. Os anjos foram criados antes do surgimento da humanidade e não compartilham da mesma origem. Assim como um Anjo não pode nascer como um ser humano, esse também não pode subir aos céus na forma angelical.

9. Lúcifer ou Satanás era um Anjo de Luz?
Sim, de acordo com a longa tradição que remonta ao surgimento do judaísmo, Lúcifer ou Satanás, era um dos mais luminosos e gloriosos Serafins de Deus. Seu nome significa a Luz da Manhã. Em determinado momento de sua existência ele começou a se considerar tão supremo e maravilhoso que passou a se considerar até mesmo melhor do que o próprio Deus. Prepotente e tomado de arrogância, começou a se considerar o ser mais maravilhoso da criação. Isso acabou traçando o destino de sua trágica existência. Renegado por Deus, caiu nas trevas de seu próprio inferno.

10. Quantos são e quais os nomes dos principais Anjos?
A bíblia cita poucos nomes de Anjos. Os mais conhecidos são Gabriel, Miguel e Rafael. Isso porém não esgota o tema pois tradições antigas listam centenas de nomes de anjos, alguns acabaram se tornando bem populares. A Cabala judaica, por exemplo, procura não apenas estudar os anjos, como também listar todos os nomes conhecidos até hoje pela humanidade. Esses nomes porém não são chancelados pela Igreja Católica. Tampouco há como saber quantos anjos existem no universo. Isso faz parte dos mistérios de Deus. Para a doutrina da Igreja não importa seus nomes, mas sim a missão que desempenham, ajudando os homens em sua longa caminhada pela vida.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Lutero e Calvino - A Loucura da Inquisição Protestante

É interessante que muitos irmãos protestantes sempre levantam a questão da inquisição católica para combater a fé na Igreja Romana. Muitos porém desconhecem sua própria história. É certo que existiram traidores nas fileiras da Igreja Católica, isso porém não pode ser usado como argumento válido contra a Igreja que hoje está aí, com um maravilhoso Papa e uma obra de caridade inigualável pelo mundo afora. Além disso a história do Protestantismo também está repleta de episódios sangrentos e violentos. Na realidade os crimes dos líderes evangélicos começaram bem cedo, ainda com o seu próprio fundador.  Martinho Lutero (1483-1546) não aceitou contestações contra a sua nova doutrina religiosa que nascia e usou de intensa perseguição e violência extrema para impor seu ponto de vista contra eventuais dissidentes. Seu primeiro alvo foi direcionado contra os anabatistas. Esse também era um grupo protestante, baseado na reforma. Eles porém não concordavam com vários pontos defendidos por Lutero.

Bastava a menor discordância - como em relação ao batismo - para que Lutero ordenasse a prisão e morte de seus líderes. Famílias inteiras foram aprisionadas, torturadas e assassinadas em nome da "pureza religiosa" defendida por Lutero. Segundo historiadores a loucura tomou conta na época da Europa e as medidas de Lutero resultaram na morte de milhões (isso mesmo o que você leu, milhões de mortes) ao longo dos anos. Outro alvo da ira de Lutero foi a fé judaica. Lutero logo mostrou sua raiva incontida contra judeus em geral e começou uma intensa e violenta opressão contra eles. Seus escritos, de teor completamente baseado no antissemitismo, serviu inclusive de fundamento histórico e teórico para os nazistas durante as décadas de 1930 e 1940, em pleno auge do holocausto judeu, quando milhões morreram nos campos de concentração da máquina de morte do nazismo alemão.

Outro líder protestante que se notabilizou pela extrema crueldade e violência foi João Calvino (1509-1564). Sua influência e controle sobre todos os protestantes de sua época era tamanha que ele começou a ser chamado de o “papa de Genebra”. Após ter organizado a Igreja Presbiteriana ele começou a perseguir, torturar e matar todos os que divergiam dele em termos teológicos. Com a desculpa de manter a chamada disciplina religiosa, Calvino fundou uma extensa rede de espionagem e informação que procurava identificar os hereges da nova fé protestante. Bastava uma denúncia ou uma acusação para que Calvino jogasse em masmorras escuras e imundas todos os que ousassem contrariar aquilo que ele entendia ser a interpretação certa e infalível da mensagem de Cristo. Não havia espaço para debates - se você discordasse de sua visão, por menor que fosse, certamente seria acorrentado e jogado em alguma cela escura e cheia de ratos infectados por doenças horríveis, como a própria peste negra. Era morte certa depois de algumas semanas.

Calvino então colocou em ordem sua visão de mundo. Era proibido aos protestantes dançar, cantar, sorrir, beijar ou se relacionar com quem não fosse casado. Andar de mãos dadas com um namorado publicamente era considerado uma ofensa gravíssima, uma heresia que ofendia os olhos de Deus. Para Calvino o teatro também era instrumento do diabo. Assim ele logo proibiu a apresentação de peças teatrais. Todas essas atividades eram consideradas satânicas por Calvino. Alguns escritores e pensadores começaram a discordar desse tipo de controle insano sobre a vida de cada pessoa. Entre eles estava o médico humanista Miguel Servet Griza, um homem culto e muito respeitado. Calvino ficou furioso e mandou prender o pensador. Ele foi torturado por semanas a fio e depois queimado vivo em praça pública. Outros ficaram indignados com sua prisão e para eles Calvino reservou um destino ainda mais cruel, mandando que chumbo fervente fosse derramado sobre suas cabeças raspadas. Uma cena de horror indescritível.

Após a morte de Calvino a loucura da inquisição protestante e evangélica continuou. Em países de língua inglesa começou a surgir perseguições em massa chamadas de "caças às bruxas". O principal alvo eram mulheres solteiras, pobres, que viviam em casebres praticamente miseráveis nas florestas. O fato de possuírem animais de estimação como gatos também era encarado pelos inquisidores protestantes como um claro sinal de que elas eram feiticeiras, amantes de Satã. Essa visão estúpida e preconceituosa levou milhares de mulheres à morte em execuções terríveis, muitas vezes em sessões de torturas horripilantes. Certa vez Calvino havia dito que a tortura limpava parte dos pecados, por isso os carrascos se empenhavam bem na arte de causar sofrimento. Muitas das "bruxas" mortas pelos protestantes eram mulheres já idosas, pobres, que não tinham família. Nas mãos dos protestantes elas passaram por sofrimentos inimagináveis - cenas que chocariam qualquer pessoa minimamente cristã nos dias de hoje.

Pablo Aluísio.

Os Papas Assassinados

Os Papas Assassinados
Durante séculos o posto de Papa foi extremamente poderoso no mundo ocidental e em razão disso também muito perigoso para seus ocupantes. A questão é que o Papado tinha poder e influência sobre os povos de reinos de todo o mundo conhecido. Muitos monarcas tinham que contar com o apoio dos Papas para sobreviverem no poder em suas próprias nações. Nem sempre isso era possível. Por essa razão muitos nobres na Idade Média promoveram complôs para matarem os Papas de sua época. Alguns deles realmente foram mortos enquanto estavam no trono de São Pedro, outros foram destituídos de seu poder e mortos logo depois. Vários Papas foram assassinados por ordens diretas de Reis e Rainhas. Outro ponto que fomentava esse tipo de crime infame era a própria luta pelo poder no Vaticano. Famílias nobres da Europa sonhavam em ter algum Papa proveniente de seu clã no posto mais alto da Igreja Católica. Assim era comum a disputa de membros de famílias influentes para subirem ao trono papal. Algumas dessas histórias nos lembram até mesmo em certos aspectos da própria história de Cristo e Judas. Muitos Papas foram traídos e mortos por complôs liderados por pessoas próximas, que eram considerados amigos e irmãos, mostrando que a vida de Jesus acabou se refletindo pelos corredores do Vaticano durante a era medieval. Esse período negro da história vitimou muitos Papas, vamos conhecer alguns deles:

Papa Estevão I (254 - 257)
Foi o primeiro Papa a ser assassinado no trono. Em uma época ainda primitiva da Igreja Católica, Estevão lutou pela união da doutrina religiosa dentro do catolicismo. Enfrentou opositores poderosos, principalmente de setores da Igreja na África e Ásia. Também precisou combater as ideias de Cipriano de Cartago, que defendia uma relativização dos dogmas católicos. Além de enfrentar oposição interna também teve que enfrentar a perseguição romana, tendo sido decapitado por ser cristão em 257 por ordens do Imperador Valeriano. Era o auge da perseguição do Império Romano contra aquela nova fé que crescia cada vez mais dentro da sociedade, o cristianismo.

Papa João VIII (872 - 882)
Passou dez anos no poder. No trono de Pedro evitou uma grande guerra entre os herdeiros do reino Franco. Assim colocou no trono do Reino Franco ocidental, Carlos, o Calvo e no trono do Reino Franco Oriental, Carlos III, o Gordo. Depois foi abandonado pelo dois monarcas quando Roma foi sitiada e pilhada por forças árabes muçulmanas. Para evitar um genocídio de cristãos o Papa João VIII abriu os cofres da Igreja Católica e pagou um tributo que quebrou as finanças da Igreja. Depois caiu vítima de um complô que contou inclusive com seus próprios familiares, sendo morto envenenado provavelmente por seu próprio sobrinho. Uma lenda antiga afirma que ele sobreviveu ao veneno, mas acabou sendo martirizada de forma cruel, com marteladas na cabeça!

Adriano III (884 - 885)
Adriano teve um papado breve e tumultuado. Logo que assumiu o poder aceitou o convite de Carlos III para visitar seu reino. Era uma armadilha. Carlos III queria colocar seu próprio candidato no trono de Pedro e por essa razão era preciso eliminar Adriano III. Oficialmente foi dado como morto durante a viagem por problemas de saúde, mas cronistas da época afirmam que sua carruagem foi cercada por mercenários contratados por Carlos. Colocado para fora do veículo foi morto sumariamente com golpes de espada. Foi enterrado no mosteiro de Nonantola, onde até hoje sua memória é cultuada e reverenciada por moradores da região.

Estevão VI (896 - 897)
Essa foi realmente uma época muito perigosa para se tornar um Papa. Pouco tempo depois dos assassinatos de João VIII e Adriano III, outro Papa foi morto por envenenamento, o terceiro em menos de vinte anos. A vítima foi Estevão VI, que também ocupou o trono por apenas um ano! Estevão foi o escolhido após a morte de Bonifácio VI, sendo indicado a dedo pela poderosa família Espoleto para subir ao poder com o objetivo de confirmar Lamberto de Espoleto como o novo Imperador. Pressionado por Ageltrudes Espoleto, a mãe do imperador, acabou tendo seu papado marcado pelo lamentável "Sínodo do Cadáver". Acontece que a família Espoleto queria que o falecido Papa Formoso fosse julgado e declarado culpado por inúmeros crimes supostamente cometidos durante seu reinado. Assim seu corpo foi retirado de sua cova, levado para um tribunal e lá considerado culpado de todos os crimes que lhe acusavam. Depois desse absurdo uma dose letal de veneno foi colocada na comida de Estevão, provavelmente sob ordens diretas da própria Ageltrudes Espoleto.

Leão V (903)
Outro Papa que morreu supostamente estrangulado. Veio de família humilde. Seu pai era um pobre homem que vivia do campo. Sua mãe valorizava imensamente a educação e deu a Leão a melhor base educacional que era possível naquela época. Logo se tornou um jovem muito culto e muito versado na história de Jesus. Sua sabedoria chamou a atenção do clero e em pouco tempo entrou para os quadros da Igreja Católica. Considerado um homem de valor e muito virtuoso em sua vida pessoal foi rapidamente subindo na hierarquia do catolicismo. Foi eleito Papa em 903, em uma eleição tumultuada, onde um candidato apoiado por nobres foi derrotado por ele, que tinha origem bem pobre e simples. O resultado enfureceu nobres de Roma que começaram a planejar um complô para seu fim. Assim acabou sendo preso após um tumulto, acusado de crimes que jamais cometeu, menos de dois meses após subir ao trono de Pedro. Segundo algumas fontes foi traído por um capelão chamado Cristóvão, que pensou de forma equivocada que seria o próximo Papa. Depois que Leão foi preso simplesmente desapareceu. Seu corpo nunca foi encontrado. Alguns historiadores afirmam que foi morto sob ordens diretas de Sérgio III, o Papa que o sucedeu.

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de agosto de 2011

Os Santos Inocentes

Herodes, o Grande, Rei da Judéia, era um monarca completamente insano e brutal. Ditador perpétuo colocado no trono pelos romanos, ele não gozava da menor popularidade entre o seu povo que o via apenas como um traidor miserável que se mantinha no poder por causa do poder militar e econômico da Roma Imperial. Era um fantoche do imperador romano. Também era um herege que pouco se importava com assuntos religiosos. Seu governo de sangue e opressão era odiado pelos judeus da época. Por isso o maior medo de Herodes era ser deposto do trono pelo tão aguardado "messias" tal como estava previsto nos antigos textos escritos pelos profetas. Completamente paranóico e corroído pelo ganância de riquezas e poder, ele não pensou duas vezes antes de matar sua própria esposa, seu irmão, dois cunhados e vários tios e primos. Todos eles representavam perigo ao seu reinado segundo sua própria visão distorcida e imunda do mundo ao seu redor.

Assim quando começou a circular a história de que um messias estaria nascendo por causa do surgimento da estrela de Belém, Herodes ficou extremamente perturbado com o fato! Desesperado, mandou chamar seus magos para que consultassem as mensagens vindas das estrelas e dos corpos celestiais para que pudesse tomar alguma medida. Herodes então foi informado que as escrituras estavam sendo cumpridas, de que o Messias acabara de nascer em Belém como havia sido previsto. O futuro rei dos Judeus já estava entre nós! De forma astuta Herodes disse que queria saber a exata localização da criança pois queria lhe prestar homenagens. Uma mentira pois de fato ele queria saber onde se encontrava o messias recém-nascido para matá-lo imediatamente, pois acreditava que no futuro ele seria deposto de seus poderes justamente por essa criança abençoada.

Um anjo então foi enviado a Maria e José para lhes informar do perigo que corriam. Eles deveriam pegar o pequeno Jesus para seguirem viagem em segurança até o Egito onde estariam livres das perseguições de Herodes. O insano monarca judeu ficou furioso por não conseguir encontrar e localizar o menino Jesus. Em um ato de extrema brutalidade e insanidade mandou matar todos os meninos recém-nascidos de Belém e arredores. Não satisfeito ainda mandou assassinar todos os garotos de até dois anos de idade, como precaução caso seus magos estivessem enganados sobre a data certa do nascimento do messias. O horror do massacre e a devastação das mães e dos pais levou Mateus a citar Jeremias: “Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos e não quer ser consolada, pois não existem mais”. (Mateus 2:18).

A Igreja Católica relembra a morte dessas crianças nesse dia dos Santos Inocentes. Bebês indefesos que foram martirizados pela ira de um rei louco e sedento de poder. Estão todas glorificadas na glória de Deus, enquanto Herodes, o monstro, está beijando o mármore das fossas abissais do inferno. A justiça de Deus nunca falha.

Pablo Aluísio.

Papa Paulo I

O Papa Paulo I subiu ao trono de Pedro em maio de 757, em uma época particularmente complicada para Roma e a Igreja. Ele era irmão do Papa Estevão II, a quem sucedeu se tornando assim o 93.º papa da Igreja Católica Apostólica Romana. Sua eleição se deu após uma intensa disputa entre os cardeais que desejavam a continuidade da política de Estado implantada por Estevão II e os reformistas liberais que desejavam eleger um Papa não italiano. Esse não foi o único caso na história em que dois irmãos se tornaram Papas. Bento VIII e João XIX também eram irmãos e se tornaram bispos de Roma. De qualquer maneira a eleição de Paulo I levantou a questão da sucessão Papal, onde ficou plenamente afastada a possibilidade de qualquer tipo de sucessão hereditária, como acontecia nas monarquias da época. Os defensores de Paulo I afirmavam que tudo não passava de uma mera casualidade histórica e não uma regra que deveria se seguir dali em diante.

Os Estados Papais sofriam o perigo da presença de Desidério, rei dos Lombardos, nos muros da cidade eterna. Dando sequência às políticas de destruição e conquista de cidades romanas, o monarca bárbaro queria colocar as mãos em Roma, a cidade mais cobiçada daqueles tempos brutais e hostis. Os exércitos do Papa não tinham poder bélico para controlar uma iminente invasão Lombarda e assim Paulo I precisou do apoio de um outro rei poderoso da época chamado Pepino, Rei dos Francos. Sabendo do risco que a cristandade poderia sofrer o rei Pepino jurou lealdade ao Papa, prometendo que iria defender Roma no caso de uma invasão dos Lombardos e o convidando para se tornar padrinho de sua pequena filha Gisela. A aliança entre Roma e os Francos assim se fortaleceu e continuaria por séculos, se intensificando com o reinado de Carlos Magno, futuro herdeiro do império Franco.

Se no campo diplomático Paulo I conseguiu uma certa estabilidade política para Roma, no plano interno resolveu adotar uma forma de governar a cidade de maneira misericordiosa e mais humana. Anistiou condenados à morte, promoveu a humanização das masmorras medievais da cidade e determinou o fim de sofrimentos degradantes aos prisioneiros. Todos deveriam ser tratados com misericórdia. Também determinou que a Igreja se empenhasse em arrecadar fundos para pagar as dívidas daqueles que estavam presos por insolvência pessoal. Para completar sua política de caridade e ajuda aos mais necessitados resolveu promover uma campanha de arrecadação de alimentos para os famintos da cidade. As famílias ricas deveriam criar um fundo de apoio aos mais pobres. Os membros do clero foram orientados a distribuírem a comida pela noite adentro, deixando cestas básicas nas portas das casas mais humildes. Para Paulo I era inadmissível que ainda houvesse fome entre a população romana.

Também empolgado pela vida dos monges mandou construir belas edificações para servirem de monastérios, escolas e hospitais, muitos deles administrados por grupos de religiosos que dedicavam sua vida ao próximo. Assim fundou o convento de São Silvestre no ano de 761. Depois com o apoio de monges gregos ergueu a capela de Santa Petronila, dedicada à filha de Pedro, o primeiro Papa. Usando como base sua política de alianças mandou ainda erguer uma bela igreja em honra à monarquia franca, que ficou conhecida como Igreja dos Reis Francos (onde muitos deles seriam enterrados no séculos seguintes). Também conseguiu selar um tratado de paz entre Francos e Lombardos, evitando um terrível derramamento de sangue, caso os dois reinos entrassem em guerra. Para seu desapontamento porém não conseguiu melhorar as relações com a Igreja Oriental, sediada em Constantinopla, mesmo tendo se empenhado pessoalmente para que isso acontecesse. Paulo I reinou em Roma por exatos dez anos, morrendo de causas naturais em 767. Foi sucedido por Estêvão III, um papa nascido na Sicília, mas sem parentesco com ele e Estevão II, que teve que enfrentar uma grave crise na Igreja Católica com o surgimento de dois anti-papas nos anos seguintes, Constantino e Filipe. A duras penas porém conseguiu manter a unidade dentro da Igreja, fazendo jus ao legado dos irmãos Estevão e Paulo.

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de agosto de 2011

O Catolicismo e o espiritismo

Conforme prometi no mês passado pretendo ampliar os temas do blog de uma forma em geral. Já tratei sobre política recentemente em um artigo chamado "O Brasil precisa de uma Direita" e agora falarei um pouco sobre religião. Não é um tema fácil certamente. De antemão quero deixar claro que o texto não tem como objetivo a conversão de quem quer que seja. Como sou católico (isso é importante esclarecer) colocarei aqui as contradições existentes entre o espiritismo e o catolicismo. Como grande parte da doutrina católica se assemelha também ao protestantismo, creio que a comparação também será de interesse dos evangélicos. Pois bem, dito isso quero dizer que acho muito complicado alguém se auto denominar católico e espírita ou evangélico e espírita ao mesmo tempo. Isso porque são doutrinas divergentes e pregam aspectos religiosos diferentes. Não cabe a qualquer um julgar a fé das outras pessoas mas apenas mostrar que há diferenças enormes entre essas crenças. Conciliar algo assim que se separa logo nas premissas é muito contraditório. Vamos aos fatos.

O espiritismo advoga a existência da reencarnação. Isso é um ponto central dentro da doutrina dos que seguem os ensinamentos de Allan Kardec (1804 - 1869). A reencarnação não surgiu pela primeira vez dentro do espiritismo. Na verdade ela sempre foi pedra fundamental de certas religiões orientais. Qual é a finalidade da reencarnação? Segundo o espiritismo a reencarnação (a volta sucessivas vezes ao plano material) seria uma forma de purificação da alma. Através de inúmeras voltas ao mundo a alma seria purificada pelas experiências de vida de cada um. Nada semelhante a isso você encontrará na doutrina católica e nem evangélica. Para os seguidores do cristianismo a vida é única. O catolicismo, por exemplo, prega que todos somos seres espirituais e após a morte voltamos para a nossa verdadeira natureza espiritual. A eterna volta ao mundo material seria simplesmente um martírio sem fim. Além do mais a vida na Terra nada mais seria do que uma forma de revelarmos nossa verdadeira essência perante Deus. Aos que trilharem o caminho do mal a punição seria o envio para o inferno em danação eterna. Para os puros de coração haveria a glorificação eterna, dentro dos portões do paraíso. Não há volta, nem reencarnação, nem novas chances que poderiam levar a milhares de reencarnações até a purificação completa da alma.

Como católicos e evangélicos são cristãos não há espaço para crenças alternativas que não foram reveladas pela presença de Jesus em sua caminhada pela Terra. O católico não quer voltar ao mundo sucessivas vezes, ele almeja a plenitude de uma vida espiritual eterna. O curioso é que a promessa de reencarnações revela um materialismo por parte do espiritismo. Certamente pessoas materialistas ficarão muito contentes em saber que voltarão ao mundo não uma mas muitas vezes. O materialista não almeja vida espiritual mas sim material.

A questão é que se existisse realmente reencarnação Jesus teria sido claro em seus ensinamentos sobre isso. Inclusive a reencarnação por ser uma das bases de religiões antigas já era bem conhecida por Jesus e seus seguidores em seu tempo. Mas ao invés de pregar a reencarnação em sua pregação o que temos é o silêncio completo do Messias sobre o tema. Ele jamais falou sobre reencarnação. Jesus certamente tratou sobre a existência do inferno, do céu, demônios (anjos caídos), anjos celestiais, da punição dos maus e da vida eterna para os bons. Mas jamais falou em volta ao mundo material. Inclusive quando estava na cruz Jesus prometeu ao bom ladrão que esse estaria ao seu lado no paraíso. Nada de voltar para reencarnar e se purificar. O bom ladrão, segundo as próprias palavras de Jesus, adentraria o céu porque ele, Jesus, assim o quis.

Aqui entra a segunda contradição entre espiritismo e religiões cristãs. Jesus deixa claro a existência do paraíso e do inferno. Para os espíritas não existe inferno já que como os espíritos estão em eterna evolução eles jamais seriam levados para as profundezas do Hades. Ora, a existência do inferno (para onde foram enviados os anjos caídos liderados por Satã) é uma das premissas da religião não apenas cristã como judaica também. O inferno está reservado aos ladrões, assassinos, pedófilos e demais criminosos para que eles paguem por seus pecados. É simples assim. Não que fiquem evoluindo por milênios, obviamente voltando a cometer os mesmos crimes por vidas e vidas. Isso não soa para os cristãos como justiça divina. Além disso o mal existe, há pessoas que não prestam que devem pagar por seus pecados, por seus crimes. Para eles o inferno. Aliás dentro da crença católica temos a aparição de Nossa Senhora de Fátima que mostrou o inferno para as crianças em sua visão. Então não há como um católico acreditar em uma doutrina que negue a existência do inferno como o espiritismo.

Outro ponto de extrema contradição entre o catolicismo e o espiritismo vem da forma como é encarada a figura do Cristo. Dentro da Igreja Católica Jesus Cristo é o próprio Deus encarnado entre os homens. É o verbo que se fez carne. É Deus que veio ao mundo para ensinar a verdadeira mensagem divina. Para o espiritismo Jesus Cristo é apenas uma alma de luz, na mesma categoria em que estão outros espíritos iluminados como Buda, Maomé, etc. Basta entender isso para saber que o Cristo católico é bem diferente do Cristo espírita. Não possuem a mesma importância e nem  estão no mesmo patamar de relevância. Em razão disso o Jesus católico que é o salvador, o redentor é apenas um guia dentro do espiritismo. Dentro da doutrina espírita cada alma se salvará por si mesma, no processo de evolução proporcionado pelas sucessivas reencarnações. Para o católico e o evangélico a salvação virá por Jesus Cristo necessariamente. A diferença é significativa. É impossível ao verdadeiro católico aceitar a diminuição da importância de Jesus dentro da doutrina fundada por ele.

Além da reencarnação o espiritismo se baseia bastante na comunicação com os mortos. Esse aspecto aliás foi a porta de entrada para os estudos de Allan Kardec. O problema é que o velho testamento condena de forma clara esse tipo de prática, chegando a afirmar que Deus virará o rosto para quem praticar tais atos. A contradição nesse ponto foi tão forte que Kardec não teve outra opção a não ser tirar o velho testamento da Bíblia da doutrina espírita. Ora, tanto católicos como evangélicos não ignoram os ensinamentos do velho testamento. É impossível para um cristão da linha tradicional tirar grande parte da Bíblia de seu caminho espiritual, de seu projeto de salvação. O espiritismo porém assim o fez.

A necromancia é condenada de forma veemente tanto pelos católicos como pelos protestantes. É o que é necromancia? É a evocação dos mortos, a tentativa de comunicação com o além, com as pessoas que partiram dessa vida material. Para alguns estudiosos das escrituras inclusive, as entidades que se apresentam como os mortos de familiares e parentes não seriam eles na verdade, mas sim anjos decaídos se fazendo passar por essas pessoas falecidas. Afinal Satã é dentro da doutrina cristã o pai da mentira. Por isso a proibição sempre presente dentro do catolicismo e do protestantismo de tal ato. Já para o espiritismo isso é base de sua doutrina, prática diária, sempre presente em suas reuniões.

O mundo dos mortos e dos vivos deve ser mantido separado, segundo a própria vontade de Deus, assim pensam católicos e evangélicos. Qualquer ato que vá nesse sentido é algo que vai contra a vontade divina e será punido como pecado grave. O espiritismo também crê em entidades que curam as pessoas de seus males físicos ou mentais. Pois bem, os cristãos tradicionais atribuem o poder de cura e milagre apenas a Deus. Não acreditam que espíritos (sejam de luz ou de trevas) possam curar alguém no mundo material. Isso vai contra tudo que está nas escrituras. Nem os santos católicos curam, apenas intercedem. Imaginem essas entidades espirituais que desconhecemos.

E existe um outro problema incontornável entre essas doutrinas. A lei da ação e reação dentro da reencarnação.

Os espíritas afirmam que os crimes cometidos em uma vida serão punidas em uma segunda volta ao plano material. É o karma das religiões orientais antigas, a lei da ação e da reação. Assim aquele que nascesse rico seria a manifestação da graça divina que fez em outra vida. O pobre estaria sendo punido por vidas passadas. O deficiente físico, idem. Tudo o que você é hoje é fruto de algo que fez em seu passado. Isso explicaria a morte de bebês com poucos dias de vida, por exemplo.
Pois bem, nada disso existe dentro do catolicismo. Não há ação e nem reação causada por reencarnações.

O catolicismo nunca fez uma ligação entre riqueza e espiritualidade. O fato de alguém nascer rico ou pobre não determina que Deus está premiando ou punindo alguém, afinal Jesus foi o mais pobre dos homens. Ele não nasceu em um palácio mas num lugar dos mais humildes, o que mostra a forma de pensar de Deus. Essa ligação entre riqueza e graça divina acabou dando origem à horrível teoria da prosperidade que está espalhada no meio do protestantismo. Riqueza material nada tem a ver com espiritualidade.

Em relação a crianças defeituosas ou doentes há explicação dentro das próprias escrituras cristãs. A partir do momento em que o homem rompeu sua aliança com Deus, a morte, a doença e outros infortúnios entraram na história da humanidade. Isso é parte inerente ao ser humano. Para os bebês que morrem com poucos minutos de vida certamente não haverá perda nenhuma do ponto de vista espiritual, pois a vida terrena é uma forma de existência grotesca. Elas ganham o céu imediatamente e vivem uma vida espiritual maravilhosa, como prometido por Jesus aos puros de coração.

Riqueza material nada tem a ver com graça divina. Lembremos as palavras de Jesus. Disse ele em Mateus 19:24: “...é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus”. Então como ficam falando que ricos são abençoados por Deus e pobres amaldiçoados? A teoria da prosperidade evangélica - que se disseminou em outras religiões como o espiritismo - é um dos maiores absurdos teológicos da história.

A doença, os males, a cruz, está dentro da humanidade. Aqueles que nascem com deficiência física não são assim por terem sido punidos por Deus. Pelo contrário. Muitas pessoas com deficiências são seres humanos maravilhosos que iluminam a todos que os conhecem. Não pode haver ligação entre deficiências com uma suposta punição por parte de Deus. Nem riqueza material com graça divina e nem pobreza material com punição divina. Pessoas pobres são geralmente mais maravilhosas como seres humanos do que ricos que tendem ao egoísmo e à soberba.

"Deus está entre os humildes, os deficientes, os puros de coração. Lembrem-se sempre disso!" - afirmam os católicos mais tradicionais.

Existe uma história muito cativante de Santa Rita de Cássia que mostra bem a diferença de pensamentos. Certa vez ela estava fazendo uma viagem em um burrito onde tudo parecida dar errado. A carga caía na água, o burrinho emperrava e não saia do lugar, a ponte que ela deveria atravessar caiu. E ela, coitada, sofrendo tudo isso, só queria fazer o bem! Então em um momento muito divertido ela olhou para cima e disse: "Uma forcinha cairia bem não é mesmo, meu Deus?". Naquela noite ela dormiu e sonhou com Jesus que lhe disse: "Querida Rita, eu queria ver você lutar, ir em frente, enfrentar os desafios em nome de Deus". Ser católico é isso. Não é promessa de ficar rico, nem de viver se mostrando para os outros mas sim enfrentar todos os desafios da vida com alegria e fé em Deus. Como o Papa Francisco disse recentemente de forma brilhante: "Deus dá os maiores desafios e batalhas para seus melhores soldados". Um pensamento puramente católico. Bem diferente do que vemos no espiritismo de Kardec.

A conclusão que tiramos de tudo isso é a de que existem diferenças fundamentais entre a crença seguida pelo espiritismo e as bases da doutrina cristã. Em minha forma de pensar é algo completamente contraditório seguir ambas as religiões ao mesmo tempo. A escolha entre ser católico, evangélico ou espírita é de cada um. Isso é óbvio, mas deve haver nessa escolha uma coerência de fundamentos, caso contrário a pessoa corre o risco de não ser mais coisa nenhuma.

Pablo Aluísio.